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APONTAMENTOS PARA A COMPREENSÃO DA RELAÇÃO 
ENTRE DESENVOLVIMENTO CAPITALISTA E ORGANIZAÇÃO 
DO ESPAÇO URBANO 
Valéria Pereira Silva 
RESUMO 
Considerando  que  o  trabalho  trata­se  de  elemento  central  na  definição  dos  locais  de 
moradia  da  população  residente  na  cidade  do  Rio  de  Janeiro.  Este  artigo  tem  como 
objetivo levantar questões que dão suporte a este tema e dizem respeito ao debate sobre 
a relação entre o desenvolvimento do modo de produção capitalista e a organização do 
espaço urbano na sociedade moderna. Tecemos considerações sobre a categoria trabalho 
e  apontamos  traços  do  modo  de  produção  capitalista  que  se  relacionam  com  o 
desenvolvimento da cidade, buscando indicar como as transformações na organização 
da produção implicam em alterações na esfera da reprodução social. 
Palavras­chave:  Trabalho,  Habitação,  Cidade,  Modo  de  Produção  Capitalista,  Espaço 
Urbano. 
ABSTRACT 
The  category  work  is  central  elemente  to  define  the places of  dwelling of 
the population  that  resides  on Rio  de  Janeiro city.  This  article  pretends  to 
bring  issues  that  supports  the  subject  and  talks  about the  relationship  among 
the development  of capitalist  way of production and the organization of urban space on 
modern  society.  We  speak  above  the  category  work  and  point  out  aspects  of  the 
capitalist way of production that relate with to the development of the city, to show how 
changes  in the  organization of  production affect  in  the  sphere  of  social  reproduction 
social. 
1 ­ APRESENTAÇÃO 
No  presente  artigo  objetivamos  realizar  uma  breve  discussão  sobre  o 
desenvolvimento do modo de produção capitalista e sua relação com a organização do 
espaço  urbano  na  sociedade  moderna.  Para  tanto,  trataremos  de  dois  temas 
fundamentais: o trabalho e a habitação. 
Para tratar este tema consideramos necessário inicialmente afirmar que partimos 
da compreensão de que a configuração do espaço urbano e o próprio desenvolvimento
2 
das cidades modernas são condicionados pelo desenvolvimento do modo de produção 
capitalista. Em nossa leitura a cidade é o espaço privilegiado da reprodução social, e o 
desenvolvimento  capitalista  faz  com  que  o  acesso  da  população  a  estes  meios  de 
reprodução  se faça  quase  que  exclusivamente  via  mercado. Sendo  assim  acreditamos 
que ainda hoje podemos encontrar uma centralidade do trabalho, uma vez que este se 
constitui como principal meio de acesso aos bens e serviços necessários à reprodução 
social da classe que vive do seu trabalho. 
Este  trabalho  é  fruto  dos  estudos  realizados  durante  o  curso  de  mestrado  do 
Programa  de  Pós­Graduação  em  Serviço  Social  da  Universidade  Federal  do  Rio  de 
Janeiro, desde março de 2008, onde desenvolvemos uma pesquisa que tem como pano 
de fundo a cidade do Rio de janeiro. Esta delimitação se deve ao fato de acreditamos 
que a cidade do Rio de Janeiro possui uma configuração espacial que é condicionada 
por intervenções urbanas realizadas no decorrer de sua história, e que tiveram um claro 
objetivo  de  segregação  sócio­espacial  daquela  parte  da  população  menos  favorecida 
economicamente,  ao  mesmo  tempo  em  que  buscava­se  a  adequação  deste  espaço  ao 
modo de produção capitalista. A população residente há mais de um século vem sendo 
excluída  dos  benefícios  da  urbanização,  social,  espacial  e  economicamente, 
notadamente devido ao distanciamento dos locais onde se encontram suas moradias 1 
em 
relação às maiores ofertas de trabalho e de equipamentos e serviços coletivos. 
Assim, acreditamos que há uma profunda relação entre as opções de moradias 
desta  população  e  os  espaços  onde  se  encontram  as  possibilidades  de  conseguir 
trabalho.  Podemos  observar  que,  em  muitos  casos,  estes  trabalhadores,  que  em 
determinado  momento  históricos  tiveram  suas  moradias  deslocados  para  as  áreas 
periféricas  da  cidade, buscam  estratégias para  residir  próximo às  localidades onde  se 
encontram  as  maiores  ofertas  de  trabalho,  especialmente  nas  áreas  centrais,  de  onde 
verificamos um crescente processo de favelização, em determinados períodos históricos, 
e mais recentemente, a ocupação de prédios abandonados em áreas centrais. 
Sendo assim, tomando como exemplo a cidade do Rio de Janeiro, consideramos 
que o trabalho se constitui como elemento central na definição dos locais de moradia da 
população  residente  na  cidade,  em  um  espaço  marcado  por  um  crescente  déficit 
habitacional. 
1 
Ou  ao  menos  onde  as  intervenções  urbanas  do  início  do  Século  XX  pretendiam  que  estivessem 
localizadas.
3 
Reconhecendo  que  esta  trata­se  de  uma  discussão  maior  que  pretendemos 
abordar  em  nossa  dissertação  de  mestrado,  o  presente  trabalho  tem  como  principal 
objetivo debater algumas questões iniciais que dão suporte a este debate. Sendo assim, 
inicialmente  tecemos  algumas  considerações  sobre  a  categoria  trabalho,  para  em 
seguida apontar alguns traços do modo de produção capitalista que se relacionam com o 
desenvolvimento  da  cidade  moderna  e  sua  organização,  buscando  indicar  como  as 
transformações  na  organização  da  produção  na  sociedade  capitalista  implicam  em 
alterações  também  na  esfera  da  reprodução  social,  notadamente  no  que  se  refere  à 
cidade capitalista. 
2 ­ O TRABALHO ENQUANTO FUNDANTE DO SER SOCIAL 
Em  um  primeiro  momento,  optamos  por  nos  deter  mais  especificamente  na 
análise, ainda que introdutória, da categoria trabalho enquanto fundante do ser social e 
protoforma da práxis social, para posteriormente tecermos algumas considerações sobre 
as transformações na organização do trabalho do modo de produção capitalista e suas 
implicações na vida social. 
Desta forma, podemos afirmar que o trabalho é compreendido, em um primeiro 
momento  na  concepção  de  Lukács,  em  sua  determinação  ontológica.  Entende­se  o 
trabalho como a relação entre o homem e a natureza, onde o primeiro cria produtos com 
o  objetivo  de  satisfação  de  suas  necessidades  materiais.  Para  satisfação  dessas 
necessidades ele transforma a natureza, tendo como finalidade a criação de objetos que 
possuam valores de uso. Sua relação com estes objetos esta vinculada ao quanto lhe são 
úteis  para  manutenção  de  sua  sobrevivência  ou  de  como  podem  atender  a  suas 
necessidades mais  básicas.   Dessa  forma,  o  trabalho  é  considerado  como  a  categoria 
central que determina a existência e a reprodução do homem, uma vez que lhe garante 
condições materiais que satisfazem suas necessidades imediatas 2 
. 
“Como criador de valores de uso, como trabalho útil, é o trabalho, por 
isso, uma  condição de  existência  do  homem,  independente  de  todas as 
formas  de  sociedade,  eterna  necessidade  natural  de  mediação  do 
metabolismo  entre  homem  e  natureza  e,  portanto,  da  vida  humana.” 
(Marx, K, 1988, p 172) 
2 
K. Marx, O Capital, 1988.
4 
O  trabalho  é  considerado  por  isso  o  fundamento  ontológico  da  gênese  do  ser 
social, pois a partir dele produz­se algo novo com relação ao ser orgânico e inorgânico 3 
– ainda que tenha como base a natureza – possibilitando sua superação, e criando um 
novo tipo de ser, o ser social. Esta produção de uma nova forma de ser é o que Lukács 
vai  chamar  de  salto  ontológico, onde o  ser passa  da  esfera  puramente  biológica  para 
constituição  do  gênero  humano,  imprimindo  uma  mudança  qualitativa do  ser em  sua 
essência,  através  de  sua  capacidade  teleológica.  Contudo,  como  insiste  este  autor,  o 
surgimento do ser social depende da superação da natureza, processo que ocorre através 
do trabalho, porém não significando que a natureza desapareça, já que o ser social não 
existe sem ela. Apesar disso, conforme se desenvolve o processo de humanização do 
homem, a natureza vai perdendo seu papel predominante, dando lugar à vida do homem 
em sociedade. 
Além disso, ainda que pressupondo esta natureza, o novo ser estabelece relações 
com  outros  homens,  através  do  próprio  trabalho,  também  a  fim  de  satisfazer 
necessidades materiais, físicas, biológicas, etc. O ser social passa a ser não apenas uma 
relação  do  homem  com  a  natureza, mas  também  uma relação do homem  com outros 
homens,  sempre  inseridos  em  determinado  contexto  histórico.  Ao  transformar  a 
natureza, o homem gera novas necessidades e tem de criar novas formas de atendê­las, o 
que leva a uma constante transformação e aperfeiçoamento de seus meios de trabalho e 
dele mesmo. 
Realiza­se  então  uma  dupla  transformação,  de  um  lado  ele  transforma  a 
natureza,  através  de  instrumentos,  ao  produzir  objetos  úteis,  de  outro  transforma  o 
próprio homem, em suas relações com o objeto e com outros homens, de onde podemos 
compreender que sem ele as atividades humanas não poderiam existir. 
Assim, segundo Marx, o trabalho é 
“Atividade orientada a um fim para produzir valores de uso, apropriação 
do natural para satisfazer a necessidades humanas, condição universal do 
metabolismo entre o homem e a natureza, condição natural eterna da vida 
humana e, portanto, independente de qualquer forma dessa  vida, sendo 
antes igualmente comum a todas as suas formas sociais” (Marx, 1988, p 
146) 
3 
G. Lukács, Ontologia do Ser Social, 1979.
5 
O trabalho é assim entendido como atividade coletiva, pois requer sempre esta 
relação entre indivíduos de uma determinada sociedade, garantindo sua reprodução, e 
ultrapassando determinações puramente biológicas. 
Ele é desenvolvido a partir de determinadas finalidades postas pelo homem, o 
que  Lukács  vai  chamar  de  prévia­ideação,  como  respostas  do  homem  a  situações 
concretas,  demonstrando  um  modo  de  satisfazer  necessidades  qualitativamente 
diferentes  daquelas  desenvolvidas  pelos  animais.  Estas  respostas  se  dão  no  nível  da 
consciência  e  conferem  direção  às  atividades  dos  homens,  constituindo­se  como 
elemento central do trabalho, pois é através da consciência que os homens podem ser 
capazes de transformar a realidade. Para tanto, há a necessidade de um conhecimento 
prévio do objeto e dos meios de trabalho para uma ação efetiva, conhecimento este que 
deve  corresponder  àquilo  que  é  realmente  existente  e  não  a  simples  abstração 
individual. 
É  a  capacidade  teleológica  do  homem,  particularidade  do  ser  social,  que  lhe 
permite antever idealmente os produtos e modos de fazer do seu trabalho, fazendo com 
que ele vá além do agir por instinto e possibilitando um conhecimento da realidade para 
transformá­la 4 
.  Essa  posição  teleológica  busca,  além  de  transformar  o  objeto  de  seu 
trabalho,  interferir  na  atividade de outros homens,  como  ação entre seres  sociais que 
pretendem  convencer uns aos outros  a  agir  teleologicamente. Antunes  vai chamar de 
posições teleológicas secundárias, tomando a expressão de Lukács, porque possuem um 
distanciamento maior em relação ao trabalho, uma vez que este tem como fundamento a 
relação homem/natureza 5 
. Esta capacidade teleológica que caracteriza o trabalho apenas 
pode se realizar na prática, sendo objetivada na ação do homem. Esta objetivação é a 
materialização  daquilo  que  foi  projetado  idealmente  pelo  homem,  transformando  em 
objeto e que não pode existir sem ele. O trabalho é então relação sujeito/objeto, que se 
dá  através  de  determinados  meios,  instrumentos  de  trabalho,  mas  que  não  deve  ser 
compreendida como uma relação de identidade, mas sim como uma relação entre seres 
ontologicamente diferentes. 
Vale a pena observar que não apenas de teleologia é constituído o trabalho, pois 
ele depende também de causalidades, condições que fazem como que o objeto, nesta 
relação com o homem, assuma uma forma independente dele. Assim como o homem 
existe  independente  do  produto  do  seu  trabalho,  este  produto,  uma  vez  objetivado, 
4 
K. Marx, O Capital, 1988. 
5 
R. Antunes, Os Sentidos do Trabalho, p 139.
6 
ganha  sua  própria  existência  ao  estabelecer  relações  historicamente  determinadas  em 
sociedade. Desse modo, as relações desenvolvidas a partir da criação deste objeto geram 
conseqüências que vão além da vontade do sujeito que o cria. Conseqüências estas que 
muitas vezes desencadeiam novas necessidades e vão requerer novas formas de atendê­ 
las, impulsionando o desenvolvimento das forças produtivas e do próprio homem. 
Vemos, então, que através do trabalho, o ser social se constitui transformando­se 
e transformando a realidade que o cerca, agindo segundo finalidades teleologicamente 
postas, mas que também implicam em causalidade que vão além do alcance de sua ação, 
razão  ou  vontade.  Neste  processo,  que  ocorre  em  uma  realidade  historicamente 
constituída,  o  trabalho  assume  sua  dimensão  genérica,  enquanto  parte  de  um  todo 
existente. 
Assim,  segundo  Marx,  o  processo  de  trabalho  possui  elementos  fundamentais 
que  o  constituem:  a  atividade  orientada  a  um  fim  (o  pôr  teleológico),  os  meios  de 
trabalho (colocados entre o trabalho e o objeto para transformação deste), e seu objeto. 
(Marx, 1988, p. 143) 
“No  processo  de  trabalho,  a  atividade  do  homem  efetua,  portanto, 
mediante o meio de trabalho, uma transformação do objeto de trabalho, 
pretendida  desde  o  princípio.  O  processo  extingue­se  no  produto.  Seu 
produto é um valor de uso; uma matéria natural adaptada às necessidades 
humanas mediante transformação da forma. O trabalho se uniu com seu 
objetivo. O trabalho está objetivado e o objeto trabalhado. O que do lado 
do  trabalhador  aparecia  na  forma  de  mobilidade  aparece  agora  como 
propriedade imóvel na forma do ser, do lado do produto”. (Marx, 1988, p 
144) 
3 ­ A MERCADORIA ENQUANTO PRODUTO DO TRABALHO DO HOMEM 
Consideramos  necessário  tratar  inicialmente  da  categoria  trabalho  como 
fundante do ser social, porque enquanto produtor de valores de uso, o trabalho se torna 
condição da existência humana 6 
. Passamos agora a tratar então da mercadoria enquanto 
produto  do  trabalho  humano.  Desta  forma,  à  concepção  de  trabalho  enquanto 
transformação  da  natureza  e  fundante  do  ser  social  que  esboçamos  anteriormente, 
acrescentamos  aquela  em  que  o  trabalho  é  compreendido  como  produtor  de 
mercadorias, analisado por MARX. 
6 
Marx, O Capital, 1988, p. 50.
7 
A  sociedade  capitalista  se  apóia  na  contradição  entre  capital  e  trabalho, 
fundamentada  na  apropriação  privada  dos  meios  de  produção,  na  alienação  e  na 
exploração da classe trabalhadora, objetivando o lucro, sendo a acumulação sua base 
objetiva. Neste contexto, o trabalhador possui apenas sua força de trabalho para vender 
e garantir sua sobrevivência, ainda que apenas ela seja capaz de criar valor 7 
. A produção 
é essencialmente voltada para a obtenção de lucros, através da troca de mercadorias, não 
objetivando  de  imediato  atender  a  necessidades  humanas  essenciais.  Contudo,  a 
mercadoria como produto do trabalho no modo de produção capitalista possui tanto um 
valor de troca, quanto um valor de uso, atendendo com isso a necessidades humanas que 
se relacionam com a reprodução da força de trabalho, mas também com a reprodução do 
próprio capital, uma vez que garante a força de trabalho necessária pra produzir e extrair 
mais­valia 8 
. 
Com  isto,  podemos  compreender  que  o  trabalho  possui  um  duplo  caráter. 
Enquanto trabalho concreto útil ele é adequado a um fim e seu produto possui um valor 
de uso por atender a determinadas necessidades, enquanto trabalho humano abstrato, 
ele é dispêndio de força de trabalho e também cria um produto que possui valor de troca 
ou valor, a mercadoria. 
“O produto  de trabalho é  em todas as situações sociais  objeto  de uso, porém 
apenas  uma  época  historicamente  determinada  de  desenvolvimento —  a  qual 
apresenta  o trabalho  despendido na produção de  um  objeto  de  uso como sua 
propriedade  “objetiva”,  isto  é,  como  seu  valor  —  transforma  o  produto  de 
trabalho em mercadoria.” (Marx, 1988, 63) 
Assim,  o  produto  do  trabalho  humano  no  modo  de  produção  capitalista  é 
compreendido como  mercadoria  justamente  por não  possuir  apenas um  valor de uso, 
mas por também corresponder a um valor de troca, necessário à reprodução do capital. 
Essa  mercadoria se  valoriza  exatamente  por  ser fruto do  trabalho  humano, por  haver 
nela um determinado quantum de trabalho necessário para sua produção. Só é passível 
de ser trocada porque possui trabalho humano nela cristalizado. Apenas o trabalho do 
7 
Sem o trabalho humano o capital não pode ser capaz de se valorizar, contradição própria da sociedade 
capitalista. 
8 
A produção de mais­valia se processa no interior da unidade de produção, sendo caracterizada como um 
sobrevalor, um valor a mais que é extraído sobre a força de trabalho durante o processo produtivo. É um 
valor criado além daquele que corresponde à mercadoria enquanto valor de uso, mercadoria que possui 
um tempo  de trabalho socialmente necessário para  ser  produzida e que equivale ao tempo de trabalho 
necessário para a reprodução do trabalhador. A este tempo soma­se um tempo de trabalho excedente, que 
vai possibilitar a extração da mais­valia.
8 
homem  possui  essa  característica  de  criar  valor,  conferindo­o  a  um  determinado 
produto, porque o valor de uma mercadoria depende do tempo de trabalho socialmente 
necessário para sua produção. 
“Tempo de trabalho socialmente necessário é aquele requerido para produzir um 
valor de uso qualquer, nas condições dadas de produção socialmente normais, e 
com grau social médio de habilidade e intensidade de trabalho”. (Marx, 1988, p. 
48) 
Deste modo, o que determina o valor de uma mercadoria é o dispêndio de força 
de  trabalho  –  trabalho  humano,  o  tempo  necessário  para  sua  produção  e  sua  forma 
social, por possibilitar uma relação entre os homens dentro da divisão social e técnica 
do trabalho. Contudo, esta determinação não nos aparece de forma clara, e acaba por 
assumir  um  caráter  fetichizado,  onde  as  relações  sociais  entre  os  homens  aparecem 
como relações entre coisas, na medida em que o trabalho humano nela empreendido não 
é  ali  representado,  sendo,  ao  contrário,  encoberto  sob  a  forma  dinheiro.  Portanto,  a 
mercadoria 
“(...) reflete aos homens as características sociais do seu próprio trabalho como 
características objetivas dos próprios produtos de trabalho, como propriedades 
naturais sociais  dessas  coisas  e,  por isso, também reflete a relação social  dos 
produtores  com o trabalho total como uma relação social existente fora deles, 
entre objetos.” (Marx, 1988, p71) 
Até o presente momento tratamos do trabalho enquanto fundante do ser social, 
mas  também  como  produtor  de  mercadorias.  Consideramos  necessário  tecer  estas 
considerações, ainda que brevemente, justamente porque acreditamos que não é possível 
falar do modo de produção capitalista ou da cidade moderna sem passar pela concepção 
de trabalho que está presente nesta sociedade. Poderíamos supor que ao falar de acesso 
aos  bens  necessários  para  reprodução  social  estamos  tratando,  de  certa  forma,  do 
próprio  produto  do  trabalho  humano,  seja  enquanto  coisa  útil,  na  medida  em  que 
efetivamente deve atender a necessidades humanas, seja enquanto valor de troca, por se 
realizar através de relações de consumo, mediatizadas pelo dinheiro e que mistificam as 
relações entre os homens. 
“Uma sociedade não pode parar de consumir nem de produzir. Por isso, todo 
processo social de produção, encarado em suas conexões constantes e no fluxo 
contínuo de sua renovação, é, ao mesmo tempo, processo de reprodução.
9 
As  condições  da  produção  são  simultaneamente  as  da  reprodução.  Nenhuma 
sociedade pode produzir continuamente, isto é, reproduzir, sem reconverter, de 
maneira  constante,  parte  de  seus  produtos  em  meios  de  produção  ou  em 
elementos da nova produção. 
(...)  Se  a  produção tem  a  forma  capitalista,  também  a  terá  a  reprodução.  No 
modo capitalista de produção, o processo de trabalho é apenas um meio de criar 
valor;  analogamente,  a  reprodução  é  apenas  um  meio  de  reproduzir  o  valor 
antecipado  como  capital,  isto  é, como  valor  que se  expande”(Marx,  2008,  p. 
661) 
4  ­  CONSIDERAÇÕES  SOBRE  A  CIDADE  MODERNA  E  O  MODO  DE 
PRODUÇÃO CAPITALISTA 
Neste momento teceremos alguns comentários sobre a forma como entendemos 
a  cidade  moderna  e  suas  relações  com  o  desenvolvimento  do  modo  de  produção 
capitalista. 
Compreendemos o  processo  de  urbanização  como  forma  de  divisão  social  do 
trabalho  que,  segundo  Marx,  “é  condição  de  existência  para  a  produção  de 
mercadorias”,  onde  se  processa  a  divisão  da  produção  em  diferentes  esferas 
profissionais, ou por gênero, idade, famílias, etc.. Trata­se da divisão social do trabalho 
que,  em  sua  concepção,  é  característica  de  todas  as  sociedades  e  que  vem  para  dar 
suporte  a  espécie  humana.  A  divisão  social  do  trabalho  difere  da  divisão  técnica  do 
trabalho, porque esta última se refere ao processo de produção no interior da fábrica, ao 
parcelamento  das  tarefas  no  processo  produtivo  e  se  encontra  no  modo  de  produção 
capitalista. 
“A  divisão  social  do  trabalho  divide  a  sociedade  entre  ocupações,  cada  qual 
apropriada  a  certo  ramo  de  produção;  a  divisa  pormenorizada  do  trabalho 
destrói  ocupações  consideradas  neste  sentido,  e  torna  o  trabalhador  inapto  a 
acompanhar qualquer processo completo de produção. No capitalismo, a divisão 
social do trabalho é forçada caótica e anarquicamente pelo mercado, enquanto a 
divisão do trabalho na oficina é imposta pelo planejamento e controle. Ainda no 
capitalismo,  os  produtos  da  divisão  social  do  trabalho  são  trocados  como 
mercadorias, enquanto os resultados da operação do trabalhador parcelado não 
são trocados dentro da fabrica como no mercado, mas são todos possuídos pelo 
mesmo capital”.(Braverman, 1977, p. 72) 
Apreender  a  cidade  como  forma  de  divisão  social  do  trabalho  implica  em 
reconhecermos sua especificidade, uma vez que sua relação com o desenvolvimento do 
capitalismo não pode ser entendida de forma direta, como se fizesse parte da divisão
10 
técnica do trabalho, na unidade de produção. Esta característica da cidade lhe confere 
uma  aparente  autonomia  em  relação  ao  modo  de  produção  capitalista,  justamente 
porque a divisão social do trabalho é anterior a este tipo de sociedade. Contudo, não 
significa que a cidade e o modo de produção capitalista estejam dissociados, mas, ao 
contrário, o segundo apenas pôde se instalar e melhor se desenvolver na cidade devido 
ao grau de desenvolvimento da mesma. 
Assim,  reconhecemos  a  cidade  moderna  como  o  lócus  privilegiado  para  as 
transformações  ocorridas  com  o  desenvolvimento  das  forcas  produtivas,  no  seio  da 
sociedade capitalista, e não apenas como esfera do não­trabalho, ainda que se constitua 
como o lugar da reprodução social. Em oposição ao campo ela constitui uma sociedade 
concentrada e não dispersa. Significa reconhecer a cidade como 
“(...) o lugar das metamorfoses e dos encontros, o espaço teatral que mistura o 
ilusório  e  o  real,  que  simula  a  apropriação  (onde  a  apropriação  aparecendo 
como alienação constitui o ‘direito a cidade’) – onde enfim o capital vitorioso 
parece ter descoberto o trabalho humano como fonte da riqueza... “ (Lefebvre, 
2001, p 63) 
Assim,  acreditamos  que  a  cidade  moderna  seja  o  pano  de  fundo  para  as 
transformações  ocorridas  na  sociedade  capitalista,  sendo  considerada  o  lugar 
privilegiado para a produção, a troca e o consumo, o lugar da aglomeração dos meios de 
produção, da população e do próprio capital. A cidade é o espaço onde necessário para a 
produção de mercadorias,  mas  é  também o  lugar onde os homens se  relacionam  uns 
com os outros. Segundo Lojkine, a cidade se caracteriza porque há 
“(...)de um lado, a crescente concentração dos ‘meios de consumos  coletivos’ 
que vão criar pouco a pouco um modo de vida, novas necessidades sociais; de 
outro, o modo de aglomeração específica do conjunto dos meios de reprodução 
do  capital  e  da  força  de  trabalho  que  se  vai  tornar,  por  si  mesmo,  condição 
sempre mais  determinante do desenvolvimento econômico.”(Lojkine, 1997, p. 
146) 
No  modo  de  produção  capitalista  a  aglomeração  é  potencializada  enquanto 
concentração dos meios de produção e de troca, fazendo com que esta cidade venha a 
ser o lugar onde melhor se desenvolvem as  condições gerais da produção capitalista, 
que, segundo Marx, são os meios de comunicação e transportes, mas é também o lugar
11 
onde se encontram os equipamentos e serviços coletivos, necessários a reprodução da 
forca de trabalho (Lojkine, 1997). 
As  condições  gerais  da  produção  capitalista,  consideradas  na  época  de  Marx 
como os meios de comunicação e transportes, hoje também podem assumir uma outra 
forma  com  o  desenvolvimento  de  novas  tecnologias  que  facilitam  e  potencializam  a 
troca de  mercadorias  e, conseqüentemente,  a  acumulação  capitalista.  Estas  condições 
não atuam diretamente sobre o processo imediato de produção, que ocorre no interior da 
fábrica,  mas  prolongam  o  processo  de  produção  para  a  esfera  da  circulação,  lhe 
oferecendo  suporte  e  caracterizando  o  processo  ampliado  de  produção.  Contudo, 
conforme  se  desenvolvem  as  forças  produtivas  deste  modo  de  produção,  também  se 
desenvolvem  as  condições  gerais  da  produção,  ainda  que  isto  não  ocorra  de  forma 
direta.  Os meios de  comunicação  e  transporte  são  constantemente  revolucionados de 
forma a atender as necessidades de circulação e expansão do capital. Para que empresas 
capitalistas  possam  se  estabelecer  em  determinada  localidade  é  necessário  um  certo 
nível de desenvolvimento urbano que garanta condições favoráveis a acumulação. Basta 
compreender  que  as  indústrias  se  localizam  em  espaços  dotados  de  infra­estrutura 
necessária para seu bom funcionamento, onde, por exemplo, estejam instaladas vias de 
circulação que garantam o escoamento da produção ou onde exista um maior número de 
mão­de­obra disponível. 
“Como  o  capitalismo  foi  (e  continua  a  ser)  um  modo  de  produção 
revolucionário em que as práticas e processos materiais de reprodução social se 
encontram em permanente mudança, segue­se que tanto as qualidades objetivas 
como os significados do tempo e do espaço também se modificam. 
(...) 
A  troca  de  mercadorias  materiais  envolve  a  mudança  de  localização    e  o 
movimento  espacial.  Todo  sistema  complexo  de  produção  envolve  a 
organização  espacial(...).  Vencer  essas  barreiras  espaciais  custa  tempo  e 
dinheiro. Por conseguinte, a eficiência na organização e no movimento espaciais 
é uma questão importante para todos os capitalistas”(Harvey, 2007, 209) 
Com isso, alem de considerar a cidade como palco para estas transformações, 
consideramos  que  sua  organização  em  grande  parte  é  condicionada  pelo  próprio 
desenvolvimento  do  modo de  produção capitalista,  sendo  ao  mesmo  tempo o  espaço 
onde  se  processam  estas  alterações,  mas  também  sofrendo  diretamente  interferências 
deste  processo.  Isso  porque,  as  transformações  no  processo  produtivo  implicam  em 
alterações na vida social, uma vez que exigem novas condições de reprodução da forca
12 
de trabalho, onde novas necessidades são criadas e o consumo torna­se a forma através 
da qual a classe trabalhadora deve se reproduzir. 
Estas transformações impactam diretamente na vida da população que reside na 
cidades, notadamente podemos nos referir ao caso da cidade do Rio de Janeiro. Novas 
condições  de  existência  são  estabelecidas  em  função  do  desenvolvimento  urbano. 
Novos  padrões  de  consumos  são  criados,  assim  como  se  busca  uma  adequação  do 
espaço  que  possa  garantir  maior  rentabilidade  para  o  capital.  Para  que  isto  ocorra, 
determinadas áreas são eleitas como privilegiadas para potencializar a acumulação por 
facilitar a concentração de capital ou por possibilitar um escoamento mais acelerado da 
produção.
Neste  contexto,  as  necessidades  dos  trabalhadores  são  deixadas  em  segundo 
plano,  e  intervenções  urbanas  são  realizadas  por  parte  do  poder  público,  ou  com 
incentivo  privado,  de  forma  que  contribuam  para  garantir  que  aquela  parcela  da 
população  com  menor  poder  aquisitivo  resida  em  localidades  também  com  menor 
potencial produtivo e menos valorizadas economicamente. 
Certamente  não  podemos  considerar  estes  fatores  isoladamente.  Contudo, 
definitivamente trata­se de uma realidade que salta aos olhos. Esta população, em sua 
maioria,  passa  a  residir  em  lugares  que  adquirem  grande  concentração  populacional 
associada a baixos investimentos em infra­estrutura e poucas ofertas de equipamentos e 
serviços coletivos necessários para sua reprodução. 
Distantes dos espaços onde se encontram as maiores ofertas de trabalho, muitas 
vezes  as  melhores,  parte  desta  população  vai  buscar  formas  alternativas  de  residir 
próximo ao seu local de trabalho: em muitos casos são favelas ou ocupações irregulares 
como  no  caso  do  Rio  de  Janeiro,  especialmente  em  sua  área  central.  A  oferta  de 
moradias em uma cidade marcada por um grande déficit habitacional é cada vez mais 
precária,  assim  como  a  situação  desta  população  que  busca  formas  alternativas  de 
moradia. 
Desta  forma,  objetivamos  com  este  trabalho  apontar  sucintamente  como  as 
transformações ocorridas no modo de produção capitalista impactam na configuração do 
espaço  urbano,  compreendendo  as  relações  entre  trabalho  e  cidade.  Isso  porque 
acreditamos que estas transformações implicam em alterações na esfera da reprodução 
social e, do mesmo modo, em novas formas de organização do espaço que interferem 
diretamente na vida dos trabalhadores.
13 
REFERÊNCIAS 
ANTUNES, Ricardo. Os sentidos do Trabalho. Ensaio sobre a afirmação e a negação do 
trabalho. São Paulo, Boitempo Editorial, 2007. 
BRAVERMAN, Harry. Trabalho e capital monopolista. Rio de Janeiro, Zahar, 1977 
CORIAT, Benjamim. El taller e el cronómetro: ensayo sobre el taylorismo, el fordismo 
y la producción de masa. Mexico. Siglo Veintiuno Editores. 11982 
HARVEY, David. A condição pós­moderna. 16ª ed. São Paulo, Edições Loyola, 2007. 
LEFEBVRE, Henri. A cidade do Capital. 2ª ed. Rio de Janeiro, DP&A, 2001. 
LOJKINE,  Jean.  O  Estado  capitalista  e  a  questão  urbana.  2 a 
ed. São  Paulo,  Martins 
Fontes, 1997. 
LUKÁCS,  Georgy.  História  e  Consciência  de  Classe.  Estudos  de  dialética  marxista. 
Biblioteca ciência e sociedade. Porto, Publicações Escorpião, 1974. 
LUKÁCS, Georgy. Ontologia do Ser Social: Os princípios ontológicos fundamentais de 
Marx. São Paulo, Ciências Humanas, 1979. 
MARX, Karl.O Capital – Crítica da Economia Política. Livro I, Vol I.13ª ed. São Paulo, 
Nova Cultural, 1988. 
MARX, Karl.O Capital – Crítica da Economia Política. Livro I, Vol 2. 22ª ed. Rio de 
Janeiro, Civilização Brasileira, 2008.

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  • 1. APONTAMENTOS PARA A COMPREENSÃO DA RELAÇÃO  ENTRE DESENVOLVIMENTO CAPITALISTA E ORGANIZAÇÃO  DO ESPAÇO URBANO  Valéria Pereira Silva  RESUMO  Considerando  que  o  trabalho  trata­se  de  elemento  central  na  definição  dos  locais  de  moradia  da  população  residente  na  cidade  do  Rio  de  Janeiro.  Este  artigo  tem  como  objetivo levantar questões que dão suporte a este tema e dizem respeito ao debate sobre  a relação entre o desenvolvimento do modo de produção capitalista e a organização do  espaço urbano na sociedade moderna. Tecemos considerações sobre a categoria trabalho  e  apontamos  traços  do  modo  de  produção  capitalista  que  se  relacionam  com  o  desenvolvimento da cidade, buscando indicar como as transformações na organização  da produção implicam em alterações na esfera da reprodução social.  Palavras­chave:  Trabalho,  Habitação,  Cidade,  Modo  de  Produção  Capitalista,  Espaço  Urbano.  ABSTRACT  The  category  work  is  central  elemente  to  define  the places of  dwelling of  the population  that  resides  on Rio  de  Janeiro city.  This  article  pretends  to  bring  issues  that  supports  the  subject  and  talks  about the  relationship  among  the development  of capitalist  way of production and the organization of urban space on  modern  society.  We  speak  above  the  category  work  and  point  out  aspects  of  the  capitalist way of production that relate with to the development of the city, to show how  changes  in the  organization of  production affect  in  the  sphere  of  social  reproduction  social.  1 ­ APRESENTAÇÃO  No  presente  artigo  objetivamos  realizar  uma  breve  discussão  sobre  o  desenvolvimento do modo de produção capitalista e sua relação com a organização do  espaço  urbano  na  sociedade  moderna.  Para  tanto,  trataremos  de  dois  temas  fundamentais: o trabalho e a habitação.  Para tratar este tema consideramos necessário inicialmente afirmar que partimos  da compreensão de que a configuração do espaço urbano e o próprio desenvolvimento
  • 2. 2  das cidades modernas são condicionados pelo desenvolvimento do modo de produção  capitalista. Em nossa leitura a cidade é o espaço privilegiado da reprodução social, e o  desenvolvimento  capitalista  faz  com  que  o  acesso  da  população  a  estes  meios  de  reprodução  se faça  quase  que  exclusivamente  via  mercado. Sendo  assim  acreditamos  que ainda hoje podemos encontrar uma centralidade do trabalho, uma vez que este se  constitui como principal meio de acesso aos bens e serviços necessários à reprodução  social da classe que vive do seu trabalho.  Este  trabalho  é  fruto  dos  estudos  realizados  durante  o  curso  de  mestrado  do  Programa  de  Pós­Graduação  em  Serviço  Social  da  Universidade  Federal  do  Rio  de  Janeiro, desde março de 2008, onde desenvolvemos uma pesquisa que tem como pano  de fundo a cidade do Rio de janeiro. Esta delimitação se deve ao fato de acreditamos  que a cidade do Rio de Janeiro possui uma configuração espacial que é condicionada  por intervenções urbanas realizadas no decorrer de sua história, e que tiveram um claro  objetivo  de  segregação  sócio­espacial  daquela  parte  da  população  menos  favorecida  economicamente,  ao  mesmo  tempo  em  que  buscava­se  a  adequação  deste  espaço  ao  modo de produção capitalista. A população residente há mais de um século vem sendo  excluída  dos  benefícios  da  urbanização,  social,  espacial  e  economicamente,  notadamente devido ao distanciamento dos locais onde se encontram suas moradias 1  em  relação às maiores ofertas de trabalho e de equipamentos e serviços coletivos.  Assim, acreditamos que há uma profunda relação entre as opções de moradias  desta  população  e  os  espaços  onde  se  encontram  as  possibilidades  de  conseguir  trabalho.  Podemos  observar  que,  em  muitos  casos,  estes  trabalhadores,  que  em  determinado  momento  históricos  tiveram  suas  moradias  deslocados  para  as  áreas  periféricas  da  cidade, buscam  estratégias para  residir  próximo às  localidades onde  se  encontram  as  maiores  ofertas  de  trabalho,  especialmente  nas  áreas  centrais,  de  onde  verificamos um crescente processo de favelização, em determinados períodos históricos,  e mais recentemente, a ocupação de prédios abandonados em áreas centrais.  Sendo assim, tomando como exemplo a cidade do Rio de Janeiro, consideramos  que o trabalho se constitui como elemento central na definição dos locais de moradia da  população  residente  na  cidade,  em  um  espaço  marcado  por  um  crescente  déficit  habitacional.  1  Ou  ao  menos  onde  as  intervenções  urbanas  do  início  do  Século  XX  pretendiam  que  estivessem  localizadas.
  • 3. 3  Reconhecendo  que  esta  trata­se  de  uma  discussão  maior  que  pretendemos  abordar  em  nossa  dissertação  de  mestrado,  o  presente  trabalho  tem  como  principal  objetivo debater algumas questões iniciais que dão suporte a este debate. Sendo assim,  inicialmente  tecemos  algumas  considerações  sobre  a  categoria  trabalho,  para  em  seguida apontar alguns traços do modo de produção capitalista que se relacionam com o  desenvolvimento  da  cidade  moderna  e  sua  organização,  buscando  indicar  como  as  transformações  na  organização  da  produção  na  sociedade  capitalista  implicam  em  alterações  também  na  esfera  da  reprodução  social,  notadamente  no  que  se  refere  à  cidade capitalista.  2 ­ O TRABALHO ENQUANTO FUNDANTE DO SER SOCIAL  Em  um  primeiro  momento,  optamos  por  nos  deter  mais  especificamente  na  análise, ainda que introdutória, da categoria trabalho enquanto fundante do ser social e  protoforma da práxis social, para posteriormente tecermos algumas considerações sobre  as transformações na organização do trabalho do modo de produção capitalista e suas  implicações na vida social.  Desta forma, podemos afirmar que o trabalho é compreendido, em um primeiro  momento  na  concepção  de  Lukács,  em  sua  determinação  ontológica.  Entende­se  o  trabalho como a relação entre o homem e a natureza, onde o primeiro cria produtos com  o  objetivo  de  satisfação  de  suas  necessidades  materiais.  Para  satisfação  dessas  necessidades ele transforma a natureza, tendo como finalidade a criação de objetos que  possuam valores de uso. Sua relação com estes objetos esta vinculada ao quanto lhe são  úteis  para  manutenção  de  sua  sobrevivência  ou  de  como  podem  atender  a  suas  necessidades mais  básicas.   Dessa  forma,  o  trabalho  é  considerado  como  a  categoria  central que determina a existência e a reprodução do homem, uma vez que lhe garante  condições materiais que satisfazem suas necessidades imediatas 2  .  “Como criador de valores de uso, como trabalho útil, é o trabalho, por  isso, uma  condição de  existência  do  homem,  independente  de  todas as  formas  de  sociedade,  eterna  necessidade  natural  de  mediação  do  metabolismo  entre  homem  e  natureza  e,  portanto,  da  vida  humana.”  (Marx, K, 1988, p 172)  2  K. Marx, O Capital, 1988.
  • 4. 4  O  trabalho  é  considerado  por  isso  o  fundamento  ontológico  da  gênese  do  ser  social, pois a partir dele produz­se algo novo com relação ao ser orgânico e inorgânico 3  – ainda que tenha como base a natureza – possibilitando sua superação, e criando um  novo tipo de ser, o ser social. Esta produção de uma nova forma de ser é o que Lukács  vai  chamar  de  salto  ontológico, onde o  ser passa  da  esfera  puramente  biológica  para  constituição  do  gênero  humano,  imprimindo  uma  mudança  qualitativa do  ser em  sua  essência,  através  de  sua  capacidade  teleológica.  Contudo,  como  insiste  este  autor,  o  surgimento do ser social depende da superação da natureza, processo que ocorre através  do trabalho, porém não significando que a natureza desapareça, já que o ser social não  existe sem ela. Apesar disso, conforme se desenvolve o processo de humanização do  homem, a natureza vai perdendo seu papel predominante, dando lugar à vida do homem  em sociedade.  Além disso, ainda que pressupondo esta natureza, o novo ser estabelece relações  com  outros  homens,  através  do  próprio  trabalho,  também  a  fim  de  satisfazer  necessidades materiais, físicas, biológicas, etc. O ser social passa a ser não apenas uma  relação  do  homem  com  a  natureza, mas  também  uma relação do homem  com outros  homens,  sempre  inseridos  em  determinado  contexto  histórico.  Ao  transformar  a  natureza, o homem gera novas necessidades e tem de criar novas formas de atendê­las, o  que leva a uma constante transformação e aperfeiçoamento de seus meios de trabalho e  dele mesmo.  Realiza­se  então  uma  dupla  transformação,  de  um  lado  ele  transforma  a  natureza,  através  de  instrumentos,  ao  produzir  objetos  úteis,  de  outro  transforma  o  próprio homem, em suas relações com o objeto e com outros homens, de onde podemos  compreender que sem ele as atividades humanas não poderiam existir.  Assim, segundo Marx, o trabalho é  “Atividade orientada a um fim para produzir valores de uso, apropriação  do natural para satisfazer a necessidades humanas, condição universal do  metabolismo entre o homem e a natureza, condição natural eterna da vida  humana e, portanto, independente de qualquer forma dessa  vida, sendo  antes igualmente comum a todas as suas formas sociais” (Marx, 1988, p  146)  3  G. Lukács, Ontologia do Ser Social, 1979.
  • 5. 5  O trabalho é assim entendido como atividade coletiva, pois requer sempre esta  relação entre indivíduos de uma determinada sociedade, garantindo sua reprodução, e  ultrapassando determinações puramente biológicas.  Ele é desenvolvido a partir de determinadas finalidades postas pelo homem, o  que  Lukács  vai  chamar  de  prévia­ideação,  como  respostas  do  homem  a  situações  concretas,  demonstrando  um  modo  de  satisfazer  necessidades  qualitativamente  diferentes  daquelas  desenvolvidas  pelos  animais.  Estas  respostas  se  dão  no  nível  da  consciência  e  conferem  direção  às  atividades  dos  homens,  constituindo­se  como  elemento central do trabalho, pois é através da consciência que os homens podem ser  capazes de transformar a realidade. Para tanto, há a necessidade de um conhecimento  prévio do objeto e dos meios de trabalho para uma ação efetiva, conhecimento este que  deve  corresponder  àquilo  que  é  realmente  existente  e  não  a  simples  abstração  individual.  É  a  capacidade  teleológica  do  homem,  particularidade  do  ser  social,  que  lhe  permite antever idealmente os produtos e modos de fazer do seu trabalho, fazendo com  que ele vá além do agir por instinto e possibilitando um conhecimento da realidade para  transformá­la 4  .  Essa  posição  teleológica  busca,  além  de  transformar  o  objeto  de  seu  trabalho,  interferir  na  atividade de outros homens,  como  ação entre seres  sociais que  pretendem  convencer uns aos outros  a  agir  teleologicamente. Antunes  vai chamar de  posições teleológicas secundárias, tomando a expressão de Lukács, porque possuem um  distanciamento maior em relação ao trabalho, uma vez que este tem como fundamento a  relação homem/natureza 5  . Esta capacidade teleológica que caracteriza o trabalho apenas  pode se realizar na prática, sendo objetivada na ação do homem. Esta objetivação é a  materialização  daquilo  que  foi  projetado  idealmente  pelo  homem,  transformando  em  objeto e que não pode existir sem ele. O trabalho é então relação sujeito/objeto, que se  dá  através  de  determinados  meios,  instrumentos  de  trabalho,  mas  que  não  deve  ser  compreendida como uma relação de identidade, mas sim como uma relação entre seres  ontologicamente diferentes.  Vale a pena observar que não apenas de teleologia é constituído o trabalho, pois  ele depende também de causalidades, condições que fazem como que o objeto, nesta  relação com o homem, assuma uma forma independente dele. Assim como o homem  existe  independente  do  produto  do  seu  trabalho,  este  produto,  uma  vez  objetivado,  4  K. Marx, O Capital, 1988.  5  R. Antunes, Os Sentidos do Trabalho, p 139.
  • 6. 6  ganha  sua  própria  existência  ao  estabelecer  relações  historicamente  determinadas  em  sociedade. Desse modo, as relações desenvolvidas a partir da criação deste objeto geram  conseqüências que vão além da vontade do sujeito que o cria. Conseqüências estas que  muitas vezes desencadeiam novas necessidades e vão requerer novas formas de atendê­  las, impulsionando o desenvolvimento das forças produtivas e do próprio homem.  Vemos, então, que através do trabalho, o ser social se constitui transformando­se  e transformando a realidade que o cerca, agindo segundo finalidades teleologicamente  postas, mas que também implicam em causalidade que vão além do alcance de sua ação,  razão  ou  vontade.  Neste  processo,  que  ocorre  em  uma  realidade  historicamente  constituída,  o  trabalho  assume  sua  dimensão  genérica,  enquanto  parte  de  um  todo  existente.  Assim,  segundo  Marx,  o  processo  de  trabalho  possui  elementos  fundamentais  que  o  constituem:  a  atividade  orientada  a  um  fim  (o  pôr  teleológico),  os  meios  de  trabalho (colocados entre o trabalho e o objeto para transformação deste), e seu objeto.  (Marx, 1988, p. 143)  “No  processo  de  trabalho,  a  atividade  do  homem  efetua,  portanto,  mediante o meio de trabalho, uma transformação do objeto de trabalho,  pretendida  desde  o  princípio.  O  processo  extingue­se  no  produto.  Seu  produto é um valor de uso; uma matéria natural adaptada às necessidades  humanas mediante transformação da forma. O trabalho se uniu com seu  objetivo. O trabalho está objetivado e o objeto trabalhado. O que do lado  do  trabalhador  aparecia  na  forma  de  mobilidade  aparece  agora  como  propriedade imóvel na forma do ser, do lado do produto”. (Marx, 1988, p  144)  3 ­ A MERCADORIA ENQUANTO PRODUTO DO TRABALHO DO HOMEM  Consideramos  necessário  tratar  inicialmente  da  categoria  trabalho  como  fundante do ser social, porque enquanto produtor de valores de uso, o trabalho se torna  condição da existência humana 6  . Passamos agora a tratar então da mercadoria enquanto  produto  do  trabalho  humano.  Desta  forma,  à  concepção  de  trabalho  enquanto  transformação  da  natureza  e  fundante  do  ser  social  que  esboçamos  anteriormente,  acrescentamos  aquela  em  que  o  trabalho  é  compreendido  como  produtor  de  mercadorias, analisado por MARX.  6  Marx, O Capital, 1988, p. 50.
  • 7. 7  A  sociedade  capitalista  se  apóia  na  contradição  entre  capital  e  trabalho,  fundamentada  na  apropriação  privada  dos  meios  de  produção,  na  alienação  e  na  exploração da classe trabalhadora, objetivando o lucro, sendo a acumulação sua base  objetiva. Neste contexto, o trabalhador possui apenas sua força de trabalho para vender  e garantir sua sobrevivência, ainda que apenas ela seja capaz de criar valor 7  . A produção  é essencialmente voltada para a obtenção de lucros, através da troca de mercadorias, não  objetivando  de  imediato  atender  a  necessidades  humanas  essenciais.  Contudo,  a  mercadoria como produto do trabalho no modo de produção capitalista possui tanto um  valor de troca, quanto um valor de uso, atendendo com isso a necessidades humanas que  se relacionam com a reprodução da força de trabalho, mas também com a reprodução do  próprio capital, uma vez que garante a força de trabalho necessária pra produzir e extrair  mais­valia 8  .  Com  isto,  podemos  compreender  que  o  trabalho  possui  um  duplo  caráter.  Enquanto trabalho concreto útil ele é adequado a um fim e seu produto possui um valor  de uso por atender a determinadas necessidades, enquanto trabalho humano abstrato,  ele é dispêndio de força de trabalho e também cria um produto que possui valor de troca  ou valor, a mercadoria.  “O produto  de trabalho é  em todas as situações sociais  objeto  de uso, porém  apenas  uma  época  historicamente  determinada  de  desenvolvimento —  a  qual  apresenta  o trabalho  despendido na produção de  um  objeto  de  uso como sua  propriedade  “objetiva”,  isto  é,  como  seu  valor  —  transforma  o  produto  de  trabalho em mercadoria.” (Marx, 1988, 63)  Assim,  o  produto  do  trabalho  humano  no  modo  de  produção  capitalista  é  compreendido como  mercadoria  justamente  por não  possuir  apenas um  valor de uso,  mas por também corresponder a um valor de troca, necessário à reprodução do capital.  Essa  mercadoria se  valoriza  exatamente  por  ser fruto do  trabalho  humano, por  haver  nela um determinado quantum de trabalho necessário para sua produção. Só é passível  de ser trocada porque possui trabalho humano nela cristalizado. Apenas o trabalho do  7  Sem o trabalho humano o capital não pode ser capaz de se valorizar, contradição própria da sociedade  capitalista.  8  A produção de mais­valia se processa no interior da unidade de produção, sendo caracterizada como um  sobrevalor, um valor a mais que é extraído sobre a força de trabalho durante o processo produtivo. É um  valor criado além daquele que corresponde à mercadoria enquanto valor de uso, mercadoria que possui  um tempo  de trabalho socialmente necessário para  ser  produzida e que equivale ao tempo de trabalho  necessário para a reprodução do trabalhador. A este tempo soma­se um tempo de trabalho excedente, que  vai possibilitar a extração da mais­valia.
  • 8. 8  homem  possui  essa  característica  de  criar  valor,  conferindo­o  a  um  determinado  produto, porque o valor de uma mercadoria depende do tempo de trabalho socialmente  necessário para sua produção.  “Tempo de trabalho socialmente necessário é aquele requerido para produzir um  valor de uso qualquer, nas condições dadas de produção socialmente normais, e  com grau social médio de habilidade e intensidade de trabalho”. (Marx, 1988, p.  48)  Deste modo, o que determina o valor de uma mercadoria é o dispêndio de força  de  trabalho  –  trabalho  humano,  o  tempo  necessário  para  sua  produção  e  sua  forma  social, por possibilitar uma relação entre os homens dentro da divisão social e técnica  do trabalho. Contudo, esta determinação não nos aparece de forma clara, e acaba por  assumir  um  caráter  fetichizado,  onde  as  relações  sociais  entre  os  homens  aparecem  como relações entre coisas, na medida em que o trabalho humano nela empreendido não  é  ali  representado,  sendo,  ao  contrário,  encoberto  sob  a  forma  dinheiro.  Portanto,  a  mercadoria  “(...) reflete aos homens as características sociais do seu próprio trabalho como  características objetivas dos próprios produtos de trabalho, como propriedades  naturais sociais  dessas  coisas  e,  por isso, também reflete a relação social  dos  produtores  com o trabalho total como uma relação social existente fora deles,  entre objetos.” (Marx, 1988, p71)  Até o presente momento tratamos do trabalho enquanto fundante do ser social,  mas  também  como  produtor  de  mercadorias.  Consideramos  necessário  tecer  estas  considerações, ainda que brevemente, justamente porque acreditamos que não é possível  falar do modo de produção capitalista ou da cidade moderna sem passar pela concepção  de trabalho que está presente nesta sociedade. Poderíamos supor que ao falar de acesso  aos  bens  necessários  para  reprodução  social  estamos  tratando,  de  certa  forma,  do  próprio  produto  do  trabalho  humano,  seja  enquanto  coisa  útil,  na  medida  em  que  efetivamente deve atender a necessidades humanas, seja enquanto valor de troca, por se  realizar através de relações de consumo, mediatizadas pelo dinheiro e que mistificam as  relações entre os homens.  “Uma sociedade não pode parar de consumir nem de produzir. Por isso, todo  processo social de produção, encarado em suas conexões constantes e no fluxo  contínuo de sua renovação, é, ao mesmo tempo, processo de reprodução.
  • 9. 9  As  condições  da  produção  são  simultaneamente  as  da  reprodução.  Nenhuma  sociedade pode produzir continuamente, isto é, reproduzir, sem reconverter, de  maneira  constante,  parte  de  seus  produtos  em  meios  de  produção  ou  em  elementos da nova produção.  (...)  Se  a  produção tem  a  forma  capitalista,  também  a  terá  a  reprodução.  No  modo capitalista de produção, o processo de trabalho é apenas um meio de criar  valor;  analogamente,  a  reprodução  é  apenas  um  meio  de  reproduzir  o  valor  antecipado  como  capital,  isto  é, como  valor  que se  expande”(Marx,  2008,  p.  661)  4  ­  CONSIDERAÇÕES  SOBRE  A  CIDADE  MODERNA  E  O  MODO  DE  PRODUÇÃO CAPITALISTA  Neste momento teceremos alguns comentários sobre a forma como entendemos  a  cidade  moderna  e  suas  relações  com  o  desenvolvimento  do  modo  de  produção  capitalista.  Compreendemos o  processo  de  urbanização  como  forma  de  divisão  social  do  trabalho  que,  segundo  Marx,  “é  condição  de  existência  para  a  produção  de  mercadorias”,  onde  se  processa  a  divisão  da  produção  em  diferentes  esferas  profissionais, ou por gênero, idade, famílias, etc.. Trata­se da divisão social do trabalho  que,  em  sua  concepção,  é  característica  de  todas  as  sociedades  e  que  vem  para  dar  suporte  a  espécie  humana.  A  divisão  social  do  trabalho  difere  da  divisão  técnica  do  trabalho, porque esta última se refere ao processo de produção no interior da fábrica, ao  parcelamento  das  tarefas  no  processo  produtivo  e  se  encontra  no  modo  de  produção  capitalista.  “A  divisão  social  do  trabalho  divide  a  sociedade  entre  ocupações,  cada  qual  apropriada  a  certo  ramo  de  produção;  a  divisa  pormenorizada  do  trabalho  destrói  ocupações  consideradas  neste  sentido,  e  torna  o  trabalhador  inapto  a  acompanhar qualquer processo completo de produção. No capitalismo, a divisão  social do trabalho é forçada caótica e anarquicamente pelo mercado, enquanto a  divisão do trabalho na oficina é imposta pelo planejamento e controle. Ainda no  capitalismo,  os  produtos  da  divisão  social  do  trabalho  são  trocados  como  mercadorias, enquanto os resultados da operação do trabalhador parcelado não  são trocados dentro da fabrica como no mercado, mas são todos possuídos pelo  mesmo capital”.(Braverman, 1977, p. 72)  Apreender  a  cidade  como  forma  de  divisão  social  do  trabalho  implica  em  reconhecermos sua especificidade, uma vez que sua relação com o desenvolvimento do  capitalismo não pode ser entendida de forma direta, como se fizesse parte da divisão
  • 10. 10  técnica do trabalho, na unidade de produção. Esta característica da cidade lhe confere  uma  aparente  autonomia  em  relação  ao  modo  de  produção  capitalista,  justamente  porque a divisão social do trabalho é anterior a este tipo de sociedade. Contudo, não  significa que a cidade e o modo de produção capitalista estejam dissociados, mas, ao  contrário, o segundo apenas pôde se instalar e melhor se desenvolver na cidade devido  ao grau de desenvolvimento da mesma.  Assim,  reconhecemos  a  cidade  moderna  como  o  lócus  privilegiado  para  as  transformações  ocorridas  com  o  desenvolvimento  das  forcas  produtivas,  no  seio  da  sociedade capitalista, e não apenas como esfera do não­trabalho, ainda que se constitua  como o lugar da reprodução social. Em oposição ao campo ela constitui uma sociedade  concentrada e não dispersa. Significa reconhecer a cidade como  “(...) o lugar das metamorfoses e dos encontros, o espaço teatral que mistura o  ilusório  e  o  real,  que  simula  a  apropriação  (onde  a  apropriação  aparecendo  como alienação constitui o ‘direito a cidade’) – onde enfim o capital vitorioso  parece ter descoberto o trabalho humano como fonte da riqueza... “ (Lefebvre,  2001, p 63)  Assim,  acreditamos  que  a  cidade  moderna  seja  o  pano  de  fundo  para  as  transformações  ocorridas  na  sociedade  capitalista,  sendo  considerada  o  lugar  privilegiado para a produção, a troca e o consumo, o lugar da aglomeração dos meios de  produção, da população e do próprio capital. A cidade é o espaço onde necessário para a  produção de mercadorias,  mas  é  também o  lugar onde os homens se  relacionam  uns  com os outros. Segundo Lojkine, a cidade se caracteriza porque há  “(...)de um lado, a crescente concentração dos ‘meios de consumos  coletivos’  que vão criar pouco a pouco um modo de vida, novas necessidades sociais; de  outro, o modo de aglomeração específica do conjunto dos meios de reprodução  do  capital  e  da  força  de  trabalho  que  se  vai  tornar,  por  si  mesmo,  condição  sempre mais  determinante do desenvolvimento econômico.”(Lojkine, 1997, p.  146)  No  modo  de  produção  capitalista  a  aglomeração  é  potencializada  enquanto  concentração dos meios de produção e de troca, fazendo com que esta cidade venha a  ser o lugar onde melhor se desenvolvem as  condições gerais da produção capitalista,  que, segundo Marx, são os meios de comunicação e transportes, mas é também o lugar
  • 11. 11  onde se encontram os equipamentos e serviços coletivos, necessários a reprodução da  forca de trabalho (Lojkine, 1997).  As  condições  gerais  da  produção  capitalista,  consideradas  na  época  de  Marx  como os meios de comunicação e transportes, hoje também podem assumir uma outra  forma  com  o  desenvolvimento  de  novas  tecnologias  que  facilitam  e  potencializam  a  troca de  mercadorias  e, conseqüentemente,  a  acumulação  capitalista.  Estas  condições  não atuam diretamente sobre o processo imediato de produção, que ocorre no interior da  fábrica,  mas  prolongam  o  processo  de  produção  para  a  esfera  da  circulação,  lhe  oferecendo  suporte  e  caracterizando  o  processo  ampliado  de  produção.  Contudo,  conforme  se  desenvolvem  as  forças  produtivas  deste  modo  de  produção,  também  se  desenvolvem  as  condições  gerais  da  produção,  ainda  que  isto  não  ocorra  de  forma  direta.  Os meios de  comunicação  e  transporte  são  constantemente  revolucionados de  forma a atender as necessidades de circulação e expansão do capital. Para que empresas  capitalistas  possam  se  estabelecer  em  determinada  localidade  é  necessário  um  certo  nível de desenvolvimento urbano que garanta condições favoráveis a acumulação. Basta  compreender  que  as  indústrias  se  localizam  em  espaços  dotados  de  infra­estrutura  necessária para seu bom funcionamento, onde, por exemplo, estejam instaladas vias de  circulação que garantam o escoamento da produção ou onde exista um maior número de  mão­de­obra disponível.  “Como  o  capitalismo  foi  (e  continua  a  ser)  um  modo  de  produção  revolucionário em que as práticas e processos materiais de reprodução social se  encontram em permanente mudança, segue­se que tanto as qualidades objetivas  como os significados do tempo e do espaço também se modificam.  (...)  A  troca  de  mercadorias  materiais  envolve  a  mudança  de  localização    e  o  movimento  espacial.  Todo  sistema  complexo  de  produção  envolve  a  organização  espacial(...).  Vencer  essas  barreiras  espaciais  custa  tempo  e  dinheiro. Por conseguinte, a eficiência na organização e no movimento espaciais  é uma questão importante para todos os capitalistas”(Harvey, 2007, 209)  Com isso, alem de considerar a cidade como palco para estas transformações,  consideramos  que  sua  organização  em  grande  parte  é  condicionada  pelo  próprio  desenvolvimento  do  modo de  produção capitalista,  sendo  ao  mesmo  tempo o  espaço  onde  se  processam  estas  alterações,  mas  também  sofrendo  diretamente  interferências  deste  processo.  Isso  porque,  as  transformações  no  processo  produtivo  implicam  em  alterações na vida social, uma vez que exigem novas condições de reprodução da forca
  • 12. 12  de trabalho, onde novas necessidades são criadas e o consumo torna­se a forma através  da qual a classe trabalhadora deve se reproduzir.  Estas transformações impactam diretamente na vida da população que reside na  cidades, notadamente podemos nos referir ao caso da cidade do Rio de Janeiro. Novas  condições  de  existência  são  estabelecidas  em  função  do  desenvolvimento  urbano.  Novos  padrões  de  consumos  são  criados,  assim  como  se  busca  uma  adequação  do  espaço  que  possa  garantir  maior  rentabilidade  para  o  capital.  Para  que  isto  ocorra,  determinadas áreas são eleitas como privilegiadas para potencializar a acumulação por  facilitar a concentração de capital ou por possibilitar um escoamento mais acelerado da  produção. Neste  contexto,  as  necessidades  dos  trabalhadores  são  deixadas  em  segundo  plano,  e  intervenções  urbanas  são  realizadas  por  parte  do  poder  público,  ou  com  incentivo  privado,  de  forma  que  contribuam  para  garantir  que  aquela  parcela  da  população  com  menor  poder  aquisitivo  resida  em  localidades  também  com  menor  potencial produtivo e menos valorizadas economicamente.  Certamente  não  podemos  considerar  estes  fatores  isoladamente.  Contudo,  definitivamente trata­se de uma realidade que salta aos olhos. Esta população, em sua  maioria,  passa  a  residir  em  lugares  que  adquirem  grande  concentração  populacional  associada a baixos investimentos em infra­estrutura e poucas ofertas de equipamentos e  serviços coletivos necessários para sua reprodução.  Distantes dos espaços onde se encontram as maiores ofertas de trabalho, muitas  vezes  as  melhores,  parte  desta  população  vai  buscar  formas  alternativas  de  residir  próximo ao seu local de trabalho: em muitos casos são favelas ou ocupações irregulares  como  no  caso  do  Rio  de  Janeiro,  especialmente  em  sua  área  central.  A  oferta  de  moradias em uma cidade marcada por um grande déficit habitacional é cada vez mais  precária,  assim  como  a  situação  desta  população  que  busca  formas  alternativas  de  moradia.  Desta  forma,  objetivamos  com  este  trabalho  apontar  sucintamente  como  as  transformações ocorridas no modo de produção capitalista impactam na configuração do  espaço  urbano,  compreendendo  as  relações  entre  trabalho  e  cidade.  Isso  porque  acreditamos que estas transformações implicam em alterações na esfera da reprodução  social e, do mesmo modo, em novas formas de organização do espaço que interferem  diretamente na vida dos trabalhadores.
  • 13. 13  REFERÊNCIAS  ANTUNES, Ricardo. Os sentidos do Trabalho. Ensaio sobre a afirmação e a negação do  trabalho. São Paulo, Boitempo Editorial, 2007.  BRAVERMAN, Harry. Trabalho e capital monopolista. Rio de Janeiro, Zahar, 1977  CORIAT, Benjamim. El taller e el cronómetro: ensayo sobre el taylorismo, el fordismo  y la producción de masa. Mexico. Siglo Veintiuno Editores. 11982  HARVEY, David. A condição pós­moderna. 16ª ed. São Paulo, Edições Loyola, 2007.  LEFEBVRE, Henri. A cidade do Capital. 2ª ed. Rio de Janeiro, DP&A, 2001.  LOJKINE,  Jean.  O  Estado  capitalista  e  a  questão  urbana.  2 a  ed. São  Paulo,  Martins  Fontes, 1997.  LUKÁCS,  Georgy.  História  e  Consciência  de  Classe.  Estudos  de  dialética  marxista.  Biblioteca ciência e sociedade. Porto, Publicações Escorpião, 1974.  LUKÁCS, Georgy. Ontologia do Ser Social: Os princípios ontológicos fundamentais de  Marx. São Paulo, Ciências Humanas, 1979.  MARX, Karl.O Capital – Crítica da Economia Política. Livro I, Vol I.13ª ed. São Paulo,  Nova Cultural, 1988.  MARX, Karl.O Capital – Crítica da Economia Política. Livro I, Vol 2. 22ª ed. Rio de  Janeiro, Civilização Brasileira, 2008.