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Sono e suas Perturbações
Por: Ana Raquel de Sousa Lopes
Licenciada em Psicologia
Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde
2020
Sono e suas Perturbações
Na sociedade atual vivemos em crescentes pressões que atacam o nosso sono, cuja função é vital
e reparadora para o organismo, bem como para a saúde mental. Um sono de má qualidade
produz inevitavelmente um dia penoso. A produtividade intelectual depende também,
evidentemente, da qualidade do sono.
O sono é afetado pelos estilos de vida muito stressantes, pelos aspetos ansiogénicos e emoções
em geral, pela alimentação, pelos acontecimentos durante o próprio dia.
Revisitamos, de seguida, de forma sintética, alguns aspetos do sono, descrevendo as principais
Dissónias e Parassónias e aludindo brevemente a ideias-chave sobre a higiene do sono.
Sono e suas Perturbações
1. O Sono
Precisamos de dormir para viver e para funcionarmos como seres humanos no aspeto físico,
psíquico e social. Passamos cerca de 1 terço das nossas vidas a dormir, mas fazemos isto por razões
fundamentais à saúde e bem-estar. A privação de sono arruína profundamente a saúde e as nossas
sensações mais subjetivas de bem-estar psicológico também.
De acordo com Moal (2011) o sono é um estado comportamental em que ocorre redução da
atividade, fecho dos olhos, hipotonicidade dos músculos, reduzida reatividade a estímulos externos.
Sono e suas Perturbações
O sono abarca duas fases essenciais: o sono Não REM ou de ondas lentas e o Sono REM (Rapid
Eyes Movement), ou rápido. Durante o sono Não REM há relativa tonicidade muscular,
irregularidade respiratória, pressão arterial mais baixa e abrandamento do ritmo cardíaco.
Libertam-se hormonas sexuais e hormonas do crescimento.
No sono REM a tonicidade abate-se, a atividade respiratória e cardíaca é irregular. O sono REM é
também designado de sono paradoxal. Se acordarmos nesta fase do sono, conseguimos reconstituir
os sonhos noturnos, ou seja, a atividade onírica durante o sono que não é dirigida pela consciência,
ao contrário do imaginar diurno em que é possível relativamente introduzir elementos conscientes
na fantasia.
Sono e suas Perturbações
No sono há suspensão completa da atividade vígil. Através do sonho, mergulhamos num universo
do enigma como também do simbólico e por vezes do intimidante irracional. Mas esta face caótica
do psiquismo traz consigo aspetos disfarçados oriundos da dinâmica psíquica menos encoberta.
Desligamo-nos do ambiente que nos cerca, involuntariamente atravessamos para a esfera do
inconsciente, ficando por vezes perplexos ao recordarmos o que sonhamos. Mas também o sonho é
um guardião da vida psíquica, tem uma função de evacuação de conteúdos mentais que não é inane
para a psique.
Sono e suas Perturbações
A privação ou os maus hábitos de sono afetam não só aspetos cognitivos como a atenção e a
memória, mas também fisiológicos, derivando na fadiga que todos reconhecemos, em lentificação
das reações, dificuldades na coordenação motora e declínio da imunidade.
A sonolência diurna pode, como é claro, corresponder a falhas nas tarefas ou acidentes.
Os maus hábitos de sono e a privação afetam as respostas do humor: irritabilidade, condutas
mais agressivas, estados distímicos e depressivos.
O sono adequado é um forte contribuinte para o nosso equilíbrio homeostático.
Sono e suas Perturbações
A privação do sono no decurso do crescimento de crianças e adolescentes é potencialmente
nefasta. Muitas vezes, os mais jovens resistem ao sono devido aos tentáculos distratores do abuso
das tecnologias: telemóvel, televisão, internet, jogos… Compete aos pais ajudar a gerir o recurso aos
meios tecnológicos superabundantes nos nossos quotidianos e educar para um uso sadio e
moderado dos mesmos.
Como recorda Straub (2014) a privação do sono é adversa ao funcionamento metabólico,
neurológico e endócrino, tendo o sono funções tão relevantes como a neurogénese, ou seja, a
formação de novas células nervosas. Um adolescente deveria dormir de 8 a 9 horas. Quantos jovens
o fazem? Além disso os estudos parecem indicar que a privação de sono proporciona um aumento
do peso corporal.
Sono e suas Perturbações
2- Perturbações do Sono
Existem dois grupos fundamentais de Perturbações do Sono, as Dissónias e as Parassónias.
As Dissónias dizem respeito a perturbações primárias do sono, da sua iniciação ou conservação,
da sua quantidade e incluem: Insónia Primária, Hipersónia Primária, Narcolepsia, Perturbação do
Sono Relacionada com a Respiração, Perturbação do Ritmo Circadiano do Sono e Dissónia sem
Outra Especificação (SOE). As Parassónias dizem respeito a fenómenos comportamentais
desadequados durante o ciclo sono-vigília, com ativações fisiológicas e cognitivas, bem como
motoras não só inadequadas mas que podem causar sofrimento clinicamente significativo e
incluem: Sonambulismo, Perturbação dos Pesadelos, Terrores Noturnos e Parassónia Sem Outra
Especificação.
Sono e suas Perturbações
2.1- Dissónias
- Insónia Primária
Com base no DSM-IV, apresentamos, brevemente, características da insónia primária. A queixa
predominante do paciente é uma dificuldade em adormecer ou iniciar o sono ou mantê-lo, ou ainda,
ter um sono de má qualidade, agitado, não reparador. Este sintoma dura pelo menos um mês. A
insónia causa fadiga, provoca mal-estar clinicamente significativo e dificuldades no funcionamento
social, ocupacional ou em outras áreas importantes. É frequente que os pacientes refiram a par das
dificuldades em adormecer o acordar intermitente durante o sono. Em associação com a insónia
primária há um aumento da ativação fisiológica, emocional e psicológica, e condicionamento
negativo em relação ao sono.
Sono e suas Perturbações
Quanto maior a preocupação ansiosa com a debilidade do sono, mais se acentua a dificuldade
em dormir ou manter-se a dormir. A sonolência diurna pode ser perigosa, por exemplo, adormecer
nas tarefas ou mesmo ao volante, a capacidade atencional e a memória podem estar fragilizadas.
Quanto ao tratamento, geralmente opta-se por aduzir à farmacoterapia a terapia
comportamental. Pessoas com insónia podem beneficiar substancialmente de educação para a
saúde, principalmente adoptando e interiorizando novos padrões de higiene do sono. Não
esqueçamos que há insónias associadas a outras perturbações psíquicas como a depressão ou a
ansiedade, mas também a estados maniformes, entre outros.
Sono e suas Perturbações
- Hipersónia Primária
Na hipersónia primária o sintoma é uma sonolência excessiva durante pelo menos 1 mês, ou
menos quando recorrente, havendo episódios de sono noturno prolongados ou episódios de sono
diurno muito frequentes. Esta sonolência excessiva causa mal-estar e défices funcionais. Convém
sublinhar, que há também pessoas, long sleepers, que carecem de uma quantidade de sono maior
que a média, o que não se confunde com a hipersónia. Na hipersónia primária os sintomas de sono
excessivo ocorrem independentemente da duração curta, média ou prolongada do sono noturno.
Quanto à sonolência diurna é mais intensa do que aquela causada por insónia.
Sono e suas Perturbações
- Narcolepsia
É uma perturbação de etiologia ainda insuficientemente esclarecida. O seu sintoma é a
sonolência forte com cataplexia. Podem ainda ocorrer a paralisia do sono, as alucinações
hipnagógicas. Os episódios de sono são breves de 10 a 20 minutos, mas são ataques irresistíveis
como recorda Paiva (2006). Na cataplexia há perda súbita do tónus muscular, durante segundos,
mas a localização e intensidade variam.
Sono e suas Perturbações
A cataplexia pode atingir somente algumas partes do corpo, vulgarmente: pálpebras (com ptose),
pescoço com queda da cabeça, mandíbula, músculos fonadores com dificuldade de uma linguagem
oral típica, joelhos, sentindo-os como que a fraquejar, mãos, podendo soltarem-se e caírem
objectos ao chão, e músculos da postura com queda do paciente ao chão. Geralmente estes ataques
são precedidos por um evento emocional, mau ou mesmo mais entusiástico em alguns casos.
Quando às alucinações hipnagógicas são descritas como incluindo conteúdos terríficos, e quando se
dá paralisia do sono há imobilidade do corpo, podendo, sobretudo quando surge inicialmente, ser
especialmente assustadora (Paiva 2006).
Sono e suas Perturbações
Faz-se um diagnóstico laboratorial baseado na polissonografia, um teste de latência múltipla do
sono.
O tratamento passa por reconhecer os hábitos de sono do paciente, e farmacologia para controlar
sintomas. Há além de fármacos muito específicos, o recurso a psicofármacos antidepressivos. Há
relatos de pacientes com narcolepsia a serem seguidos também na clínica psicanalítica, embora os
sintomas sugiram algo do foro predominantemente neurológico. Convém referir que embora pouco
frequente, a narcolepsia tem riscos e causa mal-estar clinicamente significativo. Não deve ser
confundida com a epilepsia, nem com uma Parassónia, o sonambulismo.
Sono e suas Perturbações
- Perturbação do Sono Relacionada com o Ritmo Circadiano
Esta é uma perturbação do ritmo sono-vigília, uma disrupção do sono e do adormecer. Como
indica o DSM-IV, há um padrão persistente ou recorrente de perturbação do sono conduzindo a
desfasamento entre o horário sono-vigília.
A perturbação do sono causa sofrimento clinicamente significativo ou disfunção social,
ocupacional ou em outras áreas importantes.
Sono e suas Perturbações
Especificam-se ainda os tipos:
- Tipo Atraso de Fase: um padrão estável de início do sono e de despertares tardios, com
incapacidade para adormecer ou acordar demasiado cedo.
- Tipo Mudança de Fuso Horário: ocorrência de sonolência e alerta inapropriados em relação ao
horário local, que sucede após viagens repetidas atravessando mais de um fuso horário.
- Tipo Trabalho por Turnos: insónia durante o período destinado ao sono, ou muita sonolência
durante o período de vigília, associado com o trabalho noturno ou mudanças frequentes no
trabalho por turnos.
- Tipo não Especificado.
Sono e suas Perturbações
2.2- Parassónias
As Parassónias caracterizam-se por comportamentos não adequados e desajustados associados
ao sono, bem como eventos fisiológicos. Nas Parassónias ocorre uma ativação de sistemas
fisiológicos em momentos inapropriados no curso do ciclo sono-vigília. Pode ainda haver como
resultado sonolência diurna, mas causam em si mesmos mal-estar clinicamente significativo.
Incluem: a Perturbação dos Pesadelos (que já foi designada de perturbação da ansiedade do sono),
a Perturbação dos Terrores Noturnos e o Sonambulismo.
Sono e suas Perturbações
- Perturbação dos Pesadelos
Estes pacientes têm uma ocorrência tenaz de sonhos muito aterradores que os levam a despertar
do sono. Quando acordam estão totalmente alerta. Como consequência desta perturbação há
disfunções emocionais, sociais e ocupacionais possíveis. Os pesadelos geram elevado grau de
ansiedade. Muitas vezes os conteúdos representam perigos para o paciente. Ao acordar, em pleno
estado de alerta, o sujeito sente medo e ansiedade. O sofrimento subjectivo pode ser
predominante em relação à própria disfunção social ou ocupacional. Pode evitar adormecer com
medo dos pesadelos e sentir sonolência excessiva, dificuldades de concentração, depressão,
ansiedade ou mesmo irritabilidade.
Sono e suas Perturbações
Estas pessoas apresentam moderada ativação autonómica, como suores, taquicardia ou
taquipneia, que se podem tornar evidentes quando acordam. Principalmente quando têm a
perturbação durante a infância manifestam taxas elevadas de psicopatologia. Fenómenos de
pesadelos estão não só presentes na Depressão, como também, frequentemente na Perturbação
Pós-Stress Traumático.
Assim o tratamento ou vigilância clínica deve ajustar-se devidamente a cada caso e seus
contornos próprios.
Sono e suas Perturbações
- Perturbação dos Terrores Noturnos
Na perturbação dos terrores noturnos ocorrem, de forma repetida, durante o sono, despertares
abruptos, acompanhados geralmente por um grito de pânico. Ocorrem no primeiro terço do sono
principal. Os terrores tendem a durar de 1 a 10 minutos. Há manifestações comportamentais de
intenso medo; neste episódio o paciente é difícil de acordar e tem amnésia para o acontecimento
bem como é incapaz de recordar o sonho. O paciente desperta em grande sobressalto, agitado e
com choro ou gritos, e sinais autonómicos de ansiedade como taquicardia, respiração acelerada,
sudorese, rubor, dilatação das pupilas e aumento do tónus muscular.
Sono e suas Perturbações
Não responde aos esforços de outrem para o confortarem. Tem uma sensação de medo,
confusão, desorientação, mas sem descrever qualquer conteúdo onírico. Nas crianças com terrores
noturnos nem sempre existe maior incidência de outras perturbações mentais, mas nos adultos
pode existir. Há por vezes movimentos, gesticulações de alerta e fuga associados ao medo, com
algum risco de lesão física, e, em certos casos, embora sejam perturbações distintas, episódios de
sonambulismo. Mesmo assim, a ansiedade pode estar subjacente a estes fenómenos, se bem que
outras perturbações mentais também, nomeadamente Perturbações da Personalidade, Perturbação
Pós-Stress Traumático, entre outras. O acompanhamento clínico exige uma anamnese cuidadosa,
como sempre, e no caso das crianças uma forte colaboração dos pais.
Sono e suas Perturbações
- Sonambulismo
O sonambulismo inclui uma atividade durante o sono com ativações motoras complexas,
incluindo a deambulação. Estes fenómenos começam no sono de ondas lentas ocorrendo
geralmente no primeiro terço da noite. Neste episódio a pessoa não está normalmente facilmente
despertável nem responsiva. É descrita como mantendo um olhar vazio e indiferença à comunicação
com outrem, bem como aos esforços para a despertar. Depois do episódio de movimentos e
deambulação há confusão e desorientação, bem como amnésia relativamente à crise de
sonambulismo em si. É de salientar que os comportamentos durante o sono alcançam uma grande
variedade: pode chegar a sair do quarto ou casa, ou mesmo, nestes casos, a ferir-se enquanto
deambula.
Sono e suas Perturbações
Por vezes pode comer ou falar ou manifestar atos de fuga a uma eventual ameaça. A duração
média dos episódios é de minutos a meia hora. Quando falam a articulação é deficitária, e se
alguém tenta que respondam a perguntas, o que pode suceder é geralmente a dificuldade de
entabular ou manter um diálogo. As crianças como os adultos podem evitar dormir acompanhados,
por saberem desta perturbação. Ela causa riscos e por vezes sofrimento. Pode haver uma incidência
familiar para o sonambulismo. Deve distinguir-se da epilepsia temporal ou frontal (como assevera
Paiva, 2006), na epilepsia os comportamentos são mais estereotipados ou violentos, sucedendo
sobretudo na segunda metade da noite, e os de sonambulismo na primeira metade da noite.
Aspetos que ativam sonambulismo são certos químicos, a febre e a privação de sono. O tratamento
pode conjugar a farmacoterapia e a psicoterapia.
Sono e suas Perturbações
3- Higiene do Sono, Ideias-Chave
Existem perturbações do sono de etiologia complexa, por vezes ligadas a fenómenos
respiratórios, como a apneia, ou que carecem de atenção por parte da neurologia. Existem também
perturbações em que o suporte psicológico ou psiquiátrico se tornam fundamentais. Assim, as
ideias seguintes sobre a higiene do sono são genéricas e abrangentes, devendo cada paciente
procurar ajuda clínica ajustada a seu caso. A higiene do sono previne, quando conseguida, as noites
sem descanso e imprime hábitos saudáveis.
Sono e suas Perturbações
- Ideias-Chave de Higiene do Sono
(baseado em Paiva, 2006)
- Não realizar sestas desnecessárias, excetuando apenas as de período breve (cerca de 15
minutos);
- Praticar exercício diário (mas não imediatamente antes de adormecer);
- Tomar um banho tépido que ajuda a regular a temperatura corporal;
- Conservar um horário regular de despertar ao longo da semana;
- Não fumar quando não se consegue adormecer;
- Evitar o consumo de cafeína, sobretudo depois das 14 horas, bem como de outros estimulantes.
Sono e suas Perturbações
- Evitar refeições pesadas 3 horas antes de se deitar;
- Não se deitar nem com fome, nem com refeições fortes;
- Conservar o quarto escuro, silencioso e bem ventilado;
- Manter uma temperatura agradável no quarto;
- Se houver o hábito de ler antes de adormecer, evitar leituras relacionadas com temas
ocupacionais;
- Evitar ruminações e culpas, pessoais e dos outros;
- Aprender regras elementares de auto-hipnose;
- Não forçar psicologicamente a ideia de que tem que adormecer, pois gera tensão e ansiedade
contraproducente;
- Evitar ambientes de sono não familiares;
- Usar métodos no dia a dia de gestão do stress (relaxamento, meditação, etc.).
Sono e suas Perturbações
Alguma Bibliografia
DSM IV-TR, Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (4ª ed). Lisboa:
Climepsi.
 Paiva, T. (2006). Patologia do Sono – uma Perspectiva Clínica, Neurologia, Princípios, Diagnóstico
e Tratamento. Ferro, J. & Pimentel, J. (coord.). Lisboa: Lidel.

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  • 1. Sono e suas Perturbações Por: Ana Raquel de Sousa Lopes Licenciada em Psicologia Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde 2020
  • 2. Sono e suas Perturbações Na sociedade atual vivemos em crescentes pressões que atacam o nosso sono, cuja função é vital e reparadora para o organismo, bem como para a saúde mental. Um sono de má qualidade produz inevitavelmente um dia penoso. A produtividade intelectual depende também, evidentemente, da qualidade do sono. O sono é afetado pelos estilos de vida muito stressantes, pelos aspetos ansiogénicos e emoções em geral, pela alimentação, pelos acontecimentos durante o próprio dia. Revisitamos, de seguida, de forma sintética, alguns aspetos do sono, descrevendo as principais Dissónias e Parassónias e aludindo brevemente a ideias-chave sobre a higiene do sono.
  • 3. Sono e suas Perturbações 1. O Sono Precisamos de dormir para viver e para funcionarmos como seres humanos no aspeto físico, psíquico e social. Passamos cerca de 1 terço das nossas vidas a dormir, mas fazemos isto por razões fundamentais à saúde e bem-estar. A privação de sono arruína profundamente a saúde e as nossas sensações mais subjetivas de bem-estar psicológico também. De acordo com Moal (2011) o sono é um estado comportamental em que ocorre redução da atividade, fecho dos olhos, hipotonicidade dos músculos, reduzida reatividade a estímulos externos.
  • 4. Sono e suas Perturbações O sono abarca duas fases essenciais: o sono Não REM ou de ondas lentas e o Sono REM (Rapid Eyes Movement), ou rápido. Durante o sono Não REM há relativa tonicidade muscular, irregularidade respiratória, pressão arterial mais baixa e abrandamento do ritmo cardíaco. Libertam-se hormonas sexuais e hormonas do crescimento. No sono REM a tonicidade abate-se, a atividade respiratória e cardíaca é irregular. O sono REM é também designado de sono paradoxal. Se acordarmos nesta fase do sono, conseguimos reconstituir os sonhos noturnos, ou seja, a atividade onírica durante o sono que não é dirigida pela consciência, ao contrário do imaginar diurno em que é possível relativamente introduzir elementos conscientes na fantasia.
  • 5. Sono e suas Perturbações No sono há suspensão completa da atividade vígil. Através do sonho, mergulhamos num universo do enigma como também do simbólico e por vezes do intimidante irracional. Mas esta face caótica do psiquismo traz consigo aspetos disfarçados oriundos da dinâmica psíquica menos encoberta. Desligamo-nos do ambiente que nos cerca, involuntariamente atravessamos para a esfera do inconsciente, ficando por vezes perplexos ao recordarmos o que sonhamos. Mas também o sonho é um guardião da vida psíquica, tem uma função de evacuação de conteúdos mentais que não é inane para a psique.
  • 6. Sono e suas Perturbações A privação ou os maus hábitos de sono afetam não só aspetos cognitivos como a atenção e a memória, mas também fisiológicos, derivando na fadiga que todos reconhecemos, em lentificação das reações, dificuldades na coordenação motora e declínio da imunidade. A sonolência diurna pode, como é claro, corresponder a falhas nas tarefas ou acidentes. Os maus hábitos de sono e a privação afetam as respostas do humor: irritabilidade, condutas mais agressivas, estados distímicos e depressivos. O sono adequado é um forte contribuinte para o nosso equilíbrio homeostático.
  • 7. Sono e suas Perturbações A privação do sono no decurso do crescimento de crianças e adolescentes é potencialmente nefasta. Muitas vezes, os mais jovens resistem ao sono devido aos tentáculos distratores do abuso das tecnologias: telemóvel, televisão, internet, jogos… Compete aos pais ajudar a gerir o recurso aos meios tecnológicos superabundantes nos nossos quotidianos e educar para um uso sadio e moderado dos mesmos. Como recorda Straub (2014) a privação do sono é adversa ao funcionamento metabólico, neurológico e endócrino, tendo o sono funções tão relevantes como a neurogénese, ou seja, a formação de novas células nervosas. Um adolescente deveria dormir de 8 a 9 horas. Quantos jovens o fazem? Além disso os estudos parecem indicar que a privação de sono proporciona um aumento do peso corporal.
  • 8. Sono e suas Perturbações 2- Perturbações do Sono Existem dois grupos fundamentais de Perturbações do Sono, as Dissónias e as Parassónias. As Dissónias dizem respeito a perturbações primárias do sono, da sua iniciação ou conservação, da sua quantidade e incluem: Insónia Primária, Hipersónia Primária, Narcolepsia, Perturbação do Sono Relacionada com a Respiração, Perturbação do Ritmo Circadiano do Sono e Dissónia sem Outra Especificação (SOE). As Parassónias dizem respeito a fenómenos comportamentais desadequados durante o ciclo sono-vigília, com ativações fisiológicas e cognitivas, bem como motoras não só inadequadas mas que podem causar sofrimento clinicamente significativo e incluem: Sonambulismo, Perturbação dos Pesadelos, Terrores Noturnos e Parassónia Sem Outra Especificação.
  • 9. Sono e suas Perturbações 2.1- Dissónias - Insónia Primária Com base no DSM-IV, apresentamos, brevemente, características da insónia primária. A queixa predominante do paciente é uma dificuldade em adormecer ou iniciar o sono ou mantê-lo, ou ainda, ter um sono de má qualidade, agitado, não reparador. Este sintoma dura pelo menos um mês. A insónia causa fadiga, provoca mal-estar clinicamente significativo e dificuldades no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes. É frequente que os pacientes refiram a par das dificuldades em adormecer o acordar intermitente durante o sono. Em associação com a insónia primária há um aumento da ativação fisiológica, emocional e psicológica, e condicionamento negativo em relação ao sono.
  • 10. Sono e suas Perturbações Quanto maior a preocupação ansiosa com a debilidade do sono, mais se acentua a dificuldade em dormir ou manter-se a dormir. A sonolência diurna pode ser perigosa, por exemplo, adormecer nas tarefas ou mesmo ao volante, a capacidade atencional e a memória podem estar fragilizadas. Quanto ao tratamento, geralmente opta-se por aduzir à farmacoterapia a terapia comportamental. Pessoas com insónia podem beneficiar substancialmente de educação para a saúde, principalmente adoptando e interiorizando novos padrões de higiene do sono. Não esqueçamos que há insónias associadas a outras perturbações psíquicas como a depressão ou a ansiedade, mas também a estados maniformes, entre outros.
  • 11. Sono e suas Perturbações - Hipersónia Primária Na hipersónia primária o sintoma é uma sonolência excessiva durante pelo menos 1 mês, ou menos quando recorrente, havendo episódios de sono noturno prolongados ou episódios de sono diurno muito frequentes. Esta sonolência excessiva causa mal-estar e défices funcionais. Convém sublinhar, que há também pessoas, long sleepers, que carecem de uma quantidade de sono maior que a média, o que não se confunde com a hipersónia. Na hipersónia primária os sintomas de sono excessivo ocorrem independentemente da duração curta, média ou prolongada do sono noturno. Quanto à sonolência diurna é mais intensa do que aquela causada por insónia.
  • 12. Sono e suas Perturbações - Narcolepsia É uma perturbação de etiologia ainda insuficientemente esclarecida. O seu sintoma é a sonolência forte com cataplexia. Podem ainda ocorrer a paralisia do sono, as alucinações hipnagógicas. Os episódios de sono são breves de 10 a 20 minutos, mas são ataques irresistíveis como recorda Paiva (2006). Na cataplexia há perda súbita do tónus muscular, durante segundos, mas a localização e intensidade variam.
  • 13. Sono e suas Perturbações A cataplexia pode atingir somente algumas partes do corpo, vulgarmente: pálpebras (com ptose), pescoço com queda da cabeça, mandíbula, músculos fonadores com dificuldade de uma linguagem oral típica, joelhos, sentindo-os como que a fraquejar, mãos, podendo soltarem-se e caírem objectos ao chão, e músculos da postura com queda do paciente ao chão. Geralmente estes ataques são precedidos por um evento emocional, mau ou mesmo mais entusiástico em alguns casos. Quando às alucinações hipnagógicas são descritas como incluindo conteúdos terríficos, e quando se dá paralisia do sono há imobilidade do corpo, podendo, sobretudo quando surge inicialmente, ser especialmente assustadora (Paiva 2006).
  • 14. Sono e suas Perturbações Faz-se um diagnóstico laboratorial baseado na polissonografia, um teste de latência múltipla do sono. O tratamento passa por reconhecer os hábitos de sono do paciente, e farmacologia para controlar sintomas. Há além de fármacos muito específicos, o recurso a psicofármacos antidepressivos. Há relatos de pacientes com narcolepsia a serem seguidos também na clínica psicanalítica, embora os sintomas sugiram algo do foro predominantemente neurológico. Convém referir que embora pouco frequente, a narcolepsia tem riscos e causa mal-estar clinicamente significativo. Não deve ser confundida com a epilepsia, nem com uma Parassónia, o sonambulismo.
  • 15. Sono e suas Perturbações - Perturbação do Sono Relacionada com o Ritmo Circadiano Esta é uma perturbação do ritmo sono-vigília, uma disrupção do sono e do adormecer. Como indica o DSM-IV, há um padrão persistente ou recorrente de perturbação do sono conduzindo a desfasamento entre o horário sono-vigília. A perturbação do sono causa sofrimento clinicamente significativo ou disfunção social, ocupacional ou em outras áreas importantes.
  • 16. Sono e suas Perturbações Especificam-se ainda os tipos: - Tipo Atraso de Fase: um padrão estável de início do sono e de despertares tardios, com incapacidade para adormecer ou acordar demasiado cedo. - Tipo Mudança de Fuso Horário: ocorrência de sonolência e alerta inapropriados em relação ao horário local, que sucede após viagens repetidas atravessando mais de um fuso horário. - Tipo Trabalho por Turnos: insónia durante o período destinado ao sono, ou muita sonolência durante o período de vigília, associado com o trabalho noturno ou mudanças frequentes no trabalho por turnos. - Tipo não Especificado.
  • 17. Sono e suas Perturbações 2.2- Parassónias As Parassónias caracterizam-se por comportamentos não adequados e desajustados associados ao sono, bem como eventos fisiológicos. Nas Parassónias ocorre uma ativação de sistemas fisiológicos em momentos inapropriados no curso do ciclo sono-vigília. Pode ainda haver como resultado sonolência diurna, mas causam em si mesmos mal-estar clinicamente significativo. Incluem: a Perturbação dos Pesadelos (que já foi designada de perturbação da ansiedade do sono), a Perturbação dos Terrores Noturnos e o Sonambulismo.
  • 18. Sono e suas Perturbações - Perturbação dos Pesadelos Estes pacientes têm uma ocorrência tenaz de sonhos muito aterradores que os levam a despertar do sono. Quando acordam estão totalmente alerta. Como consequência desta perturbação há disfunções emocionais, sociais e ocupacionais possíveis. Os pesadelos geram elevado grau de ansiedade. Muitas vezes os conteúdos representam perigos para o paciente. Ao acordar, em pleno estado de alerta, o sujeito sente medo e ansiedade. O sofrimento subjectivo pode ser predominante em relação à própria disfunção social ou ocupacional. Pode evitar adormecer com medo dos pesadelos e sentir sonolência excessiva, dificuldades de concentração, depressão, ansiedade ou mesmo irritabilidade.
  • 19. Sono e suas Perturbações Estas pessoas apresentam moderada ativação autonómica, como suores, taquicardia ou taquipneia, que se podem tornar evidentes quando acordam. Principalmente quando têm a perturbação durante a infância manifestam taxas elevadas de psicopatologia. Fenómenos de pesadelos estão não só presentes na Depressão, como também, frequentemente na Perturbação Pós-Stress Traumático. Assim o tratamento ou vigilância clínica deve ajustar-se devidamente a cada caso e seus contornos próprios.
  • 20. Sono e suas Perturbações - Perturbação dos Terrores Noturnos Na perturbação dos terrores noturnos ocorrem, de forma repetida, durante o sono, despertares abruptos, acompanhados geralmente por um grito de pânico. Ocorrem no primeiro terço do sono principal. Os terrores tendem a durar de 1 a 10 minutos. Há manifestações comportamentais de intenso medo; neste episódio o paciente é difícil de acordar e tem amnésia para o acontecimento bem como é incapaz de recordar o sonho. O paciente desperta em grande sobressalto, agitado e com choro ou gritos, e sinais autonómicos de ansiedade como taquicardia, respiração acelerada, sudorese, rubor, dilatação das pupilas e aumento do tónus muscular.
  • 21. Sono e suas Perturbações Não responde aos esforços de outrem para o confortarem. Tem uma sensação de medo, confusão, desorientação, mas sem descrever qualquer conteúdo onírico. Nas crianças com terrores noturnos nem sempre existe maior incidência de outras perturbações mentais, mas nos adultos pode existir. Há por vezes movimentos, gesticulações de alerta e fuga associados ao medo, com algum risco de lesão física, e, em certos casos, embora sejam perturbações distintas, episódios de sonambulismo. Mesmo assim, a ansiedade pode estar subjacente a estes fenómenos, se bem que outras perturbações mentais também, nomeadamente Perturbações da Personalidade, Perturbação Pós-Stress Traumático, entre outras. O acompanhamento clínico exige uma anamnese cuidadosa, como sempre, e no caso das crianças uma forte colaboração dos pais.
  • 22. Sono e suas Perturbações - Sonambulismo O sonambulismo inclui uma atividade durante o sono com ativações motoras complexas, incluindo a deambulação. Estes fenómenos começam no sono de ondas lentas ocorrendo geralmente no primeiro terço da noite. Neste episódio a pessoa não está normalmente facilmente despertável nem responsiva. É descrita como mantendo um olhar vazio e indiferença à comunicação com outrem, bem como aos esforços para a despertar. Depois do episódio de movimentos e deambulação há confusão e desorientação, bem como amnésia relativamente à crise de sonambulismo em si. É de salientar que os comportamentos durante o sono alcançam uma grande variedade: pode chegar a sair do quarto ou casa, ou mesmo, nestes casos, a ferir-se enquanto deambula.
  • 23. Sono e suas Perturbações Por vezes pode comer ou falar ou manifestar atos de fuga a uma eventual ameaça. A duração média dos episódios é de minutos a meia hora. Quando falam a articulação é deficitária, e se alguém tenta que respondam a perguntas, o que pode suceder é geralmente a dificuldade de entabular ou manter um diálogo. As crianças como os adultos podem evitar dormir acompanhados, por saberem desta perturbação. Ela causa riscos e por vezes sofrimento. Pode haver uma incidência familiar para o sonambulismo. Deve distinguir-se da epilepsia temporal ou frontal (como assevera Paiva, 2006), na epilepsia os comportamentos são mais estereotipados ou violentos, sucedendo sobretudo na segunda metade da noite, e os de sonambulismo na primeira metade da noite. Aspetos que ativam sonambulismo são certos químicos, a febre e a privação de sono. O tratamento pode conjugar a farmacoterapia e a psicoterapia.
  • 24. Sono e suas Perturbações 3- Higiene do Sono, Ideias-Chave Existem perturbações do sono de etiologia complexa, por vezes ligadas a fenómenos respiratórios, como a apneia, ou que carecem de atenção por parte da neurologia. Existem também perturbações em que o suporte psicológico ou psiquiátrico se tornam fundamentais. Assim, as ideias seguintes sobre a higiene do sono são genéricas e abrangentes, devendo cada paciente procurar ajuda clínica ajustada a seu caso. A higiene do sono previne, quando conseguida, as noites sem descanso e imprime hábitos saudáveis.
  • 25. Sono e suas Perturbações - Ideias-Chave de Higiene do Sono (baseado em Paiva, 2006) - Não realizar sestas desnecessárias, excetuando apenas as de período breve (cerca de 15 minutos); - Praticar exercício diário (mas não imediatamente antes de adormecer); - Tomar um banho tépido que ajuda a regular a temperatura corporal; - Conservar um horário regular de despertar ao longo da semana; - Não fumar quando não se consegue adormecer; - Evitar o consumo de cafeína, sobretudo depois das 14 horas, bem como de outros estimulantes.
  • 26. Sono e suas Perturbações - Evitar refeições pesadas 3 horas antes de se deitar; - Não se deitar nem com fome, nem com refeições fortes; - Conservar o quarto escuro, silencioso e bem ventilado; - Manter uma temperatura agradável no quarto; - Se houver o hábito de ler antes de adormecer, evitar leituras relacionadas com temas ocupacionais; - Evitar ruminações e culpas, pessoais e dos outros; - Aprender regras elementares de auto-hipnose; - Não forçar psicologicamente a ideia de que tem que adormecer, pois gera tensão e ansiedade contraproducente; - Evitar ambientes de sono não familiares; - Usar métodos no dia a dia de gestão do stress (relaxamento, meditação, etc.).
  • 27. Sono e suas Perturbações Alguma Bibliografia DSM IV-TR, Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (4ª ed). Lisboa: Climepsi.  Paiva, T. (2006). Patologia do Sono – uma Perspectiva Clínica, Neurologia, Princípios, Diagnóstico e Tratamento. Ferro, J. & Pimentel, J. (coord.). Lisboa: Lidel.