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As Revoluções Inglesas 
O século XVII foi marcado pelo antagonismo entre a Coroa e o Parlamento controlados pela 
dinastia Stuart defensora do absolutismo, e a burguesia ascendente partidária do liberalismo. 
A crise político-religiosa foi agravada pela rivalidade econômica entre os beneficiários dos 
privilégios e monopólios mercantilistas concedidos pelo Estado e os setores que advogavam a 
liberdade de comercio e de produção. 
A revolução puritana culminou com a execução de Carlos I e a implantação da republica na 
Inglaterra. 
O Protetorado de Cromwell apoiado no exército e na burguesia puritana, transformou a 
Inglaterra numa grande potência naval e comercial. Com a morte de Lorde Protetor o país se 
envolveu numa crise política cuja solução para evitar uma nova guerra civil foi a restauração da 
monarquia e o retorno dos Stuart ao trono inglês. 
Durante a restauração reativou-se o conflito entre a Coroa e o Parlamento que se opunha a 
política pro-católica e pro-francesa dos Stuart. 
No reinado de Carlos II, o Parlamento dividiu-se em dois partidos representando os 
conservadores e os liberais. 
A crise da restauração chegou ao auge n reinado de Jaime II soberano católico e absolutista. 
A Revolução Gloriosa assinalou o triunfo do liberalismo político sobre o absolutismo e assegurou 
a supremacia legal do Parlamento sobre a realeza e instituiu na Inglaterra uma monarquia 
limitada. 
John Locke o individualista liberal 
John Locke que se encontrava refugiado na Holanda retornou à Inglaterra após o triunfo da 
Revolução Gloriosa. Em 1689-90 Publica suas primeiras obras: Cartas sobre a intolerância, Ensaio 
sobre o entendimento e os Dois tratados sobre o governo civil. 
O segundo tratado é uma justificação ex post facto da Revolução Gloriosa, onde Locke 
fundamenta a legitimidade da deposição de Jaime II por Guilherme de Orange e pelo Parlamento 
com base na doutrina do direito a resistência. 
Além de defensor da liberdade e da tolerância religiosa, Locke é considerado o fundador do 
empirismo, doutrina segundo a qual todo conhecimento deriva da experiência. Como filosofo, 
Locke é conhecido pela teoria da tábula rasa do conhecimento desenvolvida no Ensaio sobre o 
entendimento humano. A teoria da tábula rasa é uma crítica a teoria das ideias inatas segundo 
a qual determinadas ideias, princípios e noções são inerentes ao conhecimento humano e 
existem independentemente da experiência. 
Como foi dito os dois tratados só foram publicados após o triunfo da Revolução Gloriosa. O 
primeiro tratado é uma refutação do Patriarca obra que defende o direito divino dos reis com 
base no princípio da autoridade paterna que Adão supostamente o primeiro pai e o primeiro rei, 
legara a sua descendência. De acordo com essa doutrina, os monarcas modernos eram 
descendentes da linhagem de Adão e herdeiros legítimos da autoridade paterna dessa 
personagem bíblica, a quem Deus outorgara o poder real.
O segundo tratado é um ensaio sobre a origem, extensão e objetivo do governo civil. Nele Locke 
sustenta a tese de que nem a tradição nem a força, mas apenas o consentimento expresso dos 
governados é a única fonte do poder político legitimo. 
O estado de natureza 
O modelo jus naturalista de Locke é semelhante ao de Hobbes: ambos partem do estado de 
natureza que, pela mediação do contrato social, realiza a passagem para o estado civil. 
Na concepção individualista, os homens viviam originalmente num estágio pré-social e pré-político, 
caracterizado pela mais perfeita liberdade e igualdade, denominado estado de 
natureza. Esse estado de natureza diferia do estado de guerra hobbesiano, baseado na 
insegurança e na violência, por ser um estado de relativa paz, concórdia e harmonia. 
Teoria da propriedade 
Para Hobbes, a propriedade inexiste no estado de natureza e foi instituída pelo estado do Leviatã 
após a formação do estado civil. 
Para Locke a propriedade já existe no estado de natureza e é um direito natural do indivíduo 
que não pode ser violado pelo Estado. 
O homem era naturalmente livre e proprietário de sua pessoa e de seu trabalho. O trabalho era 
na concepção de Locke, o fundamento originário da propriedade. 
O limite da propriedade era fixado pela capacidade de trabalho do ser humano. 
O uso da moeda levou a concentração da riqueza e à distribuição desigual dos bens entre os 
homens. Esse foi para Locke o processo que determinou a passagem da propriedade limitada, 
baseada no trabalho, à propriedade ilimitada, fundada na acumulação possibilitada pelo 
advento do dinheiro. 
O contrato social 
O estado de natureza, relativamente pacifico, não está isento de inconvenientes como a violação 
da propriedade (vida, bens e liberdade) que na falta de lei estabelecida, de juiz imparcial e de 
força coercitiva para impor a execução das sentenças, coloca os indivíduos singulares em estado 
de guerra uns contra os outros. 
É a necessidade de superar esses inconvenientes que leva os homens a se unirem e 
estabelecerem livremente entre si o contrato social, que realiza a passagem do estado de 
natureza para a sociedade política ou civil. 
O contrato social em Locke, é um pacto de consentimento em que os homens concordam 
livremente em formar a sociedade civil para preservar e consolidar ainda mais os direitos que 
possuíam originalmente no estado de natureza. 
A sociedade política ou civil 
A passagem do estado de natureza para a sociedade política ou civil se opera quando, através 
do contrato social, os indivíduos singulares dão seu consentimento unanime para a entrada do 
estado civil. 
Na escolha do governo, a unanimidade do contrato originário cede lugar ao princípio da maioria, 
segundo o qual prevalece a decisão majoritária e, simultaneamente são respeitados os direitos
da minoria. Na concepção de Locke qualquer que seja a sua forma, todo governo não possui 
outra finalidade além da conservação da propriedade. 
Definida a forma de governo, cabe a maioria escolher o poder legislativo que Locke denomina 
de poder supremo. Ao legislativo se subordinam tanto o poder executivo, confiado ao príncipe 
como o poder federativo encarregado das relações exteriores (guerras, paz, alianças e tratados). 
O livre consentimento dos indivíduos para o estabelecimento da sociedade, o livre 
consentimento da comunidade para a formação do governo, a proteção dos direitos de 
propriedade pelo governo, o controle do executivo pelo legislativo e o controle do governo pela 
sociedade, são os principais fundamentos do estado civil. 
O direito de resistência 
No que diz respeito às relações entre o governo e a sociedade, Locke afirma que, quando o 
executivo ou o legislativo violam a lei estabelecida e atentam contra a propriedade, o governo 
deixa de cumprir o fim a que fora destinado, tornando-se ilegal e degenerando em tirania. O que 
define a tirania é o exercício do poder para além do direito, visando o interesse próprio e não o 
bem público ou comum. 
A violação deliberada e sistemática da propriedade (vida liberdade e bens) e o uso continuo da 
força sem amparo legal colocam o governo em estado de guerra contra a sociedade e os 
governantes em rebelião contra os governados, conferindo ao povo o legitimo direito de 
resistência à opressão à tirania. 
Segundo Locke, a doutrina da legitimidade da resistência ao exercício ilegal do poder reconhece 
ao povo, quando este não tem outro recurso ou a quem apelar para sua proteção, o direito de 
recorrer à força para a deposição do governo rebelde. O direito do povo à resistência é legitimo 
tanto para defender-se da opressão de um governo tirânico como para libertar-se do domínio 
de uma nação estrangeira. 
Conclusão 
Os direitos naturais inalienáveis do indivíduo à vida, à liberdade, e à propriedade constituem 
para Locke o cerne do estado civil e ele é considerado por isso o pai do individualismo liberal. 
“Através dos princípios de um direito natural preexistente ao Estado, de um Estado baseado no 
consenso de subordinação do poder executivo ao legislativo, de um poder limitado, de direito 
de resistência, Locke expos as diretrizes fundamentais do Estado liberal. 
Locke forneceu a posteriori a justificação moral, política e ideológica para a Revolução Gloriosa 
e para a monarquia parlamentar inglesa. 
Locke influenciou a revolução norte-americana, onde a declaração de independência foi redigida 
e a guerra de libertação foi travada em termos de direitos naturais e do direito de resistência 
para fundamentar a ruptura com o sistema colonial britânico. 
Locke influenciou ainda os filósofos iluministas franceses e, através deles a Grande Revolução 
de 1789 e à declaração dos direitos do homem e do cidadão. 
E com a Grande Revolução as ideias “inglesas” que haviam atravessado o Canal da Mancha e 
estabelecido uma cabeça de ponte no continente, transformaram-se nas ideias “francesas” e se 
difundiram por todo o Ocidente.

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Resumo sobre John Locke

  • 1. As Revoluções Inglesas O século XVII foi marcado pelo antagonismo entre a Coroa e o Parlamento controlados pela dinastia Stuart defensora do absolutismo, e a burguesia ascendente partidária do liberalismo. A crise político-religiosa foi agravada pela rivalidade econômica entre os beneficiários dos privilégios e monopólios mercantilistas concedidos pelo Estado e os setores que advogavam a liberdade de comercio e de produção. A revolução puritana culminou com a execução de Carlos I e a implantação da republica na Inglaterra. O Protetorado de Cromwell apoiado no exército e na burguesia puritana, transformou a Inglaterra numa grande potência naval e comercial. Com a morte de Lorde Protetor o país se envolveu numa crise política cuja solução para evitar uma nova guerra civil foi a restauração da monarquia e o retorno dos Stuart ao trono inglês. Durante a restauração reativou-se o conflito entre a Coroa e o Parlamento que se opunha a política pro-católica e pro-francesa dos Stuart. No reinado de Carlos II, o Parlamento dividiu-se em dois partidos representando os conservadores e os liberais. A crise da restauração chegou ao auge n reinado de Jaime II soberano católico e absolutista. A Revolução Gloriosa assinalou o triunfo do liberalismo político sobre o absolutismo e assegurou a supremacia legal do Parlamento sobre a realeza e instituiu na Inglaterra uma monarquia limitada. John Locke o individualista liberal John Locke que se encontrava refugiado na Holanda retornou à Inglaterra após o triunfo da Revolução Gloriosa. Em 1689-90 Publica suas primeiras obras: Cartas sobre a intolerância, Ensaio sobre o entendimento e os Dois tratados sobre o governo civil. O segundo tratado é uma justificação ex post facto da Revolução Gloriosa, onde Locke fundamenta a legitimidade da deposição de Jaime II por Guilherme de Orange e pelo Parlamento com base na doutrina do direito a resistência. Além de defensor da liberdade e da tolerância religiosa, Locke é considerado o fundador do empirismo, doutrina segundo a qual todo conhecimento deriva da experiência. Como filosofo, Locke é conhecido pela teoria da tábula rasa do conhecimento desenvolvida no Ensaio sobre o entendimento humano. A teoria da tábula rasa é uma crítica a teoria das ideias inatas segundo a qual determinadas ideias, princípios e noções são inerentes ao conhecimento humano e existem independentemente da experiência. Como foi dito os dois tratados só foram publicados após o triunfo da Revolução Gloriosa. O primeiro tratado é uma refutação do Patriarca obra que defende o direito divino dos reis com base no princípio da autoridade paterna que Adão supostamente o primeiro pai e o primeiro rei, legara a sua descendência. De acordo com essa doutrina, os monarcas modernos eram descendentes da linhagem de Adão e herdeiros legítimos da autoridade paterna dessa personagem bíblica, a quem Deus outorgara o poder real.
  • 2. O segundo tratado é um ensaio sobre a origem, extensão e objetivo do governo civil. Nele Locke sustenta a tese de que nem a tradição nem a força, mas apenas o consentimento expresso dos governados é a única fonte do poder político legitimo. O estado de natureza O modelo jus naturalista de Locke é semelhante ao de Hobbes: ambos partem do estado de natureza que, pela mediação do contrato social, realiza a passagem para o estado civil. Na concepção individualista, os homens viviam originalmente num estágio pré-social e pré-político, caracterizado pela mais perfeita liberdade e igualdade, denominado estado de natureza. Esse estado de natureza diferia do estado de guerra hobbesiano, baseado na insegurança e na violência, por ser um estado de relativa paz, concórdia e harmonia. Teoria da propriedade Para Hobbes, a propriedade inexiste no estado de natureza e foi instituída pelo estado do Leviatã após a formação do estado civil. Para Locke a propriedade já existe no estado de natureza e é um direito natural do indivíduo que não pode ser violado pelo Estado. O homem era naturalmente livre e proprietário de sua pessoa e de seu trabalho. O trabalho era na concepção de Locke, o fundamento originário da propriedade. O limite da propriedade era fixado pela capacidade de trabalho do ser humano. O uso da moeda levou a concentração da riqueza e à distribuição desigual dos bens entre os homens. Esse foi para Locke o processo que determinou a passagem da propriedade limitada, baseada no trabalho, à propriedade ilimitada, fundada na acumulação possibilitada pelo advento do dinheiro. O contrato social O estado de natureza, relativamente pacifico, não está isento de inconvenientes como a violação da propriedade (vida, bens e liberdade) que na falta de lei estabelecida, de juiz imparcial e de força coercitiva para impor a execução das sentenças, coloca os indivíduos singulares em estado de guerra uns contra os outros. É a necessidade de superar esses inconvenientes que leva os homens a se unirem e estabelecerem livremente entre si o contrato social, que realiza a passagem do estado de natureza para a sociedade política ou civil. O contrato social em Locke, é um pacto de consentimento em que os homens concordam livremente em formar a sociedade civil para preservar e consolidar ainda mais os direitos que possuíam originalmente no estado de natureza. A sociedade política ou civil A passagem do estado de natureza para a sociedade política ou civil se opera quando, através do contrato social, os indivíduos singulares dão seu consentimento unanime para a entrada do estado civil. Na escolha do governo, a unanimidade do contrato originário cede lugar ao princípio da maioria, segundo o qual prevalece a decisão majoritária e, simultaneamente são respeitados os direitos
  • 3. da minoria. Na concepção de Locke qualquer que seja a sua forma, todo governo não possui outra finalidade além da conservação da propriedade. Definida a forma de governo, cabe a maioria escolher o poder legislativo que Locke denomina de poder supremo. Ao legislativo se subordinam tanto o poder executivo, confiado ao príncipe como o poder federativo encarregado das relações exteriores (guerras, paz, alianças e tratados). O livre consentimento dos indivíduos para o estabelecimento da sociedade, o livre consentimento da comunidade para a formação do governo, a proteção dos direitos de propriedade pelo governo, o controle do executivo pelo legislativo e o controle do governo pela sociedade, são os principais fundamentos do estado civil. O direito de resistência No que diz respeito às relações entre o governo e a sociedade, Locke afirma que, quando o executivo ou o legislativo violam a lei estabelecida e atentam contra a propriedade, o governo deixa de cumprir o fim a que fora destinado, tornando-se ilegal e degenerando em tirania. O que define a tirania é o exercício do poder para além do direito, visando o interesse próprio e não o bem público ou comum. A violação deliberada e sistemática da propriedade (vida liberdade e bens) e o uso continuo da força sem amparo legal colocam o governo em estado de guerra contra a sociedade e os governantes em rebelião contra os governados, conferindo ao povo o legitimo direito de resistência à opressão à tirania. Segundo Locke, a doutrina da legitimidade da resistência ao exercício ilegal do poder reconhece ao povo, quando este não tem outro recurso ou a quem apelar para sua proteção, o direito de recorrer à força para a deposição do governo rebelde. O direito do povo à resistência é legitimo tanto para defender-se da opressão de um governo tirânico como para libertar-se do domínio de uma nação estrangeira. Conclusão Os direitos naturais inalienáveis do indivíduo à vida, à liberdade, e à propriedade constituem para Locke o cerne do estado civil e ele é considerado por isso o pai do individualismo liberal. “Através dos princípios de um direito natural preexistente ao Estado, de um Estado baseado no consenso de subordinação do poder executivo ao legislativo, de um poder limitado, de direito de resistência, Locke expos as diretrizes fundamentais do Estado liberal. Locke forneceu a posteriori a justificação moral, política e ideológica para a Revolução Gloriosa e para a monarquia parlamentar inglesa. Locke influenciou a revolução norte-americana, onde a declaração de independência foi redigida e a guerra de libertação foi travada em termos de direitos naturais e do direito de resistência para fundamentar a ruptura com o sistema colonial britânico. Locke influenciou ainda os filósofos iluministas franceses e, através deles a Grande Revolução de 1789 e à declaração dos direitos do homem e do cidadão. E com a Grande Revolução as ideias “inglesas” que haviam atravessado o Canal da Mancha e estabelecido uma cabeça de ponte no continente, transformaram-se nas ideias “francesas” e se difundiram por todo o Ocidente.