O documento discute a importância do brincar no desenvolvimento infantil e como as crianças atualmente têm menos tempo para brincar. Profissionais alertam que brincar é fundamental para o bem-estar cognitivo, físico, social e emocional das crianças e que deve envolver os adultos e deixar as crianças brincarem de forma criativa e sem regras.
1. Tempo de estudo vs tempo livre
As crianças têm cada vez menos tempo para brincar. E passam menos tempo ao
ar livre que os reclusos. Isto pode ter consequências sérias no seu desenvolvimento.
É urgente refletir. “Precisamos de deixar as crianças ser crianças”. A brincadeira,
fundamental no desenvolvimento da criança aos mais variados níveis, está
“ameaçada” e exige uma atenção especial (e uma mudança radical) por parte de pais
e educadores.Caso contrário,ea continuarmosassim, a (falta) de brincadeiravai ter
consequências desastrosas no futuro das nossas crianças.
O alerta foi lançado no seminário
“Revisitar o valor do Brincar”, uma iniciativa organizada pela Câmara Municipal de
Esposende, em colaboração com a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens e com
o Centro de Intervenção Psicológica e Terapêutica, que pretendeu promover a
reflexão sobreaimportânciado Brincarno desenvolvimento infantil. “Paraacriança
se desenvolver precisa de brincar”, começou por lembrar o pediatra Hugo
Rodrigues, citando estudos que comprovam como “brincar é fundamental para
construir o bem-estar cognitivo, físico, social e emocional”, sendo evidentes as
vantagens ao nível da criatividade, do desenvolvimento motor, do equilíbrio
emocional e da capacidade de resiliência. Vantagens que, como notou, se acabam
por estender aos cuidadores, seja no “reforço das relações” ou porque, ao brincar,
“conseguem ver o mundo pelo olhar das crianças” e “entender muito melhor os
filhos”. A este propósito, o pediatra defendeu que a brincadeira deve envolver os
adultos, seja participando ou, simplesmente, “estar presente”, ou seja, por vezes
“estar lá, basta ver, observar…”. Mas atenção, alertou, nesses momentos há que dar-
2. lhes “uma atenção genuína”: “Quando estiverem com as crianças, desliguem do
mundo!”
Por outro lado, alertou, “temos que dar-lhes tempo livre” e deixar as crianças
brincar de forma criativa, genuína” e “sem regras”, deixando-as inventar as suas
próprias brincadeiras. “O brincar não deve castrar a criatividade e a imaginação”.
Uma ideia que seria mais tarde reforçada por Carlos Neto, professor e investigador
da Faculdade de Motricidade Humana (FMH), para quem as crianças “precisam de
brincar na rua, de correr riscos e viver situações ousadas”. No fundo, “têm que se
tornar mais selvagens”. E como? Tirando-as de casa, deixando-as inventar as suas
próprias brincadeiras, ouvindo-as e deixando-as ter voz ativa. Uma tarefa
aparentemente simples mas, nos tempos que correm, cada vez mais desafiante. Na
verdade, “é mais difícil brincar que educar”, reconheceu, em jeito de crítica, o
pediatra Hugo Rodrigues, deixando um alerta a pais e educadores: “Não se
constroem supercrianças!”. Além de que, avisou, “as crianças têm muitos anos para
ser adultos e poucos para ser crianças…” Sem tempo para crescer
3. Os profissionais
Os cuidadores informais
O Cuidador é toda a pessoa que assume como função a assistência a uma outra
pessoa que, por razões tipologicamente diferenciadas, foi atingida por uma
incapacidade, de grau variável, que não lhe permite cumprir, sem ajuda de outro
(s), todos os atos necessários à sua existência, enquanto ser humano.
A atividade do
Cuidador Informal implica uma significativa sobrecarga a nível físico, psíquico,
social e financeiro, havendo por essa razão necessidade de medidas de apoio que
considerem a sua proteção na procura da qualidade de vida da pessoa cuidada e do
Cuidador.O cuidadorinformaldesconheceporquanto tempo o será,pelo quedeverá
estar preparado para a função e ter apoio. Deve haver um equilíbrio entre as
exigências do cuidar e os recursos e ajudas que o cuidador possua. O estado de
saúde do cuidador (físico, psíquico) influencia a qualidade dos cuidados.
Provê cuidados e assistência para outros, mas sem remuneração. Geralmente,
este serviço é prestado num contexto de relacionamento já em andamento. É uma
expressão de amor e carinho por um membro da família, amigo ou simplesmente
por um outro ser humano em necessidade. Cuidadores, no sistema informal,
auxiliam apessoaqueéparte outotalmente dependentede auxílio em seucotidiano,
como: para se vestir, se alimentar, se higienizar, dependa de transporte,
4. administração de medicamento, preparação de alimentos e gerenciamento de
finanças.
O envolvimento prolongado na atividade de prover cuidados parece ter um efeito
negativo sobre a saúde física e emocional do cuidador, embora, geralmente, ele
assuma este papel com grande satisfação e carinho.
Diferentemente da experiência do cuidador parente de uma criança, que
normalmente resulta na reabilitação, os cuidadores de pessoas debilitadas ou
enfermas encaram uma situação stressante, em função da deterioração gradual
do doente, a sua eventual transferência para um tratamento institucional ou,
lamentavelmente, a sua morte. Estudos mostram problemas de sobrecarga do
cuidador, altos índices de depressão, sintomas de estresse, uso de psicotrópicos,
redução no nível de imunidade e aumento da suscetibilidade a enfermidades.
Homens e mulheres parecem ser afetados similarmente, embora as mulheres
pareçam desenvolver mais stresse. Estes efeitos negativos parecem persistir em
alguns cuidadores, até mesmo após a internação ou a morte do paciente.
O Cuidador Formal:
Provê cuidados de saúde ou serviços sociais para outros, em função de sua
profissão, e usa as habilidades, a competência e a introspeção originadas em
treinamentos específicos. Os cuidadores formais atendem às necessidades de
cuidados de saúde pela provisão efetiva de serviços, competência e
aconselhamento, (bem) como apoio social.
5. Quando a doença abarca a família e o idoso, muitas vezes as pessoas questionam-se
acerca da necessidade de cuidados face ao seu familiar. Será que elas próprias
são capazes de dar resposta às diversas situações ou, por outro lado, será que é
necessária a intervenção profissional?
Afinal, o que são cuidados informais e quando é que estes são
suficientes?
Cuidados informais consistem no acompanhamento que, efetivado por
familiares ou outras pessoas próximas, se responsabiliza pela assistência da pessoa
idosa no seu dia-a-dia, na promoção da sua qualidade de vida e garantindo que as
suas necessidades diárias são satisfeitas. Cuidadores informais são pessoas que
desempenham esta função numa base informal, sem preparação profissional prévia
ou qualquer vínculo contratual e sem qualquer tipo de remuneração.
Os cuidados informais representam uma mais-valia, numa sociedade que ainda
não é capaz de dar uma resposta satisfatória às necessidades de cuidados por parte
da população idosa.
Para além deste facto, podem representar uma fonte significativa de
gratificação para as pessoas que assumem o papel de cuidadores informais.
Também para o idoso, se este tiver a possibilidade de permanecer no domicílio e
próximo da sua família, esta abordagem representa a oportunidade deste se manter
num ambiente familiar, de grande afetividade, onde tem oportunidade de
acompanhar os seus familiares e as suas vidas de forma mais próxima,
desempenhando um papel significativo nas mesmas.
Apesar de esta ser uma abordagem desejada pela maioria dos idosos e pelas suas
famílias, existem obstáculos significativos que tornam difícil a implementação de
cuidados informais, nalgumas situações.
Uma destas situações consiste na presença de condições mais graves de doença,
onde poderá existir uma necessidade premente de cuidados profissionais. Quando
o familiar não consegue dar resposta a estes problemas, é fundamental que tenha ao
seu dispor uma equipa de profissionais de saúde disponível para lhe prestar apoio.
6. A doença, quando instalada de forma crónica e progressiva, no idoso, pode
suscitar condições em que é necessária uma intervenção especializada, na garantia
dos cuidados adequados. Nestes momentos, a presença do cuidador informal é
fundamental, mas os cuidados devem ser conduzidos e orientados pela equipa de
saúde.
Os cuidados profissionais consistem num conjunto de cuidados prestados ao
idoso, por uma equipa médica, de enfermagem, fisioterapia, psicologia, etc., na
articulação de conhecimentos científicos disponíveis em múltiplas áreas
disciplinares. Em situações de agudização e agravamento de doença,de alteração do
estado normal do idoso, estes cuidados devem ser garantidos, quer em meio
hospitalar, quer no domicílio, pelo profissional de saúde.
Quando a doença é prolongada, é possível que o cuidador informal recebaformação
especializada por parte dos profissionais de saúde e seja então capaz de dar uma
resposta ativa e presente, em situações especiais. No entanto, quando a família é
responsável pelo cuidado diferenciado ao idoso, é fundamental que esta seja
preparada não só para a execução de algumas técnicas diferenciadas, mas também
que esta seja capaz de reconhecer os limites da sua intervenção.