Respostas sociais e educativas para crianças e jovens- A criança e o jovem no contexto.docx
1. A criança e o jovem no contexto
Adaptação da criança e do jovem aos vários contextos - A
separação da família – a importância das rotinas
Os 12 primeiros meses de vida são essenciais para o bebé e para os seus pais
sendo que, nesta fase, devem aproveitar o máximo de tempo juntos, fomentando
brincadeiras, massagens e outras atividades benéficas para o bebé e gratificantes
para os seus pais.
Para um crescimento saudável e feliz, a criança deverá desenvolver até aos 36
meses as bases emocionais que a irão “fortalecer” como ser humano.
Desta forma, torna-se indispensável que os pais criem momentos de qualidade na
relação com os seus filhos. Também, a quantidade de tempo é muito importante
para o bebé; se os pais tiverem possibilidades, optem pela profissão mãe/pai a
tempo inteiro, se não, devem organizar o horário de forma a dispor de tempos
exclusivos para o filho. No entanto, nem sempre é possível para os pais ficarem com
os filhos após os 6 meses. Assim, após a licença de maternidade (que pode ser
partilhada com o pai do bebé), os pais têm de voltar à sua rotina laboral, ou seja,
voltar ao emprego e deixar o seu novo amor na creche, na ama ou com os avós.
2. Após alguns meses de estreita relação, a tempo inteiro, entre a mãe/pai e o bebé,
será natural sentir alguma ansiedade nesta fase de separação devendo, por isso, ser
um processo detransição gradual,paraque todossesintam confortáveiscoma nova
situação.
A adaptação à creche deverá ser progressiva sendo que, inicialmente, o bebé
deverá ir por curtos períodos de tempo acompanhado de um ou de ambos os
progenitores, até permanecer de manhã e à tarde. Sempre que possível a criança
não deverá permanecer na creche até muito tarde, não devendo “esticar” a hora de
ir buscá-la.
Uma adaptação feita nestes moldes ajuda a criança e os pais diminuindo, assim, a
ansiedade de ambos.
Se a criança tiver algum objeto de estimação (boneco, fralda de pano, etc.) que a
acompanhe será útil, funcionando como objeto de transição. Estes objetos são
usados pela criança como um suporte na conquista da autonomia, uma vez que são
uma espécie de substituto materno e permitem àcriança organizar-sementalmente
na ausência das suas figuras de referência. As crianças ao ficarem sozinhas na cama,
por exemplo, na creche ou no jardim-de-infância, usam esses objetos para se
sentirem mais confiantes.
Será imprescindível sentir confiança no sítio eleito portanto, os pais devem
certificarem-se que optam por uma creche que corresponde à filosofia de vida e ao
tipo de pedagogia que escolheram como sendo a melhor para o seu bebé.
Devem dar a conhecer todas as dúvidas e receios para que tudo fique esclarecido
antes de apresentar o bebé à sua creche (se for este o caso).
A atitude mais saudável a ter para o bebé será transmitir-lhe boas sensações. Por
isso, deverão ter boas impressões desse local para que as transmitam ao seu filho.
Devem mostrar confiança e tentar transmitir a mensagem mais importante: "A
Mamã já volta; gosta muito de ti; ficarás seguro nestelocal, ondetens outras pessoas
que também gostam de ti e irás brincar com outros bebés..."
3. É geralmente sabido que os bebés se adaptam com mais facilidade a tudo o que é
novo, como novas situações e ambientes, e quanto mais cedo a criança entrar para a
creche, mais fácil será a sua adaptação. Costumo dizer que a adaptação dos pais é
mais difícil que a das crianças, ou seja, uma criança habitua-se mais facilmente à
separação da figura parental do que os pais à separação dos filhos.
É essencial que haja segurança por parte dos pais, quando vão deixar os filhos na
creche, mesmo que a criança chore ou implore para não ficar ali, é importante que
os pais não cedam a este tipo de “chantagem” feita pelas crianças. Deverão sair da
crechesem dardemasiadaimportância à “birra”, pormuito difícil quepossaserpara
os pais, este comportamento é o mais adequado.
A firmeza dos pais tem um papel extremamente importante nesta hora, pois ao
explicar aos filhos, com todo o carinho e amor que os vão buscar ao final do dia;
apesar de gostarem muito deles têm de ir trabalhar. A criança, aos poucos, vai
percebendo a rotina e saberá que ao fim do dia os pais a vão buscar; isto cria na
criança segurança e estabilidade.
A creche deverá ser entendida como uma grande parceira na educação,
desenvolvimento e crescimento do seu filho, como adjuvante na transmissão das
bases necessárias para o seu bem-estar físico, psíquico, emocional e intelectual.
Ao chegarem ao jardim-de-infância, as crianças trazem consigo
experiências e atitudes diferentes perante a vida, perante a aprendizagem e perante
a sua própria auto-estima.
As diversas origens sociais e culturais afectam essas mesmas atitudes.
Proporcionar, no jardim-de-infância, ambientes linguisticamente estimulantes e
interagir verbalmente com cada criança são as duas vias complementares que
podem ajudar a combater as assimetrias que afetam o desenvolvimento da
linguagem nas crianças.
O educador é um dos principais elementos que pode desenvolver a relação
escola – família, devendo ver a família como um parceiro activo na educação como
realça Isabel Correia “a nós educadores compete-nos deixar que essa família leve a
4. cabo a sua função. Nós somos como uns contemplativos da família.” Os educadores
deinfância encaramo relacionamento comas famílias como algo integrante dassuas
tarefas profissionais.
A construção de uma relação sólida no início da experiência de Jardim de
Infância implica que o educador conheça as experiências, a cultura, os valores e
crenças educacionais da família.
O educador pode desenvolver determinadas estratégias, de modo a
fortalecer a ligação com a família, tais como: realizar reuniões com os pais para lhes
explicar as actividades planeadas e focar a oportunidades de aprendizagem que
podem ser desenvolvidas em casa; promover encontros individuais com os pais;
apostar no convite para passeios e excursões e para a participação nas exposições
de trabalhos das crianças; realizar peças de teatro ou dramatizações com a
colaboração dos pais; e por fim, reforçar a ideia de colaboração.
Deste modo, os pais, reconhecidos nas suas funções, sentem-se disponíveis
para oferecer as suas competências, o seu tempo é para expressar as suas
preocupações, as suas alegrias, as suas expectativas. Redescobrem-se num novo
papel sentindo-se apreciados, agradecidos, integrados, solicitados para novas
formas de intervir na educação dos filhos.
5. "Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco
de si, levam um pouco de nós" (Exupery)
A adaptação escolar não acontece apenas quando uma criança vai à creche ou
à pré-escola pela primeira vez, mas sempre que se depara com uma nova etapa de
ensino ou um novo ambiente, como uma mudança de escola ou de turma.
Se o novo gera insegurança e ansiedade em qualquer idade, na Educação Infantil,
esse processo é ainda mais intenso. Saindo das suas zonas de conforto, os pequenos
veem-se num ambiente coletivo com regras diferentes das de casa, são estimulados
a participar em atividades incomuns ao seu dia a dia e passam a conviver com
adultos e crianças inicialmente estranhos.
A adaptação é esse momento de transição em que a criança vai-se habituando à
nova rotina longe dos familiares que tem como referência. Dia após dia, vai criando
um vínculo com os professores, coleguinhas e atividades, sentindo-se cada vez
mais segura.
Não existe um tempo determinado para essa transição. "Em geral, o período inicial
da adaptação dura entre uma ou duas semanas, mas depende da criança, da família
6. e das suas experiências anteriores relacionadas às separações que enfrentamos na
vida.
Algumas posturas podem facilitar a chegada dos pequenos a esse novo
universo:
Como se planear para o período de adaptação?
Antes do início das aulas, é interessante que a escola faça uma
entrevista com os responsáveis para preencher uma ficha com informações
detalhadas sobre cada criança. Esse encontro também é uma oportunidade
de criarum vínculo entre a instituiçãoe a família e darmais segurançaaos
pais.
É importante questionar sobre as brincadeiras preferidas, medos, quem está
presente no quotidiano da criança, quanto tempo costuma passar com os pais, além
de cuidadosespeciais de saúdee alimentação. Com essasinformações, fica mais fácil
planear atividades de acordo com os interesses e experiências das turmas.
Como deve ser a receção às crianças?
O professor deve demonstrar interesse em saber como a criança está,
mesmo que ela esteja agarrada ao colo da mãe, para criar uma aproximação
e transmitir segurança, mas sem forçar uma relação que ainda está a ser
criada.
Que tipo de orientação o professor pode dar para tranquilizar os
familiares?
Ansiedade e insegurança são comuns na adaptação, um período intenso e repleto de
novidades. Essa sensação deve diminuir na medida em que a família estabeleça uma
relação de confiança com a escola.
Se os familiares encararem a entrada na escola como algo positivo, que gera
autonomia, crescimento, amadurecimento e ajuda na socialização, será ótimo para
todos. Se for vivenciada como culpa pelo abandono, será difícil para todos.
7. Por isso, é importante que o professor demonstre segurança, confiança de que
tudo vai dar certo e informe os pais sobre as atividades que serão realizadas.
As rotinas diárias são de extrema importância e devem acompanhar o
desenvolvimento das crianças, sendo alteradas de acordo com o seu crescimento.
Por exemplo, no que se refere ao sono, uma rotina adequada à idade da criança faz
com que exista estabilidade no ritmo circadiano, o que permite um melhor
desenvolvimento da criança a todos os níveis.
As alterações no sono das crianças são um dos primeiros alertas de que algo está
errado com as rotinas, sendo estas pouco apropriadas.
A verdade é que a falta de rotinas ou a existência de rotinas desadequadas,
afeta os padrões alimentares, o comportamento no infantário e em casa, bem como
o temperamento da criança.
Estabelecer rotinas consistentes e adequadas faz com os bebés se sintam mais
confiantes e seguros face ao mundo que os rodeia. Estes comportamentos diários
devem verificar-se para a alimentação, tempo para brincar, horas do banho,
entre outros. Contudo, é importante que estas rotinas acompanhem o crescimento
das crianças. À medida que vão ficando mais crescidinhas, as crianças devem
8. assumiras suasresponsabilidades,como porexemplo lavar asmãos antes e depois
das refeições.
As rotinas adequadastêm inúmeras vantagens,uma delas é ao nível da diminuição
de conflitos na relação pais-filhos, uma vez que as crianças aprendem desde cedo a
importância de cumprir determinadas ações.
Uma outra vantagem, associada às rotinas, relaciona-se com o desenvolvimento
de competências sociais. Por exemplo, no caso da preparação da chegada do irmão
mais novo é importante que a criança perceba quais as alterações que vão ocorrer
nas suas rotinas e que estas podem ajudar na sua relação com o irmãozinho.
O dizer “olá” quando recebem visitas, o agradecer algo e dizer “adeus” quando se
despedem, são comportamentos que também devem fazer parte das rotinas das
crianças, uma vez que devem ser vistos como importantes por elas.
Contudo, é importante que estas rotinas acompanhem o crescimento das
crianças. À medida que vão ficando mais crescidinhas, as crianças devem assumir
as suas responsabilidades, como por exemplo lavar as mãos antes e depois das
refeições.