2. O SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA
• A sociologia é uma forma de saber científico
originada no século XIX. Como qualquer
ciência, ela não é fruto do mero acaso, mas
responde às necessidades dos homens de seu
tempo. Tem também causas históricas e
sociais.
3. Três acontecimentos
• ORDEM CULTURAL: junto com a revolução francesa consagrava-se
também uma nova forma de pensar e entender filosoficamente o
mundo: o iluminismo. O iluminismo foi, antes de tudo, um
movimento intelectual que tinha como objetivo entender e
organizar o mundo a partir da razão. Para filósofos como Voltaire,
Rousseau, Diderot, D’Alembert e outros, a razão era a luz que
sepultaria as trevas, representadas pela monarquia e pela religião.
Na verdade, esta transformação cultural já vinha ocorrendo há
muito tempo, especialmente a partir do renascimento (séc. XV).
Embora o renascimento tenha sido mais forte no campo das artes,
ele tinha como intenção geral colocar o homem (antropocentrismo)
no lugar de Deus (teocentrismo). O iluminismo tratou de
acrescentar ao renascimento o potencial da razão humana. O
renascimento e o iluminismo, portanto, são acontecimentos de
ordem cultural.
4. 2º acontecimento
• ORDEM POLÍTICA: No século XVIII, a Europa já
tinha passado por um profundo abalo, com a
revolução francesa de 1789. A revolução francesa
foi um fenômeno da maior importância. A queda
da monarquia e a progressiva instauração do
sufrágio eleitoral democrático, os direitos do
homem e as noções de liberdade, fraternidade e
igualdade foram um tremendo terremoto nas
tradições políticas da Europa. A revolução
francesa trazia novos ideais políticos e inaugurava
novas formas de organização do poder.
5. 3º acontecimento
• ORDEM ECONÔMICA: este acontecimento é de
ordem econômica: a revolução industrial. O
surgimento das máquinas alterava
completamente as formas de interação humana,
aumentando a produtividade e instaurando novas
classes sociais: a burguesia e o proletariado.
Junto com as mudanças econômicas vinham a
migração, a urbanização, a proletarização, novas
formas de pobreza e uma série de outros
fenômenos sociais radicalmente novos.
6. Sec. XIX e a modernidade
• A partir do século XIX, a vida social passou a ser
um “problema” para as pessoas. Percebeu-se que
era preciso entender o que se passava com a
sociedade para explicar como as pessoas viviam e
se posicionar diante do que estava acontecendo.
• O desenvolvimento da ciência (cujas origens
remontam ao século XV) foi fundamental para o
surgimento da sociologia. Afinal, a sociologia é
uma interpretação científica da realidade social.
7. Sec. XIX e a modernidade
• Foi somente com o aplicação do método científico que os
homens do século XIX tiveram um instrumento
radicalmente novo para entender a sociedade e enfrentar
os dilemas que o mundo moderno trazia.
• O que se desejava, portanto, era aplicar o método científico
ao estudo dos fenômenos que ocorriam na sociedade.
• A ciência da sociedade tinha pela frente três questões
essenciais para a compreensão das transformações sociais
que apontamos anteriormente:
a) quais as causas das transformações sociais?;
b) quais as características da sociedade moderna?;
c) o que fazer diante das transformações sociais?
8. INTRODUÇÃO AO POSITIVISMO
• Pensadores franceses da época (como Saint-
Simon, Le Play, Augusto Comte e alguns
outros) concentrarão suas reflexões sobre a
natureza e as conseqüências do surgimento
do capitalismo. Em seus trabalhos, utilizarão
expressões como “anarquia”, “perturbação”,
“crise”, “desordem”, para julgar a nova
realidade.
9. INTRODUÇÃO AO POSITIVISMO
• A tarefa desses pensadores é racionalizar a
nova ordem política, econômica e cultural,
encontrando soluções para o estado de
desorganização então existente.
• A burguesia, uma vez instalada no poder, se
assusta com os resultados da revolução
industrial.
•
10. INTRODUÇÃO AO POSITIVISMO
• Para contornar a propagação de novos surtos
revolucionários, seria necessário, de acordo
com os interesses da burguesia, controlar e
neutralizar novos levantes revolucionários.
Nesse sentido, era de fundamental
importância proceder a modificações
substanciais em sua teoria da sociedade.
11. Positivismo
• Positivar o sistema capitalista, dosando
(temperando) progresso (utilitarismo, homo
economicus, individualismo egoísta, interesses
individuais) com ordem (coesão a partir da
internalização de valores). Afirmar alguns valores
e aspectos do capitalismo como a tecnologia, a
ciência, a razão, o industrialismo, mas recuperar
outros como os das instituições (Família, Igreja,
Estado e etc). Pois esses elementos traziam de
volta a coesão social, equilibrando o que estaria
desequilibrado socialmente.
12. AUGUSTO COMTE
• Embora seja considerado fundador da sociologia,
não desenvolveu nenhum método de estudo
sociológico.
• Pensava que, assim como a natureza, a sociedade
também possuiria leis. Assim como as leis
naturais trazem o equilíbrio para a Natureza, as
leis sociais também trariam equilíbrio para a
sociedade. Para restabelecer a ordem e a paz,
para encontrar um estado de equilíbrio na
sociedade capitalista que surgia, seria necessário,
segundo eles, conhecer as leis que regem os
fenômenos sociais.
13. AUGUSTO COMTE
• A sociologia seria a ciência que descobriria as leis
da sociedade.
• Para Comte, a sociedade moderna modificou o
mundo feudal baseado na aliança entre o poder
espiritual (igreja) e o poder temporal (militar). A
reorganização da sociedade moderna exigia a
união entre a ciência (novo poder espiritual) e os
empresários (novo poder temporal) para o pleno
desenvolvimento e equilíbrio do mundo industrial
nascente. Assim, o mundo dos conflitos militares
da sociedade medieval seria substituído pela
união pacífica de todos na sociedade industrial.
14. Lei dos três estados
• Lei dos três estados: a evolução da
humanidade está condicionada pelo progresso
do conhecimento, que acontece em três fases:
• Estado teológico: Neste momento, explicam-
se os fenômenos pelos deuses (fetichismo: o
homem confere vida, ação e poder
sobrenaturais aos seres inanimados e aos
animais; politeísmo, monoteísmo).
15. Lei dos três estados
• Estado metafísico (filosófico) – As causas
divinas são substituídas por causas mais
gerais, entidades abstratas (idéias); o princípio
da causalidade é atribuído às essências das
coisas.
• Estado positivo (científico). O homem tenta
compreender as relações entre coisas e
acontecimentos através da observação e
experimentação científica.
16. Lei dos três estados
• A evolução do conhecimento é comparada à
evolução do ser humano. Religião (infância),
Filosofia (adolescência), ciência (vida adulta).
• Para Comte, as ciências não evoluíram todas ao
mesmo tempo. Quando a humanidade chegou ao
estado positivo foi necessário que elas se
desenvolvessem de acordo com a complexidade
de seus objetos, começando pelos mais simples
até chegar aos mais complexos.
•
17. A sociologia e a influência das Ciências
Naturais.
• A sociologia seria a última das ciências, aquela que
completaria o quadro geral do conhecimento positivo:
matemática = astronomia = física = química = biologia =
sociologia.
• Como a sociologia representa uma continuidade quase
natural em relação aos outros tipos de ciência, Comte
achava que ela teria que proceder da mesma forma que
estas ciências, ou seja, sua função seria estabelecer um
sistema completo de leis que explicassem o
comportamento dos homens na sociedade. Para realizar
esta tarefa, Comte afirmava que a sociologia, que ele
também chamava de “física social”, dividia-se em dois
campos essenciais: a estática e a dinâmica.
18. Ordem e progresso.
• Estática social: estuda as
condições constantes da
sociedade ou a ordem;
• Dinâmica social: estuda as leis de
desenvolvimento histórico de
qualquer sociedade, ou seja, o
progresso.
19. PREMISSAS DO POSITIVISMO
• A sociedade é regida por leis naturais, isto é, leis
invariáveis, independentes da vontade e da ação humanas;
na vida social reina uma harmonia natural.
• A sociedade pode, portanto, ser epistemologicamente
assimilada pela natureza (o que classificaremos como
naturalismo positivista) e ser estudada pelos menos
métodos e processos empregados pelas ciências naturais.
• As ciência da sociedade, assim como as da natureza, devem
limitar-se à observação e à explicação causal dos
fenômenos, de forma objetiva, neutra, livre de julgamentos
de valor ou ideologia, descartando previamente todas as
noções e preconceitos.
20. EMILE DURKHEIM
• O período em que Émile Durkheim viveu (1858-1917)
costuma ser chamado pelos historiadores de Belle Époque:
foi uma época de progresso e otiminismo, marcado por
grandes invenções (eletricidade, avião, submarino, cinema,
automóveis, etc). Apesar deste clima de otimismo, já
apareciam os problemas típicos da sociedade moderna
capitalista (migrações, pobreza, criminalidade, etc),
chamados na época de “questão social”. Todo esse contexto
social, com sua ambigüidade característica, vai exercer uma
marca no pensamento de Durkheim, que vai compartilhar
do objetivo de consolidar as conquistas da sociedade
moderna, eliminando o que ele julgava serem “problemas
passageiros”.
21. influências fundamentais
• Positivismo: Ressalta a superioridade da ciência. Seu objetivo é
fundar uma sociologia verdadeiramente científica, capaz de
descrever as leis de funcionamento da sociedade e orientar o seu
comportamento.
• Evolucionismo: Aplica a noção de evolução da natureza de Charles
Darwin ao estudo da sociedade.
• Conservadorismo: Edmund Burke e Joseph Maistre são filósofos
que se opuseram às transformações trazidas pela revolução
francesa de 1789. Pregavam um retorno aos ideais de estabilidade
da idade média e sua ênfase na religião. Embora Durkheim não
rejeitasse o progresso, a ênfase conservadora na ordem vai
influenciar as posições políticas deste pensador.
22. OS FATOS SOCIAIS: OBJETOS DE
ESTUDO DA SOCIOLOGIA
• “É um fato social toda a maneira de fazer, fixada ou
não, capaz de exercer sobre o indivíduo uma coerção
exterior; ou ainda, que é geral no conjunto de uma
dada sociedade tendo, ao mesmo tempo, uma
existência própria, independente das suas
manifestações individuais.” Ou ainda: Todas as
maneiras de ser, fazer, pensar, agir e sentir desde que
compartilhadas coletivamente. Variam de cultura para
cultura e tem como base a moral social, estabelecendo
um conjunto de regras e determinando o que é certo ou
errado, permitido ou proibido (Durkheim, 1978:93).