2. Senso comum x ciência
O senso comum constrói seu conhecimento com base na observação,
aparência, na forma como as coisas parecem ser após uma rápida
observação. Adriano Giglio nos diz que o senso comum são certezas e
convicções sem a base de uma adequada compreensão, sendo ditas pelas
pessoas a todo instante sobre as mais diversas coisas. Sendo assim, o que
o senso comum concebe determinados fenômenos baseia-se em
preconceitos construídos sobre algo desconhecido e misterioso para a
maioria das pessoas.
Já a atitude científica desconfia da veracidade das nossas certezas, da
aceitação imediata das coisas, da ausência de crítica e da falta de
curiosidade, diz Marilena Chauí. A ciência busca medidas, padrões, critérios
de avaliação e comparação para avaliar fenômenos físicos e sociais; ela não
se deixa levar por primeiras impressões, só estabelecendo relações causais
depois de investigar a natureza ou estrutura de algum fato.
3. SOCIEDADE, CULTURA E
SOCIALIZAÇÃO
Para as ciências sociais os indivíduos são fortemente orientados pela
sociedade – por isso há diversas formas de ser indivíduo. Somos resultados
de processos sociais e históricos que possibilitam nossas formas de
existência.
Os indivíduos, sob a orientação da cultura, dão origem as relações que
constroem os sistemas sociais formadores das sociedades.
O processo pelo qual as pessoas aprendem a viver em sociedade é chamado
de socialização, ou melhor, aprendem a ser tornar membros de uma
dada coletividade. Para isso, as normas e os valores da sociedade precisam
ser interiorizados. A socialização é, portanto, um processo de
aprendizagem: as pessoas, a partir das várias interações, aprendem
progressivamente a adotar um comportamento esperado pelos demais
membros da coletividade.
4. SOCIALIZAÇÃO PRIMÁRIA E
SECUNDÁRIA
A socialização se divide em duas partes: socialização primária e
socialização secundária.
A socialização primária ocorre ao longo da infância, fornecendo à
criança as primeiras referências sociais que serão determinantes
por toda a vida. A socialização primária é essencialmente familiar.
Por sua vez, a socialização secundária é aquela que se processa ao
longo da vida social. Os espaços de sociabilidade como a escola, as
igrejas, os grupos de amigos, a vizinhança, local de trabalho, etc., são
responsáveis pela socialização secundária.
5. STATUS, PAPEL SOCIAL E ESPAÇOS DE
SOCIABILIDADE
Papel social – É um padrão de comportamento esperado, exigido de uma
pessoa que ocupa um determinado status.
Status social – É o lugar ou posição que a pessoa ocupa na estrutura
social, de acordo com um julgamento coletivo ou consenso do grupo. Todo
indivíduo ocupa, em um grupo social, uma determinada posição. Essa
posição é chamada de status social.
Espaços de sociabilidade – São espaços com regras, valores e
hierarquias específicas onde ocorre o processo de socialização.
6. Cultura
Para as Ciências Sociais, a cultura é um sistema de regras e normas de
conduta que asseguram, sustentam, a existência e a conservação de
determinado grupo. A cultura organizaria “toda a vida social dos indivíduos e da
comunidade, tanto por determinar o modo de estabelecimento dos costumes e de sua
transmissão de geração a geração como por presidir [comandar] ações que criam as
instituições sociais (religião, família, formas de trabalho, guerra e paz,
distribuição das tarefas, formas de poder etc.)
A cultura…
- Condiciona nossa visão de mundo;
- É dinâmica;
- Define nossa identidade: EU x OUTROS;
- Interfere no plano biológico;
Como a cultura é transmitida?
- Processo de socialização:
- Hábitos, costumes, regras, histórias (mitos),
rituais, língua.
Como a cultura se manifesta?
- Festas;
- Danças;
- Música;
- Vestimentas;
- Artefatos;
- Culinária;
- Religiosidade;
- Modo de vida;
7. IDENTIDADE SOCIAL E INDIVIDUAL
Os indivíduos que são socializados em um mesmo ambiente cultural
passam a possuir uma série de comportamentos, valores, práticas e crenças
semelhantes. A essas semelhanças que conectam e fazem com que um
grupo de indivíduos sintam-se identificados /parecidos uns com os outros
damos o nome de identidade social.
Em nossa sociedade, fazem parte da identidade individual o nosso
nome, as impressões digitais, os dados genéticos, a personalidade, as
feições físicas, os gostos e escolhas pessoais, os documentos de
identificação, etc.
8. Etnocentrismo
O professor Everardo Rocha diz que “o etnocentrismo é uma visão do mundo
onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo, e todos os outros são pensados e
sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência.”
A palavra etnocentrismo quer dizer “minha etnia no centro do mundo”. O
conceito de etnocentrismo é usado para caracterizar comportamentos e
formas de pensar de pessoas que repudiam, menosprezam e desqualificam
culturas, costumes e povos que têm padrões culturais diferentes daqueles
vivenciados por elas. O etnocentrismo é uma forma de pensamento que
julga culturas diferentes – vistas como “o outro” – com o olhar dos seus
próprios valores, dos seus próprios costumes.
9. ESTEREÓTIPO, PRECONCEITO E
DISCRIMINAÇÃO
O estereótipo é uma generalização apressada, é uma forma de tornar
universal (ou seja, válida para todo um grupo) uma característica particular.
Os estereótipos são “imagens” criadas por um grupo, atribuindo
comportamentos e “essências” a um grupo social. Estamos estereotipando
grupos sociais quando dizemos: “todo judeu é pão duro!” ou “todo índio é
preguiçoso”.
Os estereótipos são produzidos e produzem preconceitos. Preconceito é
um juízo, um julgamento pré-estabelecido, baseado em crenças, juízos de
valor, opiniões que formamos sem conhecer devidamente a realidade sobre
a qual nos manifestamos. Portanto, pré-conceito significa “conceito prévio”,
formulado sem o cuidado de permitir que os fatos sejam investigados.
O preconceito tem muitas consequências sociais, e uma delas é a
discriminação - a qual já foi praticada por muitos governos em ações
tornadas legítimas. A discriminação acontece quando colocamos em prática
os nossos pensamentos preconceituosos.
10. RELATIVIZAÇÃO E DIVERSIDADE
CULTURAL
O esforço das Ciências Sociais se direciona no sentido de explicar que, em
última instância, toda e qualquer cultura, a qualquer tempo, é apenas mais
uma possibilidade dentre tantas outras possíveis. O relativismo cultural
pressupõe a aceitação de que não há mais um centro, assim como não há
um povo ou grupo privilegiado, superior dentre os demais; o outro pode
tanto quanto eu, é tanto quanto eu.
Enquanto o etnocentrismo é um preconceito ou uma forma de hierarquizar
as culturas, o relativismo cultural procura analisar e compreender a
diversidade de sociedades e culturas existentes. Quando relativizamos
somos capazes de nos colocar no lugar do outro e compreender sua visão
de mundo através da sua cultura.
11. RAÇA E RACISMO
Podemos sintetizar o conceito de racismo como uma teoria que sustenta a
superioridade de certas “raças” em relação a outras, defendendo ou não
segregação racial ou até mesmo a extinção de determinados grupos
subalternos.
Racismo é uma ideia europeia (ocidental) excludente, porque defende a
universalização do conceito de humanidade.
A inexistência das raças biológicas ganhou força com as recentes pesquisas
genéticas. Os geneticistas descobriram que a constituição genética de todos
os indivíduos é semelhante o suficiente para que a pequena porcentagem de
genes que se distinguem (que inclui a aparência física, a cor da pele etc) não
justifique a classificação da sociedade em raças. Essa pequena quantidade
de genes diferentes está geralmente ligados à adaptação do indivíduo aos
diferentes meio ambientes.
Se é inegável concluir que o racismo ainda existe – e tem força – a ideia de
que a espécie humana pode ser dividia em raças está cada vez mais
ultrapassada. O Projeto Genoma Humano afirma que, biologicamente,
não existem diferenças raciais entre os humanos, pois a diferença de uma
pessoa para outra é pouco mais 0,01%.
Não se justifica mais nenhum argumento dizendo que existem homens
inferiores ou superiores devido a cor da pele, formato de nariz, tipo de cabelo
12. MISCIGENAÇÃO: TUDO JUNTO E
MISTURADO?
Vamos falar sobre a história do nosso país?
No final do século XIX e início do XX se deu a política de
branqueamento da população, baseada no racismo científico, que
tinha como objetivo de acelerar o “desenvolvimento” do Brasil, que era
considerada uma nação atrasada por conta dos negros e mestiços.
Na década de 30, com a publicação da obra Casa Grande e Senzala
de Gilberto Freyre, a miscigenação passa a ser considerada um fator
positivo.
Este discurso ao longo do século XX ganha força e enaltece a ideia de
“democracia racial brasileira”.
No entanto, o que visualizamos é uma realidade profundamente
marcada pelas desigualdades baseadas na discriminação e no