Este artigo testou a eficácia antimicrobiana e citotóxica dos óleos essenciais de limão, pimenta-verde e melaleuca. Os resultados mostraram que esses óleos apresentam forte atividade antimicrobiana contra patógenos orais comuns. Além disso, combinações dos óleos demonstraram sinergismo na atividade antimicrobiana e redução da toxicidade contra células cancerígenas. Os autores concluem que esses óleos essenciais podem ser usados no desenvolvimento de agentes para
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Antimicrobial synergism of essential oils
1. [Limão Siciliano 005]
Óleo essencial: Citrus limon, Piper nigrum e Melaleuca alternifolia
Composto: Limoneno, β-pineno, δ-3-careno, α-pineno, terpinen-4-ol e γ-terpineno
Título: Antimicrobial synergism and cytotoxic properties of Citrus limon L., Piper nigrum
L. and Melaleuca alternifolia (Maiden and Betche) Cheel essential oils
"Sinergismo antimicrobiano e propriedades citotóxicas dos óleos essenciais de Citrus
limon L., Piper nigrum L. e Melaleuca alternifolia (Maiden e Betche) Cheel"
Autor: Milos M. Nikoli, Katarina K. Jovanovi, Tatjana Lj. Markovi, Dejan Lj. Markovi,
Nevenka N. Gligorijevi, Sinisa S. Radulovi, Marina Kosti, Jasmina M. Glamoclija e
Marina D. Sokovi
Journal: Journal of Pharmacy and Pharmacology
Vol/Issue: 69 (11)
Ano: 2017
DOI: 10.1111/jphp.12792
TAGs: Citotoxicidade; Citrus limon; limão; Piper nigrum; pimenta verde; melaleuca;
sinergismo; antimicrobiano; antibacteriano; antifúngico; in vitro; antisséptico bucal;
candida; Streptococcus; enxaguatório bucal; boca; dentes; doenças orais; higiene
bucal; células de carcinoma do colo do útero; células de leucemia mielóide; células de
adenocarcinoma de pulmão; células de câncer de cólon; células de melanoma;
fibroblasto de pulmão; infecção oral; infecção; bactérias; fungos; limoneno; β-pineno;
odontologia; saúde bucal; δ-3-careno; α-pineno; terpinen-4-ol; γ-terpineno.
Sobre o artigo:
Tem-se observado um crescimento no uso de vários OEs em enxaguatórios bucais
destinados à manutenção de higiene bucal, pois se sabe que os agentes
antimicrobianos usados na prevenção e no tratamento de infecções e doenças orais
2. são relatados como exibindo certo grau de toxicidade, causando manchas nos dentes,
e até câncer na boca, uma vez que substâncias como o etanol são comumente
encontrados nesses enxaguatórios bucais.
Portanto, a busca por agentes novos, eficientes e de baixo custo continua e os
fitoquímicos parecem ser alternativas potenciais de perspectiva em relação aos
sintéticos.
Diante disto, o estudo visou examinar a composição química dos OEs de Citrus limon
(limão), Piper nigrum (pimenta verde) e Melaleuca alternifolia (tea tree) e suas
propriedades antimicrobianas e citotóxicas sinérgicas, uma vez que os OEs originários
das mesmas espécies vegetais já confirmaram suas propriedades antimicrobianas,
anti-inflamatórias e antioxidantes em literatura disponível.
Também foi alvo da pesquisa revelar dados antimicrobianos adicionais quando os óleos
são usados isoladamente ou em combinação e, verificar a citotoxicidade dos OEs em
células humanas tumorais e não tumorais, para que os resultados obtidos contribuam
para a validação de sua aplicação contra os principais patógenos orais humanos.
A citotoxicidade dos OEs investigados foi determinada em células de carcinoma do colo
do útero humano, células de leucemia mielóide humana, células de adenocarcinoma de
pulmão, células de câncer de cólon, células de câncer de cólon, células de melanoma e
fibroblasto de pulmão fetal humano.
O ensaio de atividade antimicrobiana foi realizado pelo método de microdiluição contra
várias bactérias orais – Streptococcus pyogenes, S. mutans, Lactobacillus acidophilus,
Streptococcus salivarius, Streptococcus sanguinis, Enterococcus faecalis,
Pseudomonas aeruginosa – e Candida spp. originárias de cepas humanas com
distúrbios orais.
A atividade antimicrobiana sinérgica foi avaliada pelo método quadriculado e as
análises químicas dos óleos essenciais foram testadas por espectroscopia GC-FID e
GC-MS cromatografia gasosa.
3. Resultados:
Sabe-se que muitos fatores interferem na qualidade final do OE, incluindo origem
geográfica, fatores genéticos, armazenamento, parte do material vegetal e a estação
em que foi coletado, bem como o próprio processo de destilação.
Sabendo disto, a composição química dos OEs analisados foram o limoneno (37%),
seguido de b-pineno (18%), p-cimeno (7%) e b-bisa-boleno (6%) para C. limon;
β-pineno (34,4%), δ-3-careno (19,7%), limoneno (18,7%) e α-pineno (10,4%) para o
óleo de P. nigrum; e, terpinen-4-ol (38,6%) e γ-terpineno (21,7%) no óleo de M.
alternifolia.
Pôde-se observar que os óleos essenciais C. limon, P. nigrum e M. alternifolia possuem
forte atividade antimicrobiana e de amplo espectro em relação aos microorganismos
orais envolvidos em várias infecções e doenças orais, sendo o óleo de C. limon o mais
forte contra as fungos e o óleo de M. alternifolia mais forte contra as bactérias.
Os valores de inibição variaram para as bactérias com concentrações inibitórias e
bactericidas mínimas (CIMs) de 310 a 2500 µg/ml e (CBMs) 630 a 5000 µg/ml,
enquanto os valores de inibição para Candida spp. foram uma CIM de 60 a 9000 µg/ml
e CFM 130 a 18000 µg/ml.
A atividade mais forte contra bactérias foi alcançada por M. alternifolia, enquanto os
outros dois OEs, C. limon e P. nigrum, provaram atividade semelhante, possivelmente
mantendo sua própria atividade.
Os resultados para os fungos revelaram que o OE de C. limon obteve o efeito biocida
mais forte, comprovado pelos valores de CIM (60 a 250 µg/ml) e CFM mais baixos (250
a 1000 µg/ml).
Em contraste com sua boa atividade antibacteriana, o óleo de M. alternifolia exibiu o
potencial anticandida mais baixo, enquanto o P. nigrum apresentou potencial
moderado.
4. Em comparação com o fluconazol, os OEs em estudo geralmente mostraram menor
atividade. Se considerarmos os dados obtidos em relação à composição química dos
OEs, verifica-se que a atividade antimicrobiana está principalmente ligada aos seus
constituintes principais (limoneno, b-pineno e terpinen-4-ol), no entanto, constituintes
menores também podem contribuir para a atividade geral do OE, seja sinérgico ou
antagônico.
O uso de interação entre OEs é uma das novas abordagens para a melhoria da eficácia
antimicrobiana e redução do uso da concentração final. No presente estudo, a mistura
dos OEs de C. limon e P. nigrum exibiu um sinergismo mais forte contra ambos os
patógenos testados, S. mutans e C. albicans, enquanto as outras duas combinações
também expressaram eficiência, porém, menos evidente.
As combinações de OEs criadas comprovaram sinergismo positivo na atividade
antimicrobiana e redução substancial nos valores de CIM contra os dois
microrganismos orais testados, e tais resultados valiosos certamente levam à
implementação em tratamentos clínicos orais.
Os resultados da atividade citotóxica de OEs obtidos pelo ensaio de viabilidade celular
(MTT) conduzido em cinco linhas de células tumorais e uma linha celular normal são
expressos como valores de IC50 para incubação por um período de 48 h.
Embora o valor de IC50 varie dentro de uma faixa considerável (de 25,57 a 70,54 µg /
ml), em geral, a atividade dos OEs testados mostrou-se dependente da dose. Em
comparação com o controle positivo cisplatina (IC50 de 2,34 a 9,08 µg / ml), os OEs
apresentaram menor atividade citotóxica.
O OE de C. limon exibiu a atividade citotóxica mais forte contra as células de leucemia
mielóide humana, em uma concentração de 25,57 µg / ml; o óleo de P. nigrum afetou
consideravelmente a viabilidade das células de melanoma, enquanto o óleo de M.
alternifolia o fez contra células de carcinoma do colo do útero humano na concentração
de 48,67 µg / ml.
5. De todos os OEs testados, o P. nigrum exibiu a citotoxicidade mais forte para linhas
celulares selecionadas (25,57-56,74 µg / ml) e seletividade moderada para linhas de
células tumorais, exceto para as células de adenocarcinoma de pulmão.
Além disso, os pesquisadores observaram que a combinação de OEs produziu fortes
interações sinérgicas, sendo a mistura de C. limon e P. nigrum a que exibiu o
sinergismo mais forte contra os patógenos S. mutans e C. albicans.
Foi também observado que a combinação de OEs produziu reduções substanciais nos
valores das concentrações de inibição mínima contra microrganismos orais, bem como
nível de citotoxicidade dependente da dose contra células cancerígenas, mas também
em linhas celulares normais.
Na prática:
Veja só essa! Sabe aquele enxaguatório bucal com álcool altamente prejudicial à saúde
e que continua sendo utilizado em longo prazo? Este artigo testou a eficácia de óleos
essenciais para a mesma função que esses enxaguatórios contra patógenos
comumente conhecidos, como o fungo da cândida e a bactéria Streptococcus.
Os resultados incríveis descrevem os óleos essenciais de C. limon, P. nigrum e M.
alternifolia como fortes agentes antimicrobianos de amplo espectro em relação aos
microrganismos orais envolvidos em várias infecções e doenças orais. Sendo o limão
mais forte contra bactérias e a Melaleuca mais forte contra fungos.
Portanto, esses resultados incentivam o uso dos OEs, devidamente testados, no
desenvolvimento de agentes destinados ao uso, prevenção e tratamento de doenças
bucais.