1. [Copaíba 007]
Óleo essencial: Copaifera spp.
Composto: β-cariofileno
Título: Antimicrobial activity of copaiba oil: A review and a call for further research
"Atividade antimicrobiana do óleo de copaíba: uma revisão e um pedido de mais
pesquisas"
Autor: Tobouti PL, de Andrade Martins TC, Pereira TJ, Mussi MCM.
Journal: Biomed Pharmacother
Vol (Issue): 94
Ano: 2017
DOI: 10.1016/j.biopha.2017.07.092
TAGs: Atividade antibacteriana; atividade antifúngica; copaíba; Copaifera spp.;
β-cariofileno; revisão; analgésico; infecção; patógenos; sesquiterpeno; diterpeno;
Copaifera multijuga; S. mitis; S. constellatus; S. salivarius; S. mutans, S. sanguinis; S.
oralis; Escherichia coli; Pseudomonas aeruginosa; Copaifera officinalis; concentração
bactericida mínima; concentração inibitória mínima; Copaifera langsdorffii; Candida
albicans; C. parapsilosis; C. glabrata; C. krusei; C. tropicalis; Microsporum canis; M.
gypseum; Streptococcus spp; Staphylococcus spp; Pseudomonas spp; Paenibacillus
spp; P. gingivalis; Candida spp; E. coli; ácido copálico; in vitro; in natura.
Sobre o artigo:
De acordo com a classificação botânica, Copaíba pertence à família Leguminosae e
gênero Copaifera. Algumas árvores têm 400 anos, altura entre 25 e 40m, casca
aromática, madeira pesada, folhagem densa, flores pequenas, frutos secos e sementes
pretas e ovóides.
2. A casca é marrom escura, com superfície rugosa e aroma agradável, e o diâmetro do
tronco pode chegar a 80 centímetros. O óleo é amarelo-acastanhado e demonstrou
possuir propriedades anti-inflamatórias, curativas, analgésicas, antibacterianas,
antifúngicas e antitumorais.
As diferentes espécies de copaíba apresentam quantidades diferentes de substâncias
na composição do óleo, onde cerca de 80% são sesquiterpenos e 20% são diterpenos.
O óleo de copaíba é utilizado há mais de 390 anos, porém, considerando o tempo de
uso empírico, há um número escasso de publicações sobre suas atividades.
Este óleo essencial é uma fitomedicina já comprovadamente eficiente contra alguns
microorganismos. Porém, diferentemente de outros fitomedicamentos bem
estabelecidos, estudos antimicrobianos sobre o óleo de copaíba podem apresentar
algum viés devido à falta de padronização.
Portanto, esta revisão resume trabalhos recentes, de 2009 a 2016, sobre as atividades
antibacterianas e antifúngicas do óleo de copaíba, discute questões que afetam os
estudos sobre esse óleo e solicita mais estudos in vitro e clínicos.
Resultados:
1. Atividade antimicrobiana
1.1. Atividade antibacteriana
Segundo alguns pesquisadores, a atividade antibacteriana do óleo de copaíba parece
estar relacionada à combinação de sesquiterpenos e diterpenos, afetando a integridade
da parede celular bacteriana, e essa ação foi demonstrada em muitos patógenos,
incluindo bactérias gram-negativas e, principalmente, gram-positivas, como
Staphylococcus spp. e Streptococcus spp.
O óleo em gel de Copaifera multijuga demonstrou atividade antibacteriana contra S.
mitis, S. constellatus e S. salivarius isolados de pacientes e contra S. mitis, S. mutans,
S. sanguinis e S. oralis derivadas de amostras laboratoriais.
3. Este mesmo óleo, mas de uma fonte diferente, inibiu o crescimento de Escherichia coli,
S. aureus e Pseudomonas aeruginosa in vitro em concentração inibitória mínima (CIM)
de 1.56, 3.12 e 12.5%, respectivamente.
Além disso, Copaifera multijuga e o óleo de Copaifera officinalis também demonstraram
atividade bacteriana contra S. aureus em uma CIM e CBM de 0,3125 mg/mL e uma
CIM de 0,78 μl/mL a 10%, respectivamente.
Além disso, Copaifera officinalis foi bacteriostática (1,56 a 12,5%) contra isolados de
Paenibacillus spp., como P. alginolyticus, P. pabuli, P. azotofixans, P. borealis, P.
glucanolyticus, P. validus, P. thiaminolyticus, e P. larvae.
Curiosamente, o óleo essencial de Copaifera langsdorffii demonstrou melhor atividade
antimicrobiana do que o óleo-resina semelhante contra S. aureus, S. epidermidis e
duas cepas clínicas de cada espécie com a CIM mais alta de 249,7 mg/mL.
Além disso, o óleo de resina foi bacteriostático para S. mitis; Aggregatibacter
actinomycetemcomitans; e Porphyromonas gingivalis, em uma CIM variando de 0,5% a
4%.
Uma CIM superior a 4% foi encontrada para S. mutans, S. salivarius, Lactobacillus
casei, S. sanguinis, Prevotella nigrescens e Actinomyces naeslundii.
Além disso, o ácido copálico (diterpeno), extraído de Copaifera langsdorffii, demonstrou
atividade bacteriostática contra P. gingivalis nas primeiras 12 horas e atividade
bactericida entre 12-24 horas.
A bactéria Listeria monocytogenes demonstrou ser sensível a 10% desse óleo e, ainda,
emulsões nanoestruturadas à base de resina e óleo essencial desta espécie mostraram
melhorar as atividades antimicrobianas.
1.2. Atividade antifúngica
O óleo de Copaifera langsdorffii inibe o crescimento de Candida albicans, C.
parapsilosis, C. glabrata, C. krusei e C. tropicalis, em uma CIM entre 0,0001 e 249,7
mg/mL.
4. Os fungos Trichophyton mentagrophytes e T. rubrum foram inibidos em CIMs de 170
µg/mL e 1360 µg/mL, respectivamente. Contudo, os fungos Microsporum canis e M.
gypseum foram resistentes a esta espécie.
O óleo de resina de Copaifera multijuga (CIM entre 0,3 a 0,6 mg/mL) e o óleo essencial
(CIM entre 0,1 a 0,5 mg/mL) inibiram C. guilliermondii, C. tropicalis e C. parapsilosis.
Este óleo de resina foi eficaz também contra Aspergillus flavus, A. niger, A. tamari e A.
terreus em uma CIM entre 0,3 a 0,6 mg/mL e o óleo essencial inibido em uma CIM
entre 0,08 a 0,5 mg/mL.
Embora o óleo de Copaifera officinalis a 10% não tenha mostrado atividade
fungistática, foi demonstrado que ele inibiu a adesão de Candida em um bloco de
resina termopolimerizada, que imitava uma dentadura.
Alguns pesquisadores também demonstraram a inibição de Candida (C. parapsilosis e
C. Krusei) e T. rubrum, usando nanopartículas lipídicas sólidas contendo óleo de
copaíba.
2. Implicações e direções para pesquisas futuras
A ação antimicrobiana do óleo de copaíba contra bactérias e fungos (Fig. 1), como
Streptococcus spp, Staphylococcus spp, Pseudomonas spp, Paenibacillus spp, P.
gingivalis, Candida spp e E. coli demonstram grande potencial para medicina e
odontologia.
Porém, está claro que as publicações sobre os diferentes óleos de copaíba são
limitadas, uma vez que alguns dos estudos não indicaram a espécie arbórea, local ou
época de coleta, dificultando a padronização.
5. Figura 1: Sumário de todas as bactérias e fungos inibidos por diferentes árvores de copaíba.
No Brasil, existem 16 espécies de copaifera e seus óleos diferem não apenas em sua
composição química, mas podem até diferir dentro da mesma espécie dependendo da
região, e podem apresentar diferenças na atividade contra microrganismos.
Como visto nesta revisão de literatura, parte desse problema foi resolvido, pois todos
os trabalhos apontavam para a espécie de copaíba e alguns indicavam o local de
extração.
No entanto, a cromatografia gasosa deve ser realizada em todos os óleos para indicar
os compostos presentes, pois a falta de algumas dessas informações leva a muitas
incertezas quanto à autenticidade desses óleos.
Além disso, diferentes espécies de óleo de copaíba foram utilizadas em cada trabalho
analisado, em diferentes concentrações, diferentes microrganismos e com diferentes
metodologias, levando a resultados díspares.
6. Além disso, a falta de padronização da diluição da copaíba leva a resultados incertos,
por se tratar de um óleo e, por ser um material menos denso que a água, o óleo não
pode ser diluído diretamente em caldo, o que limita sua miscibilidade em meio teste;
portanto, um surfactante deve ser adicionado.
Mas, com o óleo e o caldo separados em uma mistura bifásica, os resultados podem
ser influenciados.
A maioria dos métodos utilizados para medir a CIM de uma substância antibacteriana
foi desenvolvida para agentes solúveis em água, utilizando diluição em caldo, no
entanto, um grupo de pesquisa demonstrou que o método mais adequado é a diluição
em ágar, que tem sido utilizada para testar óleos essenciais e substâncias insolúveis.
A difusão em disco e o teste de difusão em poço têm sido usados para evidenciar as
atividades antimicrobianas da copaíba, supondo que todos os componentes do óleo
tenham a mesma solubilidade, no entanto, alguns cientistas mostraram que nem todos
os componentes de um óleo fitoterápico (Melaleuca alternifolia) se difundem no ágar
durante o ensaio de difusão em disco e componentes como o hidrocarboneto não se
difundem, o que limita o uso desse método.
Um estudo anterior testou quatro diferentes substâncias para diluir o óleo de copaíba:
Tween 20, Tween 80, álcool (em diferentes concentrações) e DMSO (em diferentes
concentrações) e, em nossa experiência, o óleo é melhor solubilizado no Tween 80,
que mantém o óleo solubilizado homogeneamente na placa de ágar por um período
prolongado.
Porém, os pesquisadores devem estar atentos à mistura do óleo a 10%, e que o meio
contendo Tween 80 torna-se muito turvo em altas concentrações (100 μl/mL), com
aparência de leite. Portanto, a análise por espectrofotometria torna-se inviável.
O mecanismo de ação da copaíba é um campo que poderia ser amplamente estudado,
pois ainda é pouco explorado e muitas propriedades biológicas e físico-químicas do
óleo são desconhecidas.
7. Existem apenas dois trabalhos publicados que investigaram o mecanismo de ação da
copaíba em bactérias. Esses estudos usaram o óleo de copaíba, in natura, e
demonstraram a ruptura da parede celular de S. aureus e a remoção da camada S e
das proteínas da parede celular em Bacillus cereus.
Embora o componente principal seja β-cariofileno, outras substâncias, como ácido
copálico, ácido duro, ácido caurenóico, ácido polialítico e ácido ent-caurenóico,
demonstraram ter atividade antimicrobiana contra bactérias e fungos (Fig. 2).
Figura 2: Componentes presentes no óleo de copaíba e sua inibição contra bactérias e fungos.
8. É importante ressaltar que nem todos os testes antimicrobianos foram realizados com
os compostos isolados do óleo de copaíba, muitos estudos usaram essas substâncias
isoladas de outras plantas ou adquiriram os compostos comercialmente.
Isso reforça a necessidade de mais trabalhos com os componentes do óleo de copaíba
para esclarecer o mecanismo de ação em microrganismos, bem como a necessidade
de estudar a combinação entre os compostos que poderiam explicar a forte atividade
do óleo puro.
Diferente de outros óleos medicinais como o óleo de melaleuca, para os quais os
compostos estão presentes em proporção definitiva e bem estabelecida pelo Comitê
Científico de Produtos de Consumo (2004), o óleo de copaíba não possui parâmetro de
composição aprovado por comitê.
A falta de padronização do óleo de copaíba para cada espécie de Copaifera e até
mesmo entre as mesmas espécies dificulta o agrupamento dos trabalhos realizados e o
resultado adequado da atividade do óleo.
Na prática:
É impressionante! Você percebeu a quantidade de patógenos que as diferentes
espécies do gênero copaífera conseguiram inibir? Estou até agora perplexo!
No entanto, o estudo ainda sugere que mais estudos são necessários para determinar
seu mecanismo de ação, seus principais componentes químicos bioativos e ainda, uma
espécie de padronização dos estudos experimentais para facilitar a síntese de novos
dados científicos.
Diante da grande variabilidade antimicrobiana do gênero copaifera, não tenha dúvidas,
fale com seu ou sua aromaterapeuta, para que ele (a) possa lhe indicar o tratamento
mais seguro e direto para o seu caso!