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Adilson Costa, Arthur Volpe D'Angieri Basile, Vanessa Lucília Silveira Medeiros, Thaís Abdalla Moisés,
Fernanda Sayuri Ota, Jimmy Adans Costa Palandi
Peeling de gel de ácido tioglicólico 10%: opção segura e eficiente na pigmentação infraorbicular constitucional
Surgical & Cosmetic Dermatology, vol. 2, núm. 1, 2010, pp. 29-33,
Sociedade Brasileira de Dermatologia
Brasil
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Surgical & Cosmetic Dermatology,
ISSN (Versão impressa): 1984-5510
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Projeto acadêmico não lucrativo, desenvolvido pela iniciativa Acesso Aberto
Surg Cosmet Dermatol. 2010;2(1):29-33.
Peeling de gel de ácido tioglicólico 10%:
opção segura e eficiente na pigmentação
infraorbicular constitucional
10% thioglycolic acid gel peels: a safe and efficient option in the
treatment of constitutional infraorbital hyperpigmentation
Artigo Original
Autores:
Adilson Costa1
Arthur Volpe D'Angieri Basile2
Vanessa Lucília Silveira Medeiros3
Thaís Abdalla Moisés4
Fernanda Sayuri Ota5
Jimmy Adans Costa Palandi6
1
Coordenador dos Ambulatórios de Acne,
Cosmiatria e Dermatologia da Gravidez;
do Núcleo de Pesquisa Clínica em
Dermatologia; e do Programa de
Residência Medica em Dermatologia –
Pontifícia Universidade Católica de
Campinas (PUC- Campinas) – Campinas
(SP), Brasil; mestre em dermatologia pela
Universidade Federal de São Paulo
(Unifesp/EPM) – São Paulo (SP), Brasil.
2
Ex-residente de dermatologia do Serviço
de Dermatologia do Hospital e
Maternidade Celso Pierro, da Pontifícia
Universidade Católica de Campinas
(HMCP/PUC-Campinas)–Campinas(SP), Brasil.
3
Ex-residente de dermatologia do Serviço
de Dermatologia do Hospital e
Maternidade Celso Pierro, da Pontifícia
Universidade Católica de Campinas
(HMCP/PUC-Campinas)–Campinas(SP), Brasil.
4
Residente de dermatologia do Serviço de
Dermatologia do Hospital e Maternidade
Celso Pierro, da Pontifícia Universidade
Católica de Campinas (HMCP/PUC-
Campinas) – Campinas (SP), Brasil.
5
Residente de dermatologia do Serviço de
Dermatologia do Hospital e Maternidade
Celso Pierro, da Pontifícia Universidade
Católica de Campinas (HMCP/PUC-
Campinas) – Campinas (SP), Brasil.
6
Estatístico, proprietário da Adans
Estatística - São Paulo (SP), Brasil.
Correspondência para:
Adilson Costa
Rua Original, 219 – Vila Madalena
05435 050 São Paulo SP Brasil
Tel./fax: 11 3034 1170, 3034 1932
E-mail: adilson_costa@hotmail.com
Recebido em: 10/01/2010
Aprovado em: 20/02/2010
Trabalho realizado Serviço de Dermatologia
do Hospital e Maternidade Celso Pierro da
Pontifícia Univerisdade Católica de Campinas
(HMCP/PUC-CAMPINAS).
Conflito de interesse: Nenhum
Suporte financeiro: Nenhum
RESUMO
Introdução: A hipercromia infraorbicular constitucional é dermatose comum, de difícil
tratamento.
Objetivo: Avaliar a melhoria clínica da pigmentação infraorbicular constitucional com
cinco peelings seriados de ácido tioglicólico a 10% em gel.
Métodos: 10 voluntárias do sexo feminino, entre 24 e 50 anos de idade, realizaram cinco
sessões quinzenais de peeling de ácido tioglicólico 10% gel. Na primeira sessão, o produto
foi deixado por dois minutos, acrescentando-se três minutos a cada uma das sessões sub-
sequentes, tendo na última sido deixado por 15 minutos; 15 dias após a última sessão, foi
aplicada escala de satisfação clínica, de 0 (ausência de melhora) a 10 (melhora total), tanto
às pacientes quanto ao médico aplicador e a um médico avaliador-cego.
Resultados: A média da satisfação clínica apontada pelas pacientes foi 7,8; a do médico
aplicador, 7,6; e a do médico avaliador-cego, 6,8, sem diferenças estatísticas entre eles
(p=0,065).
Conclusão: Os peelings seriados de ácido tioglicólico 10% em gel são alternativa segura,
eficiente e barata para a abordagem da pigmentação infraorbicular constitucional.
Palavras-chaves: abrasão química; olho; hiperpigmentação; doenças palpebrais.
ABSTRACT
Introduction:Constitutional infraorbital hyperchromia (commonly called under-eye circles) is a com-
mon dermatosis that is difficult to treat.
Objective:To evaluate the clinical improvement of constitutional infraorbital pigmentation resulting
from the application of a series of five 10% thioglycolic acid gel peeling sessions.
Methods: Patients were administered five successive 10% thioglycolic acid gel peel sessions, in 15-
day intervals. In the first session, the product was left on for two minutes, with three minutes added
in each subsequent session, culminating with 15 minutes of contact in the last session. Fifteen days
after the last session, a satisfaction scale ranging from 0 (lack of improvement) to 10 (total improve-
ment) was administered to the patients,to the dermatologist investigating the peelings,and to a blind-
evaluator medical doctor (a dermatologist that had not had taken part in the treatment sessions).
Results: Study subjects (n=10) were females aged 24-50.The average clinical satisfaction present-
ed by the patients, the investigator, and the blind-evaluator were 7.8, 7.6 and 6.8, respectively, with
no statistically significant differences among them (p=0.065).
Conclusion: The serial application of 10% thioglycolic acid gel peels is a safe, efficient, and cost-
effective treatment for constitutional infraorbital pigmentation.
Keywords: chemexfoliation; eye; hyperpigmentation; eyelid diseases.
29
Surg Cosmet Dermatol. 2010;2(1):29-33.
30 Costa A,Basile AVD,Medeiros VLS,Moisés TA,Ota FS,Palandi JACCosta A,Basile AVD,Medeiros VLS,Moisés TA,Ota FS,Palandi JAC
INTRODUÇÃO
A hiperpigmentação periorbicular constitucional, vulgar-
mente conhecida como “olheira”, pode ocasionar importante
impacto na qualidade de vida dos pacientes.1
Sua prevalência é
semelhante entre os sexos, porém é notável a maior queixa
médica por parte das mulheres, particularmente morenas.
Embora existam poucos estudos a respeito da etiologia dessa
desordem, sabe-se que tem caráter autossômico dominante.
1,2
As causas da afecção não estão muito bem elucidadas. Existem
vários fatores contribuintes,como o aumento da melanina na epider-
me das pálpebras, pigmentação pós-inflamatória nos portadores de
dermatite atópica,sombreamento decorrente de flacidez e excesso de
pele e,ainda,atrofia da pele,que torna visível o plexo vascular visivel.
A insônia e o cansaço persistentes também atuam nesse processo atra-
vés da estase dos vasos sanguíneos, levando à mudança de cor na
região. Ocasionalmente, algumas drogas podem desencadear esse
quadro,como os antipsicóticos,quimioterápicos e alguns colírios.1-5
Diferentes tratamentos têm sido propostos, ainda que pou-
cos tenham promovido melhora satisfátória e duradoura; estão
entre essas opções:criocirurgia;luz intensa pulsada;lasers de CO2,
argônio, ruby e excimer; retinóides; dermoabrasão; e peelings quí-
micos. A resposta terapêutica depende de várias sessões de qual-
quer procedimento escolhido, por isso o paciente deve estar cien-
te de que a melhora é lenta, mantendo, assim, a continuidade do
tratamento.A fotoproteção é indispensável.3,4,6
Em meio a novas técnicas,o peeling químico é considerado pro-
cedimento simples, que não requer instrumentos complexos, e cuja
realização não implica ônus exagerados.A ação de faz pela destruição
de parte ou de toda a epiderme,incluindo ou não a derme,promo-
vendo esfoliação e remoção das lesões superficiais, ao que se segue
regeneração da epiderme e do tecido dérmico.6
As complicações mais comuns dos peelings químicos são as
erupções acneiformes, milia, reação alérgica, mudança de textu-
ra da pele e hiper ou hipopigmentação pós-inflamatória. A
melhor maneira de evitá-las é identificar os fatores de risco e
individualizar a terapêutica.1-6
Neste artigo, apresenta-se o ácido tioglicólico como possí-
vel agente na abordagem da hiperpigmentação periorbicular
constitucional. Também chamado ácido mercapto acético, o
ácido tioglicólico é composto que inclui enxofre, com peso
molecular de 92,12 (intermediário entre os ácidos tricloroacéti-
co e o glicólico, 163,4 e 76,05, respectivamente). Substância alta-
mente solúvel em água, álcool e éter, é facilmente oxidável.7,8
Topicamente, na abordagem de hipercromias hemossideró-
ticas, utilizam-no na concentração de 5% a 12%. Sua afinidade
com ferro é semelhante à da apoferritina, tendo a capacidade de
quelar o ferro da hemosiderina, por apresentar grupo tiólico.7,8
O objetivo deste estudo é avaliar a segurança e eficácia clí-
nicas de aplicações seriadas de ácido tioglicólico na abordagem
terapêutica da hipercromia periorbicular constitucional.
MÉTODOS
Trata-se de estudo clínico piloto, aberto, não pareado, mono-
cêntrico,não randomizado,com 10 voluntárias entre 24 e 50 anos de
idade,fototipo I a IV,portadoras de hipercromia infraorbicular cons-
titucional,que se submeteram a peelings seriados de ácido tioglicólico
10% em gel, procedimento conduzido de acordo com todas as nor-
mas internacionais e brasileiras de Boas Práticas Clínicas de Pesquisa
em Seres Humanos.As pacientes foram recrutadas voluntariamente.
As pacientes foram submetidas a sessões de peelings de ácido tio-
glicólico a 10%,em veículo gel,a cada 15 dias,no total de cinco ses-
sões.A primeira aplicação do agente químico teve duração de dois
minutos; a cada uma das seguintes acrescentavam-se três minutos,
tendo,na última,durado 15 minutos o contato do agente com a pele.
Inicialmente,desengordura-se a região periorbicular com solu-
ção alcoólica a 50%. Em seguida, com auxílio de cotonete, aplica-se
o ácido tioglicólico 10% na região da pálpebra inferior,respeitando a
unidade cosmética. Feito isso, aguarda-se o tempo de contato do
agente com a pele,de acordo com o protocolo proposto.
Findo o tempo da sessão, ainda com a paciente em decúbi-
to dorsal, o produto é retirado com gaze, e, em seguida, comple-
tada sua remoção com água em abundância. Decorridos dois ou
três dias da aplicação do ácido tioglicólico 10%, espera-se que a
pele se apresente eritematosa, algumas vezes com crostas finas e
acastanhadas, com discreto edema palpebral. Esse processo pode
levar até sete dias para se completar e está diretamente relaciona-
do ao maior tempo de exposição da pele ao produto.
Foram utilizados para parâmetros de avaliação documentação
fotográfica (anterior e posterior a série do tratamento) e grau de satis-
fação dos resultados, tanto para o médico aplicador, quanto para o
paciente,cuja pontuação variava de 0 a 10.
RESULTADOS
Para este trabalho, definimos nível de significância de 0,05
(5%), com intervalos de confiança de 95% para todos os quesitos
analisados.Foram utilizados testes e técnicas estatísticas não paramé-
tricas, porque as condições (suposições) para a utilização de técni-
cas e testes paramétricos,como a normalidade (Teste de Anderson-
Darling) e homocedasticidade (homogeneidade das variâncias;Teste
de Levene), não foram encontradas nesse conjunto de dados.
Após a aplicação do protocolo, todas as voluntárias relata-
ram ardor suportável quase imediato e que se intensificava ao
longo da permanência do ácido tioglicólico 10% em contato
com a pele. Em todas as pacientes, conseguiu-se concluir o pro-
tocolo nos prazos preestabelecidos.
Alguns segundos após a aplicação do produto observavam-
se eritema e edema discretos, a que, ao longo das sessões, soma-
va-se frosting grau II. Em todas as pacientes, visualizou-se frosting
grau II, que durava em média 5 minutos, coincidindo com a
segunda aplicação. Essas pacientes evoluíram com discreto
edema, restrito à região aplicada, e eritema de duração média de
cinco dias. No segundo dia, inicia-se formação de crosta fina,
discretamente acastanhada, que começa a descamar, no máximo,
até o sétimo dia após o procedimento.
Finalizados os cinco peelings seriados na pálpebra inferior,tanto
o médico aplicador quanto as pacientes atribuíram notas de 0
(ausência de melhora) a 10 (melhora total) correspondendo ao grau
de satisfação com a resposta clínica obtida.Além disso, um derma-
tologista da equipe (médico avaliador-cego),que não participou da
Surg Cosmet Dermatol. 2010;2(1):29-33.
Peeling de acido tioglicólico em olheiras 31
pesquisa, avaliou as fotografias dos períodos pré e pós-peeling, sem
saber qual era a pré e qual era a pós-peeling, pontuando o resultado
da foto que julgava ser a posterior entre 0 (ausência de melhora) e
10 (melhora total).Esses resultados,assim,como os dados demográ-
ficos das pacientes, encontram-se na tabela 1.
Em média, as notas clínicas dadas pelo médico aplicador, pelas
pacientes e pelo médico avaliador-cego à resposta clínica obtida pelo
tratamento foram 7,6,7,8 e 6,8,respectivamente (Gráfico 1, Tabela 2),
sem diferenças estatisticamente significantes entre elas (p=0,065;pelo
Teste de Friedman,que avalia dados pareados).
Ao final do tratamento, o médico avaliador-cego conseguiu
perceber melhora clínica em todas as pacientes, ou seja, detectar as
fotografias pré e pós-tratamento.
DISCUSSÃO
As “olheiras” representam queixa comum e muito estigmati-
zante.1
Várias são os fatores que a determinam, porém a hipercro-
mia, secundária ao depósito de ferro, talvez seja uma das mais
importantes. Acredita-se que ocorra hipercromia cutânea em
decorrência do depósito de hemossiderina,posto que é resultado de
transformação biogênica do grupamento heme da hemoglobina,
quando há extravasamento sanguíneo dérmico; nesse momento, há
liberação do íon ferro desse grupamento, acarretando formação de
radicais livres que,por conseguinte,estimulam o melanócito,geran-
do pigmentação melânica associada.7
Insônia e cansaço persistentes
atuam, sem dúvida alguma, na piora desse processo, através da esta-
se dos vasos sanguíneos, levando à mudança de cor na região.1-6
O ácido tioglicólico é um dos representantes da classe dos
tioglicolatos, cujas substâncias são, há muito tempo, utilizadas na
indústria cosmética, como, por exemplo, depilatórios corporais,
alisantes e colorantes capilares.8
As substâncias da classe dos tio-
glicolatos podem manifestar capacidade de irritação e sensibili-
zação cutâneas.7
Em ratos, provou-se que, seguramente, essas
substâncias não apresentam perfil mutagênico, carcinogênico,
embriogênico e tóxico até a dose 100mg/kg/dia.8
Seguramente,
o uso tópico cosmético ocasional do ácido tioglicólico pode
chegar à concentração máxima de 15,4%.8
O tioglicólico é um ácido orgânico.8
Na prática clínica habi-
tual dos autores, na abordagem da hipercromia constitucional
periocular, é empregado como agente de peeling químico, a 10%,
em gel, mostrando-se excelente adjuvante terapêutico para a abor-
dagem dessa dermatose. Como visto neste artigo e coincidente
com dados da literatura,sua aplicação cutânea causa leve desconfor-
to,associado a discreto eritema,com leve ou transitória descamação
e rara sensibilização. Se, porventura, cair na conjuntiva ocular, ela
deve ser lavada vigorosamente,conforme orientação já estabelecida
para os produtos cosméticos que o incluem em suas fórmulas, pois
ele é considerado composto de baixa toxicidade ocular.7,8
Neste estudo, a média de idade das voluntários foi de 35,3
anos.Evidenciou-se que 100% das pacientes tiveram algum grau de
satisfação clínica com a aplicação seriada (peeling químico) de ácido
tioglicólico 10% para a abordagem de tal hipercromia.A nota média
aritmética de satisfação pessoal foi de 7,8 (escala de 0-10), estatisti-
camente igual às atribuídas pelo médico aplicador (7,6) e pelo
médico avaliador-cego (6,8) (Gráfico 1).
Os resultados clínicos são evidentes e importantes (Figura
1).Tais benefícios cutâneos são possíveis graças à grande capaci-
dade quelante de ferro que seu grupo tiólico possui, o qual,
Número da Iniciais Idade (anos) Fototipo Satisfação clínica Satisfação clínica Avaliação pelo
paciente pelo Médico Aplicador pelas Pacientes Médico Avaliador-Cego
1 ESS 32 IV 8 7 8
2 AH 24 II 8 8 8
3 CIDR 47 II 8 9 8
4 VLM 29 II 8 8 6
5 RF 26 I 8 6 5
6 VSA 25 III 7 7 6
7 AC 34 III 7 9 6
8 CP 51 II 7 9 7
9 MGA 50 IV 7 7 7
10 EW 57 IV 8 8 7
Tabela 1 - Resumo dos dados demográficos das pacientes, notas de satisfação clínica do médico aplicador e das pacientes, avaliação clínica
pelo médico avaliador-cego, após o tratamento com peeling de ácido tioglicólico 10% em hipercromia constitucional periorbicular
Gráfico 1: Comparação das satisfações clínicas dadas pele médico
aplicador, pelas pacientes e pelo médico avaliador-cego
Surg Cosmet Dermatol. 2010;2(1):29-33.
32 Costa A,Basile AVD,Medeiros VLS,Moisés TA,Ota FS,Palandi JAC
mesmo em uso sistêmico, mostra, em animais, capacidade de
impedir depósito esplênico de ferro, bem como importante
capacidade antioxidante.9-11
A análise das fotos pelo médico avaliador-cego confirmou
a eficácia da série de peelings de ácido tioglicólico 10%, posto
que evidenciou a melhora mesmo para profissional que não par-
ticipara das sessões.
Na literatura científica, não existem relatos de casos do bene-
fício clínico do uso de peelings seriados de ácido tioglicólico 10% na
abordagem da hipercromia residual peri-orbicluar.Este artigo cien-
tífico é o primeiro nesse sentido,mostrando que essa proposta tera-
pêutica pode ser útil no tratamento dessa discromia,além de o ácido
tioglicólio ser produto seguro e eficiente, de ação rápida e baixo
custo, recomendável, portanto, na abordagem das discromias
hemossideróticas.7,11
Pela resposta clínica estética obtida de pacientes que fazem uso
do programa seriado de peelings de ácido tioglicólico a 10%,supõe-
se que essa substância causa injúria na epiderme, removendo o
excesso de pigmento aí depositado.Além disso,por se tratar de pele
extremamente fina,o dano causado é controlado e seguido de libe-
ração de citocinas e mediadores inflamatórios capazes de propor-
cionar espessamento da epiderme, depósito de colágeno, reorgani-
zação dos elementos estruturais e aumento do volume dérmico.
Como consequências prováveis incluem-se a atenuação do som-
breamento decorrente de flacidez e excesso cutâneos e a diminui-
ção da atrofia da pele que torna o plexo vascular superficial visível.
A soma desses resultados clínicos observados não só diminui a
hipercromia, mas, também, como visto na figura 1, determina
melhora significativa no aspecto cosmético da região, com redução
de linhas finas e da atrofia cutânea (aspecto de papel de cigarro).
CONCLUSÃO
Os peelings seriados e progressivos de ácido tioglicólico
10% apresentam-se como ferramenta terapêutica segura, efi-
ciente e de baixo custo no tratamento da hipercromia periorbi-
cular constitucional.Não há a pretensão de ser tratamento único
e milagroso para essa dermatose, pois outras terapêuticas, sem
dúvida alguma, são de suma importância e talvez se possam aliar
visando a melhora clínica ainda mais interessante. Cabe lembrar,
também, que mudanças de hábitos de vida dos pacientes, tais
como boa alimentação, evitar o tabagismo, praticar atividades
físicas e dormir o suficiente, ainda têm seu papel nas orientações
do dermatologista no momento da proposição de qualquer
plano terapêutico para esses pacientes.
Pré-Peeling Pós-Peeling (5 sessões)
Figura 1: Fotos de uma das pacientes referentes aos períodos pré e pós- peeling de ácido tioglicólico 10% em hipercromia constitucional periorbicular
Descritiva Idade (anos) Satisfação
Médico Aplicador Pacientes Avaliador - Cego
Média 35,3 7,6 7,8 6,8
Mediana 32 8 8 7
Desvio Padrão 11,0 0,5 1,1 1,1
Coeficiente de 31% 7% 14% 16%
Variação
1o
Quartil (Q1) 26 7 7 6
3o
Quartil (Q3) 47 8 9 8
Dado Mínimo 24 7 6 5
Dado Máximo 51 8 9 8
N. 10 10 10 10
Intervalo de 7,2 0,3 0,7 0,7
Confiança (IC)
Tabela 2 - Inferências estatísticas aplicadas nos dados expostos na TABELA 1 (idade das pacientes, nota de satisfação do
Médico Aplicador, das Pacientes do Médico Avaliador-Cego)
Surg Cosmet Dermatol. 2010;2(1):29-33.
Peeling de acido tioglicólico em olheiras 33
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Ethanolamine Thioglycolate, Ethyl Thioglycolate, Glyceryl
Thioglycolate, Isooctyl Thioglycolate, Isopropyl Thioglycolate,
Magnesium Thioglycolate, Methyl Thioglycolate, Potassium
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www.sbme.org.br/portal/download/revista/14/04_Tratamento_das_
Hiperpigmentacoes.pdf

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Peelings de ácido tioglicólico 10% para pigmentação infraorbital

  • 1. Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=265521086007 Red de Revistas Científicas de América Latina, el Caribe, España y Portugal Sistema de Información Científica Adilson Costa, Arthur Volpe D'Angieri Basile, Vanessa Lucília Silveira Medeiros, Thaís Abdalla Moisés, Fernanda Sayuri Ota, Jimmy Adans Costa Palandi Peeling de gel de ácido tioglicólico 10%: opção segura e eficiente na pigmentação infraorbicular constitucional Surgical & Cosmetic Dermatology, vol. 2, núm. 1, 2010, pp. 29-33, Sociedade Brasileira de Dermatologia Brasil Como citar este artigo Fascículo completo Mais informações do artigo Site da revista Surgical & Cosmetic Dermatology, ISSN (Versão impressa): 1984-5510 revista@sbd.org.br Sociedade Brasileira de Dermatologia Brasil www.redalyc.org Projeto acadêmico não lucrativo, desenvolvido pela iniciativa Acesso Aberto
  • 2. Surg Cosmet Dermatol. 2010;2(1):29-33. Peeling de gel de ácido tioglicólico 10%: opção segura e eficiente na pigmentação infraorbicular constitucional 10% thioglycolic acid gel peels: a safe and efficient option in the treatment of constitutional infraorbital hyperpigmentation Artigo Original Autores: Adilson Costa1 Arthur Volpe D'Angieri Basile2 Vanessa Lucília Silveira Medeiros3 Thaís Abdalla Moisés4 Fernanda Sayuri Ota5 Jimmy Adans Costa Palandi6 1 Coordenador dos Ambulatórios de Acne, Cosmiatria e Dermatologia da Gravidez; do Núcleo de Pesquisa Clínica em Dermatologia; e do Programa de Residência Medica em Dermatologia – Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC- Campinas) – Campinas (SP), Brasil; mestre em dermatologia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp/EPM) – São Paulo (SP), Brasil. 2 Ex-residente de dermatologia do Serviço de Dermatologia do Hospital e Maternidade Celso Pierro, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (HMCP/PUC-Campinas)–Campinas(SP), Brasil. 3 Ex-residente de dermatologia do Serviço de Dermatologia do Hospital e Maternidade Celso Pierro, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (HMCP/PUC-Campinas)–Campinas(SP), Brasil. 4 Residente de dermatologia do Serviço de Dermatologia do Hospital e Maternidade Celso Pierro, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (HMCP/PUC- Campinas) – Campinas (SP), Brasil. 5 Residente de dermatologia do Serviço de Dermatologia do Hospital e Maternidade Celso Pierro, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (HMCP/PUC- Campinas) – Campinas (SP), Brasil. 6 Estatístico, proprietário da Adans Estatística - São Paulo (SP), Brasil. Correspondência para: Adilson Costa Rua Original, 219 – Vila Madalena 05435 050 São Paulo SP Brasil Tel./fax: 11 3034 1170, 3034 1932 E-mail: adilson_costa@hotmail.com Recebido em: 10/01/2010 Aprovado em: 20/02/2010 Trabalho realizado Serviço de Dermatologia do Hospital e Maternidade Celso Pierro da Pontifícia Univerisdade Católica de Campinas (HMCP/PUC-CAMPINAS). Conflito de interesse: Nenhum Suporte financeiro: Nenhum RESUMO Introdução: A hipercromia infraorbicular constitucional é dermatose comum, de difícil tratamento. Objetivo: Avaliar a melhoria clínica da pigmentação infraorbicular constitucional com cinco peelings seriados de ácido tioglicólico a 10% em gel. Métodos: 10 voluntárias do sexo feminino, entre 24 e 50 anos de idade, realizaram cinco sessões quinzenais de peeling de ácido tioglicólico 10% gel. Na primeira sessão, o produto foi deixado por dois minutos, acrescentando-se três minutos a cada uma das sessões sub- sequentes, tendo na última sido deixado por 15 minutos; 15 dias após a última sessão, foi aplicada escala de satisfação clínica, de 0 (ausência de melhora) a 10 (melhora total), tanto às pacientes quanto ao médico aplicador e a um médico avaliador-cego. Resultados: A média da satisfação clínica apontada pelas pacientes foi 7,8; a do médico aplicador, 7,6; e a do médico avaliador-cego, 6,8, sem diferenças estatísticas entre eles (p=0,065). Conclusão: Os peelings seriados de ácido tioglicólico 10% em gel são alternativa segura, eficiente e barata para a abordagem da pigmentação infraorbicular constitucional. Palavras-chaves: abrasão química; olho; hiperpigmentação; doenças palpebrais. ABSTRACT Introduction:Constitutional infraorbital hyperchromia (commonly called under-eye circles) is a com- mon dermatosis that is difficult to treat. Objective:To evaluate the clinical improvement of constitutional infraorbital pigmentation resulting from the application of a series of five 10% thioglycolic acid gel peeling sessions. Methods: Patients were administered five successive 10% thioglycolic acid gel peel sessions, in 15- day intervals. In the first session, the product was left on for two minutes, with three minutes added in each subsequent session, culminating with 15 minutes of contact in the last session. Fifteen days after the last session, a satisfaction scale ranging from 0 (lack of improvement) to 10 (total improve- ment) was administered to the patients,to the dermatologist investigating the peelings,and to a blind- evaluator medical doctor (a dermatologist that had not had taken part in the treatment sessions). Results: Study subjects (n=10) were females aged 24-50.The average clinical satisfaction present- ed by the patients, the investigator, and the blind-evaluator were 7.8, 7.6 and 6.8, respectively, with no statistically significant differences among them (p=0.065). Conclusion: The serial application of 10% thioglycolic acid gel peels is a safe, efficient, and cost- effective treatment for constitutional infraorbital pigmentation. Keywords: chemexfoliation; eye; hyperpigmentation; eyelid diseases. 29
  • 3. Surg Cosmet Dermatol. 2010;2(1):29-33. 30 Costa A,Basile AVD,Medeiros VLS,Moisés TA,Ota FS,Palandi JACCosta A,Basile AVD,Medeiros VLS,Moisés TA,Ota FS,Palandi JAC INTRODUÇÃO A hiperpigmentação periorbicular constitucional, vulgar- mente conhecida como “olheira”, pode ocasionar importante impacto na qualidade de vida dos pacientes.1 Sua prevalência é semelhante entre os sexos, porém é notável a maior queixa médica por parte das mulheres, particularmente morenas. Embora existam poucos estudos a respeito da etiologia dessa desordem, sabe-se que tem caráter autossômico dominante. 1,2 As causas da afecção não estão muito bem elucidadas. Existem vários fatores contribuintes,como o aumento da melanina na epider- me das pálpebras, pigmentação pós-inflamatória nos portadores de dermatite atópica,sombreamento decorrente de flacidez e excesso de pele e,ainda,atrofia da pele,que torna visível o plexo vascular visivel. A insônia e o cansaço persistentes também atuam nesse processo atra- vés da estase dos vasos sanguíneos, levando à mudança de cor na região. Ocasionalmente, algumas drogas podem desencadear esse quadro,como os antipsicóticos,quimioterápicos e alguns colírios.1-5 Diferentes tratamentos têm sido propostos, ainda que pou- cos tenham promovido melhora satisfátória e duradoura; estão entre essas opções:criocirurgia;luz intensa pulsada;lasers de CO2, argônio, ruby e excimer; retinóides; dermoabrasão; e peelings quí- micos. A resposta terapêutica depende de várias sessões de qual- quer procedimento escolhido, por isso o paciente deve estar cien- te de que a melhora é lenta, mantendo, assim, a continuidade do tratamento.A fotoproteção é indispensável.3,4,6 Em meio a novas técnicas,o peeling químico é considerado pro- cedimento simples, que não requer instrumentos complexos, e cuja realização não implica ônus exagerados.A ação de faz pela destruição de parte ou de toda a epiderme,incluindo ou não a derme,promo- vendo esfoliação e remoção das lesões superficiais, ao que se segue regeneração da epiderme e do tecido dérmico.6 As complicações mais comuns dos peelings químicos são as erupções acneiformes, milia, reação alérgica, mudança de textu- ra da pele e hiper ou hipopigmentação pós-inflamatória. A melhor maneira de evitá-las é identificar os fatores de risco e individualizar a terapêutica.1-6 Neste artigo, apresenta-se o ácido tioglicólico como possí- vel agente na abordagem da hiperpigmentação periorbicular constitucional. Também chamado ácido mercapto acético, o ácido tioglicólico é composto que inclui enxofre, com peso molecular de 92,12 (intermediário entre os ácidos tricloroacéti- co e o glicólico, 163,4 e 76,05, respectivamente). Substância alta- mente solúvel em água, álcool e éter, é facilmente oxidável.7,8 Topicamente, na abordagem de hipercromias hemossideró- ticas, utilizam-no na concentração de 5% a 12%. Sua afinidade com ferro é semelhante à da apoferritina, tendo a capacidade de quelar o ferro da hemosiderina, por apresentar grupo tiólico.7,8 O objetivo deste estudo é avaliar a segurança e eficácia clí- nicas de aplicações seriadas de ácido tioglicólico na abordagem terapêutica da hipercromia periorbicular constitucional. MÉTODOS Trata-se de estudo clínico piloto, aberto, não pareado, mono- cêntrico,não randomizado,com 10 voluntárias entre 24 e 50 anos de idade,fototipo I a IV,portadoras de hipercromia infraorbicular cons- titucional,que se submeteram a peelings seriados de ácido tioglicólico 10% em gel, procedimento conduzido de acordo com todas as nor- mas internacionais e brasileiras de Boas Práticas Clínicas de Pesquisa em Seres Humanos.As pacientes foram recrutadas voluntariamente. As pacientes foram submetidas a sessões de peelings de ácido tio- glicólico a 10%,em veículo gel,a cada 15 dias,no total de cinco ses- sões.A primeira aplicação do agente químico teve duração de dois minutos; a cada uma das seguintes acrescentavam-se três minutos, tendo,na última,durado 15 minutos o contato do agente com a pele. Inicialmente,desengordura-se a região periorbicular com solu- ção alcoólica a 50%. Em seguida, com auxílio de cotonete, aplica-se o ácido tioglicólico 10% na região da pálpebra inferior,respeitando a unidade cosmética. Feito isso, aguarda-se o tempo de contato do agente com a pele,de acordo com o protocolo proposto. Findo o tempo da sessão, ainda com a paciente em decúbi- to dorsal, o produto é retirado com gaze, e, em seguida, comple- tada sua remoção com água em abundância. Decorridos dois ou três dias da aplicação do ácido tioglicólico 10%, espera-se que a pele se apresente eritematosa, algumas vezes com crostas finas e acastanhadas, com discreto edema palpebral. Esse processo pode levar até sete dias para se completar e está diretamente relaciona- do ao maior tempo de exposição da pele ao produto. Foram utilizados para parâmetros de avaliação documentação fotográfica (anterior e posterior a série do tratamento) e grau de satis- fação dos resultados, tanto para o médico aplicador, quanto para o paciente,cuja pontuação variava de 0 a 10. RESULTADOS Para este trabalho, definimos nível de significância de 0,05 (5%), com intervalos de confiança de 95% para todos os quesitos analisados.Foram utilizados testes e técnicas estatísticas não paramé- tricas, porque as condições (suposições) para a utilização de técni- cas e testes paramétricos,como a normalidade (Teste de Anderson- Darling) e homocedasticidade (homogeneidade das variâncias;Teste de Levene), não foram encontradas nesse conjunto de dados. Após a aplicação do protocolo, todas as voluntárias relata- ram ardor suportável quase imediato e que se intensificava ao longo da permanência do ácido tioglicólico 10% em contato com a pele. Em todas as pacientes, conseguiu-se concluir o pro- tocolo nos prazos preestabelecidos. Alguns segundos após a aplicação do produto observavam- se eritema e edema discretos, a que, ao longo das sessões, soma- va-se frosting grau II. Em todas as pacientes, visualizou-se frosting grau II, que durava em média 5 minutos, coincidindo com a segunda aplicação. Essas pacientes evoluíram com discreto edema, restrito à região aplicada, e eritema de duração média de cinco dias. No segundo dia, inicia-se formação de crosta fina, discretamente acastanhada, que começa a descamar, no máximo, até o sétimo dia após o procedimento. Finalizados os cinco peelings seriados na pálpebra inferior,tanto o médico aplicador quanto as pacientes atribuíram notas de 0 (ausência de melhora) a 10 (melhora total) correspondendo ao grau de satisfação com a resposta clínica obtida.Além disso, um derma- tologista da equipe (médico avaliador-cego),que não participou da
  • 4. Surg Cosmet Dermatol. 2010;2(1):29-33. Peeling de acido tioglicólico em olheiras 31 pesquisa, avaliou as fotografias dos períodos pré e pós-peeling, sem saber qual era a pré e qual era a pós-peeling, pontuando o resultado da foto que julgava ser a posterior entre 0 (ausência de melhora) e 10 (melhora total).Esses resultados,assim,como os dados demográ- ficos das pacientes, encontram-se na tabela 1. Em média, as notas clínicas dadas pelo médico aplicador, pelas pacientes e pelo médico avaliador-cego à resposta clínica obtida pelo tratamento foram 7,6,7,8 e 6,8,respectivamente (Gráfico 1, Tabela 2), sem diferenças estatisticamente significantes entre elas (p=0,065;pelo Teste de Friedman,que avalia dados pareados). Ao final do tratamento, o médico avaliador-cego conseguiu perceber melhora clínica em todas as pacientes, ou seja, detectar as fotografias pré e pós-tratamento. DISCUSSÃO As “olheiras” representam queixa comum e muito estigmati- zante.1 Várias são os fatores que a determinam, porém a hipercro- mia, secundária ao depósito de ferro, talvez seja uma das mais importantes. Acredita-se que ocorra hipercromia cutânea em decorrência do depósito de hemossiderina,posto que é resultado de transformação biogênica do grupamento heme da hemoglobina, quando há extravasamento sanguíneo dérmico; nesse momento, há liberação do íon ferro desse grupamento, acarretando formação de radicais livres que,por conseguinte,estimulam o melanócito,geran- do pigmentação melânica associada.7 Insônia e cansaço persistentes atuam, sem dúvida alguma, na piora desse processo, através da esta- se dos vasos sanguíneos, levando à mudança de cor na região.1-6 O ácido tioglicólico é um dos representantes da classe dos tioglicolatos, cujas substâncias são, há muito tempo, utilizadas na indústria cosmética, como, por exemplo, depilatórios corporais, alisantes e colorantes capilares.8 As substâncias da classe dos tio- glicolatos podem manifestar capacidade de irritação e sensibili- zação cutâneas.7 Em ratos, provou-se que, seguramente, essas substâncias não apresentam perfil mutagênico, carcinogênico, embriogênico e tóxico até a dose 100mg/kg/dia.8 Seguramente, o uso tópico cosmético ocasional do ácido tioglicólico pode chegar à concentração máxima de 15,4%.8 O tioglicólico é um ácido orgânico.8 Na prática clínica habi- tual dos autores, na abordagem da hipercromia constitucional periocular, é empregado como agente de peeling químico, a 10%, em gel, mostrando-se excelente adjuvante terapêutico para a abor- dagem dessa dermatose. Como visto neste artigo e coincidente com dados da literatura,sua aplicação cutânea causa leve desconfor- to,associado a discreto eritema,com leve ou transitória descamação e rara sensibilização. Se, porventura, cair na conjuntiva ocular, ela deve ser lavada vigorosamente,conforme orientação já estabelecida para os produtos cosméticos que o incluem em suas fórmulas, pois ele é considerado composto de baixa toxicidade ocular.7,8 Neste estudo, a média de idade das voluntários foi de 35,3 anos.Evidenciou-se que 100% das pacientes tiveram algum grau de satisfação clínica com a aplicação seriada (peeling químico) de ácido tioglicólico 10% para a abordagem de tal hipercromia.A nota média aritmética de satisfação pessoal foi de 7,8 (escala de 0-10), estatisti- camente igual às atribuídas pelo médico aplicador (7,6) e pelo médico avaliador-cego (6,8) (Gráfico 1). Os resultados clínicos são evidentes e importantes (Figura 1).Tais benefícios cutâneos são possíveis graças à grande capaci- dade quelante de ferro que seu grupo tiólico possui, o qual, Número da Iniciais Idade (anos) Fototipo Satisfação clínica Satisfação clínica Avaliação pelo paciente pelo Médico Aplicador pelas Pacientes Médico Avaliador-Cego 1 ESS 32 IV 8 7 8 2 AH 24 II 8 8 8 3 CIDR 47 II 8 9 8 4 VLM 29 II 8 8 6 5 RF 26 I 8 6 5 6 VSA 25 III 7 7 6 7 AC 34 III 7 9 6 8 CP 51 II 7 9 7 9 MGA 50 IV 7 7 7 10 EW 57 IV 8 8 7 Tabela 1 - Resumo dos dados demográficos das pacientes, notas de satisfação clínica do médico aplicador e das pacientes, avaliação clínica pelo médico avaliador-cego, após o tratamento com peeling de ácido tioglicólico 10% em hipercromia constitucional periorbicular Gráfico 1: Comparação das satisfações clínicas dadas pele médico aplicador, pelas pacientes e pelo médico avaliador-cego
  • 5. Surg Cosmet Dermatol. 2010;2(1):29-33. 32 Costa A,Basile AVD,Medeiros VLS,Moisés TA,Ota FS,Palandi JAC mesmo em uso sistêmico, mostra, em animais, capacidade de impedir depósito esplênico de ferro, bem como importante capacidade antioxidante.9-11 A análise das fotos pelo médico avaliador-cego confirmou a eficácia da série de peelings de ácido tioglicólico 10%, posto que evidenciou a melhora mesmo para profissional que não par- ticipara das sessões. Na literatura científica, não existem relatos de casos do bene- fício clínico do uso de peelings seriados de ácido tioglicólico 10% na abordagem da hipercromia residual peri-orbicluar.Este artigo cien- tífico é o primeiro nesse sentido,mostrando que essa proposta tera- pêutica pode ser útil no tratamento dessa discromia,além de o ácido tioglicólio ser produto seguro e eficiente, de ação rápida e baixo custo, recomendável, portanto, na abordagem das discromias hemossideróticas.7,11 Pela resposta clínica estética obtida de pacientes que fazem uso do programa seriado de peelings de ácido tioglicólico a 10%,supõe- se que essa substância causa injúria na epiderme, removendo o excesso de pigmento aí depositado.Além disso,por se tratar de pele extremamente fina,o dano causado é controlado e seguido de libe- ração de citocinas e mediadores inflamatórios capazes de propor- cionar espessamento da epiderme, depósito de colágeno, reorgani- zação dos elementos estruturais e aumento do volume dérmico. Como consequências prováveis incluem-se a atenuação do som- breamento decorrente de flacidez e excesso cutâneos e a diminui- ção da atrofia da pele que torna o plexo vascular superficial visível. A soma desses resultados clínicos observados não só diminui a hipercromia, mas, também, como visto na figura 1, determina melhora significativa no aspecto cosmético da região, com redução de linhas finas e da atrofia cutânea (aspecto de papel de cigarro). CONCLUSÃO Os peelings seriados e progressivos de ácido tioglicólico 10% apresentam-se como ferramenta terapêutica segura, efi- ciente e de baixo custo no tratamento da hipercromia periorbi- cular constitucional.Não há a pretensão de ser tratamento único e milagroso para essa dermatose, pois outras terapêuticas, sem dúvida alguma, são de suma importância e talvez se possam aliar visando a melhora clínica ainda mais interessante. Cabe lembrar, também, que mudanças de hábitos de vida dos pacientes, tais como boa alimentação, evitar o tabagismo, praticar atividades físicas e dormir o suficiente, ainda têm seu papel nas orientações do dermatologista no momento da proposição de qualquer plano terapêutico para esses pacientes. Pré-Peeling Pós-Peeling (5 sessões) Figura 1: Fotos de uma das pacientes referentes aos períodos pré e pós- peeling de ácido tioglicólico 10% em hipercromia constitucional periorbicular Descritiva Idade (anos) Satisfação Médico Aplicador Pacientes Avaliador - Cego Média 35,3 7,6 7,8 6,8 Mediana 32 8 8 7 Desvio Padrão 11,0 0,5 1,1 1,1 Coeficiente de 31% 7% 14% 16% Variação 1o Quartil (Q1) 26 7 7 6 3o Quartil (Q3) 47 8 9 8 Dado Mínimo 24 7 6 5 Dado Máximo 51 8 9 8 N. 10 10 10 10 Intervalo de 7,2 0,3 0,7 0,7 Confiança (IC) Tabela 2 - Inferências estatísticas aplicadas nos dados expostos na TABELA 1 (idade das pacientes, nota de satisfação do Médico Aplicador, das Pacientes do Médico Avaliador-Cego)
  • 6. Surg Cosmet Dermatol. 2010;2(1):29-33. Peeling de acido tioglicólico em olheiras 33 REFERÊNCIAS 1. Malakar S, Lahiri K, Banerjee U, Mondal S, Sarangi S. Periorbital melanosis is an extension of pigmentary demarcation line-F on face. Indian J Dermatol Venereol Leprol. 2007;73(5):323-5. 2. Sampaio S,Rivitti E.Dermatologia.3 ed.Artes Médicas:São Paulo;2007. 3. Lowe NJ,Wieder JM, Shorr N, Boxrud C, Saucer D, Chalet M.Infraorbital pigmented skin. Preliminary observations of laser therapy. Dermatol Surg. 1995; 21(9):767-70. 4. West TB, Alster TS. Improvement of infraorbital hyperpigmentation following carbon dioxide laser resurfacing. Dermatol Surg. 1998;24(6):615-6. 5. Mitsuishi T, Shimoda T, Mitsui Y, Kuriyama Y, Kawana S. The effects of topical application of phytonadione, retinol and vitamins C and E on infraorbital dark circles and wrinkles of the lower eyelids. J Cosmet Dermatol.2004;3(2):73-5. 6. Khunger N; IADVL Task Force.Standard guidelines of care for chemical peels. Indian J Dermatol Venereol Leprol. 2008;74 (Suppl):S5-12. 7. TulliR, Izzo M. El papel del ácido tioglicólico em las pigmentaciones férricas. Rev Panam Flobol Linfol. 2001;41(2):57-63. 8. Burnett CL,Bergfeld WF,Belsito DV,Klaassen CD,Marks JG Jr,Shank RC, et al. Final amended report on the safety assessment of Ammonium Thioglycolate, Butyl Thioglycolate, Calcium Thioglycolate, Ethanolamine Thioglycolate, Ethyl Thioglycolate, Glyceryl Thioglycolate, Isooctyl Thioglycolate, Isopropyl Thioglycolate, Magnesium Thioglycolate, Methyl Thioglycolate, Potassium Thioglycolate, Sodium Thioglycolate, and Thioglycolic Acid. Int J Toxicol. 2009;28(4 Suppl):68-133. 9. Joo MS, Tourillon G, Sayers DE, Theil EC. Rapid reduction in horse spleen ferritin by thyoglicolic acid. Bio Met. 1990;3(3-4):171-5. 10. Hoffman U, Eichelbaum M, Seefried S, Meese CO. Identification of thyoglicolic acid, thiodiglycolic acid sulfoxide, and (3-carboxymethylthio) lactic acid as major human biotransformation products of S-carboxymethyl-L-cysteine. Drug Metabol Dispos. 1991;19(1):22-6. 11. Goldman N, Neto B, Goldman K. Tratamento das Hiperpigmentações de Membros Inferiores Desencadeadas pela Insuficiência Venosa com o Uso de Ácido Tioglicólico. [acesso 05 jun 2009]. Disponível em: www.sbme.org.br/portal/download/revista/14/04_Tratamento_das_ Hiperpigmentacoes.pdf