SlideShare uma empresa Scribd logo
O Islamismo
                                                            Texto da Revista Superinteressante


            “A expansão do Islão e as relações dos muçulmanos com outros povos do planeta, ao
    longo de catorze séculos, constituem um dos grandes acontecimentos da história universal. O
      modelo de existência proposto pelo Islão, é um dos caminhosprincipais que a humanidade
    seguiu para viver a sua existência. São fatos que, por si sós, deveriam exigir a nossa atenção”.
          In. Robinson Francis e Peter Brown. O Mundo islamita. Edições del Prado. pág 12.



                                                                     A     cidade
                              península arábica era no     mais importante da
                      início da Idade Média, uma região    região era Meca. Não
                      relativamente isolada do restante    apenas era um posto de
                      do Oriente. Região desértica, com    abastecimento de água
                      2,6 milhões de quilômetros qua-      para as caravanas, co-
                      drados, permaneceu a salvo dos       mo estava situada nu-
conquistadores romanos, graças, exatamente, à sua          ma encruzilhada de
situação geográfica — isolada ao norte pelo mar            caminhos que levavam
Mediterrâneo, ao sul, pelo oceano Índico e a oeste,        ao Egito, à Síria e à
pelo mar Vermelho. Nas regiões à beira-mar, no sul         Mesopotâmia. Não
(onde hoje ficam os dois Iêmen), vicejaram algumas         muito longe, também,
civilizações. O mais conhecido dos reinos foi o de Sabá;   ficava o porto de Daje-
escavações recentes mostram vestígios de palácios          dda, no mar Vermelho.
monumentais e estátuas na cidade de Marib — capital        Mas não era só isso
do reino.                                                  que fazia Meca impor-
                                             No resto      tante. No século V, os
                                    da península, viviam   coraixitas — uma das
                                    os sarracenos —        grandes tribos da parte
                                    beduínos nômades,      norte da península
                                    de origem semítica,    Arábica, dominaram a
                                    com a pele branca,     cidade.
                                    mas tostada do sol.              Daí em diante
                                    Sua forma de orga-     Meca se tornou um grande centro de pere-grinação    No início do
                                    nização social se      religiosa: ali estava a Caaba (cubo), um edifício   século VII, quando
                                    baseava nas tribos,                                                        Maomé vivia em
                                                           retangular, de pedra, com 15 me-tros de altura.     Meca como
                                    onde conviviam os
                                                                                                               comerciante, a
                                    clãs. Aldeias com                                                          cidade era
                                    casas de barro se                                                          pequena, mas
                                    erguiam em torno                                                           apinhada, com
                                                                                                               cerca de 3 mil
dos oásis, separados entre si por longas distâncias. Em      “Ó VOS QUE CREDES! TEMEI A DEUS!                  habitantes, a
princípio, não havia propriedade individual: os rebanhos     MEDITE CADA ALMA NO QUE FEZ PELA                  maioria vivendo
e as raras pastagens eram coletivas. Mas isso não            MANHÃ!                                            num conjunto de
impedia que alguns clãs fossem mais ricos que outros,        TEMEI A DEUS! DEUSESTÁ BEM INFOR-                 casas de teto
                                                                                                               plano, feitas de
em função das pilhagens — uma prática comum — ou             MADO DO QUE FAZEIS.                               pedra e tijolos de
de operações comerciais. No início do século VI, os                                  ALCORÃO                   barro.
bizantinos e os persas começaram a disputar a rota da
seda, que passava pelo corredor que ligava a Síria à
Palestina. A península Arábica tornou-se por isso um
caminho mais seguro para o comércio.
Num dos ângulos, a famosa Pedra Negra,                       Indiferente à profecia, o rapaz continuou sua
                      segundo a tradição árabe trazida pelo anjo Gabriel —         vida e, aos 20 anos, passou a trabalhar para uma viúva
                      provavelmente um me-teorito. Mas, além das divindades        rica de Meca, Kadidja. Ela era, certamente, uma mulher
                      árabes, ha-via na Caaba outros ídolos, de diferentes         fora do comum. Ao contrário do costume árabe, que
                      tribos e religiões. Quando Maomé nasceu — não se             condenava as viúvas a se colocar sob a tutela de um
                      sabe bem se em 569 ou 570 ou 571 —, Meca deixara             parente homem e a viver de luto, ela continuou à frente
                      de ser um mero posto de passagem para se transformar         dos negócios do marido, aumentando o patrimônio
                      num próspero centro comercial. O certo é que o menino        herdado. Mas tudo indica que, embora rica, ela não
                      nasceu órfão de pai.                                         pertencia a um clã que tivesse boa posição na tribo
                                Três dias depois do casamento, o pai de            dos coraixitas.
                      Maomé partira em viagem de negócios e morrera em
                      Medina, então chamada Yatreb. Dois meses depois de
                      sua morte, a viúva, dava à luz Mohammed (o Louvado),               NÃO SEJAIS COMO OS QUE, TENDO
                      um nome incomum, na época.
        O Islamismo




                                                                                               ESQUECIDO A DEUS,
                                Como era tradição, o menino foi criado por              ESTE OS ESQUECEU A ELES MESMOS:
                      uma ama e cresceu guardando rebanhos nas regiões                      ESTES SÃO OS PERVERSOS.
                      montanhosas. Quando tinha sete anos, a mãe morreu e                                        ALCORÃO
                      o avô paterno, o adotou. Mas a perda das pessoas mais
                      próximas parece ter sido uma constante na vida do
                      menino. Dois anos depois, o avô também morreu e ele
                                                      passou aos cuidados do
                                                      tio, um experiente con-                Já Maomé, embora pobre, era trabalhador
                                                      dutor de caravanas.          respeitado e saído de um clã da tribo dominante em
                                                                Aos 12 anos, o     Meca. Numa mistura de amor e cálculo, os dois se
                                                      menino fez sua primeira      casaram. Maomé tinha 25 anos e Kadidja, 40. Apesar
                                                      viagem ao lado do tio.       da diferença de idade, o casamento foi feliz — tanto
                                                      Foi até Bosra, na Síria —    que Maomé, enquanto Kadidja viveu, só teve a ela
                                                      e, segundo os relatos,       como mulher, embora a tradição árabe permitisse que
                                                      nessa viagem os dois         ele tivesse tantas mulheres quantas pudesse sustentar.
                                                      encontraram um monge,
                                                      de nome Bahira, que          NO INÍCIO ELE PENSOU QUE
                                                      predisse a missão pro-
                                                      fética de Maomé. “Volta
                                                                                   ESTAVA ENLOUQUECENDO
                                                      com teu sobrinho para
                                                      teu país e protege-o dos              Com o casamento, Maomé passou a desfrutar
                                                      judeus”, teria dito Bahira   uma situação econômica invejável. Podia viajar à frente
                                                      ao tio de Maomé. “Se         das caravanas da mulher, conhecendo terras, pessoas
                                                      eles chegarem a vê-lo e      e novos costumes. “Foi certamente nessas viagens que
                                                      dele souberem o que eu       ele teve despertado o interesse religioso”, interpreta
                      sei, tentarão prejudicá-lo”. Os judeus estavam fixados       Rogério Ribas, professor de História Medieval do
A Caaba em                                                                         Oriente, da Universidade Federal Fluminense. “É
Meca, na época        em vá-rias colônias da península, com sua religião antiga
                      e monoteísta.                                                mesmo possível que ele fosse um membro de um grupo
de Maomé
                                                                                   contrário à idolatria que existia em Meca”.



    O Tempo da História



                      476       ROMA               610                                    622                           630

                                                   MAOMÉ - O Profeta de Alá               Hégira                        Retorno
                                                                                                                        de Maomé
           ARÁBIA                                  Religião                               . Fuga de                     a Meca
                                                                                          Meca para
   . Deserto e Oásis                               . Revelada                             Medina                        . Unificação
   . Economia agro-pastoril                        . Monoteísta                                                         política e
   . Atividade comercial - beduínos                . Espiritual                           . Início do                   religiosa
   . Religião politeísta                                                                  calendário
                                                                                          islâmico
Além disso, con-                                                                          Mas, em 619,
ta o professor, “a idéia de                                                                com a sua morte, ele
um deus único não era                                                                      começou a correr riscos.
novidade na região, onde                                                                   É que o sucessor do tio
existiam comunidades de                                                                  na liderança do clã foi Abu
judeus e de cristãos”.                                                                   Lahab — um de-clarado
          Maomé beirava os                                                               adversário do profeta.
40 anos quando, durante o
Ramadã, o mês de pere-
grinação a Meca e à Caaba,                                                               EM MEDINA,
subiu com a família ao Monte                                                             ALIOU RELIGIÃO
Hirã, para o retiro tradicional.
Conta-se que, certa noite, ele
                                                                                         E POLÍTICA
dormia numa gruta quando




                                                                                                                         O Islamismo
uma figura misteriosa, se-                                                                        As ameaças obri-
gurando um rolo de pano                                                                 garam Maomé a procurar
coberto de sinais, ordenou:                                                             outra cidade onde morar e
“Lê!” “Não sei ler”, res-                                                               recebeu um convite formal
pondeu Maomé. “Lê”, repe-                                                               de mercadores de Medina
tiu duas vezes a figura, en-                                                            para se instalar ali, cerca de
quanto quase sufocava                                                                   300 quilômetros ao norte
Maomé, enrolando o pano em                                                              de Meca. Maomé seguiu
torno de seu pescoço.                                                                          para lá no ano de
           O homem, que                                                                        622, com cerca de
era analfabeto, leu. Ao                                                                        trezentos adeptos.
acordar, saiu da gruta e, no               Glória ao meus Deus,                                Essa migração (hijra,
                                                                                               em árabe, ou Hégira)
alto, viu um anjo que lhe
dizia: “Maomé, és o men-
                                              o Omnipotente                                    de Meca para Medi-
sageiro de Alá e eu sou                                                                        na marca uma virada
Gabriel”. Apavorado,                                                                           de Maomé e uma
pensando estar possuído                                                                        revolução no Islã. A
por um djin — um espírito, para os árabes —, correu                                            data foi adotada,
até onde estava Kadidja, em busca de socorro. Ela o        corretamente, como o ponto de partida de calendário
consolou e desde o começo acreditou na missão do           muçul-mano. Do simples cidadão que era em Meca,
marido.                                                    Maomé tornou-se, em Medina, o chefe supremo da
          Mas, para Maomé, a convicção não veio tão        comunidade. Foi a partir, daí também, que mudou o
fácil. Após a primeira revelação, viriam outras. Ele       teor das revelações. Enquanto esteve em Meca, Maomé
pressentia a chegada dos êxtases porque era assaltado      pregou a existência de um só Deus e a ele submissão
por fortes suores e zumbido nos ouvidos. Muitas vezes,     total (Islã em árabe). Em Medina, as revelações
chegava a desmaiar. No início, Maomé pensou que            assumiram caráter mais objetivo, com normas de
estava enlouquecendo e a idéia do suicídio passou,         organização social e política. Foram, concretamente, as
diversas vezes, por sua cabeça. Mas, aos poucos,           regras básicas para a formação de um Estado
convenceu-se de que era um profeta.                        muçulmano (o termo muçulmano vem do árabe muslim,
          Nos três anos que se seguiram à primeira         que significa submisso).
revelação, a missão ficou reservada à mulher, ao filho               “A ida para Medina deu condições para que as
adotivo e aos parentes mais próximos. Até que o anjo       propostas de Maomé deixassem de ter um caráter apenas
deu-lhe ordem de pregar aos árabes. E o principal tema     religioso e passassem a ter um caráter político”, ensina
da pregação era, exatamente, a existência de um só         o professor Ribas. “Maomé queria formar uma sociedade
deus, Alá.                                                 poderosa, que lhe permitisse expandir a ‘revelação’. Os
          Na fase final, Maomé não se considerava          judeus de Medina perceberam o projeto político de
fundador de uma nova religião. Menos ainda tinha           Maomé e o que era uma questão religiosa passou a ser
intenção de criar a partir dela um Estado árabe. Nessa     uma luta de poder”.
época, ele achava que era apenas uma pessoa que                      O profeta terminou massacrando os judeus e
recebera a missão e mesmo não tendo muitos                 iniciou também o Jihad, a guerra santa de conquista de
seguidores, atraiu a oposição dos governantes de Meca.     Meca, considerada a cidade sagrada do Islã. As
“Não só Maomé atacava as crenças tradicionais como         caravanas que saíam ou se dirigiam a Meca eram
ameaçava os lucros que a cidade tirava da peregrinação     assaltadas em nome de Alá. A lei do profeta, nesses
anual feita à Caaba”, explica o professor Rogério Ribas.   casos, era simples e clara: quatro quintos do butim iam
Enquanto o tio viveu, Maomé foi protegido da oposição      para a comunidade (a imam) e outro quinto, para o
dos coraixitas.                                            profeta — que mais tarde será o Estado.
Após vários anos de lutas, na primavera de                  Em casa, era um marido exemplar: dividia
                    628 Maomé sentiu-se suficientemente forte para               escrupulosamente as noites entre as mulheres, fazia
                    atacar Meca. No caminho, porém, ele percebeu que             compras nos mercados, varria o chão e, muitas vezes,
                    a tentativa não daria certo e transformou a incursão         era flagrado remendando suas roupas, na entrada da
                    numa peregrinação pacífica. Mas o coraixitas,                casa. Em fins de maio de 632, ficou doente. Tinha
                    temerosos, terminaram assinando um armistício de             febre e constantes dores de cabeça.
                    dez anos. O acordo, porém, não foi respeitado pelo
                    profeta. Em 630, ele marchou sobre Meca com 10
                    mil homens e tomou a cidade sem enfrentar
                    resistência. Maomé concedeu anistia a todos os
                    inimigos, destruiu os ídolos da Caaba, respeitando a
                    Pedra Negra. Em seguida, proclamou Meca cidade
                    santa do Islã. Estavam firmemente assentadas as bases
                    do novo Estado teocrático.
      O Islamismo




                              Nessa época, Maomé tinha 60 anos e viveria
                                                                                        “Um homem sem irmão é como
                    apenas mais dois. A essa altura, ele tinha grande harém      a mão esquerda sem a direita”. Alcorão
                    — iniciado depois da morte da mulher Kadidja.
                    Segundo Aisha, sua mulher preferida, filha do amigo                        Durante quinze dias, não saiu da cama. Em
                    e sucessor Abu-Bekr, Maomé sempre dizia que havia               4 de junho, mesmo doente, levantou-se e foi à
                                            três delícias no mundo: as              mesquita orar. Quando chegou, a oração do alvorecer
                                            belas mulheres, os bons                 já havia começado. O celebrante (iman) era seu sogro,
                                            perfumes e, naturalmente, as            Abu-Bekr. Ao perceber a presença de Maomé, ele
                                            preces.                                 recuou para que o profeta assumisse o seu posto. Mas
                                                      Além das várias               Maomé suavemente empurrou-o à frente, mandando
                                            mulheres, o profeta não tinha           que continuasse a celebração. Era a designação do
                                            luxos. Não admitia bebidas              sucessor. De volta a casa, Maomé entrou em agonia e
                                            alcoólicas — proibidas aos              a sete de junho morreu no colo de Aisha. O jovem
                                            muçulmanos — não comia                  órfão havia deixado uma vasta obra — não apenas
                                            carne de porco e se alimentava          uma nova religião, como também um livro de
                                            quase sempre de mel, leite,             revelações que se transformou no guia do com-
                                            pão e tâmaras.                          portamento de milhões de pessoas. Mais ainda:
                                                                                                                           Maomé havia
                                                                                                                           criado uma
                                                                                                                           vasta comu-
                                                Após a morte de Maomé, os califas que ganharam o controle do
                                                                                                                           nidade e um
                                                mundo muçulmano, empunharam a espada do Islamismo contra os
                                                infiéis, do rio Indo ao estreito de Gibraltar. O principal trunfo que      Estado árabe.
                                                levaram para a guerra eram os nômades montados, que adaptaram
                                                a tática de ataques-relâmpagos do deserto para as grandes
                                                campanhas




               SOB O GOVERNO DO CORÃO

           O Islamismo é uma religião revelada e seus seguidores proclamam sua obediência a um único Deus. A frase ‘Não há outro
Deus além de Alá e Maomé é o seu profeta” é a base de tudo. As revelações de Maomé são chamadas em árabe quran, ou seja,
declamação, recitação. Daí o nome Corão ou Alcorão (Al Quran), o livro sagrado dos muçulmanos. Nele estão as regras que
governam a vida de 840 milhões de pessoas em todo o mundo. O Corão é dividido em 114 suras, ou capítulos, de tamanhos variados.
Cada sura, por sua vez, se subdivide em versículos, num total de 6.211. Mas ao contrário dos outros livros sagrados − como a Bíblia
dos cristãos ou a Torá dos judeus − o Corão não dispõe de nenhuma ordem, sequer cronológica. Sucessivas revelações, em
circunstâncias e tempos diversos, formam um conjunto fragmentado. Mas esse desordenadamento não impede que o livro seja a
fonte primária e fundamental de todas as atividades do cotidiano dos muçulmanos.
           Desde pequena, a criança muçulmana começa a decorar o Corão. No dia-a-dia, o livro é recitado na porta das mesquitas
e nas cinco orações diárias. É no Corão que os seguidores de Maomé vão buscar conselhos para as mais elementares questões como
a maneira de se vestir ou de receber um convidado em casa. Além do Corão, existem duas outras fontes de “revelação” feitas por
Alá: a sunna, ou tradição, que é o relato da vida, da palavra e das ações de Maomé, e os hadits, a narração oral ou escrita, dos feitos
e ditos do profeta e que confirmam a sunna. Ao contrário de outras religiões que impõem uma série de obrigações aos seguidores,
o Islã exige o cumprimento de apenas seis preceitos, que são conhecidos como “os pilares do Islã”: crer em um único Deus, Alá; orar
cinco vezes ao dia, com a cabeça voltada em direção a Meca; praticar a caridade; jejuar no Ramadã; orar em comum ao meio-dia
da sexta-feira e fazer a peregrinação à cidade santa ao menos uma vez na vida.
Para você saber mais




          O caráter da cultura e da sociedade islâmicas




                                                                                                           O Islamismo
                                                                             tolerância para com
                                                      grande mobilidade         outras religiões.
                                                    geográfica. Ademais,       Como já dissemos
                                                     os ensinamentos de              era raro
                                                   Maomé estimulavam a             procurarem
                                                  mobilidade social, pois          conversões
                                                      o Corão pregava a          forçadas, e em
                                                   igualdade de todos os        geral permitiam
                                                         muçulmanos.            espaço dentro de seus próprios
                                                             O resultado     estados para judeus e cristãos, que
                                                    disso foi que na corte        consideravam como “gente do
                                                     de Bagdá, e depois          livro”, porque a Bíblia era vista
                                                    nas cortes dos esta-      como precursora do Corão. Dentro
                                                       dos muçulmanos           dessa atitude de tolerância, um
                                                      descentralizados,       dos primeiros califas empregou um
                                            tinham oportunidades todas         cristão como seu principal secre-
             MAPA. EXPANSÃO ISLÂMICA
                                          as pessoas talentosas. Como          tário, os omíadas protegeram um
                                            a alfabetização era extraor-         cristão que escrevia poesia em
                                            dinariamente disseminada -         árabe e a Esparilia moura assistiu
          Para aqueles que abordam a uma estimativa aproximada para o
 história islâmica com preconceitos                                            ao maior florescimento da cultura
                                     ano 1000 é de que 20 % de todos            judaica entre a antiguidade e os
     modernos, a maior surpresa é     os homens muçulmanos sabiam
   constatar que desde a época de                                             tempos modernos. O principal fruto
                                      ler - muitos podiam subir social-         desse florescimento judaico foi a
     Maomé até pelo menos 1500,         mente através da educação.
    aproximadamente, a cultura e a                                                 obra de Moisés Maimónides
                                     Raramente os cargos eram vistos         (1135-1204), um profundo pensador
     sociedade islâmicas foram em       como hereditários e “homens
extremo cosmopolitas e dinâmicas.                                             religioso, às vezes cognominado “o
                                      novos” podiam ascender ao topo           segundo Moisés”, e que escrevia
O próprio Maomé não era um árabe      da hierarquia mediante esforço e
    do deserto, e sim um citadino e                                           tanto em hebraico corno em árabe.
                                         capacidade. Além disso, os                In. Burns, Edward McNall.
    comerciante, imbuído de ideais    muçulmanos mostravam notável
  avançados. Mais tarde, a cultura                                            História da Civilização Ocidental.
      islâmica tornou-se altamente                                                  Editora Globo. Pág. 221.
  cosmopolita por diversas razões:
herdou a sofisticação de Bizâncio e
da Pérsia; permaneceu centralizada
  nas encruzilhadas do comércio a                                                         “Labbaika! Labbaika!”
   longa distância entre o Extremo                                              gritam os peregrinos quando ao
  Oriente e o Ocidente; e porque a                                                longe vislumbram a Caaba, o
  próspera vida urbana na maioria                                             santuário central da grande mesquita
                                                                              de Meca. “Aqui estou eu (Deus), aqui
   dos territórios muçulmanos con-                                             estou eu (Deus) presente diante de
 trabalançava a agricultura. Devido                                           vós”. É o momento principal de uma
  à importância do comércio, havia                                              vida muçumlmana, o culminar de
                                                                                 anos vividos na observância do
                                                                               caminho do senhor, o momento em
                                                                                que se coroa essa longa jornada.
O Islamismo

              ANOTAÇÕES

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Coletânea de ciências 4º ano do aluno anual 2015 (1)
Coletânea de ciências 4º ano do aluno anual 2015 (1)Coletânea de ciências 4º ano do aluno anual 2015 (1)
Coletânea de ciências 4º ano do aluno anual 2015 (1)
Raquel Becker
 
A origem do dia das crianças
A origem do dia das criançasA origem do dia das crianças
A origem do dia das crianças
Atividades Diversas Cláudia
 
Atividade de-ciencias-a-agua-4º-ou-5º-ano
Atividade de-ciencias-a-agua-4º-ou-5º-anoAtividade de-ciencias-a-agua-4º-ou-5º-ano
Atividade de-ciencias-a-agua-4º-ou-5º-ano
Edilene Dutra Borges
 
Prova de português sobre texto instrucional
Prova de português sobre texto instrucionalProva de português sobre texto instrucional
Prova de português sobre texto instrucional
Atividades Diversas Cláudia
 
Alimentação saudável
Alimentação saudávelAlimentação saudável
Alimentação saudável
Debora Prado
 
Letra f 1
Letra f 1Letra f 1
DITADO COLORIDO FRASES.pdf
DITADO COLORIDO FRASES.pdfDITADO COLORIDO FRASES.pdf
DITADO COLORIDO FRASES.pdf
MariaMiranda842121
 
GENERO TEXTUAL FATURA DE ÁGUA.pdf
GENERO TEXTUAL FATURA DE ÁGUA.pdfGENERO TEXTUAL FATURA DE ÁGUA.pdf
GENERO TEXTUAL FATURA DE ÁGUA.pdf
AndrGustavo60
 
1ª p.d (ciências - 5º ano)
1ª p.d    (ciências - 5º ano)1ª p.d    (ciências - 5º ano)
1ª p.d (ciências - 5º ano)
Cidinha Paulo
 
Caça números
Caça números Caça números
Caça números
Mary Alvarenga
 
Saeb5 ano
Saeb5 anoSaeb5 ano
Saeb5 ano
Jabavigo
 
D3 (5º ano l.p.)
D3 (5º ano   l.p.)D3 (5º ano   l.p.)
D3 (5º ano l.p.)
Cidinha Paulo
 
5º ano edu. para a cidadania ativ. compl
5º ano edu. para a cidadania ativ. compl5º ano edu. para a cidadania ativ. compl
5º ano edu. para a cidadania ativ. compl
Giselda Rodrigues
 
Caça palavras - Dia Internacional da Mulher
Caça palavras -  Dia Internacional da MulherCaça palavras -  Dia Internacional da Mulher
Caça palavras - Dia Internacional da Mulher
Mary Alvarenga
 
Portugues folclore
Portugues folclorePortugues folclore
Portugues folclore
Jairtes Lima
 
Atividades para o simulado de língua portuguesa para o 4º ano.
Atividades para o simulado de língua portuguesa para o 4º ano.Atividades para o simulado de língua portuguesa para o 4º ano.
Atividades para o simulado de língua portuguesa para o 4º ano.
Cláudia Cacal
 
Vegetação do brasil
Vegetação do brasilVegetação do brasil
Vegetação do brasil
Atividades Diversas Cláudia
 
Exercício fonética e fonologia
Exercício fonética e fonologiaExercício fonética e fonologia
Exercício fonética e fonologia
NaraSomerhalder
 
De olho na dengue - Análise e entendimento do texto
De olho na dengue -   Análise e entendimento do textoDe olho na dengue -   Análise e entendimento do texto
De olho na dengue - Análise e entendimento do texto
Mary Alvarenga
 
Planeta Água.pdf
Planeta Água.pdfPlaneta Água.pdf
Planeta Água.pdf
wellington feitosa
 

Mais procurados (20)

Coletânea de ciências 4º ano do aluno anual 2015 (1)
Coletânea de ciências 4º ano do aluno anual 2015 (1)Coletânea de ciências 4º ano do aluno anual 2015 (1)
Coletânea de ciências 4º ano do aluno anual 2015 (1)
 
A origem do dia das crianças
A origem do dia das criançasA origem do dia das crianças
A origem do dia das crianças
 
Atividade de-ciencias-a-agua-4º-ou-5º-ano
Atividade de-ciencias-a-agua-4º-ou-5º-anoAtividade de-ciencias-a-agua-4º-ou-5º-ano
Atividade de-ciencias-a-agua-4º-ou-5º-ano
 
Prova de português sobre texto instrucional
Prova de português sobre texto instrucionalProva de português sobre texto instrucional
Prova de português sobre texto instrucional
 
Alimentação saudável
Alimentação saudávelAlimentação saudável
Alimentação saudável
 
Letra f 1
Letra f 1Letra f 1
Letra f 1
 
DITADO COLORIDO FRASES.pdf
DITADO COLORIDO FRASES.pdfDITADO COLORIDO FRASES.pdf
DITADO COLORIDO FRASES.pdf
 
GENERO TEXTUAL FATURA DE ÁGUA.pdf
GENERO TEXTUAL FATURA DE ÁGUA.pdfGENERO TEXTUAL FATURA DE ÁGUA.pdf
GENERO TEXTUAL FATURA DE ÁGUA.pdf
 
1ª p.d (ciências - 5º ano)
1ª p.d    (ciências - 5º ano)1ª p.d    (ciências - 5º ano)
1ª p.d (ciências - 5º ano)
 
Caça números
Caça números Caça números
Caça números
 
Saeb5 ano
Saeb5 anoSaeb5 ano
Saeb5 ano
 
D3 (5º ano l.p.)
D3 (5º ano   l.p.)D3 (5º ano   l.p.)
D3 (5º ano l.p.)
 
5º ano edu. para a cidadania ativ. compl
5º ano edu. para a cidadania ativ. compl5º ano edu. para a cidadania ativ. compl
5º ano edu. para a cidadania ativ. compl
 
Caça palavras - Dia Internacional da Mulher
Caça palavras -  Dia Internacional da MulherCaça palavras -  Dia Internacional da Mulher
Caça palavras - Dia Internacional da Mulher
 
Portugues folclore
Portugues folclorePortugues folclore
Portugues folclore
 
Atividades para o simulado de língua portuguesa para o 4º ano.
Atividades para o simulado de língua portuguesa para o 4º ano.Atividades para o simulado de língua portuguesa para o 4º ano.
Atividades para o simulado de língua portuguesa para o 4º ano.
 
Vegetação do brasil
Vegetação do brasilVegetação do brasil
Vegetação do brasil
 
Exercício fonética e fonologia
Exercício fonética e fonologiaExercício fonética e fonologia
Exercício fonética e fonologia
 
De olho na dengue - Análise e entendimento do texto
De olho na dengue -   Análise e entendimento do textoDe olho na dengue -   Análise e entendimento do texto
De olho na dengue - Análise e entendimento do texto
 
Planeta Água.pdf
Planeta Água.pdfPlaneta Água.pdf
Planeta Água.pdf
 

Destaque

Judaismo x islamismo
Judaismo x islamismoJudaismo x islamismo
Judaismo x islamismo
flaviocosac
 
Islamismo Prof Pavan Hist
Islamismo Prof Pavan HistIslamismo Prof Pavan Hist
Islamismo Prof Pavan Hist
Pre-Vestibular Sentido
 
Tradições religiosas islamismo
Tradições religiosas islamismoTradições religiosas islamismo
Tradições religiosas islamismo
iraciva
 
Ficha de trabalho as comunidades recoletoras e agro pastoris
Ficha de trabalho as comunidades recoletoras e agro pastorisFicha de trabalho as comunidades recoletoras e agro pastoris
Ficha de trabalho as comunidades recoletoras e agro pastorisBásicas ou Secundárias
 
Os muçulmanos e a reconquista
Os muçulmanos e a reconquistaOs muçulmanos e a reconquista
Os muçulmanos e a reconquista
Karina Bastos
 
Mundo.islamico
Mundo.islamicoMundo.islamico
Mundo.islamico
Scriba Digital
 
Muçulmanos 1
Muçulmanos 1Muçulmanos 1
Muçulmanos 1
Isidro Santos
 
O mundo islâmico
O mundo islâmicoO mundo islâmico
O mundo islâmico
Ramiro Bicca
 
A arábia pré islâmica - uma breve história
A arábia pré islâmica - uma breve históriaA arábia pré islâmica - uma breve história
A arábia pré islâmica - uma breve história
Gisele Finatti Baraglio
 
Islamismo
Islamismo Islamismo
Islamismo
Laís Camargo
 
Islamismo
IslamismoIslamismo
2 teste historia romanos 5ano3
2 teste historia romanos 5ano32 teste historia romanos 5ano3
2 teste historia romanos 5ano3
jaugf
 
O Islamismo
O IslamismoO Islamismo
O Islamismo
Rosário
 
Hgp 5 ano 1º
Hgp 5 ano 1ºHgp 5 ano 1º
Hgp 5 ano 1º
Ana Tapadinhas
 

Destaque (14)

Judaismo x islamismo
Judaismo x islamismoJudaismo x islamismo
Judaismo x islamismo
 
Islamismo Prof Pavan Hist
Islamismo Prof Pavan HistIslamismo Prof Pavan Hist
Islamismo Prof Pavan Hist
 
Tradições religiosas islamismo
Tradições religiosas islamismoTradições religiosas islamismo
Tradições religiosas islamismo
 
Ficha de trabalho as comunidades recoletoras e agro pastoris
Ficha de trabalho as comunidades recoletoras e agro pastorisFicha de trabalho as comunidades recoletoras e agro pastoris
Ficha de trabalho as comunidades recoletoras e agro pastoris
 
Os muçulmanos e a reconquista
Os muçulmanos e a reconquistaOs muçulmanos e a reconquista
Os muçulmanos e a reconquista
 
Mundo.islamico
Mundo.islamicoMundo.islamico
Mundo.islamico
 
Muçulmanos 1
Muçulmanos 1Muçulmanos 1
Muçulmanos 1
 
O mundo islâmico
O mundo islâmicoO mundo islâmico
O mundo islâmico
 
A arábia pré islâmica - uma breve história
A arábia pré islâmica - uma breve históriaA arábia pré islâmica - uma breve história
A arábia pré islâmica - uma breve história
 
Islamismo
Islamismo Islamismo
Islamismo
 
Islamismo
IslamismoIslamismo
Islamismo
 
2 teste historia romanos 5ano3
2 teste historia romanos 5ano32 teste historia romanos 5ano3
2 teste historia romanos 5ano3
 
O Islamismo
O IslamismoO Islamismo
O Islamismo
 
Hgp 5 ano 1º
Hgp 5 ano 1ºHgp 5 ano 1º
Hgp 5 ano 1º
 

Semelhante a O Islamismo

Origem e expansão do islamismo
Origem e expansão do islamismoOrigem e expansão do islamismo
Origem e expansão do islamismo
Thiago Oliveira
 
Os árabes
Os árabesOs árabes
Idade média (características) islamismo (1)
Idade média (características)   islamismo (1)Idade média (características)   islamismo (1)
Idade média (características) islamismo (1)
Aninha Alves
 
Mundo islãmico
Mundo islãmicoMundo islãmico
Mundo islãmico
José Gomes
 
Historia vol 3
Historia vol 3Historia vol 3
Historia vol 3
Blaunier Matheus
 
3 osmuçulmanos na pi
3 osmuçulmanos na pi3 osmuçulmanos na pi
3 osmuçulmanos na pi
R C
 
Os Muçulmanos na Península Ibérica
Os Muçulmanos na Península IbéricaOs Muçulmanos na Península Ibérica
Os Muçulmanos na Península Ibérica
HistN
 
Civilização muçulmana
Civilização muçulmanaCivilização muçulmana
Civilização muçulmana
Péricles Penuel
 
A expansão e presença islâmica no norte da África nos séculos VII e XII
A expansão e presença  islâmica no norte da África nos séculos VII e XIIA expansão e presença  islâmica no norte da África nos séculos VII e XII
A expansão e presença islâmica no norte da África nos séculos VII e XII
Portal do Vestibulando
 
7 ano ul2_islamismo
7 ano ul2_islamismo7 ano ul2_islamismo
7 ano ul2_islamismo
Bento Oliveira
 
Povos da mesopotâmia
Povos da mesopotâmiaPovos da mesopotâmia
Povos da mesopotâmia
harlissoncarvalho
 
Os árabes
Os árabesOs árabes
Os árabes
Os árabesOs árabes
Os árabes
historiando
 
Romanos monarquia e república
Romanos   monarquia e repúblicaRomanos   monarquia e república
Romanos monarquia e república
Fatima Freitas
 
A guerra fria na áfrica e no oriente médio
A guerra fria na áfrica e no oriente médioA guerra fria na áfrica e no oriente médio
A guerra fria na áfrica e no oriente médio
Nelia Salles Nantes
 
História de portugal2
História de portugal2História de portugal2
História de portugal2
JWM V.
 
διασπορα ,Um romance (cap.15)
διασπορα ,Um romance (cap.15)διασπορα ,Um romance (cap.15)
διασπορα ,Um romance (cap.15)
fernconc
 
Slide reinos africanos
Slide reinos africanosSlide reinos africanos
Slide reinos africanos
Isabel Aguiar
 
Como%20funcionava%20a%20sociedade%20no%20tempo%20de%20 jesus%201
Como%20funcionava%20a%20sociedade%20no%20tempo%20de%20 jesus%201Como%20funcionava%20a%20sociedade%20no%20tempo%20de%20 jesus%201
Como%20funcionava%20a%20sociedade%20no%20tempo%20de%20 jesus%201
Sara Silva
 
Antiguidade oriental
Antiguidade orientalAntiguidade oriental
Antiguidade oriental
Fatima Freitas
 

Semelhante a O Islamismo (20)

Origem e expansão do islamismo
Origem e expansão do islamismoOrigem e expansão do islamismo
Origem e expansão do islamismo
 
Os árabes
Os árabesOs árabes
Os árabes
 
Idade média (características) islamismo (1)
Idade média (características)   islamismo (1)Idade média (características)   islamismo (1)
Idade média (características) islamismo (1)
 
Mundo islãmico
Mundo islãmicoMundo islãmico
Mundo islãmico
 
Historia vol 3
Historia vol 3Historia vol 3
Historia vol 3
 
3 osmuçulmanos na pi
3 osmuçulmanos na pi3 osmuçulmanos na pi
3 osmuçulmanos na pi
 
Os Muçulmanos na Península Ibérica
Os Muçulmanos na Península IbéricaOs Muçulmanos na Península Ibérica
Os Muçulmanos na Península Ibérica
 
Civilização muçulmana
Civilização muçulmanaCivilização muçulmana
Civilização muçulmana
 
A expansão e presença islâmica no norte da África nos séculos VII e XII
A expansão e presença  islâmica no norte da África nos séculos VII e XIIA expansão e presença  islâmica no norte da África nos séculos VII e XII
A expansão e presença islâmica no norte da África nos séculos VII e XII
 
7 ano ul2_islamismo
7 ano ul2_islamismo7 ano ul2_islamismo
7 ano ul2_islamismo
 
Povos da mesopotâmia
Povos da mesopotâmiaPovos da mesopotâmia
Povos da mesopotâmia
 
Os árabes
Os árabesOs árabes
Os árabes
 
Os árabes
Os árabesOs árabes
Os árabes
 
Romanos monarquia e república
Romanos   monarquia e repúblicaRomanos   monarquia e república
Romanos monarquia e república
 
A guerra fria na áfrica e no oriente médio
A guerra fria na áfrica e no oriente médioA guerra fria na áfrica e no oriente médio
A guerra fria na áfrica e no oriente médio
 
História de portugal2
História de portugal2História de portugal2
História de portugal2
 
διασπορα ,Um romance (cap.15)
διασπορα ,Um romance (cap.15)διασπορα ,Um romance (cap.15)
διασπορα ,Um romance (cap.15)
 
Slide reinos africanos
Slide reinos africanosSlide reinos africanos
Slide reinos africanos
 
Como%20funcionava%20a%20sociedade%20no%20tempo%20de%20 jesus%201
Como%20funcionava%20a%20sociedade%20no%20tempo%20de%20 jesus%201Como%20funcionava%20a%20sociedade%20no%20tempo%20de%20 jesus%201
Como%20funcionava%20a%20sociedade%20no%20tempo%20de%20 jesus%201
 
Antiguidade oriental
Antiguidade orientalAntiguidade oriental
Antiguidade oriental
 

Mais de Aulas de História

Brasil Regência
Brasil RegênciaBrasil Regência
Brasil Regência
Aulas de História
 
Primeiro Reinado e Regência
Primeiro Reinado e RegênciaPrimeiro Reinado e Regência
Primeiro Reinado e Regência
Aulas de História
 
A Era do Imperialismo
A Era do ImperialismoA Era do Imperialismo
A Era do Imperialismo
Aulas de História
 
Europa Napoleônica
Europa NapoleônicaEuropa Napoleônica
Europa Napoleônica
Aulas de História
 
Independência do Brasil
Independência do BrasilIndependência do Brasil
Independência do Brasil
Aulas de História
 
Revolução Industrial
Revolução IndustrialRevolução Industrial
Revolução Industrial
Aulas de História
 
Revolução Francesa
Revolução FrancesaRevolução Francesa
Revolução Francesa
Aulas de História
 
Independência dos Estados Unidos
Independência dos Estados UnidosIndependência dos Estados Unidos
Independência dos Estados Unidos
Aulas de História
 
Conjuração baiana
Conjuração baianaConjuração baiana
Conjuração baiana
Aulas de História
 
Conjuração mineira
Conjuração mineiraConjuração mineira
Conjuração mineira
Aulas de História
 
Mineração
MineraçãoMineração
Mineração
Aulas de História
 
República Velha
República VelhaRepública Velha
República Velha
Aulas de História
 
Reforma Protestante
Reforma ProtestanteReforma Protestante
Reforma Protestante
Aulas de História
 
O Estado Moderno
O Estado ModernoO Estado Moderno
O Estado Moderno
Aulas de História
 
Monarquias Nacionais
Monarquias NacionaisMonarquias Nacionais
Monarquias Nacionais
Aulas de História
 
Renascimento Comercial
Renascimento ComercialRenascimento Comercial
Renascimento Comercial
Aulas de História
 
Feudalismo
FeudalismoFeudalismo
Feudalismo
Aulas de História
 
Segundo Reinado
Segundo ReinadoSegundo Reinado
Segundo Reinado
Aulas de História
 
Regência
RegênciaRegência
Primeiro Reinado
Primeiro ReinadoPrimeiro Reinado
Primeiro Reinado
Aulas de História
 

Mais de Aulas de História (20)

Brasil Regência
Brasil RegênciaBrasil Regência
Brasil Regência
 
Primeiro Reinado e Regência
Primeiro Reinado e RegênciaPrimeiro Reinado e Regência
Primeiro Reinado e Regência
 
A Era do Imperialismo
A Era do ImperialismoA Era do Imperialismo
A Era do Imperialismo
 
Europa Napoleônica
Europa NapoleônicaEuropa Napoleônica
Europa Napoleônica
 
Independência do Brasil
Independência do BrasilIndependência do Brasil
Independência do Brasil
 
Revolução Industrial
Revolução IndustrialRevolução Industrial
Revolução Industrial
 
Revolução Francesa
Revolução FrancesaRevolução Francesa
Revolução Francesa
 
Independência dos Estados Unidos
Independência dos Estados UnidosIndependência dos Estados Unidos
Independência dos Estados Unidos
 
Conjuração baiana
Conjuração baianaConjuração baiana
Conjuração baiana
 
Conjuração mineira
Conjuração mineiraConjuração mineira
Conjuração mineira
 
Mineração
MineraçãoMineração
Mineração
 
República Velha
República VelhaRepública Velha
República Velha
 
Reforma Protestante
Reforma ProtestanteReforma Protestante
Reforma Protestante
 
O Estado Moderno
O Estado ModernoO Estado Moderno
O Estado Moderno
 
Monarquias Nacionais
Monarquias NacionaisMonarquias Nacionais
Monarquias Nacionais
 
Renascimento Comercial
Renascimento ComercialRenascimento Comercial
Renascimento Comercial
 
Feudalismo
FeudalismoFeudalismo
Feudalismo
 
Segundo Reinado
Segundo ReinadoSegundo Reinado
Segundo Reinado
 
Regência
RegênciaRegência
Regência
 
Primeiro Reinado
Primeiro ReinadoPrimeiro Reinado
Primeiro Reinado
 

Último

3ª série HIS - PROVA PAULISTA DIA 1 - 1º BIM-24.pdf
3ª série HIS - PROVA PAULISTA DIA 1 - 1º BIM-24.pdf3ª série HIS - PROVA PAULISTA DIA 1 - 1º BIM-24.pdf
3ª série HIS - PROVA PAULISTA DIA 1 - 1º BIM-24.pdf
AdrianoMontagna1
 
planejamento maternal 2 atualizado.pdf e
planejamento maternal 2 atualizado.pdf eplanejamento maternal 2 atualizado.pdf e
planejamento maternal 2 atualizado.pdf e
HelenStefany
 
UFCD_4667_Preparação e confeção de molhos e fundos de cozinha_índice.pdf
UFCD_4667_Preparação e confeção de molhos e fundos de cozinha_índice.pdfUFCD_4667_Preparação e confeção de molhos e fundos de cozinha_índice.pdf
UFCD_4667_Preparação e confeção de molhos e fundos de cozinha_índice.pdf
Manuais Formação
 
Roteiro para análise do Livro Didático.pptx
Roteiro para análise do Livro Didático.pptxRoteiro para análise do Livro Didático.pptx
Roteiro para análise do Livro Didático.pptx
pamellaaraujo10
 
Resumo de Química 10º ano Estudo exames nacionais
Resumo de Química 10º ano Estudo exames nacionaisResumo de Química 10º ano Estudo exames nacionais
Resumo de Química 10º ano Estudo exames nacionais
beatrizsilva525654
 
O Profeta Jeremias - A Biografia de Jeremias.pptx4
O Profeta Jeremias - A Biografia de Jeremias.pptx4O Profeta Jeremias - A Biografia de Jeremias.pptx4
O Profeta Jeremias - A Biografia de Jeremias.pptx4
DouglasMoraes54
 
Cartinhas de solidariedade e esperança.pptx
Cartinhas de solidariedade e esperança.pptxCartinhas de solidariedade e esperança.pptx
Cartinhas de solidariedade e esperança.pptx
Zenir Carmen Bez Trombeta
 
A Formação da Moral Cristã na Infância - CESB - DIJ - DIEF - G. de PAIS - 16....
A Formação da Moral Cristã na Infância - CESB - DIJ - DIEF - G. de PAIS - 16....A Formação da Moral Cristã na Infância - CESB - DIJ - DIEF - G. de PAIS - 16....
A Formação da Moral Cristã na Infância - CESB - DIJ - DIEF - G. de PAIS - 16....
MarcoAurlioResende
 
said edward w - orientalismo. livro de história pdf
said edward w - orientalismo. livro de história pdfsaid edward w - orientalismo. livro de história pdf
said edward w - orientalismo. livro de história pdf
ThiagoRORISDASILVA1
 
Loteria - Adição, subtração, multiplicação e divisão.
Loteria - Adição,  subtração,  multiplicação e divisão.Loteria - Adição,  subtração,  multiplicação e divisão.
Loteria - Adição, subtração, multiplicação e divisão.
Mary Alvarenga
 
Psicologia e Sociologia - Módulo 2 – Sociedade e indivíduo.pptx
Psicologia e Sociologia - Módulo 2 – Sociedade e indivíduo.pptxPsicologia e Sociologia - Módulo 2 – Sociedade e indivíduo.pptx
Psicologia e Sociologia - Módulo 2 – Sociedade e indivíduo.pptx
TiagoLouro8
 
UFCD_10789_Metodologias de desenvolvimento de software_índice.pdf
UFCD_10789_Metodologias de desenvolvimento de software_índice.pdfUFCD_10789_Metodologias de desenvolvimento de software_índice.pdf
UFCD_10789_Metodologias de desenvolvimento de software_índice.pdf
Manuais Formação
 
Primeira fase do modernismo Mapa Mental.pdf
Primeira fase do modernismo Mapa Mental.pdfPrimeira fase do modernismo Mapa Mental.pdf
Primeira fase do modernismo Mapa Mental.pdf
Maurício Bratz
 
Como montar o mapa conceitual editado.pdf
Como montar o mapa conceitual editado.pdfComo montar o mapa conceitual editado.pdf
Como montar o mapa conceitual editado.pdf
AlineOliveira625820
 
Vivendo a Arquitetura Salesforce - 02.pptx
Vivendo a Arquitetura Salesforce - 02.pptxVivendo a Arquitetura Salesforce - 02.pptx
Vivendo a Arquitetura Salesforce - 02.pptx
Mauricio Alexandre Silva
 
Slides Lição 12, CPAD, A Bendita Esperança, A Marca do Cristão, 2Tr24.pptx
Slides Lição 12, CPAD, A Bendita Esperança, A Marca do Cristão, 2Tr24.pptxSlides Lição 12, CPAD, A Bendita Esperança, A Marca do Cristão, 2Tr24.pptx
Slides Lição 12, CPAD, A Bendita Esperança, A Marca do Cristão, 2Tr24.pptx
LuizHenriquedeAlmeid6
 
PALAVRA SECRETA - ALFABETIZAÇÃO- REFORÇO
PALAVRA SECRETA - ALFABETIZAÇÃO- REFORÇOPALAVRA SECRETA - ALFABETIZAÇÃO- REFORÇO
PALAVRA SECRETA - ALFABETIZAÇÃO- REFORÇO
ARIADNEMARTINSDACRUZ
 
CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS 9º ANO.pptx
CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS 9º ANO.pptxCLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS 9º ANO.pptx
CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS 9º ANO.pptx
Deiciane Chaves
 
O século XVII e o nascimento da pedagogia.pptx
O século XVII e o nascimento da pedagogia.pptxO século XVII e o nascimento da pedagogia.pptx
O século XVII e o nascimento da pedagogia.pptx
geiseortiz1
 
Podcast: como preparar e produzir um programa radiofônico e distribuir na int...
Podcast: como preparar e produzir um programa radiofônico e distribuir na int...Podcast: como preparar e produzir um programa radiofônico e distribuir na int...
Podcast: como preparar e produzir um programa radiofônico e distribuir na int...
Militao Ricardo
 

Último (20)

3ª série HIS - PROVA PAULISTA DIA 1 - 1º BIM-24.pdf
3ª série HIS - PROVA PAULISTA DIA 1 - 1º BIM-24.pdf3ª série HIS - PROVA PAULISTA DIA 1 - 1º BIM-24.pdf
3ª série HIS - PROVA PAULISTA DIA 1 - 1º BIM-24.pdf
 
planejamento maternal 2 atualizado.pdf e
planejamento maternal 2 atualizado.pdf eplanejamento maternal 2 atualizado.pdf e
planejamento maternal 2 atualizado.pdf e
 
UFCD_4667_Preparação e confeção de molhos e fundos de cozinha_índice.pdf
UFCD_4667_Preparação e confeção de molhos e fundos de cozinha_índice.pdfUFCD_4667_Preparação e confeção de molhos e fundos de cozinha_índice.pdf
UFCD_4667_Preparação e confeção de molhos e fundos de cozinha_índice.pdf
 
Roteiro para análise do Livro Didático.pptx
Roteiro para análise do Livro Didático.pptxRoteiro para análise do Livro Didático.pptx
Roteiro para análise do Livro Didático.pptx
 
Resumo de Química 10º ano Estudo exames nacionais
Resumo de Química 10º ano Estudo exames nacionaisResumo de Química 10º ano Estudo exames nacionais
Resumo de Química 10º ano Estudo exames nacionais
 
O Profeta Jeremias - A Biografia de Jeremias.pptx4
O Profeta Jeremias - A Biografia de Jeremias.pptx4O Profeta Jeremias - A Biografia de Jeremias.pptx4
O Profeta Jeremias - A Biografia de Jeremias.pptx4
 
Cartinhas de solidariedade e esperança.pptx
Cartinhas de solidariedade e esperança.pptxCartinhas de solidariedade e esperança.pptx
Cartinhas de solidariedade e esperança.pptx
 
A Formação da Moral Cristã na Infância - CESB - DIJ - DIEF - G. de PAIS - 16....
A Formação da Moral Cristã na Infância - CESB - DIJ - DIEF - G. de PAIS - 16....A Formação da Moral Cristã na Infância - CESB - DIJ - DIEF - G. de PAIS - 16....
A Formação da Moral Cristã na Infância - CESB - DIJ - DIEF - G. de PAIS - 16....
 
said edward w - orientalismo. livro de história pdf
said edward w - orientalismo. livro de história pdfsaid edward w - orientalismo. livro de história pdf
said edward w - orientalismo. livro de história pdf
 
Loteria - Adição, subtração, multiplicação e divisão.
Loteria - Adição,  subtração,  multiplicação e divisão.Loteria - Adição,  subtração,  multiplicação e divisão.
Loteria - Adição, subtração, multiplicação e divisão.
 
Psicologia e Sociologia - Módulo 2 – Sociedade e indivíduo.pptx
Psicologia e Sociologia - Módulo 2 – Sociedade e indivíduo.pptxPsicologia e Sociologia - Módulo 2 – Sociedade e indivíduo.pptx
Psicologia e Sociologia - Módulo 2 – Sociedade e indivíduo.pptx
 
UFCD_10789_Metodologias de desenvolvimento de software_índice.pdf
UFCD_10789_Metodologias de desenvolvimento de software_índice.pdfUFCD_10789_Metodologias de desenvolvimento de software_índice.pdf
UFCD_10789_Metodologias de desenvolvimento de software_índice.pdf
 
Primeira fase do modernismo Mapa Mental.pdf
Primeira fase do modernismo Mapa Mental.pdfPrimeira fase do modernismo Mapa Mental.pdf
Primeira fase do modernismo Mapa Mental.pdf
 
Como montar o mapa conceitual editado.pdf
Como montar o mapa conceitual editado.pdfComo montar o mapa conceitual editado.pdf
Como montar o mapa conceitual editado.pdf
 
Vivendo a Arquitetura Salesforce - 02.pptx
Vivendo a Arquitetura Salesforce - 02.pptxVivendo a Arquitetura Salesforce - 02.pptx
Vivendo a Arquitetura Salesforce - 02.pptx
 
Slides Lição 12, CPAD, A Bendita Esperança, A Marca do Cristão, 2Tr24.pptx
Slides Lição 12, CPAD, A Bendita Esperança, A Marca do Cristão, 2Tr24.pptxSlides Lição 12, CPAD, A Bendita Esperança, A Marca do Cristão, 2Tr24.pptx
Slides Lição 12, CPAD, A Bendita Esperança, A Marca do Cristão, 2Tr24.pptx
 
PALAVRA SECRETA - ALFABETIZAÇÃO- REFORÇO
PALAVRA SECRETA - ALFABETIZAÇÃO- REFORÇOPALAVRA SECRETA - ALFABETIZAÇÃO- REFORÇO
PALAVRA SECRETA - ALFABETIZAÇÃO- REFORÇO
 
CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS 9º ANO.pptx
CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS 9º ANO.pptxCLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS 9º ANO.pptx
CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS 9º ANO.pptx
 
O século XVII e o nascimento da pedagogia.pptx
O século XVII e o nascimento da pedagogia.pptxO século XVII e o nascimento da pedagogia.pptx
O século XVII e o nascimento da pedagogia.pptx
 
Podcast: como preparar e produzir um programa radiofônico e distribuir na int...
Podcast: como preparar e produzir um programa radiofônico e distribuir na int...Podcast: como preparar e produzir um programa radiofônico e distribuir na int...
Podcast: como preparar e produzir um programa radiofônico e distribuir na int...
 

O Islamismo

  • 1. O Islamismo Texto da Revista Superinteressante “A expansão do Islão e as relações dos muçulmanos com outros povos do planeta, ao longo de catorze séculos, constituem um dos grandes acontecimentos da história universal. O modelo de existência proposto pelo Islão, é um dos caminhosprincipais que a humanidade seguiu para viver a sua existência. São fatos que, por si sós, deveriam exigir a nossa atenção”. In. Robinson Francis e Peter Brown. O Mundo islamita. Edições del Prado. pág 12. A cidade península arábica era no mais importante da início da Idade Média, uma região região era Meca. Não relativamente isolada do restante apenas era um posto de do Oriente. Região desértica, com abastecimento de água 2,6 milhões de quilômetros qua- para as caravanas, co- drados, permaneceu a salvo dos mo estava situada nu- conquistadores romanos, graças, exatamente, à sua ma encruzilhada de situação geográfica — isolada ao norte pelo mar caminhos que levavam Mediterrâneo, ao sul, pelo oceano Índico e a oeste, ao Egito, à Síria e à pelo mar Vermelho. Nas regiões à beira-mar, no sul Mesopotâmia. Não (onde hoje ficam os dois Iêmen), vicejaram algumas muito longe, também, civilizações. O mais conhecido dos reinos foi o de Sabá; ficava o porto de Daje- escavações recentes mostram vestígios de palácios dda, no mar Vermelho. monumentais e estátuas na cidade de Marib — capital Mas não era só isso do reino. que fazia Meca impor- No resto tante. No século V, os da península, viviam coraixitas — uma das os sarracenos — grandes tribos da parte beduínos nômades, norte da península de origem semítica, Arábica, dominaram a com a pele branca, cidade. mas tostada do sol. Daí em diante Sua forma de orga- Meca se tornou um grande centro de pere-grinação No início do nização social se religiosa: ali estava a Caaba (cubo), um edifício século VII, quando baseava nas tribos, Maomé vivia em retangular, de pedra, com 15 me-tros de altura. Meca como onde conviviam os comerciante, a clãs. Aldeias com cidade era casas de barro se pequena, mas erguiam em torno apinhada, com cerca de 3 mil dos oásis, separados entre si por longas distâncias. Em “Ó VOS QUE CREDES! TEMEI A DEUS! habitantes, a princípio, não havia propriedade individual: os rebanhos MEDITE CADA ALMA NO QUE FEZ PELA maioria vivendo e as raras pastagens eram coletivas. Mas isso não MANHÃ! num conjunto de impedia que alguns clãs fossem mais ricos que outros, TEMEI A DEUS! DEUSESTÁ BEM INFOR- casas de teto plano, feitas de em função das pilhagens — uma prática comum — ou MADO DO QUE FAZEIS. pedra e tijolos de de operações comerciais. No início do século VI, os ALCORÃO barro. bizantinos e os persas começaram a disputar a rota da seda, que passava pelo corredor que ligava a Síria à Palestina. A península Arábica tornou-se por isso um caminho mais seguro para o comércio.
  • 2. Num dos ângulos, a famosa Pedra Negra, Indiferente à profecia, o rapaz continuou sua segundo a tradição árabe trazida pelo anjo Gabriel — vida e, aos 20 anos, passou a trabalhar para uma viúva provavelmente um me-teorito. Mas, além das divindades rica de Meca, Kadidja. Ela era, certamente, uma mulher árabes, ha-via na Caaba outros ídolos, de diferentes fora do comum. Ao contrário do costume árabe, que tribos e religiões. Quando Maomé nasceu — não se condenava as viúvas a se colocar sob a tutela de um sabe bem se em 569 ou 570 ou 571 —, Meca deixara parente homem e a viver de luto, ela continuou à frente de ser um mero posto de passagem para se transformar dos negócios do marido, aumentando o patrimônio num próspero centro comercial. O certo é que o menino herdado. Mas tudo indica que, embora rica, ela não nasceu órfão de pai. pertencia a um clã que tivesse boa posição na tribo Três dias depois do casamento, o pai de dos coraixitas. Maomé partira em viagem de negócios e morrera em Medina, então chamada Yatreb. Dois meses depois de sua morte, a viúva, dava à luz Mohammed (o Louvado), NÃO SEJAIS COMO OS QUE, TENDO um nome incomum, na época. O Islamismo ESQUECIDO A DEUS, Como era tradição, o menino foi criado por ESTE OS ESQUECEU A ELES MESMOS: uma ama e cresceu guardando rebanhos nas regiões ESTES SÃO OS PERVERSOS. montanhosas. Quando tinha sete anos, a mãe morreu e ALCORÃO o avô paterno, o adotou. Mas a perda das pessoas mais próximas parece ter sido uma constante na vida do menino. Dois anos depois, o avô também morreu e ele passou aos cuidados do tio, um experiente con- Já Maomé, embora pobre, era trabalhador dutor de caravanas. respeitado e saído de um clã da tribo dominante em Aos 12 anos, o Meca. Numa mistura de amor e cálculo, os dois se menino fez sua primeira casaram. Maomé tinha 25 anos e Kadidja, 40. Apesar viagem ao lado do tio. da diferença de idade, o casamento foi feliz — tanto Foi até Bosra, na Síria — que Maomé, enquanto Kadidja viveu, só teve a ela e, segundo os relatos, como mulher, embora a tradição árabe permitisse que nessa viagem os dois ele tivesse tantas mulheres quantas pudesse sustentar. encontraram um monge, de nome Bahira, que NO INÍCIO ELE PENSOU QUE predisse a missão pro- fética de Maomé. “Volta ESTAVA ENLOUQUECENDO com teu sobrinho para teu país e protege-o dos Com o casamento, Maomé passou a desfrutar judeus”, teria dito Bahira uma situação econômica invejável. Podia viajar à frente ao tio de Maomé. “Se das caravanas da mulher, conhecendo terras, pessoas eles chegarem a vê-lo e e novos costumes. “Foi certamente nessas viagens que dele souberem o que eu ele teve despertado o interesse religioso”, interpreta sei, tentarão prejudicá-lo”. Os judeus estavam fixados Rogério Ribas, professor de História Medieval do A Caaba em Oriente, da Universidade Federal Fluminense. “É Meca, na época em vá-rias colônias da península, com sua religião antiga e monoteísta. mesmo possível que ele fosse um membro de um grupo de Maomé contrário à idolatria que existia em Meca”. O Tempo da História 476 ROMA 610 622 630 MAOMÉ - O Profeta de Alá Hégira Retorno de Maomé ARÁBIA Religião . Fuga de a Meca Meca para . Deserto e Oásis . Revelada Medina . Unificação . Economia agro-pastoril . Monoteísta política e . Atividade comercial - beduínos . Espiritual . Início do religiosa . Religião politeísta calendário islâmico
  • 3. Além disso, con- Mas, em 619, ta o professor, “a idéia de com a sua morte, ele um deus único não era começou a correr riscos. novidade na região, onde É que o sucessor do tio existiam comunidades de na liderança do clã foi Abu judeus e de cristãos”. Lahab — um de-clarado Maomé beirava os adversário do profeta. 40 anos quando, durante o Ramadã, o mês de pere- grinação a Meca e à Caaba, EM MEDINA, subiu com a família ao Monte ALIOU RELIGIÃO Hirã, para o retiro tradicional. Conta-se que, certa noite, ele E POLÍTICA dormia numa gruta quando O Islamismo uma figura misteriosa, se- As ameaças obri- gurando um rolo de pano garam Maomé a procurar coberto de sinais, ordenou: outra cidade onde morar e “Lê!” “Não sei ler”, res- recebeu um convite formal pondeu Maomé. “Lê”, repe- de mercadores de Medina tiu duas vezes a figura, en- para se instalar ali, cerca de quanto quase sufocava 300 quilômetros ao norte Maomé, enrolando o pano em de Meca. Maomé seguiu torno de seu pescoço. para lá no ano de O homem, que 622, com cerca de era analfabeto, leu. Ao trezentos adeptos. acordar, saiu da gruta e, no Glória ao meus Deus, Essa migração (hijra, em árabe, ou Hégira) alto, viu um anjo que lhe dizia: “Maomé, és o men- o Omnipotente de Meca para Medi- sageiro de Alá e eu sou na marca uma virada Gabriel”. Apavorado, de Maomé e uma pensando estar possuído revolução no Islã. A por um djin — um espírito, para os árabes —, correu data foi adotada, até onde estava Kadidja, em busca de socorro. Ela o corretamente, como o ponto de partida de calendário consolou e desde o começo acreditou na missão do muçul-mano. Do simples cidadão que era em Meca, marido. Maomé tornou-se, em Medina, o chefe supremo da Mas, para Maomé, a convicção não veio tão comunidade. Foi a partir, daí também, que mudou o fácil. Após a primeira revelação, viriam outras. Ele teor das revelações. Enquanto esteve em Meca, Maomé pressentia a chegada dos êxtases porque era assaltado pregou a existência de um só Deus e a ele submissão por fortes suores e zumbido nos ouvidos. Muitas vezes, total (Islã em árabe). Em Medina, as revelações chegava a desmaiar. No início, Maomé pensou que assumiram caráter mais objetivo, com normas de estava enlouquecendo e a idéia do suicídio passou, organização social e política. Foram, concretamente, as diversas vezes, por sua cabeça. Mas, aos poucos, regras básicas para a formação de um Estado convenceu-se de que era um profeta. muçulmano (o termo muçulmano vem do árabe muslim, Nos três anos que se seguiram à primeira que significa submisso). revelação, a missão ficou reservada à mulher, ao filho “A ida para Medina deu condições para que as adotivo e aos parentes mais próximos. Até que o anjo propostas de Maomé deixassem de ter um caráter apenas deu-lhe ordem de pregar aos árabes. E o principal tema religioso e passassem a ter um caráter político”, ensina da pregação era, exatamente, a existência de um só o professor Ribas. “Maomé queria formar uma sociedade deus, Alá. poderosa, que lhe permitisse expandir a ‘revelação’. Os Na fase final, Maomé não se considerava judeus de Medina perceberam o projeto político de fundador de uma nova religião. Menos ainda tinha Maomé e o que era uma questão religiosa passou a ser intenção de criar a partir dela um Estado árabe. Nessa uma luta de poder”. época, ele achava que era apenas uma pessoa que O profeta terminou massacrando os judeus e recebera a missão e mesmo não tendo muitos iniciou também o Jihad, a guerra santa de conquista de seguidores, atraiu a oposição dos governantes de Meca. Meca, considerada a cidade sagrada do Islã. As “Não só Maomé atacava as crenças tradicionais como caravanas que saíam ou se dirigiam a Meca eram ameaçava os lucros que a cidade tirava da peregrinação assaltadas em nome de Alá. A lei do profeta, nesses anual feita à Caaba”, explica o professor Rogério Ribas. casos, era simples e clara: quatro quintos do butim iam Enquanto o tio viveu, Maomé foi protegido da oposição para a comunidade (a imam) e outro quinto, para o dos coraixitas. profeta — que mais tarde será o Estado.
  • 4. Após vários anos de lutas, na primavera de Em casa, era um marido exemplar: dividia 628 Maomé sentiu-se suficientemente forte para escrupulosamente as noites entre as mulheres, fazia atacar Meca. No caminho, porém, ele percebeu que compras nos mercados, varria o chão e, muitas vezes, a tentativa não daria certo e transformou a incursão era flagrado remendando suas roupas, na entrada da numa peregrinação pacífica. Mas o coraixitas, casa. Em fins de maio de 632, ficou doente. Tinha temerosos, terminaram assinando um armistício de febre e constantes dores de cabeça. dez anos. O acordo, porém, não foi respeitado pelo profeta. Em 630, ele marchou sobre Meca com 10 mil homens e tomou a cidade sem enfrentar resistência. Maomé concedeu anistia a todos os inimigos, destruiu os ídolos da Caaba, respeitando a Pedra Negra. Em seguida, proclamou Meca cidade santa do Islã. Estavam firmemente assentadas as bases do novo Estado teocrático. O Islamismo Nessa época, Maomé tinha 60 anos e viveria “Um homem sem irmão é como apenas mais dois. A essa altura, ele tinha grande harém a mão esquerda sem a direita”. Alcorão — iniciado depois da morte da mulher Kadidja. Segundo Aisha, sua mulher preferida, filha do amigo Durante quinze dias, não saiu da cama. Em e sucessor Abu-Bekr, Maomé sempre dizia que havia 4 de junho, mesmo doente, levantou-se e foi à três delícias no mundo: as mesquita orar. Quando chegou, a oração do alvorecer belas mulheres, os bons já havia começado. O celebrante (iman) era seu sogro, perfumes e, naturalmente, as Abu-Bekr. Ao perceber a presença de Maomé, ele preces. recuou para que o profeta assumisse o seu posto. Mas Além das várias Maomé suavemente empurrou-o à frente, mandando mulheres, o profeta não tinha que continuasse a celebração. Era a designação do luxos. Não admitia bebidas sucessor. De volta a casa, Maomé entrou em agonia e alcoólicas — proibidas aos a sete de junho morreu no colo de Aisha. O jovem muçulmanos — não comia órfão havia deixado uma vasta obra — não apenas carne de porco e se alimentava uma nova religião, como também um livro de quase sempre de mel, leite, revelações que se transformou no guia do com- pão e tâmaras. portamento de milhões de pessoas. Mais ainda: Maomé havia criado uma vasta comu- Após a morte de Maomé, os califas que ganharam o controle do nidade e um mundo muçulmano, empunharam a espada do Islamismo contra os infiéis, do rio Indo ao estreito de Gibraltar. O principal trunfo que Estado árabe. levaram para a guerra eram os nômades montados, que adaptaram a tática de ataques-relâmpagos do deserto para as grandes campanhas SOB O GOVERNO DO CORÃO O Islamismo é uma religião revelada e seus seguidores proclamam sua obediência a um único Deus. A frase ‘Não há outro Deus além de Alá e Maomé é o seu profeta” é a base de tudo. As revelações de Maomé são chamadas em árabe quran, ou seja, declamação, recitação. Daí o nome Corão ou Alcorão (Al Quran), o livro sagrado dos muçulmanos. Nele estão as regras que governam a vida de 840 milhões de pessoas em todo o mundo. O Corão é dividido em 114 suras, ou capítulos, de tamanhos variados. Cada sura, por sua vez, se subdivide em versículos, num total de 6.211. Mas ao contrário dos outros livros sagrados − como a Bíblia dos cristãos ou a Torá dos judeus − o Corão não dispõe de nenhuma ordem, sequer cronológica. Sucessivas revelações, em circunstâncias e tempos diversos, formam um conjunto fragmentado. Mas esse desordenadamento não impede que o livro seja a fonte primária e fundamental de todas as atividades do cotidiano dos muçulmanos. Desde pequena, a criança muçulmana começa a decorar o Corão. No dia-a-dia, o livro é recitado na porta das mesquitas e nas cinco orações diárias. É no Corão que os seguidores de Maomé vão buscar conselhos para as mais elementares questões como a maneira de se vestir ou de receber um convidado em casa. Além do Corão, existem duas outras fontes de “revelação” feitas por Alá: a sunna, ou tradição, que é o relato da vida, da palavra e das ações de Maomé, e os hadits, a narração oral ou escrita, dos feitos e ditos do profeta e que confirmam a sunna. Ao contrário de outras religiões que impõem uma série de obrigações aos seguidores, o Islã exige o cumprimento de apenas seis preceitos, que são conhecidos como “os pilares do Islã”: crer em um único Deus, Alá; orar cinco vezes ao dia, com a cabeça voltada em direção a Meca; praticar a caridade; jejuar no Ramadã; orar em comum ao meio-dia da sexta-feira e fazer a peregrinação à cidade santa ao menos uma vez na vida.
  • 5. Para você saber mais O caráter da cultura e da sociedade islâmicas O Islamismo tolerância para com grande mobilidade outras religiões. geográfica. Ademais, Como já dissemos os ensinamentos de era raro Maomé estimulavam a procurarem mobilidade social, pois conversões o Corão pregava a forçadas, e em igualdade de todos os geral permitiam muçulmanos. espaço dentro de seus próprios O resultado estados para judeus e cristãos, que disso foi que na corte consideravam como “gente do de Bagdá, e depois livro”, porque a Bíblia era vista nas cortes dos esta- como precursora do Corão. Dentro dos muçulmanos dessa atitude de tolerância, um descentralizados, dos primeiros califas empregou um tinham oportunidades todas cristão como seu principal secre- MAPA. EXPANSÃO ISLÂMICA as pessoas talentosas. Como tário, os omíadas protegeram um a alfabetização era extraor- cristão que escrevia poesia em dinariamente disseminada - árabe e a Esparilia moura assistiu Para aqueles que abordam a uma estimativa aproximada para o história islâmica com preconceitos ao maior florescimento da cultura ano 1000 é de que 20 % de todos judaica entre a antiguidade e os modernos, a maior surpresa é os homens muçulmanos sabiam constatar que desde a época de tempos modernos. O principal fruto ler - muitos podiam subir social- desse florescimento judaico foi a Maomé até pelo menos 1500, mente através da educação. aproximadamente, a cultura e a obra de Moisés Maimónides Raramente os cargos eram vistos (1135-1204), um profundo pensador sociedade islâmicas foram em como hereditários e “homens extremo cosmopolitas e dinâmicas. religioso, às vezes cognominado “o novos” podiam ascender ao topo segundo Moisés”, e que escrevia O próprio Maomé não era um árabe da hierarquia mediante esforço e do deserto, e sim um citadino e tanto em hebraico corno em árabe. capacidade. Além disso, os In. Burns, Edward McNall. comerciante, imbuído de ideais muçulmanos mostravam notável avançados. Mais tarde, a cultura História da Civilização Ocidental. islâmica tornou-se altamente Editora Globo. Pág. 221. cosmopolita por diversas razões: herdou a sofisticação de Bizâncio e da Pérsia; permaneceu centralizada nas encruzilhadas do comércio a “Labbaika! Labbaika!” longa distância entre o Extremo gritam os peregrinos quando ao Oriente e o Ocidente; e porque a longe vislumbram a Caaba, o próspera vida urbana na maioria santuário central da grande mesquita de Meca. “Aqui estou eu (Deus), aqui dos territórios muçulmanos con- estou eu (Deus) presente diante de trabalançava a agricultura. Devido vós”. É o momento principal de uma à importância do comércio, havia vida muçumlmana, o culminar de anos vividos na observância do caminho do senhor, o momento em que se coroa essa longa jornada.
  • 6. O Islamismo ANOTAÇÕES