O documento discute narrativas transmidiáticas, abordando seus conceitos básicos, estruturas narrativas, antecedentes históricos e exemplos contemporâneos. É dividido em três partes, tratando inicialmente de olhares tecnoculturais sobre narrativas, em seguida focando especificamente em narrativas transmidiáticas e por fim propondo uma atividade prática sobre o tema.
Apresentação de vocabulário fundamental em contexto de atendimento
Narrativas Transmidiáticas
1. Tiago R. C. Lopes
tricciardi@unisinos.br | tiagorclopes@gmail.com
Narrativas Transmidiáticas
2. Narrativas transmidiáticas
• Conceitos básicos e fundamentos
• Motivações econômicas e mercadológicas
• Transmedia vs Crossmedia
• Tipos de estruturas narrativas transmidiáticas
• Expansão gradual do universo narrativo
• Antepessados da narrativa transmidiática
• Alternate Reality Games
• Outros aspectos relevantes
3. Narrativas transmidiáticas
Parte 1
Olhares tecnoculturais sobre as narrativas
Parte 2
Narrativas transmidiáticas
Parte 3
Atividade: criação de narrativas transmidiáticas
5. Um meio de comunicação cria
um ambiente.
Um ambiente é um
processo, não um
invólucro.
É uma ação e atuará sobre os
nossos sistemas nervosos e
nossas vidas sensoriais,
modificando-os
por inteiro.
6. Toda tecnologia tem suas
regras básicas.
Elas determinam todos os
tipos de arranjos
em outras esferas
da cultura
7.
8.
9.
10.
11. Narrativa e Colaboração
• Relações entre mídia e consumo de
narrativas: da cultura de transmissão para a
cultura do compartilhamento em rede;
• Narrativas colaborativas: literatura e
audiovisual;
• Jogo de contar histórias.
The boyhood of Raleigh – Sir John Everett Millais, óleo sobre tela, 1870.
Narração oral de histórias
12. Narrativa e Colaboração
• Relações entre mídia e consumo de
narrativas: da cultura de transmissão para a
cultura do compartilhamento em rede;
• Narrativas colaborativas: literatura e
audiovisual;
• Jogo de contar histórias.
Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Oral_storytelling
Oral storytelling is an ancient tradition and the most
personal and intimate form of storytelling. The
storyteller and the listeners are physically close as well
as, through the story connection, psychically close. The
storyteller reveals, and thus shares, him/her self
through his/her telling and the listeners reveal and
share themselves through their reception of the story.
The intimacy and connection is deepened by the
flexibility of oral storytelling which allows the tale to be
moulded according to the needs of the audience and/or
the location or environment of the telling. Listeners
also experience the immediacy of a creative process
taking place in their presence and they experience the
empowerment of being a part of that creative process.
Oral Storytelling
13. Narrativa e Colaboração
• Relações entre mídia e consumo de
narrativas: da cultura de transmissão para a
cultura do compartilhamento em rede;
• Narrativas colaborativas: literatura e
audiovisual;
• Jogo de contar histórias.
A narração oral de histórias é uma tradição ancestral e
é também a forma mais íntima e pessoal de narração. O
narrador e os ouvintes ficam fisicamente próximos,
sentindo-se conectados pela história. O narrador revela
e compartilha sua subjetividade através da história e
também os ouvintes o fazem enquanto a escutam. Essa
intimidade e conexão aumenta devido à flexibilidade da
forma oral, que permite que a história se molde de
acordo com as circunstâncias e necessidades da
audiência ou de acordo com as circunstâncias em que
a história está sendo contada. Dessa maneira, os
ouvientes também experimentam a sensação de fazer
parte de um processo criativo que acontece na
presença deles.*
* Livremente traduzido de http://en.wikipedia.org/wiki/Oral_storytelling
Narração oral
14. Narrativa e Colaboração
• Relações entre mídia e consumo de
narrativas: da cultura de transmissão para a
cultura do compartilhamento em rede;
• Narrativas colaborativas: literatura e
audiovisual;
• Jogo de contar histórias.
Narração Oral
• Proximidade entre emissor e receptor;
• A história se molda de acordo com contexto
(improviso);
• É uma prática disseminada nas sociedades, que passa
de geração para geração (p. ex.: lendas locais que
todos sabem contar).
• Flexibilização da autoria: apropriação e reprodução
livre – “quem conta um conto aumenta um ponto”.
18. Consumir narrativas “fechadas” (livros,
filmes, músicas etc.).
Delegar a criação de produtos culturais a uma
”autoridade” competente, isto é, a um
“autor”.
Tornar o consumo de produtos culturais algo
individual. Ex.: no cinema, não há interação
entre os espectadores.
19. Consumir narrativas em um único suporte
tecnológico por vez (livro, cinema, TV etc.).
Ter “hora e lugar” determinados para
consumo de narrativas (ex. novela das nove).
Consumir narrativas em suportes de acesso
linear.
30. Os meios híbridos alteram nossa percepção sobre todas as áreas da experiência vivida.
A partir dos diferentes usos operados sobre eles, emergem enunciados culturais.
O “mundo” como:
banco de dados
audiovisual
rede
colaboração
compartilhamento
comunidade
controle do espaço
camadas sobrepostas
31. Prof.Tiago R. C. Lopes tiagorclopes@gmail.com
NARRATIVA BANCO DE
DADOS
Vs
32. Prof.Tiago R. C. Lopes tiagorclopes@gmail.com
NARRATIVA BANCO DE
DADOS
DE
33. ESTÉTICA DO BANCO DE DADOS
BANCOS DE DADOS ß CONTINUUM à ALGORITMOS
Cultura do software e mídias locativas em experiências com telas móveis – Tiago R. C. Lopes
42. Até pouco tempo atrás tínhamos a impressão de que todas as
funções midiáticas seriam assimiladas por um único aparelho. Uma
espécie de caixa preta, onde se poderia assistir TV, ver filmes, se
comunicar com outras pessoas, ler textos, gravar e ouvir músicas
etc.
Profº. Me.Tiago R. C. Lopes - tiagorclopes@gmail.com
45. De fato, existem aparelhos assim, como os modernos celulares
smartphones. Contudo, ao invés de um único aparelho com essas
características, temos a multiplicação de vários tipos de
dispositivos eletrônicos que oferecem diversas funções: players
DVD e BlueRay, receptores de TV à cabo, home theaters,
videogames, palm tops, Mp3 players, dentre outros, são as novas
caixas pretas que multiplicam-se ao nosso redor.
Profº. Me.Tiago R. C. Lopes - tiagorclopes@gmail.com
47. A convergência não deve ser compreendida
somente como um processo tecnológico que
une múltiplas funções dentro dos mesmos
aparelhos...
Trata-se de uma transformação cultural que
ocorre à medida que consumidores são
incentivados a procurar novas informações e
fazer conexões em meio a conteúdos midiáticos
dispersos.
48. Dino Ignácio, estudante filipino-americano, criou no Photoshop uma
colagem de Beto de Vila Sésamo interagindo com Osama Bin
Laden como parte de uma serie "Beto é do Mau”…
Dino Ignácio Beto Osama Bin Laden
Profº. Me.Tiago R. C. Lopes - tiagorclopes@gmail.com
49. Beto é do Mau: Beto e Osama
Profº. Me.Tiago R. C. Lopes - tiagorclopes@gmail.com
50. Beto é do Mau: Beto e Osama
Profº. Me.Tiago R. C. Lopes - tiagorclopes@gmail.com
51. Beto é do Mau: Beto e Htler
Profº. Me.Tiago R. C. Lopes - tiagorclopes@gmail.com
52. Beto é do Mau: Beto KKK
Profº. Me.Tiago R. C. Lopes - tiagorclopes@gmail.com
53. Beto é do Mau: Beto no assassinato e JFK
Profº. Me.Tiago R. C. Lopes - tiagorclopes@gmail.com
54. Beto é do Mau: Beto no Woodstock
Profº. Me.Tiago R. C. Lopes - tiagorclopes@gmail.com
55. Beto é do Mau: Beto no 11 de setembro
Profº. Me.Tiago R. C. Lopes - tiagorclopes@gmail.com
56. Beto é do Mau: Beto e Pam
Profº. Me.Tiago R. C. Lopes - tiagorclopes@gmail.com
57. Um editor de Bangladesh procurou na Internet imagens de Bin
Laden para produzir camisetas e pôsteres antiamericanos. A
imagem acabou em uma colagem de fotografias similares que foi
impressa em milhares de pôsteres e distribuída em todo o Oriente
Médio…
Profº. Me.Tiago R. C. Lopes - tiagorclopes@gmail.com
58. Repórteres da CNN registraram o improvável: a cena de uma
multidão enfurecida marchando em passeata pelas ruas, gritando
slogans antiamericanos e agitando cartazes com Beto e Bin
Laden...
Profº. Me.Tiago R. C. Lopes - tiagorclopes@gmail.com
63. Pense nos circuitos através dos quais as imagens de Beto é do
Mau viajaram – da Vila Sésamo ao Photoshop e à rede mundial de
computadores, do quarto de Ignácio a uma gráfica em
Bangladesh, dos pôsteres empunhados por manifestantes
antiamericanos e capturados pela CNN às salas das pessoas ao
redor do mundo.
Profº. Me.Tiago R. C. Lopes - tiagorclopes@gmail.com
64. Bem-vindo ao mundo da convergência, onde as velhas e as novas
mídias colidem, onde a mídia corporativa e a mídia alternativa se
cruzam, onde o poder do produtor de mídia e o poder do
consumidor se integram de maneiras imprevisíveis.
Profº. Me.Tiago R. C. Lopes - tiagorclopes@gmail.com
65. Parte da circulação dependeu de estratégias empresariais,
como a adaptação de Vila Sésamo ou a cobertura global da CNN.
Parte da circulação dependeu da tática de apropriação popular,
seja na América do Norte ou no Oriente Médio.
Profº. Me.Tiago R. C. Lopes - tiagorclopes@gmail.com
66. Efeitos da cultura da convergência
Remix tecnológico (hybrid media)
Ecologia das mídias
Prosumers
Sujeito “caçador” de conteúdos
Transmedia Storytelling
67. Em 29 de julho de 2010 o site daTV WAFF publicou uma
reportagem sobre uma tentativa de estupro na cidade de
Huntsville (Alabama, EUA). O vídeo mostrava Antoine Dodson,
irmão da vítima, dando um depoimento indignado ao repórter
televisivo.
Profº. Me.Tiago R. C. Lopes - tiagorclopes@gmail.com
68. Profº. Me.Tiago R. C. Lopes - tiagorclopes@gmail.com
Entrevista com Antoine e Kelly Daudson
h#p://www.youtube.com/watch?v=QX2vfMUYr64
69. O jeito articulado e peculiar apresentado por Dodson (e sua irmã
também) no vídeo chamou a atenção do grupo musical The
Gregory Brothers, que criou a canção “The Bed Intruder Song”
usando o áudio da reportagem.
Profº. Me.Tiago R. C. Lopes - tiagorclopes@gmail.com
70. Profº. Me.Tiago R. C. Lopes - tiagorclopes@gmail.com
Bed Intruder Song - legendado
h#p://www.youtube.com/watch?v=6JdVJSxu1VM
71. Na semana em que “Bed Intruder Song” foi colocada na internet
atingiu a posição de número 89 na listagem da revista Billboard,
tornando-se recordista no iTunes Store com mais de 32 milhões de
downloads, até 15 de outubro de 2010.
Profº. Me.Tiago R. C. Lopes - tiagorclopes@gmail.com
72. Antoine e Kelly Dodson são considerados co-autores da canção e
recebem 50% dos valor arrecadado com as vendas de “The Bed
Intruder Song”
Profº. Me.Tiago R. C. Lopes - tiagorclopes@gmail.com
75. Narrativas transmidiáticas
• Conceitos básicos e fundamentos
• Motivações econômicas e mercadológicas
• Transmedia vs Crossmedia
• Tipos de estruturas narrativas transmidiáticas
• Expansão gradual do universo narrativo
• Antepessados da narrativa transmidiática
• Alternate Reality Games
• Outros aspectos relevantes
76. Uma narrativa transmidiática desenvolve-se
através de múltiplas mídias, com cada nova
narrativa contribuindo para a expansão do
universo ficcional e aproveitando o potencial
específico de cada meio de comunicação.
77. Narrativas transmidiáticas - ou narrativas
transmídia - são aquelas que ocorrem em
diferentes plataformas, interligando um produto
principal (livro, filme, história em quadrinhos,
seriado televisivo etc.) a tramas paralelas que
expandem a história central, criando um vínculo
com o leitor/espectador/ouvinte que o incentiva
a garimpar fragmentos da narrativa em diferentes
lugares.
Profº. Me.Tiago R. C. Lopes - tiagorclopes@gmail.com
78. Na série de filmes para o cinema Matrix, seus
criadores e produtores pensaram em ações
transmidiáticas através do lançamento de jogos
de videogame, animações e histórias em
quadrinhos. Esta estratégia teve como objetivo
desenvolver diferentes partes da história através
de múltiplos suportes midiáticos, cada uma
contribuindo de maneira distinta e valiosa para o
todo.
Profº. Me.Tiago R. C. Lopes - tiagorclopes@gmail.com
83. Matrix é entretenimento para a era da convergência, integrando
múltiplos textos para criar uma narrativa tão ampla que não pode
ser contida em uma única mídia.
Profº. Me.Tiago R. C. Lopes - tiagorclopes@gmail.com
84. Surgem como uma estética que responde à convergência das
mídias – uma estética que faz novas exigências aos consumidores
e depende da participação ativa de comunidades de conhecimento.
Profº. Me.Tiago R. C. Lopes - tiagorclopes@gmail.com
85. Se referem a determinados modos de configuração da produção,
circulação e consumo de produtos midiáticos, geralmente
atrelados à indústria do entretenimento e que se caracterizam pela
fragmentação do conteúdo em diversos meios de comunicação.
Profº. Me.Tiago R. C. Lopes - tiagorclopes@gmail.com
90. A narrativa transmídia é a arte da criação de um universo. Para
viver uma experiência plena num universo ficcional, os
consumidores devem assumir o papel de caçadores e coletores,
perseguindo pedaços da história pelos diferentes canais,
comparando suas observações com as de outros fãs , em grupos
de discussão on-line, e colaborando para assegurar que todos os
que investiram tempo e energia tenham uma experiência de
entretenimento mais rica.
Profº. Me.Tiago R. C. Lopes - tiagorclopes@gmail.com
91. Profº. Me.Tiago R. C. Lopes - tiagorclopes@gmail.com
Transmídia transforma a velha arte de contar histórias
92.
93. Antigamente, para se ter um bom filme, era preciso
elaborar uma boa história. Depois, quando as
sequências começaram a decolar, era preciso elaborar
um bom personagem, porque um bom personagem
poderia sustentar múltiplas histórias. Hoje, é preciso
elaborar um universo, porque um universo pode
sustentar múltiplos personagens e múltiplas histórias,
em múltiplas mídias.
94. A narrativa deve fornecer recursos para ser “desmontado” pelo
público.
Citações, arquétipos, referências retiradas de uma série de obras
anteriores.
Quanto mais direções apresentar, melhor.
99. • História da Laura Palmer desde
seus 15 anos até sua morte;
• Relata coisas comuns de uma
adolescente descobrindo o
mundo até certo ponto, depois
se envolve com pessoas
estranhas e mostra não ser tão
pura e inocente quanto parece;
• Presença marcante do
assassino.
100. • Em duas partes;
• Investigação da morte de uma
garçonete que leva à cidade e
pode ter relação com a morte
de Laura Palmer, que ainda não
havia ocorrido;
• Mostra os últimos dias de Laura
e acontecimentos que podem
explicar questões da série.
101.
102.
103.
104. Cada fragmento funciona como uma “toca do coelho”
que conduz ao universo narrativo da história.
131. Alguns conselhos:
• A história é mais importante do que as plataformas;
• Cada parte da história deve ser autônoma;
• As partes são simples, o todo complexo;
• A redundância deve ser evitada;
• Níveis de descobrimento devem ser incentivados;
• Cada meio faz o que faz de melhor;
• O perfil de público de cada meio deve ser respeitado.
• Unir as pessoas (atrator cultural) e dar algo para elas fazerem
(ativador cultural).
Profº. Me.Tiago R. C. Lopes - tiagorclopes@gmail.com
132. Mudanças de paradigma:
Estrutura narrativa:
história linear à universo ficcional fragmentado
Tecnocultura: banco de dados
Níveis de unidade narrativa:
mídia única à relações entre mídias, produtores “oficiais” e “não-
oficiais”.
Tecnocultura: hipertexto / rede
Posição do sujeito:
observador à caçador, gamer, explorador.
Tecnocultura: videogame
Profº. Me.Tiago R. C. Lopes - tiagorclopes@gmail.com
133. Mudanças de paradigma:
Estratégia:
pré-determinada e voltada para o consumo à margem para
improvisação e voltada para apropriação dos usuários.
Tecnocultura: código aberto / colaboração / remix
Produção:
Licença à Co-criação
Tecnocultura: wiki / colaboração
Profº. Me.Tiago R. C. Lopes - tiagorclopes@gmail.com
134. Tiago R. C. Lopes
tiagorclopes@gmail.com
Narrativas Transmidiáticas