3. “Entendo aqui por humanização (...) o processo que
confirma no homem aqueles traços que reputamos
essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do
saber, a boa disposição para com o próximo, o afinamento
das emoções, a capacidade de penetrar nos problemas da
vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade do
mundo e dos seres, o cultivo do humor. A literatura
desenvolve em nós a quota de humanidade na medida em
que nos torna mais compreensivos e abertos para a
natureza, a sociedade, o semelhante.” (CANDIDO, 1995,
p.249).
4. Introdução
A presença da literatura na escola propicia a
exploração de inúmeras possibilidades de
educação no desenvolvimento social, emocional
e cognitivo do aluno.
Tem a função de emancipação da humanidade.
Proporciona o conhecimento a leitura crítica e
reflexiva.
É um instrumento motivador e desafiador, ela é
capaz de transformar o indivíduo em um sujeito
ativo, responsável pela sua aprendizagem, que
sabe compreender o contexto em que vive e
modificá-lo de acordo com a sua necessidade.
5. De acordo com as DCEs (Diretrizes
Curriculares Estaduais), “compreende-se a
leitura como um ato dialógico, interlocutivo,
que envolve demandas sociais, históricas,
políticas, econômicas, pedagógicas e
ideológicas de determinado momento”.
6. Problema
A Literatura na escola acaba sendo
colocada em um segundo plano pelas
dificuldades próprias do seu ensino, ou
seja, os textos de época, antigos, não
atraem os alunos, que passam a
perceber erroneamente a literatura como
uma atividade insossa, totalmente
desvinculada de seu mundo e de seus
interesses.
7. A leitura Literária
A literatura é um dos campos mais promissores
em termos de potencialidade de
desenvolvimento dos alunos.
Ela tem diversidade nas atividades que
proporciona, e possibilita trabalhar com a
expressão e a subjetividade.
A Leitura Literária tem potencialidade de oferecer
ao leitor um conhecimento intenso do mundo, tal
qual faz, por outro caminho a ciência. Além de a
obra literária ser uma forma de conhecimento,
uma forma de expressão e uma construção
formal artística.
8. Como trabalhar a Leitura de
Textos Literários em sala de Aula?
É importante que seja feita uma leitura
aprofundada dos textos literários.
Considerar não somente o período em
que a obra foi produzida, mas também, o
contexto de quem está realizando a
leitura da obra, no caso do ambiente
escolar, o contexto dos alunos.
9. Buscar alternativas para tornar este
ensino mais atraente, e não
simplesmente recusar de o realizá-lo.
Desenvolvendo suas competências
comunicativa, da capacidade de leitura
reflexiva e de compreensão do texto lido,
garantindo, assim, que estes alunos
sejam capazes de criticarem e opinarem
em relação a cada obra lida.
10. Conclusões
A escola, muitas vezes, reserva à literatura
um papel equivocado, o de ser, acima de
tudo, um instrumento de aperfeiçoamento
linguístico. Ao contrário dessa perspectiva, o
texto literário oferece inúmeras funções mais
importantes. Com ele aprende-se, compara-
se, questiona-se, diverte-se, amadurecesse,
transforma-se, vive-se, desenvolve-se a
sensibilidade estética, contata-se com as
mais diferentes visões de mundo.
11. A inserção da leitura, no contexto
escolar, deve ser de forma dinâmica e
agradável, utilizando-se, por exemplo, do
caráter lúdico que pode ser dado às
estratégias de leitura. Dessa forma,
estará ao mesmo tempo, desenvolvendo
a sociabilidade e a integração. O gosto
de ler, portanto, será adquirido
gradativamente, através da prática e de
exercícios constantes.
12. Outra sugestão é trabalha-la com a
apresentação de filmes de obras literárias
tentando deixar a aula mais diversificada, e
colocando a interdisciplinaridade como objeto
de ensino e aprendizado. O papel da escola é
fundamental nesse processo, no qual o
professor, sendo o principal agente no
processo de melhoria da qualidade do ensino,
poderá realizar uma série de atividades que
favoreçam a aproximação do educando com a
leitura.
14. Como eu te amo
Como se ama o silêncio, a luz, o aroma,
O orvalho numa flor, nos céus a estrela,
No largo mar a sombra de uma vela,
Que lá no extremo do horizonte aponta;
Como se ama o clarão da branca lua,
Da noite a mudez os sons da flauta,
As canções saudosíssimas do nauta,
Quando em mole vai e vem a nau flutua;
Como se ama das aves o gemido,
Da noite as sombras e do dia as cores,
Um céu com luzes, um jardim com flores,
Um canto quase em lágrimas sumido;
Como se ama o crepúsculo da aurora,
O manso vento que nos bosques rondeia,
O sussurro da fonte que passeia,
Uma imagem risonha e sedutora;
Como se ama o calor e a luz querida,
A harmonia, o frescor, os sons, os céus,
Silêncios e cores, perfumes e vida,
Os pais e a pátria e a virtude e a Deus.
Assim eu te amo, assim; mais do que podem
Dizer-te os lábio meus, - mais do que vale
Cantar a voz do trovador cansada:
O que é belo, o que é justo, santo e grande
Amo em tí. - Por tudo quanto sofro,
Por quando já sofri, por quanto ainda
Me resta sofrer, por tudo eu te amo!
Gonçalves Dias
15. Despedida
Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão,
deixo o mar bravo e o céu tranqüilo:
quero solidão.
Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces? - me perguntarão.
- Por não ter palavras, por não ter imagens.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.
Que procuras? Tudo. Que desejas? - Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.
A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?
Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!
Estandarte triste de uma estranha guerra...)
Quero solidão.
Cecília Meireles
16. O sonho
Sonhe com aquilo que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que quer.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.
As pessoas mais felizes não tem as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades
que aparecem em seus caminhos.
A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passaram por suas vidas.
Clarice Lispector
17. Chega de Saudade
Vai, minha tristeza, e diz a ela
Que sem ela não pode ser
Diz-lhe, numa prece, que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer
Chega de saudade, a realidade é que sem ela
Não há paz, não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai
Mas, se ela voltar, se ela voltar
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei na sua boca
Dentro dos meus braços
Os abraços hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim
Que é pra acabar com esse negócio de viver longe de mim
Não quero mais esse negócio de você viver assim
Vamos deixar desse negócio de você viver sem mim
Vinicius de Moraes
18. Desencontro
A sua lembrança me dói tanto
Eu canto pra ver
Se espanto esse mal
Mas só sei dizer
Um verso banal
Fala em você
Canta você
É sempre igual
Sobrou desse nosso desencontro
Um conto de amor
Sem ponto final
Retrato sem cor
Jogado aos meus pés
E saudades fúteis
Saudades frágeis
Meros papéis
Não sei se você ainda é a mesma
Ou se cortou os cabelos
Rasgou o que é meu
Se ainda tem saudades
E sofre como eu
Ou tudo já passou
Já tem um novo amor
Já me esquece
Chico Buarque
19. As sem-razões do amor
Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
Carlos Drummond de Andrade
20. Referências
CANDIDO, Antonio. A literatura e a formação do homem. In: Ciência e
cultura. , São Paulo. USP, 1972.
CANDIDO, Antonio. O direito a literatura; O esquema de machado de
Assis. In: Vários Escritos. São Paulo: Duas Cidades, 1995.
COSSON, R. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo:
Contexto, 2006.
GROSSI, Gabriel Pillar. Leitura e sustentabilidade. Nova Escola, São
Paulo, SP,
n° 18, p. 3, abr 2008.
MÃE, Valter Hugo. Portugal à Brasileira. Revista Lingua Portuguesa, ano
6, nº70, p.12. Agosto de 2011, Ed. Segmento, Entrevista consedida a
Terciane Alves
PARANÁ. Diretrizes Curriculares Estaduais: Língua Portuguesa,
ensino fundamental; Curitiba, 2008.
Poemas disponíveis no site : http://pensador.uol.com.br