O documento discute sangramento uterino disfuncional, definindo-o como sangramento genital de origem uterina sem causa orgânica. Aborda as causas, classificação em ovulatória e anovulatória, diagnóstico e tratamento, que envolve exclusão de causas orgânicas e terapia hormonal para corrigir desequilíbrios estrogênicos e progestacionais.
2. Hemorragia Uterina Anormal:
Causas:
Orgânica
Disfuncional
É um diagnóstico de exclusão, feito após cuidadosa
eliminação das causas orgânicas de sangramento uterino
representadas pela gravidez e suas complicações, patologias
uterinas e pélvicas benignas e malignas, uso de
medicamentos que interferem com a ação hormonal ou com
os mecanismos de coagulação.
3.
4. HEMORRAGIA UTERINA DISFUNCIONAL:
Conceito:
Qualquer sangramento genital de origem uterina sem um substrato
orgânico que o explique.
Etiologia:
Sangramento uterino disfuncional cuja origem se deve,
exclusivamente, a um estímulo hormonal inadequado sobre o
endométrio.
Epidemiologia:
É responsável por 10% dos casos de sangramento uterino.
Mais comum na adolescência e climatério (há maiores conflitos com
alteração no eixo hipotálamo-ovariano).
5. O que se considera um sangramento menstrual
normal?
Fluxo de 2 a 6 dias (+-) variando de 20 a 80 ml com
intervalo de 21 a 35 dias. Quando um ou mais desses
parâmetros for alterado, ou seja, sangramento
excessivo em duração, frequência ou quantidade, é
considerado ANORMAL. Obs: quando forma
coágulos considera que o sangramento é mais do que
o normal em quantidade.
6. Hipermenorréia: Refere-se a sangramento
prolongado, acima de 8 dias, ou quantidade
excessiva, maior que 80ml.
Polimenorréia: Caracteriza um ciclo cuja
freqüência é inferior a 24 dias.
Metrorragia: É o sangramento uterino que ocorre
fora do período menstrual.
DEFINIÇÕES
7. Etiologia:
Anovulatória (90%) – comum nos extremos dos anos
reprodutivos (imaturidade do eixo hipotalâmico-hipofisário-
ovariano), ou seja, na adolescência e na perimenopausa.
Ovulatória: ocorre pela produção inapropriada de
estrogênio e progesterona.
8. Fisiopatologia:
SUD por ruptura estrogênica: queda nos níveis de
estrogênio irrita o endométrio que responde com um
pequeno sangramento, exemplo mais comum spotting.
SUD por expressão estrogênica: não ocorre a
produção de estrogênio, mulheres em perimenopausa
que estão em falência ovariana. O endométrio estará
atrófico- “careca”, provocando um sangramento por
exposição vascular. Principal causa de sangramento
pós-menopausa.
9. Fisiopatologia:
SUD por ruptura gestacional: os níveis de
progesterona diminuem antes do esperado, e a
queda da progesterona provoca vasoconstrição
endometrial seguida de isquemia, gerando
descamação desta área. O maior exemplo é a
insuficiência do corpo lúteo, que é substituído por
tecido conjuntivo antes do esperado (12-14 dias
de vida).
SUD por supressão progestacional: não há
produção de progesterona. Sem progesterona
não ocorre vasoconstrição endometrial, portanto
não há descamação. A mulher não tem
sangramento menstrual, ou demora para
11. O sangramento ocorre superficialmente, na camada compacta por
níveis estrogênicos incapazes de manter um estímulo endometrial
constante e adequado, ocorrendo uma hemorragia de escape.
Portanto, diferente da descamação ordenada da camada funcional do
endométrio que ocorre na menstruação de ciclos ovulatórios.
12. Diagnóstico diferencial:
1-Coagulopatia: 20% das adolescentes com hemorragia
uterina têm um defeito na coagulação. ( deficiência de
plaquetas, leucemias, púrpura, doença de Von
Willebrand, deficiência de protrombina e outros fatores
da coagulação)
2-Mal-formações do aparelho genital, traumatismos
genitais, presença de corpo estranho.
3-DIP.
4-Tumores uterinos, sarcoma uterinos e tumores
anexiais.
5-Hipo ou hipertireoidismo.
6-Insuficiência renal ou hepática.
13. 7-Vulvovaginais: vulvovaginites
8-Cervicouterinas: pólipo cervical, câncer de colo
uterino, cervicite
9-Uterinas corpóreas: gestacionais (aborto, doença
trofoblástica gestacional, restos placentários,
infecção puerperal, prenhez ectópica,...) e não
gestacionais (pólipo endometrial, leiomioma,
adenomiose, mioiperplasia, tuberculose genital
câncer de endométrio, hiperplasia endometrial
atípica, DIU,...).
Anexiais e/ou peritoneais: endometriose, câncer
de ovário, prenhez ectópica, doença inflamatória
pélvica, tuberculose genital,...
14. Diagnostico:
Diagnóstico é feito quando todas as outras causas
de sangramento uterino já foram excluídas. Deve
ser feito uma história clínica e exame físico, além
disso alguns exames são importantes:
Teste de gravidez
Hemograma e coagulograma
Teste de função tireoidiana (somente se a história
clínica for indicativa de tireoideopatias)
USG TV ou pélvico transabdominal
Histeroscopia (quando endométrio for secretor
normal pensar em causa orgânica)
Biópsia aspirativa endometrial ou dilatação seguida
de curetagem semiótica
Biópsia com Pipelle
15. Diagnostico:
Primeiro: Afastar causa orgânica
Segundo: Classificar em ovulatória e anovulatória
Isto se faz simplesmente pela anamnese associada a qualquer
método que comprove a presença ou ausência da ovulação; como a
temperatura basal.
Exame físico e ginecológico;
Ultra-sonografia;
Coagulograma completo;
Teste terapêutico da pílula;
A biópsia do endométrio, praticada durante o sangramento;
“O diagnóstico é essencialmente clínico, pois sangramento
disfuncional corrige somente com hormônioterapia. Se não corrigir,
certamente não é disfuncional, logo, de causa orgânica.”
16.
17. Tratamento:
O SUD corrige-se com hormônios, se não corrigir,
não é disfuncional, é orgânico.
Tratamento da anemia: dieta rica em proteínas e
suplementação oral de ferro (sulfato ferroso ou
noripurum). O tratamento deve ser mantido de 3-
6 meses, para reposição das reservas corporais
de ferro.
Distúrbios de coagulação, principalmente doença
de von Willebrand e hemofilia pode ser
administrado a desmopressina (0,3 pg/kg diluído
em 50 ml SF IV 15/30 min).
18. Tratamento:
Tratamento do sangramento uterino disfuncional ovulatório:
Se os ciclos forem muito curtos, a ponto de incomodar a paciente,
ou a perda sangüínea for abundante ou prolongada, justifica-se um
tratamento hormonal. Nestas eventualidades, uma simples
complementação com um progestogênio na segunda metade do
ciclo, um esquema cíclico de estrogênio e progestogênio, ou um
anticoncepcional oral resolverão o problema.
Tratamento do sangramento uterino disfuncional anovulatório:
PUBERDADE:
O melhor tratamento é nenhum tratamento, apenas
esclarecimento e observação. Esta conduta é reforçada pelo fato do
sangramento disfuncional da adolescente ser uma patologia
geralmente auto-limitada, pois à medida que o eixo C-H-H-O
amadurece.
19. QUADROS LEVES:
sangramento que não comprometem o estado geral
da paciente, nem o hemograma, serão tratados com
suporte psicológico (80 % das vezes),
suplementação de ferro.
AINES (Ácido Mefenâmico, 500 mg, 1 comprimido
de 8 em 8 horas ou Piroxicam, 1 comprimido até de
12 em 12 horas), que podem reduzir as cólicas e o
fluxo menstrual.
20. SANGRAMENTOS MODERADOS
Mais de 10 dias de duração
Comprometimento do hemograma, porém com
hemoglobina não abaixo de 10 g/dl e causem algum
grau de comprometimento do estado geral da
paciente serão selecionados para tratamento
medicamentoso .
Terapia progestínica – maioria das vezes, tto de
escolha
Terapia combinada estrógeno/progesterona
21. CASOS GRAVES:
Interrupção imediata do sangramento
-Fase aguda
Acetato de Medroxiprogesterona 50 - 150 MG IM/dia.
- Tratamento de manutenção será feito com o AMP 10
MG/dia durante 10 dias /mês logo que a paciente volte a
menstruar o que acontecerá num período que varia de
30 a 90 dias.
Se persistir a irregularidade menstrual a manutenção
poderá ser feita utilizando-se os contraceptivos
hormonais orais de baixa dosagem durante 21 dias/mês
seguidos de pausa de 7 dias durante 3 a 6 meses
quando serão interrompidos para reavaliação da
paciente.