O documento discute vários tipos de figuras de linguagem, incluindo prosopopeia, onomatopeia, ironia, metáfora, antítese, paradoxo, metonímia, hipérbole, anáfora, eufemismo, pleonasmo, aliteração, perífrase, catacrese, sinestesia e gradação. Fornece exemplos de cada uma para ilustrar seu uso e efeito na linguagem.
3. O que são figuras de linguagem?
• São recursos estilísticos utilizados no nível dos sons, das palavras,
das estruturas sintáticas ou do significado para dar maior valor
expressivo linguagem.
• As figuras de estilo são utilizadas no sentido conotativo, sendo
típicas dos textos literários, mas também podem ser encontrados em
outros tipos de texto.
4. 1. Prosopopeia ou Personificação
• É a atribuição de ações e características humanas a seres
irracionais, ou de seres animados a seres inanimados.
“As casas espiam os homens
Que correm atrás das mulheres.”
(Carlos Drummond de Andrade)
“As ruas desertas estão tristes.”
(Mário Quintana)
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6. 2. Onomatopeia
Palavras especiais criadas para representar sons específicos
(ruídos, barulhos, etc.)
Retorne ao primeiro quadro da tira do Garfield. (slide anterior)
7. 3. Ironia
Ocorre quando se tem a intenção de falar o contrário do que se está
dizendo, para criticar, satirizar, ridicularizar, etc.
8. 4. Metáfora
A metáfora consiste em retirar uma palavra de seu contexto convencional
(denotativo) e transportá-la para um novo campo de significação
(conotativa), por meio de uma comparação implícita, de uma similaridade
existente entre as duas.
“Achamos a chave do problema.”
O problema não é nenhuma fechadura, mas para resolvê-lo (ou abri-lo)
o elemento que se diz ter achado é tão necessário quanto uma chave
para abrir uma porta.
9.
10. 5. Antítese
É o uso de palavras de sentidos opostos (antônimos) para expressar
contradição.
Exemplos:
“Uns buscam o bem; outros o mal.”
“Já estou cheio de me sentir vazio.”
11. Leia os versos abaixo de Charly Garcia:
“O sonho de um céu e de um mar
E de uma vida perigosa
Trocando o amargo pelo mel
E as cinzas pelas rosas
Te faz bem tanto quanto mal
Faz odiar tanto quanto querer.“
Observe que o eu lírico emprega palavras que se opõem quanto ao seu
sentido: “céu” se opõe a “mar”, “amargo” a “mel”, “bem” a “mal”, “odiar” a
“querer”, com a finalidade de construir o sentido a partir do confronto entre
ideias opostas. O mesmo acontece nesses versos de Vinícius de Morais:
“Tristeza não tem fim,
Felicidade, sim.”
12. 6. Paradoxo
O paradoxo é identificado quando uma frase não corresponde à lógica ou
ao senso comum. Nele, dois sentidos se fundem numa mesma ideia,
criando um efeito de contradição. É importante lembrar que o paradoxo é
diferente da antítese, pois nessa última predominam ideias opostas, que
não causam, necessariamente, uma estranheza de sentido, como "estou
acordado e todos dormem".
13. Exemplo de paradoxo
Um clássico exemplo do paradoxo aparece no soneto de Luís de
Camões (1524-1580) abaixo:
“Amor é fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer”.
(Camões)
Apesar de "ferida que dói e não se sente" ser uma proposição falsa - já
que toda ferida que dói na vida real é sentida -, o verso traz verdades do
ponto de vista poético, quando se refere ao sentimento do amor.
14. 7. Metonímia
A metonímia consiste em empregar um termo no lugar de outro.
1. Autor pela obra: Gosto de ler Machado de Assis (= Gosto de ler os
livros de Machado de Assis)
2. Continente pelo conteúdo: Comi um prato de macarrão! (= Comi todo
o macarrão que estava no prato)
3. Parte pelo todo: Completou dez primaveras (= Completou dez anos)
4. Instrumento pela pessoa que o utiliza: Os flashes o seguiam aonde
fosse (= Os fotógrafos o seguiam aonde fosse)
15. 5. Gênero pela espécie: Nós, os mortais, lutamos dia a dia por nossa
sobrevivência (= Nós, os seres-humanos, lutamos...)
6. Singular pelo plural: A mulher conquistou seu lugar! (= Todas as mulheres
conquistaram...)
7. Marca pelo produto: Meu filho adora danone. (= Meu filho adora iogurte)
8. Matéria pelo objeto: Lavou os cristais e as porcelanas para usá-los no
jantar. (= Lavou os copos e os pratos...)
9. O sinal pela coisa significada: A cruz o salvará! (= A fé o salvará)
16. 8. Hipérbole
Expressão marcada pelo exagero, para intensificar a ideia que queremos
expressar. Exemplos:
“Já falei mil vezes com esse menino e ele não me obedece”.
“Vai passar um ônibus pro Inferno, mas não passa o do Novo Juazeiro”.
“Faz umas dez horas que essa menina penteia esse cabelo”.
17. 9. Anáfora
A anáfora consiste em repetir uma palavra ou expressão a espaços
regulares durante o texto. É muito comum nas trovas populares, cordéis e
poemas.
“Noite – montanha. Noite vazia. Noite indecisa. Confusa noite. Noite à procura, mesmo
sem alvo.” (Carlos Drummond de Andrade)
“Acorda, Maria, é dia
de matar formiga
de matar cascavel
de matar estrangeiro
de matar irmão
de matar impulso
de se matar”.
(Carlos Drummond de Andrade)
18. 10. Eufemismo
É a tentativa de tornar mais suaves ou delicadas expressões
desagradáveis ou que causam má impressão.
“Passou dessa para melhor.” (morreu)
“Eu apenas omiti a verdade.” (mentiu)
“O deputado cometeu apropriação indevida de bens.” (roubou)
19.
20. 11. Pleonasmo
Quando fazemos uso de expressões redundantes com a finalidade de reforçar uma ideia
estamos utilizando a figura de linguagem chamada pleonasmo. Quando bem elaborada,
além de embelezar o texto, esta figura de linguagem intensifica e destaca o sentido da
expressão onde foi empregada.
“Achei mais fácil odiar-me a mim mesmo.” (Érico Veríssimo)
“Tive vergonha de me confessar a mim mesmo. (A. Peixoto)
Deve-se evitar, entretanto, o uso de pleonasmos viciosos. Estes não têm valor de reforçar
uma noção já implicada no texto. Antes são fruto do desconhecimento do sentido das
palavras por parte do falante. O pleonasmo vicioso é muito utilizado na modalidade oral, o
que acaba influenciando a modalidade escrita. Veja alguns exemplos:
“Menino, entre já para dentro”.
“Eu fui fazer um hemograma de sangue hoje de manhã”.
“Eu vi com esses olhos que um dia a terra há de comer”.
“A protagonista principal do filme ‘O sorriso de Monalisa’ é Julia Roberts”.
21. 12. Aliteração
Repetição de sons consonantais, gerando musicalidade em versos ou
frases.
“Vozes veladas, veludosas vozes
Volúpias de violões, vozes, veladas”
(Cruz e Sousa)
22. 13. Perífrase - Antonomásia
“A Cidade Maravilhosa recebe muitos turistas durante o carnaval.”
“O Rei das Selvas está bravo.”
“A Dama do Suspense escreveu livros ótimos.”
“O Mestre do Suspense dirigiu grandes clássicos do cinema.”
Nos exemplos acima notamos que usamos expressões especiais para falar de alguém
ou de algum lugar.
Cidade Maravilhosa: Rio de Janeiro
Rei das Selvas: Leão
A Dama do Suspense: Agatha Christie
O Mestre do Suspense: Alfred Hitchcock
Quando usamos esse recurso estamos empregando a perífrase ou antonomásia.
Perífrase, quando se tratar de lugares ou animais.
Antonomásia, quando forem pessoas.
23. 14. Catacrese
Palavra ou expressão usada fora de seu sentido usual, de forma mais
ampliada, por falta de termo mais adequado.
“O bico do bule.”
“A asa da xícara.”
“A perna da mesa.”
24. 15. Sinestesia
Leia este trecho de uma obra de Mário de Andrade:
“Esta chuvinha de água viva esperneando luz e ainda com gosto de mato longe, meio
baunilha, meio manacá, meio alfazema”.
No período acima, Mário misturou diferentes tipos de sensações: visuais, olfativas e
gustativas. A isso chamamos sinestesia, figura de palavra que consiste em agrupar e
reunir sensações originárias de diferentes órgãos do sentido: visão, tato, olfato, paladar e
audição.
Veja este outro exemplo:
“O sol de outono caía com uma luz pálida e macia”.
Neste caso, “pálida” e “macia” reúnem sensações de visão e tato, respectivamente. O
uso dessa figura de expressão, além de embelezar o texto, amplia o sentido do termo a
que se refere. O uso destes adjetivos nos faz ter uma melhor idéia desse tipo de luz
solar: fraca, aconchegante, agradável.
25. 16. Gradação
Apresentação de ideias em uma escala, em uma sequência, que pode
ser crescente (chamada de clímax) ou decrescente (chamada de
anticlímax).
“Mais dez, mais cem, mais mil e mais um bilhão, uns cingidos de luz,
outros ensanguentados (...)”. (Machado de Assis) – clímax
“Eu era pobre. Era subalterno. Era nada.” - anticlímax