O documento discute vários recursos ortográficos que podem ser usados para expressar sentidos além do óbvio durante a produção textual, como duplo sentido, ambiguidade, ironia e humor. Exemplos ilustram cada um desses recursos.
2. Durante a produção textual, muitas vezes
utilizamos recursos para expressar algum
sentido além do óbvio.
Esses recursos são chamados de efeitos
de sentido e podem ser construídos por
meio do duplo sentido, da ambiguidade ,
da ironia e do humor. Vamos analisar
cada um deles!
3. É um recurso no qual são utilizadas palavras ou
expressões que possuem diferentes interpretações.
Exemplo:
Perceba que a escolha do adjetivo prudente remete-nos ao
uso do creme dental para o dente, construindo um duplo
sentido.
4. A ambiguidade é um recurso que é utilizado, na maioria
das vezes, sem que haja uma intenção. Trata-se de uma
indeterminação de sentido que palavras e expressões
carregam, dificultando a compreensão do enunciado e,
por isso, seu uso deve ser evitado.
Exemplo:
O irmão de João esqueceu seu livro na
escola.
De quem é o livro?
Perceba que, pela colocação inadequada de palavras,
não é possível determinar de quem é o livro esquecido
na escola.
5. Outro efeito de sentido muito comum é
a ironia que consiste na utilização de determinada
palavra ou expressão que, em um outro contexto
diferente do usual, ganha um novo sentido,
gerando um efeito de humor.
Exemplos:
– Que menino educado! Entrou sem
cumprimentar ninguém!
–Vai ver se estou na esquina!
Perceba que a ironia é construída pela relação de
oposição entre o sentido de educação e não
cumprimentar, e de vai ver e estou.
6. Nesse caso, é muito comum a utilização de situações
que pareçam cômicas ou surpreendentes para provocar
o efeito de humor.
Exemplo:
Reações do álcool
Na aula de química, o professor pergunta:
– Quais as principais reações do álcool?
O aluno responde:
– Chorar pela ex, achar que está rico, ficar valente e ser
amigo de todo mundo…
Professor:
–Tirou 10!
Veja que a construção do humor é feita a partir da resposta inesperada do
aluno que fugiu ao contexto das relações químicas abordadas nessa
disciplina.
7. Uso de metalinguagem – A metalinguagem coloca
em evidência o código da comunicação. É quando
falamos de si próprios, da própria linguagem, etc. O
código usado para estabelecer comunicação é o
centro da mensagem, ele explica a si mesmo.
Essa função terá o propósito de esclarecer, refletir,
discutir num ato de comunicação em que se usa a
linguagem para falar sobre ela própria. É a linguagem
das bulas de remédios, dos dicionários, etc.
Exemplo: O programa Vídeo Show era um exemplo
forte de metalinguagem, pois se usa o “código” da
televisão (programa de TV) para falar sobre a própria
televisão (outros programas de TV).
8. Essa função da linguagem encontrada nos
poemas retrata a mensagem por si é posta
em relevo. É a linguagem dos poemas e
prosas poéticas (literária), da publicidade
criativa e afins. Ela é construída de forma
criativa e inusitada. Essa função usa vários
recursos gramaticais: figuras de linguagem,
conotação, neologismos, construções
estruturais não convencionais, polissemia
etc.
9. Essa função pode ser demonstrada de
diversas formas nos textos: nas
propagandas fazendo com que os leitores
sintam-se comovidos e queiram ajudar ou
comprar algo, por exemplo. Ela dá valor
aos sentimentos e singularidades afetivas
do emissor da mensagem (texto).
10. Quando usado dar a entender ao leitor que alguém está estressado,
gritando ou que deseja chamar a atenção. Mais do que isso,a caixa
alta também é um recurso estético na publicidade. E, quando se
trata de títulos, nomes de marcas e outras expressões curtas, o da
caixa alta é bastante utilizado.
Veja no exemplo acima a sucessão de embalagens de Maizena, que ao
longo dos tempos preserva nome do produto em caixa alta. O conteúdo é
amido de milho. Porém, neste caso, a marca se sobrepõe.
12. Usado para expressar uma fala, destacar
algum objeto e também quando se tem
palavras estrangeiras no texto, e por isto
elas aparecem com esta leve inclinação e
distorção na grafia.
13. A interjeição é a palavra invariável que
usamos para exprimir sentimentos súbitos e
emoções. Ela está presente nas histórias em
quadrinhos, em propagandas e também em
textos narrativos, e são seguidas de ponto de
exclamação.
Exemplos:
Simples sons vocábulos: Ah!, Oh!, Ô!
Uma palavra: Atenção!, Cuidado!, Avante!
Um conjunto de palavras: Cruz credo!, Ora
bolas!, Puxa vida!
14. Exclamações (marcadas pelo sinal “!” após
interjeições e no fim de frases enunciadas
com entoação exclamativa); Interrogações
(São usadas para marcar o final de frases
interrogativas diretas. Nunca usadas no fim
de uma interrogativa indireta).
Exemplos:
Entendeu?
Será que vai chover?
Olá!
Que susto!
15. O apresentador de TV Sílvio Santos
desenvolveu um estilo de comunicação em
que utiliza exclamações e interrogações em
suas frases de efeito, em seus bordões para
animar o auditório.
Exemplos de bordões utilizados com
frequência pelo apresentador Sílvio Santos:
Quem quer dinheiro?
Silvio Santos vem aí!
Minhas colegas de trabalho!
Sai pra lá, sai pra lá!
16. O uso de recursos ortográficos possibilita uma leitura
para além dos elementos superficiais do texto e auxilia
o leitor na construção de novos significados. Nesse
sentido, é importante conheçamos os diferentes
gêneros textuais: como piada, charge, classificados,
propagandas, etc. O leitor deve ter sensibilidade para
perceber os efeitos de sentido além do texto.
Na prova do Enem vimos que as charges, os textos de
humor ou as letras de músicas, que denotam um
sentido irônico ou humorístico do texto, são bastante
utilizados para testar a compreensão textual.
No Enem também algumas questões apresentam
histórias em quadrinhos, que são marcadas pelas
interjeições ou às vezes não necessariamente pela
escrita, mas por uma expressão verbal inusitada ou
por uma expressão facial da personagem.