Epistemologia.
Tipos de conhecimento.
Elementos constitutivos do conhecimento (crença, verdade e justificação).
Definição tripartida do conhecimento.
Fontes de conhecimento.
1. CAP. 5 – ESTRUTURA
DO ATO DE
CONHECER
António Padrão
ESAS | 2013 -
Filosofia 11.º ano
2. Epistemologia (teoria do
conhecimento)
2
Disciplina filosófica que estuda a natureza,
requisitos e limites do conhecimento.
Perguntas centrais da epistemologia:
Que
tipos de conhecimento há?
O que é o conhecimento?
Quais são as fontes do conhecimento?
Será o conhecimento possível?
António Padrão | ESAS
3. Descrição fenomenológica do
conhecimento
3
Conhecimento: ato pelo qual o sujeito entra em
relação com o objeto, verificando-se a apreensão
(representação) do objeto por parte do sujeito.
Sujeito: aquele que apreende ou representa o
objeto.
Objeto:
tudo o que é suscetível de ser
apreendido (uma pessoa, uma ideia, um
sentimento, uma teoria, um teorema, etc.)
Representação: resultado do ato de conhecer;
depois de apreendido, o objeto fica na
consciência do sujeito sob a forma de imagem e
António Padrão | ESAS forma física.
não sob
4. Tipos de conhecimento
4
Exemplos:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
O João sabe tocar piano.
O João sabe andar de bicicleta.
O João conhece o presidente da República.
O João conhece Paris.
O João sabe que Paris é uma cidade.
O João sabe que Aristóteles foi um filósofo.
António Padrão | ESAS
5. Tipos de conhecimento
5
O que há
anteriores?
em
comum
nos
exemplos
Uma
relação entre um sujeito (que conhece), ou
agente cognitivo, e um objeto (o que é
conhecido).
Em todos os casos, o sujeito do conhecimento é
o João.
O objeto varia:
Em
1) e 2) é uma atividade (tocar piano; andar de
bicicleta);
Em 3) e 4) é um objeto concreto (presidente da
República; Paris);
Em 5) e 6) é uma proposição (Paris é uma cidade;
António Padrão | ESAS
Aristóteles foi um filósofo).
6. Tipos de conhecimento
6
Tipos de conhecimento
Conhecimento prático
ou
saber fazer
Conhecimento de
atividades.
Por exemplo:
• Saber tocar piano.
• Saber andar de
bicicleta.
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Conhecimento por
contacto
ou
conhecimento de
objetos
Conhecimento de
pessoas ou locais.
Por exemplo:
• Conhecer Paris.
• Conhecer o
presidente da
República.
Conhecimento
proposicional
ou
saber que
Conhecimento de
proposições.
Por exemplo:
• Saber que Paris é
uma cidade.
• Saber que Aristóteles
foi um filósofo.
7. Elementos constitutivos do
conhecimento
7
1) Crença (ou convicção ou opinião)
Todo
o conhecimento envolve uma crença.
Exemplos…
A crença é uma condição necessária para o
conhecimento
(sem
crença
não
há
conhecimento).
Será a crença uma condição suficiente para o
conhecimento?
Não,
pois podemos acreditar em coisas que não
podemos saber. (Por exemplo, podemos acreditar que
existem fadas, mas não podemos saber que existem
fadas.)
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8. Elementos constitutivos do
conhecimento
8
2) Verdade
Nenhuma
crença falsa pode ser conhecimento.
O conhecimento é factivo (não se pode conhecer
falsidades).
Dizer que não se pode conhecer falsidades é
diferente de dizer que não se pode saber que
algo é falso. Exs:
1) A Mariana
sabe que é falso que o céu é verde.
2) A Mariana sabe que o céu é verde.
A
verdade é uma condição necessária para o
conhecimento
(sem
verdade
não
há
conhecimento).
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9. Elementos constitutivos do
conhecimento
9
O que torna uma crença verdadeira? Será a força da
nossa convicção nessa crença?
O que torna uma crença verdadeira é a realidade, não é a
força da nossa convicção nessa crença.
Exemplos…
Será a crença
conhecimento?
verdadeira
suficiente
para
o
Exemplo p. 118.
Crenças que por acaso se revelam verdadeiras não são
conhecimento. O conhecimento não pode ser obtido ao
acaso.
A crença verdadeira não é suficiente para o
conhecimento.
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10. Elementos constitutivos do
conhecimento
10
3) Justificação
Para
haver conhecimento, não basta termos uma
crença verdadeira; a nossa crença tem de estar
justificada.
A justificação é uma condição necessária para
o conhecimento.
Quando é que uma crença está justificada?
Uma
crença está justificada quando há boas razões a
favor da sua verdade.
Podemos ter uma crença justificada, mesmo que não
saibamos justificá-la explicitamente.
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11. Elementos constitutivos do
conhecimento
11
Será que basta que uma crença esteja
justificada para que essa crença seja
verdadeira?
Não. Ter justificação para acreditar em algo não
garante a verdade dessa crença.
A crença justificada não é suficiente para o
conhecimento.
Mas quando há boas razões a favor da verdade de
uma crença, é racional ter essa crença, mesmo que
seja falsa.
Por outro lado, podemos não ter justificação para
acreditar em certas verdades.
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12. 12
Definição tradicional do
conhecimento (definição tripartida
do conhecimento)
O que é o conhecimento proposicional?
Em que condições é que um sujeito, S, tem
conhecimento de uma proposição P? Em que
condições é que S sabe que P?
S
1.
2.
3.
sabe que P se, e só se,
S acredita que P;
P é verdadeira;
S tem uma justificação para acreditar que P.
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13. Contraexemplos à definição
tradicional do conhecimento
13
Contraexemplos de Gettier (p. 127)
Contraexemplo 1: A arte de pensar (p. 122)
Contraexemplo 2: Ovelha (p. 123)
Os contraexemplos mostram que é possível
termos uma crença verdadeira e justificada,
mas que não é conhecimento por ser
acidentalmente verdadeira.
Logo, a crença verdadeira justificada não é
suficiente para o conhecimento.
António Padrão | ESAS
14. Onde falha a definição tradicional
do conhecimento?
14
Os contraexemplos mostram que apesar de a
crença ser verdadeira e estar justificada, a
justificação que o sujeito tem para essa
crença não se baseia nos aspetos relevantes
da realidade que tornam a sua crença
verdadeira (a justificação que o sujeito tem
para a sua crença não está ligada ao que a
faz ser verdadeira).
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15. Resposta aos contraexemplos – a
teoria causal de Alvin Goldman
15
Goldman propôs uma quarta condição necessária
para o conhecimento (condição causal):
Uma crença verdadeira só é conhecimento se, além
de estar justificada, tiver sido adquirida de tal modo
que haja uma relação causal entre o sujeito que
conhece e os aspetos da realidade que tornam a sua
crença verdadeira.
Definição de conhecimento de Goldman:
S sabe que P se, e só se,
1.
2.
3.
4.
S acredita que P;
P é verdadeira;
S tem uma justificação para acreditar que P;
S está causalmente ligado aos aspetos relevantes da
realidade responsáveis pela verdade de P.
António Padrão | ESAS
16. Críticas à teoria causal
16
A condição causal de Goldman torna a
definição
de
conhecimento
demasiado
forte, deixando de fora muitas coisas que são
conhecimento.
Por exemplo, exclui a possibilidade do
conhecimento matemático (os objetos do
conhecimento
matemático
–
números, funções, conjuntos, etc. – são
objetos abstratos, pelo que não podem entrar
em relações causais).
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17. Fontes de conhecimento
17
Conhecimento
A priori
A posteriori
ou empírico
Algo é conhecido a priori
quando é conhecido
independentemente da
experiência e através do
pensamento apenas.
Algo é conhecido a
posteriori quando é
conhecido através da
experiência (sensorial ou
introspetiva).
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18. Fontes de conhecimento
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Conhecimento a priori – exemplos:
2+2=4
a+b=b+a
Os
solteiros não são casados.
Nenhum objeto totalmente azul é vermelho.
Conhecimento a posteriori – exemplos:
A
neve é branca.
Dói-me a cabeça.
Nem todos os cisnes são brancos.
Nenhum objeto totalmente azul é frágil.
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19. Fontes de conhecimento
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Argumento a priori:
Se, e só se, todas as suas premissas são a priori.
Exemplo:
Se um número for divisível por 2, é um número par.
1024 é divisível por 2.
Logo, 1024 é um número par.
Argumento a posteriori:
Se, e só se, pelo menos uma das suas premissas é a
posteriori.
Exemplo:
Todos os seres humanos são mortais.
Sócrates era um ser humano.
Logo, Sócrates era mortal.
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20. Fontes de conhecimento
20
Derivado ou inferencial
(Conhecimento resultante
de argumentos ou razões)
A priori
Ex: p. 131
A posteriori
Ex: p. 131
Conhecimento
A priori
Ex: 2+2=4
Primitivo ou não inferencial
(Conhecimento direto – p. ex.
através dos sentidos)
A posteriori
EX: A neve é branca.
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