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―(...)para ser viável, o Império
 deveria não só se impor através
 da força, como também por meio
 de boas instituições e de uma
 identidade coletiva que
 justificasse a razão de ser da
 nação que estava se formando‖
Clara Nunes "Canto das três raças" [letra]
 O Guarani – 1857
 Iracema – 1865
 Ubirajara – 1874

Nessas obras o autor aborda a visão do "bom
selvagem― – o indígena puro, nascido bom.
Os índios, a população autóctone do
Brasil, tupis, guaranis, bororos, tocantins e
tantos outros são aqui vistos como os
representantes de pureza e integridade.
O que contrasta com a perda da pureza, ou
mesmo a dignidade perdida, do mundo
civilizado europeu, devido à ganância e à
falsidade.
— Não há dúvida, disse D. Antônio de Mariz,
na sua cega dedicação por Cecília quis
fazer-lhe a vontade com risco de vida. É para
mim uma das coisas mais admiráveis que
tenho visto nesta terra, o caráter desse índio.
Desde o primeiro dia que aqui entrou, salvando
minha filha, a sua vida tem sido um só ato de
abnegação e heroísmo. Crede-me, Álvaro, é
um cavalheiro português no corpo de um
selvagem!
Álvaro fitou no índio um olhar admirado.
Onde é que este selvagem sem cultura
aprendera a poesia simples, mas graciosa;
onde bebera a delicadeza de sensibilidade
que dificilmente se encontra num coração
gasto pelo atrito da sociedade?
A cena que se desenrolava a seus olhos
respondeu-lhe; a natureza brasileira, tão
rica e brilhante, era a imagem que produzia
aquele espírito virgem, como o espelho das
águas reflete o azul do céu.
Quem conhece a vegetação de nossa terra
desde a parasita mimosa até o cedro
gigante; quem no reino animal desce do
tigre e do tapir, símbolos da ferocidade e da
força, até o lindo beija-flor e o inseto
dourado; quem olha este céu que passa do
mais puro anil aos reflexos bronzeados que
anunciam as grandes borrascas; quem viu,
sob a verde pelúcia da relva esmaltada de
flores que cobre as nossas várzeas deslizar
mil répteis que levam a morte num átomo de
veneno, compreende o que Álvaro sentiu.
Com efeito, o que exprime essa cadeia que
liga os dois extremos de tudo o que constitui
a vida? Que quer dizer a força no ápice do
poder aliada à fraqueza em todo o seu
mimo; a beleza e a graça sucedendo aos
dramas terríveis e aos monstros repulsivos;
a morte horrível a par da vida brilhante?
Não é isso a poesia? O homem que nasceu,
embalou-se e cresceu nesse berço
perfumado; no meio de cenas tão diversas,
entre o eterno contraste do sorriso e da
lágrima, da flor e do espinho, do mel e do
veneno, não é um poeta?
Poeta primitivo, canta a natureza na mesma
 linguagem da natureza; ignorante do que se passa
 nele, vai procurar nas imagens que tem diante dos
 olhos, a expressão do sentimento vago e confuso
 que lhe agita a alma.
 Sua palavra é a que Deus escreveu com as letras
 que formam o livro da criação; é a flor, o céu, a
 luz, a cor, o ar, o sol; sublimes coisas que a
 natureza fez sorrindo.
 A sua frase corre como o regato que serpeja, ou
 salta como o rio que se despenha da cascata;
 às vezes se eleva ao cimo da montanha, outras
 desce e rasteja como o inseto, sutil, delicada e
 mimosa.
ALENCAR, José de. O guarani. 20ª ed., São Paulo: Ática, 1996 (Bom Livro), p. 93-94
 Vídeo   O Guarani I
 Os indígenas foram escolhidos como
 símbolo da nascente nação brasileira
 porque representavam um meio termo
 possível, uma vez que eram numérica e
 culturalmente sufocados pelas elites.

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Construindo o brasil como nação no século xix

  • 1.
  • 3. ―(...)para ser viável, o Império deveria não só se impor através da força, como também por meio de boas instituições e de uma identidade coletiva que justificasse a razão de ser da nação que estava se formando‖
  • 4.
  • 5. Clara Nunes "Canto das três raças" [letra]
  • 6.  O Guarani – 1857  Iracema – 1865  Ubirajara – 1874 Nessas obras o autor aborda a visão do "bom selvagem― – o indígena puro, nascido bom. Os índios, a população autóctone do Brasil, tupis, guaranis, bororos, tocantins e tantos outros são aqui vistos como os representantes de pureza e integridade. O que contrasta com a perda da pureza, ou mesmo a dignidade perdida, do mundo civilizado europeu, devido à ganância e à falsidade.
  • 7. — Não há dúvida, disse D. Antônio de Mariz, na sua cega dedicação por Cecília quis fazer-lhe a vontade com risco de vida. É para mim uma das coisas mais admiráveis que tenho visto nesta terra, o caráter desse índio. Desde o primeiro dia que aqui entrou, salvando minha filha, a sua vida tem sido um só ato de abnegação e heroísmo. Crede-me, Álvaro, é um cavalheiro português no corpo de um selvagem!
  • 8. Álvaro fitou no índio um olhar admirado. Onde é que este selvagem sem cultura aprendera a poesia simples, mas graciosa; onde bebera a delicadeza de sensibilidade que dificilmente se encontra num coração gasto pelo atrito da sociedade? A cena que se desenrolava a seus olhos respondeu-lhe; a natureza brasileira, tão rica e brilhante, era a imagem que produzia aquele espírito virgem, como o espelho das águas reflete o azul do céu.
  • 9. Quem conhece a vegetação de nossa terra desde a parasita mimosa até o cedro gigante; quem no reino animal desce do tigre e do tapir, símbolos da ferocidade e da força, até o lindo beija-flor e o inseto dourado; quem olha este céu que passa do mais puro anil aos reflexos bronzeados que anunciam as grandes borrascas; quem viu, sob a verde pelúcia da relva esmaltada de flores que cobre as nossas várzeas deslizar mil répteis que levam a morte num átomo de veneno, compreende o que Álvaro sentiu.
  • 10. Com efeito, o que exprime essa cadeia que liga os dois extremos de tudo o que constitui a vida? Que quer dizer a força no ápice do poder aliada à fraqueza em todo o seu mimo; a beleza e a graça sucedendo aos dramas terríveis e aos monstros repulsivos; a morte horrível a par da vida brilhante? Não é isso a poesia? O homem que nasceu, embalou-se e cresceu nesse berço perfumado; no meio de cenas tão diversas, entre o eterno contraste do sorriso e da lágrima, da flor e do espinho, do mel e do veneno, não é um poeta?
  • 11. Poeta primitivo, canta a natureza na mesma linguagem da natureza; ignorante do que se passa nele, vai procurar nas imagens que tem diante dos olhos, a expressão do sentimento vago e confuso que lhe agita a alma. Sua palavra é a que Deus escreveu com as letras que formam o livro da criação; é a flor, o céu, a luz, a cor, o ar, o sol; sublimes coisas que a natureza fez sorrindo. A sua frase corre como o regato que serpeja, ou salta como o rio que se despenha da cascata; às vezes se eleva ao cimo da montanha, outras desce e rasteja como o inseto, sutil, delicada e mimosa. ALENCAR, José de. O guarani. 20ª ed., São Paulo: Ática, 1996 (Bom Livro), p. 93-94
  • 12.  Vídeo O Guarani I
  • 13.  Os indígenas foram escolhidos como símbolo da nascente nação brasileira porque representavam um meio termo possível, uma vez que eram numérica e culturalmente sufocados pelas elites.