2. • PARNASIANISMO = Parnassus Grécia
• O PARNASIANISMO reagiu contra os exageros sentimentais e imaginativos do
Romantismo.
• O PARNASIANISMO- RETORNO AO CLÁSSICO
• “Literatura é arte e só pode ser encarada como arte. É a arte pela arte.”
(Leconte de Lisle)
6. Olavo Bilac
Jornalista, cronista, contista e poeta, funcionário público,
sendo, desde 1898, inspetor escolar do Distrito Federal,
cargo em que se aposentou.
Republicano e abolicionista,
“Príncipe dos Poetas Brasileiros”
Serviço militar obrigatório 'Patrono civil do Exército'.
Lirismo amoroso: destaque ao erotismo e à sensualidade
feminina.
Reflexão existencial
7. Profissão de Fé
• Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo
Faz de uma flor.
• Imito-o. E, pois, nem de Carrara
A pedra firo:
O alvo cristal, a pedra rara,
O ônix prefiro.
• Por isso, corre, por servir-me,
Sobre o papel
A pena, como em prata firme
Corre o cinzel.
• Corre; desenha, enfeita a imagem,
A idéia veste:
Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem
Azul-celeste.
• Torce, aprimora, alteia, lima
A frase; e, enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.
• Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito:
8. A um poeta
Lon/ge/ do es/té/ril/ tur/bi/lhão/ da/ ru/a
Be/ne/di/ti/no, es/cre/ve!/ No a/con/che/go
Do/ claus/tro,/ na/ pa/ciên/cia e/ no/ sos/se/go,
Tra/ba/lha, e/ tei/ma, e/ li/ma, e/ so/fre, e/ su/a.
Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica mas sóbria, como um templo grego.
.
9. Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício.
Porque a beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura, inimigo do artifício,
E a força e a graça na simplicidade.
10. Dualismo
Não és bom, nem és mau: és triste e humano...
Vives ansiando, entre maldições e preces,
Como se a arder no coração tivesses
O tumulto e o clamor de um largo oceano.
Pobre, no bem como no mal padeces;
E rolando num vórtice insano,
Oscilas entre a crença e o desengano,
Entre esperanças e desinteresses.
Capaz de horrores e de ações sublimes,
Não ficas com as virtudes satisfeito,
Nem te arrependes, infeliz, dos crimes:
E no perpétuo ideal que te devora,
Residem juntamente no teu peito
Um demônio que ruge e um deus que chora.
11. Excelentíssima Senhora:
Creio que esta carta não poderá absolutamente surpreendê-la. Deve ser esperada. Porque
Vossa Excia, compreendeu com certeza que, depois de tanta súplica desprezada sem
piedade, eu não podia continuar a sofrer o seu desprezo. Dizem que V. Excia, me ama.
Dizem, porque da boca de V. Excia, nunca me foi dado ouvir essa declaração. Como,
porém, se compreende que, amando-me V. Excia, nunca tivesse para mim a menor
palavra afetuosa, o mais insignificante carinho, o mais simples olhar comovido?
Inúmeras vezes lhe pedi humildemente uma palavra de consolo. Nunca obtive, porque V.
Excia, ou ficava calada ou me respondia com uma ironia cruel. Não posso compreendê-
la: perdi toda esperança de ser amado. Separemo-nos […] Mas eu lhe amava muito, lhe
amava como ainda hoje eu lhe amo, e queria, depois de tanta luta e de tanto sofrimento,
ter um pouco de felicidade. Perdoe-me e fique certa de que, para seu sossego, nunca
mais me verá."
12. ALBERTO DE OLIVEIRA
Esta de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.
Era o poeta de Teos que o suspendia
Então, e, ora repleta ora esvasada,
A taça amiga aos dedos seus tinia,
Toda de roxas pétalas colmada.
Depois... Mas, o lavor da taça admira,
Toca-a, e do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,
Ignota voz, qual se da antiga lira
Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa voz de Anacreonte fosse
VASO GREGO
13. Vaso Chinês
• Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.
Fino artista chinês, enamorado,
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.
Mas, talvez por contraste à desventura,
Quem o sabe?... de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura;
Que arte em pintá-la! a gente acaso vendo-a,
Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.
14. RAIMUNDO CORREIA
As pombas
Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada...
E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...
Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência a asas soltam
Fogem... mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...