O Colóquio do Seminário Permanente “Vita Contemplativa - Práticas Contemplativas e Cultura Contemporânea" do Grupo Praxis do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, com o apoio do Círculo do Entre-Ser, trouxe este ano [14-15 Maio 2018] à reflexão o tema Mãe-Natureza, Terra Viva com o enfoque nos contributos da ecosofia, da ecologia profunda e da ecologia espiritual face à crise ecológica.
Durante dois dias, e de formas particulares, celebrou-se a Natureza, tornaram-se vivas memórias dessa Natureza em nós, apresentaram-se excelentes exemplos de sustentabilidade, formularam-se utopias possíveis e desejáveis de concretização, partilharam-se testemunhos, reforçaram-se laços e debateram-se contributos tão diversos para o tema: da Espiritualidade às práticas Eco-espirituais; do Xamanismo ao Yoga; do Taoísmo ao Budismo; do Cristianismo ao Islamismo; da cosmovisão dos povos primevos às experiências místicas, das metatopias urbanas às alimentares, da perspetiva de Heidegger à Física Quântica, da igualdade de gênero aos direitos da Natureza; da Transição à Permacultura; do Papa Francisco ao Compromisso com a Casa Comum; do contato com a Natureza às psicoterapias; do Caos a Gaia, passando por Eros - da Mitologia à Filosofia; da consciência do corpo à consciência da Terra, da Arte (cinema, arquitetura, pintura escultura, música, etc.) à Ciência holística; do Ecocentrismo ao Princípio feminino; da Ética à Ontologia e vice-versa.
As várias participações trouxeram visões e contributos preciosos que não podem ficar guardados com o encerramento do evento, pelo que deixamos aqui algumas das mensagens e ideias-chave debatidas.
Artigo didático publicado na Agenda Latino-americana de 2020 sobre ecologia, destinado a Educadores, agentes de pastoral e pessoas engajadas na causa ecológica.
Artigo didático publicado na Agenda Latino-americana de 2020 sobre ecologia, destinado a Educadores, agentes de pastoral e pessoas engajadas na causa ecológica.
Nossa Produção em Bioética Ambiental 1a JORNEBMarta Fischer
Nossa Produção em Bioética Ambiental apresentada durante a 1a JORNEB - painéis e apresentações orais. Maiores informações entrar em contato com o os autores
Colóquio Vita Contemplativa - Mãe Natureza, Terra Viva Ecosofia, Ecologia Pro...Jorge Moreira
Quando observamos a Terra de fora, todos os indivíduos, todas as etnias humanas, todas as espécies de seres vivos, todas as serras, florestas, rios, lagos e mares, todos os Reinos da Natureza não têm fronteiras e são em conjunto a Terra.
Da mesma forma decorreu o Colóquio Vita Contemplativa Mãe Natureza, Terra Viva. Muitos contributos, de áreas tão distintas, mas todas apontaram caminhos ecosóficos idênticos.
(Esta é a segunda e última parte do artigo publicado, inicialmente, na edição de Junho de 2018 da Revista O Instalador)
Ecologia profunda como devir da esperança - A inevitável consciência espiritualJorge Moreira
A Ecologia Profunda é simultaneamente uma ética ambiental radical e uma ontologia – uma filosofia de vida centrada na ecosfera, preocupada, cuidada e respeitosa. Adota a igualdade biocêntrica e atribui valor intrínseco aos seres não-humanos, elementos abióticos e ecossistemas. A palavra radical associada a este movimento refere-se à necessidade de ir à raiz do problema. Isto é, refletir profundamente a nossa relação com a Terra, que deve ser acompanhada de mudanças progressivas, mas radicais das nossas atitudes e comportamentos, desligando-se do paradigma insustentável, consumista e cruel da nossa sociedade atual, para uma vivência centrada na bondade, na liberdade, no respeito e na riqueza interior. Ela reúne ciência, tradição, religião, filosofia, arte e espiritualidade...
Nossa Produção em Bioética Ambiental 1a JORNEBMarta Fischer
Nossa Produção em Bioética Ambiental apresentada durante a 1a JORNEB - painéis e apresentações orais. Maiores informações entrar em contato com o os autores
Semelhante a Colóquio Vita Contemplativa - Mãe Natureza, Terra Viva Ecosofia, Ecologia Profunda e Ecologia Espiritual perante a crise ambiental - Parte I
Colóquio Vita Contemplativa - Mãe Natureza, Terra Viva Ecosofia, Ecologia Pro...Jorge Moreira
Quando observamos a Terra de fora, todos os indivíduos, todas as etnias humanas, todas as espécies de seres vivos, todas as serras, florestas, rios, lagos e mares, todos os Reinos da Natureza não têm fronteiras e são em conjunto a Terra.
Da mesma forma decorreu o Colóquio Vita Contemplativa Mãe Natureza, Terra Viva. Muitos contributos, de áreas tão distintas, mas todas apontaram caminhos ecosóficos idênticos.
(Esta é a segunda e última parte do artigo publicado, inicialmente, na edição de Junho de 2018 da Revista O Instalador)
Ecologia profunda como devir da esperança - A inevitável consciência espiritualJorge Moreira
A Ecologia Profunda é simultaneamente uma ética ambiental radical e uma ontologia – uma filosofia de vida centrada na ecosfera, preocupada, cuidada e respeitosa. Adota a igualdade biocêntrica e atribui valor intrínseco aos seres não-humanos, elementos abióticos e ecossistemas. A palavra radical associada a este movimento refere-se à necessidade de ir à raiz do problema. Isto é, refletir profundamente a nossa relação com a Terra, que deve ser acompanhada de mudanças progressivas, mas radicais das nossas atitudes e comportamentos, desligando-se do paradigma insustentável, consumista e cruel da nossa sociedade atual, para uma vivência centrada na bondade, na liberdade, no respeito e na riqueza interior. Ela reúne ciência, tradição, religião, filosofia, arte e espiritualidade...
Direitos da natureza: o simples direito à existência, de Alcide Gonçalves e J...Jorge Moreira
Com o enorme contributo da ciência e da filosofia, que recuperaram a cosmovisão dos povos antigos - um mundo em que tudo se encontra interligado e se relaciona entre si – e que o ser humano é um elo inseparável na cadeia da vida do planeta, é incompreensível dizer que só os seres humanos têm direitos, especialmente quando estes acham que têm o direito de explorar, abusar e destruir toda a vida e toda a beleza da criação. A Natureza tem direitos sim! É a nossa mãe, o nosso suporte, o nosso alimento, a água que sacia a nossa sede, o ar que respiramos, a energia que necessitamos e o perfume que nos inspira. É a Vida que abraça a nossa vida! Como não tem direitos?
A Vida no Centro do Universo, Revista o instalador 271Jorge Moreira
A Ecologia olha para o ser humano, da mesma forma que olha para as outras formas de vida, como um produto de um processo evolutivo, num complexo sistema interdependente e interconectado constituído pelos seres vivos. Esta forma científica reverte para um juízo moral, em que não há seres mais importantes do que outros. Para Taylor, cada organismo é per se um centro teleológico de vida, portador de dignidade inerente, o que lhe confere o estatuto de sujeito moral, não devendo ser tratado como meio para o fim de alguém. Assim, o ser humano é moralmente obrigado a proteger e promover o bem dos membros da comunidade biótica por si próprios.
Simplicidade voluntária, Alcide Gonçalves e Jorge Moreira, Revista o Instalad...Jorge Moreira
A simplicidade voluntária envolve um crescimento interior que se traduz numa condição exterior desapegada dos bens
materiais. Uma vida mais autêntica e imersa nos mistérios mais profundos do universo, não se coaduna com a acumulação de objetos e poder sobre os outros, mas numa
riqueza interior, do espírito humano. A alegria efémera que a aquisição de objetos pode produzir na mente de um ser humano não se compara com a felicidade duradoura
de uma mente serena liberta da escravatura dos desejos materiais.
Por uma educação consciente e ativa. Para que realmente o ser humano possa compreender que faz parte de um imenso sistema vivo e que se sinta responsável pela preservação da vida em todas as esferas.
Artigo publicado na Revista Medellin (Colômbia), que apresenta a importância do tema "Ecologia Integral", desenvolvida na Encíclica Laudato Si, de Francisco.
Semelhante a Colóquio Vita Contemplativa - Mãe Natureza, Terra Viva Ecosofia, Ecologia Profunda e Ecologia Espiritual perante a crise ambiental - Parte I (20)
Da cidade distópica à utopia possível - Jorge Moreira - Prisma.SOCJorge Moreira
O crescimento rápido da urbe não trouxe só vantagens. Com ele surgiram muitos problemas ambientais, com as cidades a gerar 70% das emissões globais de CO2 e o uso de mais de 60% dos recursos (United Nations,
2019). O primeiro fator tem um
papel preponderante na
problemática das alterações climáticas, e o segundo no esgotamento dos recursos naturais, desflorestação e perda dramática da biodiversidade. Em muitas cidades a poluição do ar tornou-se um fator de risco para a saúde pública...
Pensar a Humanidade e as Redes através da Teia da Vida, Revista Cescontexto 3...Jorge Moreira
A comunidade científica aponta-nos cenários apocalípticos de caos climático e ecológico. Um futuro cada vez mais presente, que emerge de uma força transformadora antropogénica de larga escala. Este trabalho, apresentado na International Conference Beyond Modernity: Alternative Incursions into the Anthropocene do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, em 2021, aborda uma nova forma de pensar as redes sociais, ampliando a dimensão reticular da vida social, integrando-a numa rede maior, a teia da vida, que liga todas a formas de vida e entrelaça todos os fenómenos naturais.
“Chegámos junto da velha loba a tempo de observar um
altivo fogo verde a morrer nos olhos dela. Compreendi
nesse momento, e nunca mais deixei de o saber, que havia
algo de novo para mim naqueles olhos – algo que apenas
ela e a montanha conheciam. Nesse tempo […] pensava
[…] que o desaparecimento total dos lobos seria o paraíso
dos caçadores. Mas depois de ter visto aquele fogo verde a
extinguir-se, senti que nem o[a] lobo[a] nem a montanha
concordavam com essa maneira de ver (Leopold, 2008, p.
130)”
Artigo publicado na Revista Vento e Água - Ritmos da Terra nº 30, Setembro de 2021 https://ventoeagua.com/produto/revista-numero-30-21-setembro-2021/
Tal como aconteceu a John Muir, a montanha chamou-o, e Naess teve de ir para junto dela. As suas palavras são bem elucidativas: Estou a obedecer, a obedecer ao desejo de Hallingskarvet de vir (Naess, 1995). Parece que as experiências místicas junto à montanha que o filósofo norueguês descreve desde pequeno eram equivalentes à epifania que Aldo Leopold teve junto à loba moribunda. Neste caso, através do fogo verde que se soltava do olhar por da loba, a montanha revelou a Leopold a importância da harmonia, da beleza e da estabilidade ecológica.
Desde que Naess terminou a construção da cabana, em 1938, passou lá cerca de catorze anos da sua vida, onde desenvolveu o conceito de ecologia profunda, que viria a reinventar o olhar do ser humano sobre si mesmo e sobre o Ambiente envolvente.
Revista 'Vento e Água' nº 27
https://ventoeagua.com/revistas/27/
A «Floresta» em Portugal Porquê uma Aliança pela Floresta AutóctoneJorge Moreira
Cerna Nº 83, 2020
A pedido da Cerna, e para tornar mais compreensível aos conservacionistas e ecologistas da Galiza a situação da floresta autóctone em Portugal, enviamos estas notas que poderão ter alguma utilidade. Expomos por ordem cronológica, ao longo de cinco anos, como surgiu a Aliança pela Floresta Autóctone e como tem vindo a desenvolver-se e enraizar-se, muito lentamente é certo, como iniciativa informal.
Adiante tentamos explicar o que pretendemos com ela.
Estado do Ambiente - uma retrospetiva de 2019 - O Instalador 284Jorge Moreira
Em Portugal as ameaças ambientais sucedem-se num ritmo vertiginoso: novo aeroporto no Montijo, dragagens no Sado e noutros locais sensíveis, construção na orla costeira e zonas de cheias, projetos megalómanos para locais ainda preservados, exploração de lítio, agricultura superintensiva no Alentejo, monocultura de eucaliptos, continuação com o uso do glifosato e de outros pesticidas perigosos, etc. O mais infeliz desta situação é termos institutos estatais de defesa do Ambiente e da Natureza que dão aval, mesmo sabendo que há violações graves aos meios que tutelam.
"Eu também tenho um sonho: que governos, partidos políticos e empresas compreendam a urgência da crise climática e ecológica e se unam apesar das suas diferenças - como vocês fariam em caso de emergência - e tomem as medidas necessárias para salvaguardar as condições de uma vida digna para todos na terra"
Greta Thunberg, discurso no Congresso Norte-Americano, 2019
Educação para a emergência ecológica I Jorge Moreira
Este modelo educativo está longe de formar indivíduos livres pensadores, eticamente responsáveis e cidadãos conscientes, que consigam atender às exigências prementes de si mesmos, da sociedade e do Ambiente. O resultado deste sistema é a crise multidimensional, cuja crise ecológica é a sua manifestação mais evidente
As flores silvestre contribuem para a diversidade biológica, aumentam a produção agrícola, diminuem o uso de pesticidas e tornam a agricultura mais sustentável e sadia.
Tudo isto, e ainda pintam com o aroma da cor, da forma e fragrância onde se encontram. São realmente seres especiais, que merecem toda a nossa atenção e consideração.
A Ciência (que) Quer Salvar a Humanidade II - A Extinção em Massa, Jorge More...Jorge Moreira
Todos os relatórios/avisos da comunidade científica dizem que o que temos feito para salvar o Planeta é insuficiente e precisamos de alterações profundas na nossa sociedade, de uma ‘mudança transformadora’ para restaurar e proteger a Natureza e garantir um futuro para a Humanidade. Ainda não é tarde demais, mas amanhã já vai ser tarde demais. É necessário começar hoje, agora, e podemos fazê-lo através das nossas escolhas, nomeadamente com o que comemos, o que vestimos, como nos deslocamos, etc. Sejamos proativos. Mas também é necessário desconstruir os interesses instalados na sociedade, para dar primazia ao bem-comum, fazendo com que a defesa do bem-comum seja sinónimo de defesa da Natureza. O relatório do IPBES diz que a ‘mudança transformadora’, implica uma reorganização fundamental de todo o sistema, incluindo paradigmas, metas e valores.
Reutilização, Reparação e Reciclagem de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos,...Jorge Moreira
A reciclagem, a reparação e a reutilização de equipamentos elétricos e eletrónicos contribuem para minimizar os problemas ambientais e trazem ainda vantagens sociais e económicas para os consumidores. Veja como:
Resgatar a Humanidade, Alcide Gonçalves e Jorge Moreira, O Instalador, março ...Jorge Moreira
A palavra ‘humanidade’ deriva do latim’ humanitas’ e ‘humanitatis’, que significa cultura, civilização, natureza humana, carácter, sentimento, bondade, benevolência, cortesia e compaixão. Trata-se de uma palavra que exprime uma série de qualidades nobres, que residem profundamente no coração do ser humano.
Mas, esta palavra, significa também um conjunto de seres humanos, sendo ‘humanos’, relativo ao homem, que por sua vez é derivado de ‘homo’, relacionado como ‘humus’, terra. Quando vamos à raiz das coisas, acabamos por perceber que a Humanidade é simultaneamente um conjunto de qualidades e seres da terra. Isto sugere, que no sentido lato, todos os seres da terra podem ser considerados Humanidade. Todas as espécies, incluindo a Homo sapiens. Na verdade, não estaríamos cá sem o papel das outras espécies, tanto no que concerne a nível evolutivo, como ecológico. Não conseguiríamos existir e viver sem o contributo delas. Mas a palavra ‘terra’ também significa chão, solo, território, região de origem, nação, ou o próprio planeta Terra. Neste contexto, a Humanidade pode também ser considerada toda a Terra - a nossa grande Mãe. Há um traço de familiaridade cósmica.
Resíduos Urbanos: um problema com valor acrescentado, Alcide Gonçalves e Jorg...Jorge Moreira
Somos efetivamente uma sociedade de resíduos, com um impacto enorme no Ambiente e na qualidade de vida das pessoas. Os mares estão cheios de plástico e já começamos a comer micropartículas de plástico oriundas dos alimentos. Já foram tomadas medidas para diminuir o seu uso, mas não chega. É necessário voltar ao granel, aos mercados locais, à devolução das garrafas e embalagens, à compostagem caseira dos resíduos orgânicos mas, acima de tudo, é necessário uma nova Educação capaz de fomentar uma consciência limpa e livre de consumismos, capaz de cuidar de si e da Terra
Decrescimento – Crescer no Essencial, Jorge Moreira, Revista O Instalador 270Jorge Moreira
O decrescimento propõe-nos uma utopia concreta - um caminho diferente de uma sociedade de consumo, que consome pessoas e a Natureza, para uma sociedade de abundância frugal e de prosperidade humana e ecológica
O nosso dia de Alcide Gonçalves e Jorge Moreira, O Instalador, maio 2018Jorge Moreira
Falta festejar o dia em que cresceremos em consciência e conseguirmos integrar todo o Planeta como se fosse o nosso corpo, as nossas emoções e a nossa mente. Cada espécie passa a ser compreendida como uma célula nossa. Rios, florestas, montanhas, glaciares, lagos e oceanos são como os nossos órgãos. O sofrimento do boi ou da baleia passa a ser o nosso sofrimento. A alegria que emana do canto do rouxinol tem eco na nossa alegria. E nós passamos a compreender e a colaborar na internet micélica da vida
A Vida dos Rios da Vida, Jorge Moreira, Revista O Instalador, Abril 2018Jorge Moreira
A ideia de que os rios são as veias da Terra existe em diferentes geografias, culturas e épocas. Um dos maiores sábios que floresceu no seio da Humanidade foi Leonardo Da Vinci. A sua capacidade de ver mais além do que o comum dos mortais levou-o ao grande axioma hermético, o princípio da
correspondência, que existe entre dimensões e aspectos da vida. A analogia entre um organismo e a Natureza, mais precisamente, entre o funcionamento de um corpo humano e a Terra (...) Estas conclusões remetem também para a Terra como organismo vivo, mais tarde fundamentada cientificamente através da Teoria de Gaia, também conhecida por Hipótese biogeoquímica de James Lovelock e Lynn Margulis.
A Terra é um complexo sistema, cuja a água é peça fundamental para a vida. Assim, os rios saudáveis são os canais de vitalidade da Terra. Transportam água e sedimentos ricos em nutrientes e minerais (...)
As alterações climáticas, a poluição e a destruição das florestas autóctones, fruto do nosso egoísmo e antropocentrismo, afetam gravemente os rios. Sem eles não há vida como a conhecemos e este planeta, outrora lindo, ficará mais parecido do que nunca com o seu vizinho Marte. Certamente que por mais cegos e gananciosos que possamos ser, não vamos querer viver sem as belas curvas dos rios, sem a sua frescura cristalina, sem os rápidos, cachoeiras e deltas, sem os Guarda-rios ou a brincadeira da Lontra. O rio não é um recurso. É a seiva que alimenta a vida! Chegou a hora de defender a vida do fogo da morte.
Práticas sustentáveis e escolhas éticas, Jorge Moreira, Revista o Instalador ...Jorge Moreira
Vivemos num planeta maravilhoso, onde a vida sorri em milhões de formas, cores, sons, paladares e perfumes. Dá-nos ainda mais sentidos e um sentido a tudo. Um planeta onde a vida floresce, evolui e desperta para mundos interiores de consciência infinita. A Terra dá-nos isso tudo, alimenta o nosso corpo, fascina-nos intelectualmente e preenche-nos com a magia da sua beleza. Haverá algo mais incrível? Então porque estamos a destruir este paraíso?
A Ciência (que) quer salvar a Humanidade – porque em breve será tarde demaisJorge Moreira
Passados 25 anos, e perante um cenário ainda mais devastador, os cientistas voltam a avisar a humanidade, agora em maior número e intensidade discursiva. Foram 15.364 elementos da comunidade científica, alguns deles laureados com o Nobel, de 184 países, incluindo mais de 200 portugueses. A nova carta aberta dirigida à Humanidade é um alerta para a ameaça que paira sobre a continuidade da nossa espécie. Curiosamente, não estamos perante um evento catastrófico à escala global, como de um corpo celeste que se dirige ameaçador contra o nosso planeta ou na iminência de uma série de cataclismos naturais à superfície. Trata-se simplesmente da ação humana, em franco crescimento sobre os recursos naturais, que tem levado à perda desastrosa da biodiversidade e dos serviços que suportam a vida na Terra.
Nos últimos tempos temos assistido a uma série imparável de calamidades. E, embora muitas delas sejam de natureza diferente, têm muito em comum, quer pela sua origem, quer pela intensidade dos fenómenos naturais. Furacões sucessivos nas Caraíbas e nos Estados Unidos da América, que bateram
recordes e deixaram um rasto de destruição maciça; cheias na Ásia, que ‘afogaram’ mais de um milhar de pessoas; incêndios devastadores em vários países e com muitas vidas humanas e não humanas a lamentar; avalanches que engoliram povoações inteiras; cidades irrespiráveis na China; seca severa em muitos locais; rios moribundos, sem água ou poluídos, são alguns exemplos que têm assolado ultimamente o nosso planeta. Muitos destes fenómenos, bem como a sua dimensão, têm a sua origem direta ou indiretamente na sequência da atividade humana.
Este livro é uma bomba de informações sobre a relação do Vaticano e o homossexualismo, o texto base pertence ao jornalista francês Frédéric Martel na sua consagrada obra NO ARMÁRIO DO VATICANO. Neste obra, eu faço meus comentários sobre os primeiros dois capítulos do texto de Martel. As informações sobre a quantidade de altos membros do Vaticano envolvidos na pratica homossexual é de um escândalo sem precedentes na história do cristianismo. Fico imaginando a tristeza de muitos católicos ao saberem que no Vaticano em vez daqueles “homens santos” estarem orando e jejuando, estão na verdade fazendo sexo anal com seus amantes. Sodoma se instalou no Vaticano e a doutrina do celibato obrigatório canalizou muitos homens com tendencias homossexuais a optarem pelo sacerdócio católico como uma forma de camuflar suas preferencias sexuais sem despertar suspeitas na sociedade. Mas vivemos na era da informação e certas coisas não dá mais para esconder. A Igreja Católica esta diante de um dilema: ou permite a pratica aberta do homossexualismo ou expurga esta prática antibíblica do seu seio. Mas como veremos nesta série de livros, acho que os gays são maioria e já tomaram o poder no Vaticano. O próximo livro desta série é O MUNDO GAY DO VATICANO, onde continuarei comentado o resultado das investigações de Frédéric Martel. Ao final também coloco um apêndice com as revelações do arcebispo CARLOS MARIA VIGANÒ na famosa carta chamada TESTEMUNHO.
Estudo da introdução à carta de Paulo aos Filipenses.
Veja o estudo completo em: https://www.esbocosermao.com/2024/06/filipenses-uma-igreja-amorosa.html
CARTAS DE INÁCIO DE ANTIOQUIA ILUSTRADAS E COMENTADASESCRIBA DE CRISTO
Como pesquisador cristão procurei após estudar o Novo Testamento internamente, fazer um levamento externo e o que aconteceu com o cristianismo nos anos seguintes as histórias bíblicas. Então temos algumas literaturas que são posteriores aos escritos do Novo Testamento. O Didaquê, Clemente de Roma e as cartas de Inácio de Antioquia. Nesta obra vamos ter uma noção como a igreja estava dando seus primeiros passos agora sem a companhia de Jesus e dos apóstolos. Inácio de Antioquia ainda chegou a conviver com João e Paulo e por isto “bebeu” conhecimento direto da fonte. Vemos três inimigos que faziam oposição ao cristianismo nos primeiros anos: Os judaizantes, os gnósticos e o império romano que com a máquina do Estado tentou massacrar os cristãos e o fez com toda volúpia. Em todas as cartas de Inácio ele vai informando que seu momento de ser executado na arena do Coliseu de Roma está se aproximando. Inácio seria em breve devorado por feras, mas ele mostrava uma coragem assustadora. O texto vai acompanhado com ilustrações e meus comentários.
Este livro contém três sermões de Charles Spurgeon que viveu no século XIX e é considerado um dos heróis do cristianismo, também chamado pelos seus admiradores em todo o mundo de PRÍNCIPE DOS PREGADORES ou O ULTIMO DOS PURITANOS. A vida de Charles Spurgeon é um exemplo de vida cristã e sua missão como pregador Batista fez com que seu nome fosse respeitado por todas as linhas de pensamento do cristianismo. Jesus Cristo é o nosso Salvador. Este é o tema central das pregações de Spurgeon. Nesta obra contém três sermões, são eles:
1 – Cristo e eu
2 – Perguntas e respostas desde a Cruz
3 – Boas vindas para todos que vem a Cristo
Estes sermões foram proferidos a cerca de 150 anos e quando você lê estas mensagens antigas, parece que você esta sentado em um banco, em uma igreja na Inglaterra e está ouvindo o Espírito Santo falando com você. Em CRISTO E EU vemos a necessidade de salvação, em PERGUNTAS E RESPOSTAS DESDE A CRUZ iremos entender porque Deus deixou Jesus sofrer na cruz. BOAS VINDA PARA TODOS QUE VEM A CRISTO é uma exposição clara que só podemos ser salvos por Jesus, esqueça outros deuses, santos, Maria, praticas de rituais ou boas obras. Seja sensato e venha a Cristo se quiser ser salvo.
Premonição é em síntese uma advertência de algo que está prestes a acontecer a qual se recebe uma comunicação do mundo espiritual, seja do próprio espírito da pessoa, de outro [telepatia], de anjos, demônios, ou do próprio Deus, e até de pessoas que já morreram e animais que podem emitirem sinais. Estamos no campo da metafisica, da física quântica e do mundo espiritual. Desde os tempos antigos, até os dias de hoje existem incontáveis testemunhos de pessoas que vivenciaram experiências de premonição. Aqui nesta obra, eu apresento um rascunho das evidências que encontrei tanto na Bíblia como no testemunho de inúmeras pessoas que tiveram premonições. Alguns destes avisos sobrenaturais e paranormais permitem que o receptor da mensagem opte por um ou outro destino, todavia, outras premonições parecem fatalistas o que significa que a pessoa fica sabendo o que está prestes a acontecer, mas não consegue impedir o desfecho. Este ensaio apresenta as várias possibilidades que podem acionar o gatilho da premonição e o seu mecanismo, mas ninguém consegue dominar a arte da premonição, se antecipando ao conhecimento do que está prestes a acontecer a hora que quiser. Este livro vai, no mínimo, deixa-lo intrigado.
Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 137 - InimigosRicardo Azevedo
“O Mestre, acima de tudo, preocupou-se em preservar-nos contra o veneno do ódio, evitando-nos a queda em disputas inferiores, inúteis ou desastrosas.” Emmanuel
Nesta obra do ex-padre Aníbal Pereira dos Reis, eu, o Escriba de Cristo, irei fazer minhas inserções, comentado os posicionamentos do ex-padre católico que nos anos de 1980 e 1990 foi um grande expoente protestante contra os desmando religiosos e heréticos da Igreja Católica Romana. Um forte opositor que chamou a atenção até do Vaticano. Em suas dezenas de obras literárias, o foco do ex-padre Aníbal é escancarar os erros doutrinários do catolicismo. Neste tratado sobre o VATICANO E A BÍBLIA, Aníbal vai desenvolvendo sua crítica a atual doutrina católica que sequestra a autoridade da Bíblia como única regra de fé para os cristãos e como ao longo da história, em seus concílios, a alta cúpula da Igreja romana foi cada vez mais tirando da Bíblia a autoridade como padrão de fé para os cristãos e chamando para si a posição de representantes de Deus na Terra. É muito incoerente que a Igreja católica esteja agora cada vez mais tomando posicionamentos morais e éticos contrários ao explicitamente dito nas Escrituras e ao mesmo tempo ela diz que a Bíblia é uma das suas pilastras de regra de fé, ao lado da tradição e do magistério eclesiástico. Nas últimas décadas cada vez mais a Igreja católica esta se distanciando da Bíblia e seguindo um pensamento humanista e socialista. Cada vez mais deixando de ser uma religião em que Deus é o centro para ser cada vez mais uma religião humanista. Os padres e cleros em geral que não compartilham da cartilha do Vaticano, vão cada vez mais perdendo a voz dentro da máquina eclesiástica do Vaticano. Esta obra revelará este contraste.
Colóquio Vita Contemplativa - Mãe Natureza, Terra Viva Ecosofia, Ecologia Profunda e Ecologia Espiritual perante a crise ambiental - Parte I
1.
2. 86 O Instalador Junho 2018 www.oinstalador.com
Opinião
AMBIENTE E ENERGIAS RENOVÁVEIS
Colóquio Vita Contemplativa - Mãe Natureza, Terra Viva
Ecosofia, Ecologia Profunda e
Ecologia Espiritual perante a crise
ambiental - Parte I
Textos e Fotos_Alcide Gonçalves [Arquiteta Paisagista] e Jorge Moreira [Ambientalista e Investigador]
Contribuiu ainda com fotos José Alex Gandum [Instalador]
O universo teve um começo.
O começo do universo é a nossa mãe original.
Conhecer a mãe original
É conhecer os seus filhos,
Conhecendo seus filhos,
É regressar para os braços da mãe original.
Então, a existência será longa e tranquila.
Lao Tzu
Minha mãe é a Terra e eu sou seu filho
Prthivi Sukta
Nos bosques (…) não sou nada; vejo tudo;
as correntes do Ser Universal circulam através de mim;
sou parte ou parcela de Deus
Ralph Waldo Emerson
Se pudéssemos ver toda a verdade de qualquer situação,
a nossa única resposta seria a compaixão
Mingyur Rinpoche
3. O Instalador Junho 2018 www.oinstalador.com 87
Opinião
AMBIENTE E ENERGIAS RENOVÁVEIS
O Colóquio do Seminário Permanente
“Vita Contemplativa - Práticas Contempla-
tivas e Cultura Contemporânea" do Grupo
Praxis do Centro de Filosofia da Universi-
dade de Lisboa, com o apoio do Círculo
do Entre-Ser, trouxe este ano [14-15 Maio
2018] à reflexão o tema Mãe-Natureza,
Terra Viva com o enfoque nos contributos
da ecosofia, da ecologia profunda e da
ecologia espiritual face à crise ecológica.
Antes de mais, convém referir que os au-
tores do presente artigo também estiveram
presentes com comunicações, cujo con-
teúdo se encontra um pouco disseminado
por este texto. Portanto, esta também é a
nossa visão do Colóquio.
Durante dois dias, e de formas particula-
res, celebrou-se a Natureza, tornaram-se
vivas memórias dessa Natureza em nós,
apresentaram-se excelentes exemplos de
sustentabilidade, formularam-se utopias
possíveis e desejáveis de concretização,
partilharam-se testemunhos, reforçaram-
-se laços e debateram-se contributos tão
diversos para o tema: da Espiritualidade às
práticas Eco-espirituais; do Xamanismo ao
Yoga; do Taoísmo ao Budismo; do Cristia-
nismo ao Islamismo; da cosmovisão dos
povos primevos às experiências místicas,
das metatopias urbanas às alimentares, da
perspetiva de Heidegger à Física Quântica,
da igualdade de gênero aos direitos da
Natureza; da Transição à Permacultura; do
Papa Francisco ao Compromisso com a
Casa Comum; do contato com a Natureza
às psicoterapias; do Caos a Gaia, passan-
do por Eros - da Mitologia à Filosofia; da
consciência do corpo à consciência da
Terra, da Arte (cinema, arquitetura, pintura
escultura, música, etc.) à Ciência holística;
do Ecocentrismo ao Princípio feminino; da
Ética à Ontologia e vice-versa.
As várias participações trouxeram visões
e contributos preciosos que não podem
ficar guardados com o encerramento do
evento, pelo que deixamos aqui algumas
das mensagens e ideias-chave debatidas.
Da Crise Ecológica à Ética
Ambiental e desta à Ecolo-
gia Espiritual
A crise ecológica surgiu com a Revolução
Industrial. Contudo, foi a partir dos anos 50
do século passado que se deu a Grande
Aceleração e o aparecimento de uma nova
idade geológica, o Antropoceno, dado o
impacto brutal do Homo sapiens sobre
o planeta. Uma década depois a crise foi
efetivamente percecionada, com a publi-
cação de alguns artigos que retratavam
problemas ambientais e refletiam sobre a
origem deles, com especial atenção para
o lançamento do livro Primavera Silenciosa
de Rachel Carson, que alertava cientifi-
camente para os danos generalizados da
utilização dos agrotóxicos. A partir desse
momento emergiram pequenos grupos
académicos que se debruçaram sobre as
raízes da crise ecológica. Nasce assim uma
nova disciplina filosófica, a Ética Ambiental
com o intuito de dar uma resposta à crise
emergente.
Vários estudos apontam o surgimento
de uma ciência com raízes puramente
cartesianas, reducionistas e dominada por
uma cultura judaico-cristã antropocêntrica,
onde o homem é agente de domínio e sub-
jugação de toda a criação divina, conjunta-
mente e reciprocamente com a Revolução
Industrial, que fez surgir uma tecnociência
desumanizada. A Natureza foi dessacrali-
zada e passou a ser vista como um recurso
4. 88 O Instalador Junho 2018 www.oinstalador.com
Opinião
AMBIENTE E ENERGIAS RENOVÁVEIS
à disposição da máquina. Entretanto,
surge outro produto associado, o sistema
económico globalizado e o seu tecnocapi-
talismo, onde a Natureza, seres humanos
e seres não-humanos foram submetidos
a um nível de exploração inimaginável.
Paralelamente à crise ecológica e com a
devida reciprocidade, apareceu também a
crise social e humana e as constantes flu-
tuações das crises económica e financeira.
Resumidamente, uma visão puramente
antropocêntrica, conjuntamente com a
tecnociência e o tecnocapital, colocaram
os sistemas que suportam a vida na Terra
em risco, dando origem à sexta extinção
em massa no Planeta, extinção essa agora
de origem antrópica.
Também para fugir a esta visão antro-
pocentrada e pouco real dos fenómenos
da vida, surgiram correntes da ética
ambiental holísticas, como a Ética da Terra,
o Ecofeminismo e a Ecologia Profunda,
assim como as éticas práticas Ecosofia e
a Ecologia Espiritual, com o papel de re-
-sacralizar e re-fundir a Natureza Humana
com o cosmos.
As éticas ecocêntricas, como a Ecologia
Profunda, defendem o valor intrínseco da
Natureza em oposição ao valor instrumen-
tal contido na visão económica vigente.
Com este princípio, surgiram em alguns
países a consagração do reconhecimento
jurídico de alguns rios ou troços deles, de
glaciares, florestas, aves ou ordens de ma-
míferos (cetáceos). Na verdade, reconhecer
direitos a Natureza é dar corpo aos princí-
pios acolhidos na Carta da Terra, firmada
no dia 14 de Março de 2000 na UNESCO,
em Paris, por 46 países e que se assume
como um tratado dos povos e expressão
das aspirações da sociedade civil emer-
gente. Tais princípios estão ancorados nos
mais recentes conhecimentos da ciência,
na sabedoria das grandes tradições religio-
sas e filosóficas do mundo e nos relatórios
de diversas conferências mundiais da
ONU - bases do movimento ético mundial,
dirigido à edificação de um mundo pautado
pelo respeito pela Natureza e por todos
os viventes, fundamentos de uma cultura
da fraternidade e da paz mundiais que se
assume como pilar da nova civilização do
século XXI. Neste sentido, Alexandra Mar-
celino apresentou no Colóquio a petição
Reconhecimento dos Direitos Intrínsecos
da Natureza e de Todos os Seres Vivos,
que pretende ver reconhecido os direitos
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subjectivos à Natureza e aos componen-
tes ambientais naturais, assente no seu
valor intrínseco e não meramente utilitário,
consagrando, nomeadamente, o direito ao
respeito pela sua vida e integridade, que
inclui o direito à manutenção e regeneração
dos seus ciclos vitais ou ecossistemas,
estrutura, funções e processos evolutivos;
que legisle no sentido de investir o Estado e
todos os cidadãos do dever de promover o
respeito por todos os elementos integrantes
de qualquer ecossistema, onde se incluem
todos os seres vivos, dotados igualmente
de valor intrínseco. A petição é uma ini-
ciativa nacional de cidadãos, promovida
pelo Círculo do Entre-Ser e inserida numa
iniciativa Europeia também de cidadãos,
que visa verter no plano normativo um
acervo de leis consonantes com a visão
da Natureza e seus constituintes como
entidades vivas (http://peticaopublica.com/
pview.aspx?pi=direitosdanatureza).
A Unidade da Vida
A ideia de vermos a Natureza como algo
separado de nós, quando somos filhos
dela, constituintes dela, alimentamo-nos
dela, vivemos no seio dela, inspiramo-nos
nela e evoluímos através dela, só pode ser
fruto de um déficit de perceção da nossa
parte. Curiosamente nunca a ciência teve
tanto relevo na sociedade, mas esta pró-
pria ciência dividiu tudo, desfez a vida e a
Natureza em mil pedaços inertes, criou o
dualismo epistemológico (sujeito - objeto,
homem - natureza, corpo - mente, etc.) e,
por esse motivo, afastou-se da realidade
sentida e vivida pelos povos primevos
e por culturas alavancadas em certas
filosofias orientais ou na experiência de
místicos como São Francisco de Assis,
onde todo o cosmos é sentido como uma
unidade indivisível à qual o ser humano, os
animais, as plantas, os rios, as montanhas
e as estrelas fazem parte. Por conseguinte,
esta separatividade é uma ilusão em que
grande parte da humanidade vive mergu-
lhada, porque, tal como nos diz a ciência
holística (e.g., Ecologia, Quântica, Teoria
de Gaia), toda a vida está ligada entre si,
formando uma enorme e complexa teia
de fios invisíveis, mas que o são somente
aos nossos sentidos externos. A Vida é
UNA e acontece num continuum. Esta
distorção, fruto da sua própria alienação,
conduziu o ser humano ao afastamento
e, consequentemente, à desconexão com
a Mãe-Natureza da qual é e faz parte. Na
verdade, ao fazê-lo incorreu no maior dos
actos contraditórios, pois desligou-se de si
mesmo (da sua Natureza interna).
Para Boff, ter esquecido nossa união com
a Terra foi o equívoco do racionalismo em
todas as suas formas de expressão. Ele
gerou a ruptura com a Mãe. Deu origem ao
antropocentrismo, na ilusão de que, pelo
facto de pensarmos a Terra e podermos in-
tervir em seus ciclos, podemos colocar-nos
sobre ela para dominá-la e para dispor dela
a seu bel prazer. [Ética & Eco-espiritualida-
de (2003:56)].
Paulo Borges explora esta questão dual
(sujeito/objecto) interrogando acerca da
Natureza e da Terra serem vistas como
um objecto, ou seja, “algo que está aí fora,
como uma entidade existente em si e por si,
lançado contra o sujeito que o percepciona
como distinto de si? E coloca-nos perante
alguns questões acerca da possibilidade
de haver uma dualidade inscrita nos hábi-
tos de percepção e por consequência nos
planos de acção dos próprios pensadores
e ativistas que mais rejeitam essa dualida-
de, como é o caso dos adeptos da ecologia
profunda. [adapt. texto original].
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A Ligação à Natureza e as
Terapias Integrativas
Parece ser unânime quanto à necessida-
de de (re)estabelecer ou reforçar laços com
a Natureza. Na verdade, ao fazê-lo, esta-
mos a reconetarmo-nos connosco mesmo.
Não no sentido “selfie”, narcisista, que a
sociedade de consumo e o nosso ego se
alimenta, mas no sentido da nossa verda-
deira natureza interior, que tem raízes com
os elementos naturais. Somos literalmente
parte do cosmos, tanto a nível físico e quí-
mico, como energético. A consciência que
habita uma planta tem a mesma natureza
profunda que a consciência que habita em
cada um de nós. A vida pode-se manifestar
em milhões de formas, mas todas elas são
expressões da Vida Una. Cada ser vivo é
um elo dessa Vida, cujo plano de ação e
ligação é o planeta Terra.
Daniela Velho, falando sobre o Corpo
Consciência diz-nos que quando habita-
mos profundamente o corpo e largamos
a mente conceptual, todas as percepções
sensoriais se tornam portas abertas à com-
preensão profunda do mundo e da vida e
ao reconhecimento da conexão íntima que
temos com os mares, as montanhas, as
florestas, os céus, as estrelas e com todos
os seres. Precisamos, pois, de “despertar
a consciência no corpo e abrirmo-nos ao
conhecimento não judicativo da Vida que
surge nele e através dele para descobrir
aquilo que a todos nos liga e abrir espaço
ao florescimento de um respeito profundo e
transformador capaz de alterar radicalmen-
te a nossa relação com a realidade.
Quando criamos condições internas, atra-
vés da meditação, ou externas, com o con-
tato com a Natureza silvestre (wilderness),
estamos a ir ao encontro dessa inesgotável
fonte. Quanto mais mergulharmos nesses
“elementos” mais a nossa consciência se
expande e mais sentimos aquele preen-
chimento interior e bem-estar que nos
falta nas zonas degradadas de uma urbe.
Muitos problemas do foro físico e mental
devem-se ao stress e ao afastamento com
essas “Naturezas”. Não é por acaso que
agora se vê prescritas uma série de terapias
integrativas ligadas a práticas na Natureza e
mindfulness. As caminhadas, por exemplo,
podem dar um grande contributo tanto para
a boa forma física, como para o bem-estar
mental. Podemos caminhar e meditar ao
mesmo tempo, aliás como são as práticas
do Budismo Zen - Kinhin -, e a própria arte
meditativa taoísta - o Tai Chi. Podemos
aproveitar para ouvir o vento, os pássaros,
os rios no seu percurso ou as ondas do mar.
Sentir os aromas das flores ou da chuva que
cai após um dia de sol. Existem bactérias
no solo que o simples contato com elas
faz aumentar a produção da serotonina e
a sensação de felicidade associada. Os
japoneses têm o shinrin-yoku - o banho da
Floresta - com estudos a demonstrar os
benefícios para a saúde física e psicológica,
nomeadamente a redução da sensação do
stress, da pressão arterial, o fortalecimento
do sistema imunitário, entre outros. A
psicoterapeuta Therezinha Ebert-Gomes
apresentou duas formas de psicoterapias
ligadas à imersão na Natureza, a Marterapia
e Jardinagem Terapia. A primeira liga-nos
à fonte da vida que surgiu do mar, à imen-
sidão e unidade que o mar representa. O
tempo e o espaço são diferentes da nossa
sociedade frenética. Certas técnicas de
imersão acompanhadas pela terapeuta têm
um efeito fantástico na cura do paciente.
Mesmo quando temos dificuldade em nos
deslocarmos da cidade para a Natureza,
podemos sempre utilizar um pequeno
jardim ou uma horta comunitária ou até
uma janela ou varanda para colocar vasos
de plantas e começar a tratar delas. Esse
cuidado, esse contato, esse tempo utilizado,
e o tempo que a Natureza tem para crescer,
são fatores terapêuticos. Já Joana Miranda
foca a concepção e a experienciação da
natureza do xamanismo, analisando as
potencialidades de transformação e cura a
ele associadas: De facto, falar nas línguas
do mar e da pedra, do pássaro e do animal,
ou ir além da língua é uma forma de cura
perceptual (Halifax, 1994: 92).
O Mestre Liu Pai Lin, a propósito do Tai
Chi Chuan, explica-nos que esta é uma
prática da longevidade e do sentimento do
Amor pois segue os princípios e a energia
da natureza. Amor-próprio mas também
Amor por todos os seres. Ou seja, práticas
como o Tai Chi permitem-nos estabelecer
contacto com a natureza, alimentarmo-nos
dela - energia, sem ter que a depauperar,
agredir ou danificar. Lin acrescenta, o sábio
exercita a sua natureza cultivando-a sem
cessar. Observando, e.g., o movimento de
rotação da terra, ele constrói diariamente o
frescor da vida nova. Nesta observação o
homem aprende o caminho da espontanei-
dade. É como se a Terra estivesse a fazer o
Tai Chi Chuan, renovando o ar, impregnado
novo frescor a todas as coisas. Pois a maior
virtude da natureza é fazer nascer vida
nova. O mesmo acontece com o Homem,
obtendo ar puro, o sangue se renova e o
espírito fica límpido. A prática do Tai Chi
Chuan é a forma de renovarmos a nossa
natureza criadora ligando-nos à Natureza
conservando com naturalidade o amor no
coração. E, com amor no coração - energia
de cura - vem com espontaneidade a
Compaixão, a Humildade e a Simplicidade
- os chamados Três Tesouros no taoísmo,
princípios éticos que fomentam o respeito
por todos os seres e faz desenvolver esta
experiência de conexão com o Todo e
fortalece o laço fraterno que nos une.
A Dimensão Espiritual da
Natureza e do Ser Humano
Com a industrialização e a concentração
da população mundial nas cidades, o ser
humano afastou-se da natureza e de si
próprio. Perdeu o sentido de "Ser Terra", da
vivência com os ciclos naturais, e com isso,
a intuição segura de que Nós e a Terra for-
mamos uma mesma realidade complexa,
diversa e única. Esse sentido de pertença
à Terra permitiu o desenvolvimento de uma
sensibilidade e respeito notáveis, presentes
em várias culturas e antigas tradições
espirituais, onde cada elemento natural
era considerado sagrado e desempenhava
um papel no cosmos. Qualquer ação
pressupunha cuidado, pedido e gratidão
aos elementos envolvidos, porque os seres
humanos também comungavam dessa Na-
tureza. O rio e a montanha eram sagrados.
Ainda hoje temos várias culturas que lutam
para defender os seus locais sagrados
da cobiça das grandes corporações, que
querem destruir só para lucrar.
Embora as religiões abraâmicas tivessem
contribuído para o paradigma antropocen-
trado e até androcentrado, devido às pala-
vras de domínio e subjugação encontradas
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no Génesis, algo que alguns investigadores
referem à má tradução dos originais, a ima-
gem do Jardim de Éden, criado por Deus
é, em si, motivador para cuidar dele. Por
conseguinte, temos assistido a uma nova
preocupação dos movimentos religiosos
no sentido de preservar a Obra de Deus.
Maria José Varandas e Daniel Faria
trouxeram à reflexão contributos muito inte-
ressantes que nos permitem relembrar as
raízes do Ser Humano e, recentrar o papel
que lhe cabe na protecção e preservação
do ambiente onde este reside - planeta
Terra - sendo que isso pode vir a significar
a transformação e a elevação da consciên-
cia individual e colectiva da humanidade
e, consequentemente gerar a mudança
de paradigma que já há muito se impõe.
Assim, Varandas centrou a sua comunica-
ção na proposta apresentada na Encíclica
Laudato Si, do Papa Francisco, que nos
conduz à visão da Ecologia Integral e que,
na prática, contempla uma acção de maior
respeito e comunhão com a Terra. Parte da
constatação do esquecimento - Esquece-
mo-nos de que nós mesmos somos terra
(ELS,2). A palavra “homem” vem do latim
humus, que quer dizer terra. Esta é a raiz da
humanidade e ao lembrar esta raiz surge
uma via de evocação/celebração do ser em
sintonia com a terra. Faria exalta a Ecologia
Espiritual que subjaz na base do Cristia-
nismo. Ambos encontram-se no sentido
de que o ser humano deve deixar o papel
de explorador da Natureza para se tornar
num guardião do jardim de Éden. Fabrizio
Boscaglia deu-nos a dimensão islâmica,
diríamos sufi, da ligação entre esta religião
e a dimensão ecológica. Clarifica a ideia de
religião no Islão, dando-lhe um sentido de
paz e pureza. Cita passagens do Alcorão
que fogem ao conceito estritamente antro-
pocêntrico da sua origem comum com o
Judaísmo e o Cristianismo - O Mensageiro
de Allah (...) disse: “Esta montanha nos ama
e nós a amamos” (Muhammad, Tirmidhi);
(...) as árvores e as rochas (...) declararam:
“A paz esteja com você, ó Mensageiro de
Deus! (Idem).
Num outro registo, o aforismo grego
Conhece-te a Ti Mesmo e Conhecerás o
Universo, inscrito nos pórticos do Oráculo
de Delfos, refere-nos a semelhança entre
estes dois universos Homem-Natureza, e
esta mesma ideia do Homem ser a repre-
sentação microcósmica de um Macrocos-
mos traduz igualmente a visão pragmática
taoísta de milénios e está contida nas
tradições herméticas.
A via do TAO, é um caminho que segue a
natureza e no qual, o Homem seguindo-O,
ou harmonizando-se com Ele, vivencia essa
dimensão espiritual. Trata-se de uma Lei
Cósmica que respeitada permite viver em
total comunhão com a Natureza/Universo.
O capítulo 25 do livro O Caminho da Virtude
[Tao Te Ching] de LaoTzu, explica-nos esta
ordem cósmica que deveria ser seguida:
O Homem segue a terra
A Terra segue o céu
O Céu segue o Tao
O Tao segue a si mesmo
Esta prática milenar pelo TAO, oriunda
na China antiga, permite o homem viver a
espiritualidade do Ser e alcançar a fase bú-
dica tão almejada - a Iluminação - podendo
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esta ser entendida tão simplesmente como
experienciar a União. E, ao fazê-lo, entramos
em sintonia com Todos os Seres compreen-
dendo essa realidade única universal. Por
observação cuidada da natureza, o antigo
taoísta, soube perceber as relações existen-
tes entre estes dois cosmos e estabelecer
correspondências entre os elementos natu-
rais e o corpo humano. Cuidar da Natureza
é cuidar de si mesmo pois a natureza exter-
na que surge ao nosso olhar é somente o
reflexo da natureza interna do ser humano.
E, é aqui que radica o segredo da resolução
da crise ambiental. Só aprimorando esta
visão e seguindo a direcção deste caminho
[prática] que leva à união, os problemas
ambientais se resolverão. Só quando nos
alinharmos pelo TAO - Céu-Homem-Terra, é
que entraremos no Grande Fluxo Universal
de abundância, saúde, prosperidade e
teremos a possibilidade de experienciar a
total felicidade. Esta é a promessa.
Na cultura Védica, e através da filosofia
prática do Yoga encontramos a mesma con-
ceptualização acerca do Ser Humano, da
Natureza, considerando que o desequilíbrio
exterior (ambiental) é fruto do desequilíbrio
interior do Homem. Nesta acepção, e nas
palavras de Paula Morais, Samkhya é a
dimensão cósmica humana e Dharma sim-
plesmente é o cuidar da natureza. Segundo
a mesma autora, o yogi tem um compromis-
so de sustentabilidade do Planeta, que não
é, de todo, indissociável do cuidar da sua
mente, dos seus pensamentos, dos seus
actos porque quando se inicia o processo
de svádhyáya (auto-estudo), compreende-
mos que somos um contínuo de relações.
Tudo interage, a todos os níveis. Para Morais
o Yoga implica uma alquimia do coração,
da empatia, uma forma de redescoberta
constante da dimensão do sagrado e da
responsabilidade, superando radicalmente
a noção de uma natureza-máquina, para a
Natureza como entidade viva. Isto é possível
pela vivência em pleno com a Natureza Mãe
- Mahá Shakti, na terminologia do Yoga e do
Sámkhya. O mesmo nos diz Cláudia Martins
que, enquanto praticantes de Yoga temos
um papel neste cuidar do nosso Planeta,
sendo os Áshrama (Centros filosóficos do
Yoga) importantes locais de formação de
uma consciência ecológica e de seres
humanos mais fraternos. Todos podemos
e devemos influenciar positivamente o
Mundo, tornando-o num lugar melhor para
viver, contribuindo para a Paz e para a sua
Sustentabilidade. Tanto Morais como P.
Martins evocam os Yamas e Niyamas que
são um conjunto de regras éticas, que todo
o Yogui deverá seguir. A prática da não-vio-
lência com qualquer ser vivo é uma regra
básica no Yoga. Também por esse motivo, o
vegetarianismo é uma prática comum entre
yoguis.
O desenho e a arte em geral, como
expressão individual ou colectiva, pode ser
também uma via de experienciação da di-
mensão do Sagrado. Na descrição poética
dos desenhos de Sara Inácio, Linhas e as
manchas desprendem-se dos lápis de cor
como fios de vida pulsante. Fluxos verme-
lhos … interior do corpo? ... correntes íg-
neas da Terra? Serpentes celebram a vida
em uniões místicas no meio do cosmos. (...)
As espirais têm um movimento ascendente,
como o fogo. O círculo dourado anuncia a
alvorada. Honra a Beleza e a Unidade.
Nota de Redacção:
Esta é a primeira parte do artigo. A II parte será publicada na edição de Julho/Agosto da nossa revista.