1. A canção reflete sobre a língua portuguesa no Brasil no contexto pós-ditadura militar, valorizando a diversidade linguística do país.
2. Defende a superioridade da "prosa poética" de autores como Guimarães Rosa em relação ao português de Portugal.
3. Propõe uma abordagem antropofágica e criativa da língua, incorporando influências de outros idiomas e culturas.
Apresentação do Grupo Luluzinhas Leitoras no Encontro do Curso Mediadores de Leitura na Bibliodiversidade ocorrido dias 18 e 19 de janeiro de 2011, em Restinga Sêca.
Apresentação do Grupo Luluzinhas Leitoras no Encontro do Curso Mediadores de Leitura na Bibliodiversidade ocorrido dias 18 e 19 de janeiro de 2011, em Restinga Sêca.
USO DE ANÁFORAS EM PRODUÇÕES TEXTUAIS DE ALUNOS DO PRIMEIRO ANO DO ENSINO MÉDIOJobenemar Carvalho
Artigo das professoras Maria José Morais Honório (UERN) E Crígina Cibelle Pereira (UERN), apresentado no II SIMPÓSIO NACIONAL DE TEXTO E ENSINO (II SINATE) -
Pau dos Ferros, 12 a 14 de dezembro de 2012.
Resumo dos 3 primeiros capitulos de "O ano da morte de Ricardo Reis".
Este documento foi elaborado de modo autónomo e sem qualquer auxilio de professores, por tal, se detectarem algum erro agradeço que me informem.
Obrigada.
USO DE ANÁFORAS EM PRODUÇÕES TEXTUAIS DE ALUNOS DO PRIMEIRO ANO DO ENSINO MÉDIOJobenemar Carvalho
Artigo das professoras Maria José Morais Honório (UERN) E Crígina Cibelle Pereira (UERN), apresentado no II SIMPÓSIO NACIONAL DE TEXTO E ENSINO (II SINATE) -
Pau dos Ferros, 12 a 14 de dezembro de 2012.
Resumo dos 3 primeiros capitulos de "O ano da morte de Ricardo Reis".
Este documento foi elaborado de modo autónomo e sem qualquer auxilio de professores, por tal, se detectarem algum erro agradeço que me informem.
Obrigada.
Plano de aula - Estrangeirismos na fala cotidiana dos brasileirosTaiza Martins
Plano das aulas introdutórias do Projeto de Ação na Escola, do curso de Especialização em Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação, UAB/FURG.
Aula de neologismo, mostrando o que é o neologismo, como surgem, suas classificações, com conteúdo adicional para fixação de conteúdo e duas atividades.
Este trabalho auxilia professores e alunos para fundamentos teóricos e práticos na produção de folhetos em sala de aula.
Mais informações acesse: cordeletecnologias.blogspot.com
Professora Adriana Leite Campos
Poesia do Século XX:
. Objectivos programáticos (10ºano)
. Poetas portugueses: Florbela Espanca josé Gomes Ferreira, José Régio, Pedro Homem de Mello; Miguel Torga, António Gedeão.
O Ano de 1993 de José Saramago e as ilustrações de Graça Morais Burghard Baltrusch
Reflexões sobre a dimensão política da arte e da poesia na actualidade a partir de O Ano de 1993 de José Saramago, uma colectânea de trinta textos alegóricos em prosa poética, cujo primeiro poema foi escrito em resposta à falhada tentativa de levantamento militar do 16 de Março de 1974. Foi completada e publicada em 1975.
Ilustração e explicação de expressões idiomáticas e da gíria no Brasil.
Seleção e organização de Mônica Heloane de Carvalho Sant'Anna, com a colaboração de Burghard Baltrusch.
“Libertei um. Libertei-me a mim. [...] a liberdade para todos só pode vir com a destruição das ficções sociais”: Estas são as conclusões principais do conto filosófico O Banqueiro Anarquista de Fernando Pessoa, publicado em Maio de 1922 no primeiro número da Contemporânea. O conto abre com a descrição de um ambiente desembaraçado e alegadamente civilizado num destes clubes à inglesa, tradicionalmente alheios aos debates intelectuais ou políticos. Depois de um jantar presumivelmente opulento, um banqueiro rico emaranha o seu ingénuo e servil interlocutor, que actua a modo de um discípulo platónico, com o seu raciocínio complexo e paradoxal. Segue-se uma lição iconoclasta e irónica sobre o que este banqueiro, confessadamente açambarcador, considera ser o verdadeiro anarquismo, do qual se declara inventor e partidário fervoroso, apesar de as suas práticas profissionais serem, em última instância, anti-sociais e, empregando uma terminologia mais actual, neoliberais. Já o oximoro sociopolítico do título, “O Banqueiro Anarquista”, desconcerta de imediato a quem lê este conte philosophique, podendo causar, até, um certo desassossego na próxima visita ao multibanco. Além de outros três brevíssimos contos de lógica paradoxal, este é o texto de prosa literária completo mais extenso entre os poucos que Pessoa chegou a publicar em vida.
proposta curricular da educação de jovens e adultos da disciplina geografia, para os anos finais do ensino fundamental. planejamento de unidades, plano de curso da EJA- GEografia
para o professor que trabalha com a educação de jovens e adultos- anos finais do ensino fundamental.
Slides Lição 10, CPAD, Desenvolvendo uma Consciência de Santidade, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
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Livro de conscientização acerca do autismo, através de uma experiência pessoal.
O autismo não limita as pessoas. Mas o preconceito sim, ele limita a forma com que as vemos e o que achamos que elas são capazes. - Letícia Butterfield.
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
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Slides Lição 9, Central Gospel, As Bodas Do Cordeiro, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
Slideshare Lição 9, Central Gospel, As Bodas Do Cordeiro, 1Tr24, Pr Henrique, EBD NA TV, Revista ano 11, nº 1, Revista Estudo Bíblico Jovens E Adultos, Central Gospel, 2º Trimestre de 2024, Professor, Tema, Os Grandes Temas Do Fim, Comentarista, Pr. Joá Caitano, estudantes, professores, Ervália, MG, Imperatriz, MA, Cajamar, SP, estudos bíblicos, gospel, DEUS, ESPÍRITO SANTO, JESUS CRISTO, Com. Extra Pr. Luiz Henrique, 99-99152-0454, Canal YouTube, Henriquelhas, @PrHenrique
2. Brasil Caetano Veloso: “ Língua” Velô (1984) A canção foi c omposta em 1984 quando a ditadura militar no Brasil já se aproximava do seu fim.
3. Gosto de sentir a minha língua roçar A língua de Luís de Camões Gosto de ser e de estar E quero me dedicar A criar confusões de prosódia E uma profusão de paródias Que encurtem dores E furtem cores como camaleões Gosto do pessoa na pessoa Da rosa no Rosa E sei que a poesia está para a prosa assim como o amor está para a amizade E quem há de negar que esta lhe é superior E deixa os portugais morrerem à míngua "Minha pátria é minha língua" Fala mangueira! Fala! Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó O que quer O que pode Esta língua?
4. Vamos atentar para a sintaxe dos paulistas E o falso inglês relax dos surfistas Sejamos imperialistas Vamos na velô da dicção choo choo de Carmem Miranda E que o Chico Buarque de Holanda nos resgate E - xeque-mate - explique-nos Luanda Ouçamos com atenção os deles e os delas da TV Globo Sejamos o lobo do lobo do homem Adoro nomes Nomes em à De coisas como Rã e ímã Nomes de nomes como Maria da Fé, Scarlet Moon Chevalier, Glauco Mattoso e Arrigo Barnabé Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó O que quer O que pode Esta língua?
5. Se você tem uma idéia incrível É melhor fazer uma canção Está provado que só é possível Filosofar em alemão Blitz quer dizer corrisco Hollywood quer dizer Azevêdo E o Recôncavo, e o Recôncavo, e o Recôncavo Meu medo! A língua é minha pátria E eu não tenho pátria: tenho mátria Eu quero frátria Poesia concreta e prosa caótica Ótica futura Tá craude brô você e tu lhe amo Qué queu te faço, nego? Bote ligeiro Samba-rap, chic-left com banana Será que ele está no Pão de Açúcar Nós canto-falamos como quem inveja negros Que sofrem horrores no Gueto do Harlem Livros, discos, vídeos à mancheia E deixa que digam, que pensem, que falem Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó O que quer O que pode Esta língua?
6. a Violeta Gervaiseau [ Violeta e Pierre Gervaiseau, matrimónio em cuja casa se encontravam intelectuais do exílio brasileiro nos anos 60/70 durante a ditadura] Gosto de sentir a minha língua roçar A língua de Luís de Camões [Luís Vaz de Camões (1525? - 1580), publica 1572 Os Lusíadas ] Gosto de ser e de estar E quero me dedicar A criar confusões de prosódia [alusão à pronúncia correcta & regular das palavras em português (padrão) em contraste com os diferentes sotaques brasileiros; cf. também o Livro do Desassossego de Bernardo Soares, heterónimo de Fernando Pessoa: “Gosto de dizer. Direi melhor: gosto de palavrar”.] ]
7. E uma profusão de paródias Que encurtem dores E furtem cores como camaleões Gosto do Pessoa na pessoa [Fernando Pessoa (1889-1935), poeta, criador dos heterónimos] Da rosa no Rosa [João Guimarães Rosa (1908-1967), escritor, Grande Sertão (1956)] E sei que a poesia está para a prosa assim como o amor está para a amizade E quem há de negar que esta lhe é superior E deixa os portugais morrerem à míngua
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9. "Minha pátria é minha língua“ [Cf. Fernando Pessoa/Bernardo Soares: „ Não tenho sentimento nenhum politico ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriotico. Minha patria é a lingua portuguesa . Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incommodassem pessoalmente, Mas odeio, com odio verdadeiro, com o unico odio que sinto, não quem escreve mal portuguez, não quem não sabe syntaxe, não quem escreve em orthographia simplificada, mas a pagina mal escripta, como pessoa própria, a syntaxe errada, como gente em que se bata, a orthographia sem ípsilon, como escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse. Sim, porque a orthographia também é gente. A palavra é completa vista e ouvida. E a gala da transliteração greco-romana veste-m´a do seu vero manto régio, pelo qual é senhora e rainha.” ( Contemporânea , 1931)] Fala mangueira! Fala! [Mangueira < Mangueirinha, bairro do Rio de Janeiro, também escola de samba]
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11. Flor do Lácio... Olavo Bilac (1865-1918): Língua Portuguesa Última flor do Lácio, inculta e bela, És, a um tempo, esplendor e sepultura: Ouro nativo, que na ganga impura A bruta mina entre os cascalhos vela... Amo-te assim, desconhecida e obscura. Tuba de alto clangor, lira singela, Que tens o trom e o silvo da procela, E o arrolo da saudade e da ternura! Amo o teu viço agreste e o teu aroma De virgens selvas e de oceano largo! Amo-te, ó rude e doloroso idioma, em que da voz materna ouvi: "meu filho!", E em que Camões chorou, no exílio amargo, O gênio sem ventura e o amor sem brilho! Bilac foi o maior exponente do Parnasianismo no Brasil. Esta corrente reaccionou contra o Realismo e o Naturalismo na literatura e representou um regresso ao sentimento e ao sentimentalismo românticos.
12. ...Sambódromo O sambódromo pode ser interpretado como palco de uma cultura carnavalizada, como uma heterotopia moderna e como uma industrialização da função ritual do carnaval.
13.
14. Vamos atentar para a sintaxe dos paulistas E o falso inglês relax dos surfistas Sejamos imperialistas Vamos na velô da dicção choo choo de Carmem Miranda Carmen Miranda (1909-1955) foi uma cantora e actriz luso-brasileira que teve grande êxito em Hollywood e foi precursora do tropicalismo.
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16. E que o Chico Buarque de Holanda nos resgate [Francisco Buarque de Holanda (1944), músico e escritor] E - xeque-mate - explique-nos Luanda Ouçamos com atenção os deles e os delas da TV Globo Sejamos o lobo do lobo do homem
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18. Adoro nomes Nomes em à De coisas como Rã e ímã Nomes de nomes como Maria da Fé, Scarlet Moon Chevalier, Glauco Mattoso e Arrigo Barnabé [ Maria da Conceição Costa Gordo , (1945); fadista portuguesa . Maria da Fé , acompanhando uma das bandeiras na região, casou-se com o cacique Jiquitibá, que lhe revelou os segredos das minas de ouro. Adquirindo grande poder como esposa do cacique, Maria da Fé empenhou-se na colonização do lugar e foi a grande responsável pela prosperidade do município, actualmente Campos de Maria da Fé (Minas Gerais). Scarlet Moon de Chevalier (1950), actriz e jornalista carioca, acompanhou início do rock-pop Glauco Mattoso , pseud. do escritor Pedro José Ferreira da Silva (1951) Arrigo Barnabé (1951), compositor brasileiro popular da MPB]
19. Se você tem uma idéia incrível É melhor fazer uma canção Está provado que só é possível Filosofar em alemão Blitz quer dizer corrisco Hollywood quer dizer Azevêdo E o Recôncavo, e o Recôncavo, e o Recôncavo Meu medo! Recôncavo Baiano: região extensa e fértil da Bahia, reconhecida historicamente como o princípio da identidade brasileira
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21. A língua é minha pátria E eu não tenho pátria: tenho mátria Eu quero frátria Poesia concreta e prosa caótica Ótica futura terra ra terra ter rat erra ter rate rra ter rater ra ter raterr a ter raterra terr araterra ter raraterra te rraraterra t erraraterra terraraterra Décio Pignatari Poesia Concreta (anos 50/70): Criada por Décio Pignatari (1927), Haroldo de Campos (1929) e Augusto de Campos (1931), a poesia concreta era um ataque à produção poética da época, dominada pela geração de 1945, a quem os jovens paulistas acusavam de verbalismo, subjectivismo, incapacidade de expressar a nova realidade gerada pela revolução industrial. http://www.tanto.com.br/luizedmundo-concret.htm
22. beba coca cola babe cola beba coca babe cola caco caco cola c l o a c a "beba coca cola" Décio Pignatari, (1957)
23. Tá craude brô [tá < está, craude < crowd, brô < brother] você e tu lhe amo [cf. gramática da fala brasileira] Qué queu te faço, nego? [que queres que eu faça, pá?]
26. Algumas linhas temáticas: linguagem no seu contexto sócio-histórico pós-colonial valorização da língua falada (desde o modernismo de 1922) revindicação da liberdade dos padrões & preceitos independência linguístico-cultural do Brasil em relação a Portugal
27. Flor do Lácio (alegoria dos valores culturais e estéticos supostamente eternos, clássicos) Lusamérica (alegoria do melting pot colonial/póscolonial) Latim em pó (destino de todas as línguas e de todas as culturas) Sambódromo (alegoria da ritualização & industrialização na modernidade)
Notas do Editor
Composto em 1984 quando a ditadura militar já se aproximava ao seu fim
Bernardo Soares: “Gosto de dizer. Direi melhor: gosto de palavrar”.
Sujeito preocupado com a realidade da língua ‘nacional’, associaçoes entre a actualidade e a tradiçao Prosa e poesai encontram-se inseparáveis na obra de Guimaraes Rosa: prosa poética Caetano quer conferir superioridade à prosa poética de Rosa, à língua nacional brasileira
Caetano modifica a citaçao de Pessoa no sentido de que o Brasil nao fala o português de Portugal, mas sim a língua brasileira, caracterizada pela heterogeneidade linguística, por ter sido um país colonizado Fala do amor à língua e ao país: a mesma ideologia que o fez lutar contra a ditadura, que impunha valores nacionais como uma realidade aparentemente comum, fá-lo lutar agora pela singularidade da sua lingua diferente da portuguesa
Parnasianismo, reacciona contra o Realismo e o Naturalismo na literatura Regresso ao sentimento/sentimentalismo romântico
Palco de uma cultura carnavalizada construçao de modernidade ritualizaçao + industrializaçao do carnaval
Remete para a miscigenaçao da língua & cultura portuguesas com as línguas & culturas ameríndias (e afro), Fragmentaçao do ‘latim em pó’ deu origem a uma coisa nova
Chama a atençao pela influência dos estrangeirismos, de outras culturas (colonizadoras) 1.ª pessoa plural: conscientizar, língua nacional deve predominar Vamos na velô: vamos com velocidade no caminho das transformaçoes, neologismos, etc. ‘ velô’ como alegoria / metáfora da rapidez na modernidade, cf também jogo com o próprio nome Carmem Miranda: portuguesa que se criou no Brasil e foi a primeira estrela internacional brasileira
Explique-nos Luanda: relaçao com o passado afro (colonial), relaçao actual com a África lusófona Chama a atençao para uma recepçao crítica do médio de comunicaçao mais poderoso: a televisao, alerta do seu poder sobre a sociedade (lobo do homem, enquanto a pessoa crítica pode chegar a ser o lobo deste lobo) Cf. ANTROPOFAGIA: ASSIMILAR O NOVO À SUA MANEIRA
Maria da Fé: fadista ou bandeirista?
Nietzsche: lingua com poder dominador sobre outras/os Por meio da música é possível construir a realidade, mostrar as contradiçoes, criticar e poetizar sem subjugar Por que só é possível filosofar em Grego e Alemão? ( Heidegger na sua tese de doutoramento) Essa resposta (se vpcê tem uma ideia incrível / é melhor fazer uma cançao), ainda mais provocadora que a afirmação de Heidegger, descreve o carácter do uso do idioma e, logo, o modo como por ele vemos o mundo. Dentre as várias revelações dessa &quot;resposta&quot;, destacam-se duas: fazer canção é melhor que filosofar e, em português, é melhor fazer uma canção. Caetano diz: &quot;é melhor fazer uma canção&quot;, mas não só isso. Se fizermos o necessário paralelo com a Segunda parte da frase em que ele diz: &quot;só é possível filosofar em alemão&quot;, devemos completar a primeira e dizer: &quot;é melhor fazer uma canção em português&quot;. Agora podemos entender melhor a canção a qual ele se refere, pois apenas pode ser uma que se dê no idioma português e não em notas musicais. Essa canção é a musicalidade de nossas letras. Caetano Veloso está-nos apontando o que temos feito deveras, está-nos apontando a tradição de nosso idioma. Esse seu apontamento remete-nos aos que vem forjando essa vista para o mundo, aos nossos escritores. Todas as possibilidades de nosso idioma foram conquistadas por eles, contudo eles conquistaram-nas para a escrita literária, a qual foge muito à filosófica. A principal diferença de uma a outra está em que, enquanto para o filosofar, a língua é um instrumento para mostrar algo; para o fazer literatura a língua mostra-se a si mesma. Para o filosofar a língua deve ser o mais transparente possível afim de se ver através dela o que ela pretende mostrar, pois isso está além de sua aparência. Para a literatura, acontece o inverso, a língua deve ser o mais aparente possível afim de se ver a própria língua, pois ela está em sua aparência. Estamos avisados de que há filósofos com estilo refinado e há poetas profundos; isso, porém, não nos contradiz. O estilo do filósofo é requerimento de sua mostra, já o vimos em Demócrito, e os limites desse estilo demarcam-se por essa mesma mostra. A profundidade do poeta é outro ornamento de seu estilo, e está condicionado à beleza desse mesmo estilo. Esse facto é de fácil verificação, basta-nos comparar traduções; há as que privilegiam a profundidade, há as que o estilo. As primeiras podem ser-nos interessantes, as segundas são-nos belas. E qual, afinal de contas, é o destino da poesia, senão a beleza? Mesmo sabendo que a profundidade é puro ornamento no escritor, podemos ir buscar nele um pensamento, afinal o único que temos. Quiçá encontremos em Machado de Assis um grande psicólogo, como o foi Nietzsche; e em Carlos Drummond de Andrade um grande metafísico, como o foi Heidegger. Ezra Pound em seus “Ensaios Literários” escreveu que “os artistas são as antenas da raça,”[8] ou seja, aqueles que primeiro captam o espírito do tempo e o comunicam aos demais. No caso da Alemanha, suas antenas sempre foram os filósofos, no do Brasil, os nossos escritores. Precisamos ouvi-los, em ordem a estarmos no tempo certo e conhecermos a tradição de nosso idioma. Essa é a tradição que temos e é somente a partir dela que poderemos formar outra, outra porventura filosófica. “O povo faz o idioma e o idioma faz o povo”, disse Unamuno e completa: “cada idioma é o melhor para o povo que o fala.”[9] Precisamos deixar nosso idioma nos fazer para procedermos a fazê-lo e, no nosso caso, essa feitura toma o aspecto de transformação.
beba coca cola babe cola beba coca babe cola caco caco cola c l o a c a &quot;beba coca cola&quot; (1957), Décio Pignatari
Caetano: filme “Cinema falado” Reafirmar a lingua nacional cheia de vida Na linha do crescente papel da ´sócio-linguística e pragmática desde os anos 80