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Literatura Lusófona I
Brasil Caetano Veloso:  “ Língua” Velô  (1984) A canção foi c omposta em 1984 quando a ditadura militar no Brasil já se aproximava do seu fim.
Gosto de sentir a minha língua roçar  A língua de Luís de Camões  Gosto de ser e de estar  E quero me dedicar  A criar confusões de prosódia  E uma profusão de paródias  Que encurtem dores  E furtem cores como camaleões  Gosto do pessoa na pessoa  Da rosa no Rosa  E sei que a poesia está para a prosa  assim como o amor está para a amizade  E quem há de negar que esta lhe é superior  E deixa os portugais morrerem à míngua  "Minha pátria é minha língua"  Fala mangueira!  Fala!  Flor do Lácio Sambódromo  Lusamérica latim em pó  O que quer  O que pode  Esta língua?
Vamos atentar para a sintaxe dos paulistas  E o falso inglês relax dos surfistas  Sejamos imperialistas  Vamos na velô da dicção choo choo de Carmem Miranda  E que o Chico Buarque de Holanda nos resgate  E - xeque-mate - explique-nos Luanda  Ouçamos com atenção os deles e os delas da TV Globo  Sejamos o lobo do lobo do homem  Adoro nomes  Nomes em à  De coisas como Rã e ímã  Nomes de nomes como Maria da Fé, Scarlet Moon Chevalier,  Glauco Mattoso e Arrigo Barnabé   Flor do Lácio Sambódromo  Lusamérica latim em pó  O que quer  O que pode  Esta língua?
Se você tem uma idéia incrível  É melhor fazer uma canção  Está provado que só é possível  Filosofar em alemão  Blitz quer dizer corrisco  Hollywood quer dizer Azevêdo  E o Recôncavo, e o Recôncavo, e o Recôncavo  Meu medo!  A língua é minha pátria  E eu não tenho pátria: tenho mátria  Eu quero frátria  Poesia concreta e prosa caótica  Ótica futura  Tá craude brô você e tu lhe amo  Qué queu te faço, nego?  Bote ligeiro  Samba-rap, chic-left com banana  Será que ele está no Pão de Açúcar  Nós canto-falamos como quem inveja negros  Que sofrem horrores no Gueto do Harlem  Livros, discos, vídeos à mancheia  E deixa que digam, que pensem, que falem  Flor do Lácio Sambódromo  Lusamérica latim em pó  O que quer  O que pode  Esta língua?
a Violeta Gervaiseau [ Violeta e Pierre Gervaiseau, matrimónio em cuja casa se encontravam  intelectuais do exílio brasileiro nos anos 60/70 durante a ditadura] Gosto de sentir a minha língua roçar A língua de  Luís de Camões [Luís Vaz de Camões  (1525? - 1580), publica 1572  Os Lusíadas ]   Gosto de ser e de estar E quero me dedicar A criar confusões de  prosódia [alusão à pronúncia correcta & regular das palavras  em português (padrão) em contraste com  os diferentes sotaques brasileiros; cf.  também o  Livro do Desassossego  de  Bernardo Soares, heterónimo de Fernando Pessoa: “Gosto de dizer. Direi melhor: gosto de palavrar”.] ]
E uma profusão de paródias Que encurtem dores E furtem cores como camaleões Gosto do  Pessoa  na pessoa [Fernando Pessoa (1889-1935), poeta, criador dos heterónimos] Da rosa no  Rosa [João Guimarães Rosa (1908-1967), escritor,  Grande Sertão  (1956)] E sei que a poesia está para a prosa assim como o amor está para a amizade E quem há de negar que esta lhe é superior E deixa os portugais morrerem à míngua
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&quot;Minha pátria é minha língua“ [Cf. Fernando Pessoa/Bernardo Soares: „ Não tenho sentimento nenhum politico ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriotico.  Minha patria é a lingua portuguesa .  Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incommodassem pessoalmente, Mas odeio, com odio verdadeiro, com o unico odio que sinto, não quem escreve mal portuguez, não quem não sabe syntaxe, não quem escreve em orthographia simplificada, mas a pagina mal escripta, como pessoa própria, a syntaxe errada, como gente em que se bata, a orthographia sem ípsilon, como escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse. Sim, porque a orthographia também é gente. A palavra é completa vista e ouvida. E a gala da transliteração greco-romana veste-m´a do seu vero manto régio, pelo qual é senhora e rainha.” ( Contemporânea , 1931)] Fala mangueira! Fala! [Mangueira < Mangueirinha, bairro do Rio de Janeiro, também escola de samba]
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Flor do Lácio...  Olavo Bilac (1865-1918): Língua Portuguesa Última flor do Lácio, inculta e bela, És, a um tempo, esplendor e sepultura: Ouro nativo, que na ganga impura A bruta mina entre os cascalhos vela... Amo-te assim, desconhecida e obscura. Tuba de alto clangor, lira singela, Que tens o trom e o silvo da procela, E o arrolo da saudade e da ternura! Amo o teu viço agreste e o teu aroma De virgens selvas e de oceano largo! Amo-te, ó rude e doloroso idioma, em que da voz materna ouvi: &quot;meu filho!&quot;, E em que Camões chorou, no exílio amargo, O gênio sem ventura e o amor sem brilho! Bilac foi o maior exponente do Parnasianismo no Brasil. Esta corrente reaccionou contra o Realismo e o Naturalismo na literatura e representou um regresso ao sentimento e ao sentimentalismo românticos.
...Sambódromo O sambódromo pode ser interpretado como palco de uma cultura carnavalizada, como uma heterotopia moderna e como uma industrialização da função ritual do carnaval.
... Lusamérica latim em pó O que quer O que pode  Esta língua? ,[object Object],[object Object]
Vamos atentar para a sintaxe dos paulistas E o falso inglês relax dos surfistas Sejamos imperialistas Vamos na velô da dicção choo choo de Carmem Miranda Carmen Miranda  (1909-1955) foi uma cantora e actriz luso-brasileira que teve grande êxito em Hollywood e foi precursora do tropicalismo.
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E que o Chico Buarque de Holanda nos resgate [Francisco Buarque de Holanda (1944), músico e escritor] E - xeque-mate - explique-nos Luanda Ouçamos com atenção os deles e os delas da TV Globo Sejamos o lobo do lobo do homem
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Adoro nomes Nomes em à De coisas como Rã e ímã Nomes de nomes como Maria da Fé, Scarlet Moon Chevalier, Glauco Mattoso e Arrigo Barnabé [ Maria da Conceição Costa Gordo , (1945); fadista portuguesa . Maria da Fé , acompanhando uma das bandeiras na região, casou-se com o cacique Jiquitibá, que lhe revelou os segredos das minas de ouro. Adquirindo grande poder como esposa do cacique, Maria da Fé empenhou-se na colonização do lugar e foi a grande responsável pela prosperidade do município, actualmente  Campos de Maria da Fé  (Minas Gerais). Scarlet Moon de Chevalier  (1950), actriz e jornalista carioca, acompanhou início do rock-pop Glauco Mattoso  , pseud. do escritor Pedro José Ferreira da Silva (1951) Arrigo Barnabé  (1951), compositor brasileiro popular da MPB]
Se você tem uma idéia incrível É melhor fazer uma canção Está provado que só é possível Filosofar em alemão Blitz quer dizer corrisco Hollywood quer dizer Azevêdo E o Recôncavo, e o Recôncavo, e o Recôncavo Meu medo! Recôncavo Baiano: região extensa e fértil da Bahia, reconhecida historicamente como o princípio da identidade brasileira
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A língua é minha pátria E eu não tenho pátria: tenho mátria Eu quero frátria Poesia concreta e prosa caótica Ótica futura terra ra terra ter rat erra ter rate rra ter rater ra ter raterr a ter raterra terr araterra ter raraterra te rraraterra t erraraterra  terraraterra Décio Pignatari Poesia Concreta (anos 50/70):  Criada por  Décio Pignatari  (1927),  Haroldo de Campos  (1929) e  Augusto de Campos  (1931), a  poesia concreta  era um ataque à produção poética da época, dominada pela geração de 1945, a quem os jovens paulistas acusavam de verbalismo, subjectivismo, incapacidade de expressar a nova realidade gerada pela revolução industrial. http://www.tanto.com.br/luizedmundo-concret.htm
beba coca cola    babe         cola    beba coca    babe cola caco    caco    cola             c l o a c a   &quot;beba coca cola&quot;  Décio Pignatari, (1957)
Tá craude brô  [tá < está, craude < crowd, brô <  brother] você e tu lhe amo [cf. gramática da fala brasileira]  Qué queu te faço, nego? [que queres que eu faça, pá?]
Bote ligeiro Samba-rap, chic-left com banana Será que ele está no Pão de Açúcar
Nós canto-falamos como quem inveja negros [canto-fala < rap (rythm and poetry)] Que sofrem horrores no Gueto do Harlem Livros, discos, vídeos à mancheia E deixa que digam, que pensem, que falem ,[object Object],[object Object],[object Object]
Algumas linhas temáticas: linguagem no seu contexto sócio-histórico pós-colonial valorização da língua falada (desde o modernismo de 1922) revindicação da liberdade dos padrões & preceitos independência linguístico-cultural do Brasil em relação a Portugal
Flor do Lácio (alegoria dos valores culturais e estéticos supostamente eternos, clássicos) Lusamérica (alegoria do  melting pot  colonial/póscolonial) Latim em pó (destino de todas as línguas e de todas as culturas) Sambódromo (alegoria da ritualização & industrialização na  modernidade)

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Caetano Veloso: "Língua"

  • 2. Brasil Caetano Veloso: “ Língua” Velô (1984) A canção foi c omposta em 1984 quando a ditadura militar no Brasil já se aproximava do seu fim.
  • 3. Gosto de sentir a minha língua roçar A língua de Luís de Camões Gosto de ser e de estar E quero me dedicar A criar confusões de prosódia E uma profusão de paródias Que encurtem dores E furtem cores como camaleões Gosto do pessoa na pessoa Da rosa no Rosa E sei que a poesia está para a prosa assim como o amor está para a amizade E quem há de negar que esta lhe é superior E deixa os portugais morrerem à míngua &quot;Minha pátria é minha língua&quot; Fala mangueira! Fala! Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó O que quer O que pode Esta língua?
  • 4. Vamos atentar para a sintaxe dos paulistas E o falso inglês relax dos surfistas Sejamos imperialistas Vamos na velô da dicção choo choo de Carmem Miranda E que o Chico Buarque de Holanda nos resgate E - xeque-mate - explique-nos Luanda Ouçamos com atenção os deles e os delas da TV Globo Sejamos o lobo do lobo do homem Adoro nomes Nomes em à De coisas como Rã e ímã Nomes de nomes como Maria da Fé, Scarlet Moon Chevalier, Glauco Mattoso e Arrigo Barnabé Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó O que quer O que pode Esta língua?
  • 5. Se você tem uma idéia incrível É melhor fazer uma canção Está provado que só é possível Filosofar em alemão Blitz quer dizer corrisco Hollywood quer dizer Azevêdo E o Recôncavo, e o Recôncavo, e o Recôncavo Meu medo! A língua é minha pátria E eu não tenho pátria: tenho mátria Eu quero frátria Poesia concreta e prosa caótica Ótica futura Tá craude brô você e tu lhe amo Qué queu te faço, nego? Bote ligeiro Samba-rap, chic-left com banana Será que ele está no Pão de Açúcar Nós canto-falamos como quem inveja negros Que sofrem horrores no Gueto do Harlem Livros, discos, vídeos à mancheia E deixa que digam, que pensem, que falem Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó O que quer O que pode Esta língua?
  • 6. a Violeta Gervaiseau [ Violeta e Pierre Gervaiseau, matrimónio em cuja casa se encontravam intelectuais do exílio brasileiro nos anos 60/70 durante a ditadura] Gosto de sentir a minha língua roçar A língua de Luís de Camões [Luís Vaz de Camões (1525? - 1580), publica 1572 Os Lusíadas ] Gosto de ser e de estar E quero me dedicar A criar confusões de prosódia [alusão à pronúncia correcta & regular das palavras em português (padrão) em contraste com os diferentes sotaques brasileiros; cf. também o Livro do Desassossego de Bernardo Soares, heterónimo de Fernando Pessoa: “Gosto de dizer. Direi melhor: gosto de palavrar”.] ]
  • 7. E uma profusão de paródias Que encurtem dores E furtem cores como camaleões Gosto do Pessoa na pessoa [Fernando Pessoa (1889-1935), poeta, criador dos heterónimos] Da rosa no Rosa [João Guimarães Rosa (1908-1967), escritor, Grande Sertão (1956)] E sei que a poesia está para a prosa assim como o amor está para a amizade E quem há de negar que esta lhe é superior E deixa os portugais morrerem à míngua
  • 8.
  • 9. &quot;Minha pátria é minha língua“ [Cf. Fernando Pessoa/Bernardo Soares: „ Não tenho sentimento nenhum politico ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriotico. Minha patria é a lingua portuguesa . Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incommodassem pessoalmente, Mas odeio, com odio verdadeiro, com o unico odio que sinto, não quem escreve mal portuguez, não quem não sabe syntaxe, não quem escreve em orthographia simplificada, mas a pagina mal escripta, como pessoa própria, a syntaxe errada, como gente em que se bata, a orthographia sem ípsilon, como escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse. Sim, porque a orthographia também é gente. A palavra é completa vista e ouvida. E a gala da transliteração greco-romana veste-m´a do seu vero manto régio, pelo qual é senhora e rainha.” ( Contemporânea , 1931)] Fala mangueira! Fala! [Mangueira < Mangueirinha, bairro do Rio de Janeiro, também escola de samba]
  • 10.
  • 11. Flor do Lácio... Olavo Bilac (1865-1918): Língua Portuguesa Última flor do Lácio, inculta e bela, És, a um tempo, esplendor e sepultura: Ouro nativo, que na ganga impura A bruta mina entre os cascalhos vela... Amo-te assim, desconhecida e obscura. Tuba de alto clangor, lira singela, Que tens o trom e o silvo da procela, E o arrolo da saudade e da ternura! Amo o teu viço agreste e o teu aroma De virgens selvas e de oceano largo! Amo-te, ó rude e doloroso idioma, em que da voz materna ouvi: &quot;meu filho!&quot;, E em que Camões chorou, no exílio amargo, O gênio sem ventura e o amor sem brilho! Bilac foi o maior exponente do Parnasianismo no Brasil. Esta corrente reaccionou contra o Realismo e o Naturalismo na literatura e representou um regresso ao sentimento e ao sentimentalismo românticos.
  • 12. ...Sambódromo O sambódromo pode ser interpretado como palco de uma cultura carnavalizada, como uma heterotopia moderna e como uma industrialização da função ritual do carnaval.
  • 13.
  • 14. Vamos atentar para a sintaxe dos paulistas E o falso inglês relax dos surfistas Sejamos imperialistas Vamos na velô da dicção choo choo de Carmem Miranda Carmen Miranda (1909-1955) foi uma cantora e actriz luso-brasileira que teve grande êxito em Hollywood e foi precursora do tropicalismo.
  • 15.
  • 16. E que o Chico Buarque de Holanda nos resgate [Francisco Buarque de Holanda (1944), músico e escritor] E - xeque-mate - explique-nos Luanda Ouçamos com atenção os deles e os delas da TV Globo Sejamos o lobo do lobo do homem
  • 17.
  • 18. Adoro nomes Nomes em à De coisas como Rã e ímã Nomes de nomes como Maria da Fé, Scarlet Moon Chevalier, Glauco Mattoso e Arrigo Barnabé [ Maria da Conceição Costa Gordo , (1945); fadista portuguesa . Maria da Fé , acompanhando uma das bandeiras na região, casou-se com o cacique Jiquitibá, que lhe revelou os segredos das minas de ouro. Adquirindo grande poder como esposa do cacique, Maria da Fé empenhou-se na colonização do lugar e foi a grande responsável pela prosperidade do município, actualmente Campos de Maria da Fé (Minas Gerais). Scarlet Moon de Chevalier (1950), actriz e jornalista carioca, acompanhou início do rock-pop Glauco Mattoso , pseud. do escritor Pedro José Ferreira da Silva (1951) Arrigo Barnabé (1951), compositor brasileiro popular da MPB]
  • 19. Se você tem uma idéia incrível É melhor fazer uma canção Está provado que só é possível Filosofar em alemão Blitz quer dizer corrisco Hollywood quer dizer Azevêdo E o Recôncavo, e o Recôncavo, e o Recôncavo Meu medo! Recôncavo Baiano: região extensa e fértil da Bahia, reconhecida historicamente como o princípio da identidade brasileira
  • 20.
  • 21. A língua é minha pátria E eu não tenho pátria: tenho mátria Eu quero frátria Poesia concreta e prosa caótica Ótica futura terra ra terra ter rat erra ter rate rra ter rater ra ter raterr a ter raterra terr araterra ter raraterra te rraraterra t erraraterra terraraterra Décio Pignatari Poesia Concreta (anos 50/70): Criada por Décio Pignatari (1927), Haroldo de Campos (1929) e Augusto de Campos (1931), a poesia concreta era um ataque à produção poética da época, dominada pela geração de 1945, a quem os jovens paulistas acusavam de verbalismo, subjectivismo, incapacidade de expressar a nova realidade gerada pela revolução industrial. http://www.tanto.com.br/luizedmundo-concret.htm
  • 22. beba coca cola   babe         cola   beba coca   babe cola caco   caco   cola            c l o a c a   &quot;beba coca cola&quot; Décio Pignatari, (1957)
  • 23. Tá craude brô [tá < está, craude < crowd, brô < brother] você e tu lhe amo [cf. gramática da fala brasileira] Qué queu te faço, nego? [que queres que eu faça, pá?]
  • 24. Bote ligeiro Samba-rap, chic-left com banana Será que ele está no Pão de Açúcar
  • 25.
  • 26. Algumas linhas temáticas: linguagem no seu contexto sócio-histórico pós-colonial valorização da língua falada (desde o modernismo de 1922) revindicação da liberdade dos padrões & preceitos independência linguístico-cultural do Brasil em relação a Portugal
  • 27. Flor do Lácio (alegoria dos valores culturais e estéticos supostamente eternos, clássicos) Lusamérica (alegoria do melting pot colonial/póscolonial) Latim em pó (destino de todas as línguas e de todas as culturas) Sambódromo (alegoria da ritualização & industrialização na modernidade)

Notas do Editor

  1. Composto em 1984 quando a ditadura militar já se aproximava ao seu fim
  2. Bernardo Soares: “Gosto de dizer. Direi melhor: gosto de palavrar”.
  3. Sujeito preocupado com a realidade da língua ‘nacional’, associaçoes entre a actualidade e a tradiçao Prosa e poesai encontram-se inseparáveis na obra de Guimaraes Rosa: prosa poética Caetano quer conferir superioridade à prosa poética de Rosa, à língua nacional brasileira
  4. Caetano modifica a citaçao de Pessoa no sentido de que o Brasil nao fala o português de Portugal, mas sim a língua brasileira, caracterizada pela heterogeneidade linguística, por ter sido um país colonizado Fala do amor à língua e ao país: a mesma ideologia que o fez lutar contra a ditadura, que impunha valores nacionais como uma realidade aparentemente comum, fá-lo lutar agora pela singularidade da sua lingua diferente da portuguesa
  5. Parnasianismo, reacciona contra o Realismo e o Naturalismo na literatura Regresso ao sentimento/sentimentalismo romântico
  6. Palco de uma cultura carnavalizada construçao de modernidade ritualizaçao + industrializaçao do carnaval
  7. Remete para a miscigenaçao da língua &amp; cultura portuguesas com as línguas &amp; culturas ameríndias (e afro), Fragmentaçao do ‘latim em pó’ deu origem a uma coisa nova
  8. Chama a atençao pela influência dos estrangeirismos, de outras culturas (colonizadoras) 1.ª pessoa plural: conscientizar, língua nacional deve predominar Vamos na velô: vamos com velocidade no caminho das transformaçoes, neologismos, etc. ‘ velô’ como alegoria / metáfora da rapidez na modernidade, cf também jogo com o próprio nome Carmem Miranda: portuguesa que se criou no Brasil e foi a primeira estrela internacional brasileira
  9. Explique-nos Luanda: relaçao com o passado afro (colonial), relaçao actual com a África lusófona Chama a atençao para uma recepçao crítica do médio de comunicaçao mais poderoso: a televisao, alerta do seu poder sobre a sociedade (lobo do homem, enquanto a pessoa crítica pode chegar a ser o lobo deste lobo) Cf. ANTROPOFAGIA: ASSIMILAR O NOVO À SUA MANEIRA
  10. Maria da Fé: fadista ou bandeirista?
  11. Nietzsche: lingua com poder dominador sobre outras/os Por meio da música é possível construir a realidade, mostrar as contradiçoes, criticar e poetizar sem subjugar Por que só é possível filosofar em Grego e Alemão? ( Heidegger na sua tese de doutoramento) Essa resposta (se vpcê tem uma ideia incrível / é melhor fazer uma cançao), ainda mais provocadora que a afirmação de Heidegger, descreve o carácter do uso do idioma e, logo, o modo como por ele vemos o mundo. Dentre as várias revelações dessa &amp;quot;resposta&amp;quot;, destacam-se duas: fazer canção é melhor que filosofar e, em português, é melhor fazer uma canção. Caetano diz: &amp;quot;é melhor fazer uma canção&amp;quot;, mas não só isso. Se fizermos o necessário paralelo com a Segunda parte da frase em que ele diz: &amp;quot;só é possível filosofar em alemão&amp;quot;, devemos completar a primeira e dizer: &amp;quot;é melhor fazer uma canção em português&amp;quot;.  Agora podemos entender melhor a canção a qual ele se refere, pois apenas pode ser uma que se dê no idioma português e não em notas musicais. Essa canção é a musicalidade de nossas letras. Caetano Veloso está-nos apontando o que temos feito deveras, está-nos apontando a tradição de nosso idioma. Esse seu apontamento remete-nos aos que vem forjando essa vista para o mundo, aos nossos escritores. Todas as possibilidades de nosso idioma foram conquistadas por eles, contudo eles conquistaram-nas para a escrita literária, a qual foge muito à filosófica. A principal diferença de uma a outra está em que, enquanto para o filosofar, a língua é um instrumento para mostrar algo; para o fazer literatura a língua mostra-se a si mesma. Para o filosofar a língua deve ser o mais transparente possível afim de se ver através dela o que ela pretende mostrar, pois isso está além de sua aparência. Para a literatura, acontece o inverso, a língua deve ser o mais aparente possível afim de se ver a própria língua, pois ela está em sua aparência. Estamos avisados de que há filósofos com estilo refinado e há poetas profundos; isso, porém, não nos contradiz. O estilo do filósofo é requerimento de sua mostra, já o vimos em Demócrito, e os limites desse estilo demarcam-se por essa mesma mostra. A profundidade do poeta é outro ornamento de seu estilo, e está condicionado à beleza desse mesmo estilo. Esse facto é de fácil verificação, basta-nos comparar traduções; há as que privilegiam a profundidade, há as que o estilo. As primeiras podem ser-nos interessantes, as segundas são-nos belas. E qual, afinal de contas, é o destino da poesia, senão a beleza? Mesmo sabendo que a profundidade é puro ornamento no escritor, podemos ir buscar nele um pensamento, afinal o único que temos. Quiçá encontremos em Machado de Assis um grande psicólogo, como o foi Nietzsche; e em Carlos Drummond de Andrade um grande metafísico, como o foi Heidegger. Ezra Pound em seus “Ensaios Literários” escreveu que “os artistas são as antenas da raça,”[8] ou seja, aqueles que primeiro captam o espírito do tempo e o comunicam aos demais. No caso da Alemanha, suas antenas sempre foram os filósofos, no do Brasil, os nossos escritores. Precisamos ouvi-los, em ordem a estarmos no tempo certo e conhecermos a tradição de nosso idioma. Essa é a tradição que temos e é somente a partir dela que poderemos formar outra, outra porventura filosófica. “O povo faz o idioma e o idioma faz o povo”, disse Unamuno e completa: “cada idioma é o melhor para o povo que o fala.”[9] Precisamos deixar nosso idioma nos fazer para procedermos a fazê-lo e, no nosso caso, essa feitura toma o aspecto de transformação.
  12. beba coca cola   babe         cola   beba coca   babe cola caco   caco   cola            c l o a c a   &amp;quot;beba coca cola&amp;quot; (1957), Décio Pignatari 
  13. Caetano: filme “Cinema falado” Reafirmar a lingua nacional cheia de vida Na linha do crescente papel da ´sócio-linguística e pragmática desde os anos 80