SlideShare uma empresa Scribd logo
BIOÉTICA E
BIOPODER
o
Surgimento e definição de
bioética:
● A constituição da Bioética como um saber autônomo é
recente e o seu processo de surgimento esteve ligado a
certos fatores históricos e socioculturais;
● Ética médica tradicional:
● Juramento hipocrático “ Juro por Apolo, médico,... que
aplicarei os regimes para o bem dos doentes, segundo o
meu saber e a minha razão, e nunca para prejudicar ou
fazer mal a quem quer que seja. A ninguém darei, para
agradar, remédio mortal nem conselho que induza à
destruição. Também não fornecerei a uma senhora
pessário abortivo. Conservarei pura minha vida e minha
arte”;
● Thomás Percival, em 1803, utiliza o termo
“Ética médica”. sistematizou, Tornou-se pai
da Ética médica moderna por sistematizá la;
● Nascia na Inglaterra normas para atuarem
de maneira honesta enquanto médicos.
Assim nascendo um regulamento de
comportamento entre colegas.
● Código de Ética Médica do Conselho Federal
de Medicina;
● Este código continua presente na maioria
das faculdades de medicina do Brasil e
determina a perspectiva deontológica do
ensino da Ética médica;
● Atualmente, os desafios na área da saúde
são as mais diversas e complexas que a
Ética médica hipocrática não consegue
responder;
zé
Contexto do surgimento da Bioética:
zé
● Nos anos 60, a opinião pública dos
Estados Unidos tomou conhecimento de
casos de manipulação em pesquisas
com enfermos social e mentalmente
fragilizados (pacientes de diálise, de
síndrome de Down e sifilíticos negros);
● Nos anos 70, aparece a Carta dos
direitos do enfermo, aprovada pelos
hospitais dos EUA;
● Esta carta busca superar a Ética médica
tradicional que tratava o enfermo como
um menor de idade, para superar essa
mentalidade e introduzir a necessidade
do “consentimento informado” a este;
Foram usadas 600 homens sifilíticos como
cobaias em um experimento científico: 399 para
observar a progressão natural da sífilis sem o
uso de medicamentos e outros 201 indivíduos
saudáveis, que serviram como base de
comparação em relação aos infectados.
Abrangência e definição da Bioética:
● Em 1988, V.R. Potter, criador do termo “bioética”, publicou em sua
primeira obra Bioethics bridg to the future, sua proposta abrangia
uma perspetiva globalizante que incluía o interesse ecológico pelo
meio ambiente;
● A bioética era compreendida como a ciência da sobrevivência
diante das diferentes ameaças contra a vida;
● Segundo Potter, precisamos de uma ciência da sobrevivência do
ser humano, da promoção da qualidade da vida. a Bioética
responde a esta necessidade;
zé
● A bioética é uma sabedoria biologicamente fundada a partir do ideal: um conhecimento de
como usar o saber para o bem da sociedade;
● Potter manteve sua luta académica por uma abrangência mais globalizante foi importante
e teve a sua repercussão no sentido de não reduzir a Bioética ao enfoque médico;
● A melhor maneira de definir bioética é como: ética das ciências da vida e da saúde.
Portanto vai além das questões éticas relativas à medicina para incluir temas de saúde
pública, problemas populacionais, genética, saúde ambiental, práticas e tecnologias
reprodutivas, saúde e bem-estar animal, e assim por diante;
Princípios da Bioética
● 1974: lei americana que identificaria os princípios éticos básicos que deveriam
nortear as experimentações em seres humanos;
● Relatório Belmont: Autonomia, Beneficência e Justiça;
● Estes conceitos serviriam para nortear a Bioética na solução de conflitos éticos;
Autonomia:
● Necessidade do consentimento informado;
● Paternalismo médico: tratavam o enfermo como uma criança e o médico devia agir
pelo bem do enfermo;
● Casos de abusos e manipulações questionam o paternalismo;
● Enfermos não queriam mais ser tratados como crianças nas mãos dos médicos;
● “O enfermo, devido à sua dignidade como sujeito, tem o direito de decidir
autonomamente a aceitação ou rejeição do que se quer fazer com ele, seja do
ponto de vista do diagnóstico como da terapêutica.” (p.42);
● Este princípio exige uma grande comunicação entre o profissional da saúde e o
enfermo (consentimento informado);
● Entretanto, é necessário ter condições físicas e psicológicas para tomar estas
decisões;
● Exemplo: indivíduo que se nega a receber transfusão de sangue por motivos
religiosos;
● Porém, em certos casos, quem está autorizado a decidir? (crianças, suicidas
potenciais, dependentes de drogas, excepcionais)
● Decisão com a equipe médica em conjunto com os familiares;
● O que faria o enfermo se estivesse em condições racionais?
Beneficência:
● Atenção aos riscos e benefícios;
● É o princípio que regula as instâncias éticas da profissão médica;
● O profissional da saúde deve agir sempre pelo bem da pessoa;
● Como definir o bem do paciente? Quem decide entre as indicações
do médico e as preferências do enfermo?
● A saúde do enfermo não se reduz ao físico: os elementos psíquicos
e espirituais também contam;
● Entretanto, o médico não pode ser um mero executor dos desejos do
paciente;
● Prover benefícios e ponderar benefícios e danos;
Princípio da não-maleficência:
● Não fazer mal; não infligir mal aos outros;
● Maleficência é diferente da Malevolência;
● Pode-se infligir dano a alguém evitando um mal maior;
● Exemplo: operação cirúrgica ou prisão;
● Na ética médica tradicional, especialmente a de cunho católico,
existem vários princípios que justificariam os efeitos negativos de
uma
● Princípio de Duplo Efeito: quando uma ação tem duas
consequências: negativa e positiva.
● Princípio da Totalidade: confronto entre a parte e o todo. Ex:
amputação de um membro.
● Princípio do Mal Menor: todos os efeitos de uma ação são negativos,
e neste caso deve-se escolher o mal menor.
Justiça:
● Fundamenta-se na premissa de que as pessoas tem direito a terem suas
necessidades de saúde atendidas livres de preconceitos ou segregações sociais.
● Obrigação ética de tratar cada indivíduo conforme o que é moralmente correto e
adequado, de dar a cada um o que lhe é devido.
● O médico deve atuar com imparcialidade, evitando ao máximo que aspectos
sociais, culturais, religiosos, financeiros ou outros interfiram na relação
médico-paciente.
● Os recursos devem ser equilibradamente distribuídos, com o objetivo de alcançar,
com melhor eficácia, o maior número de pessoas assistidas.
O Relatório Belmont colocava a seguintes
ponderações a respeito do princípio da justiça:
● Uma injustiça ocorre quando um benefício que uma pessoa merece é negado sem
uma boa razão, ou quando algum encargo lhe é imposto indevidamente;
● Uma outra maneira de conceber o Princípio da Justiça é que os iguais devem ser
tratados igualmente. Entretanto esta proposição necessita uma explicação;
● Quem é igual e quem é não-igual ?
● Quais considerações justificam afastar-se da distribuição igual ? (...) Existem
muitas formulações amplamente aceitas de como distribuir os benefícios e os
encargos;
Beneficência
(atenção por parte
do pesquisador
aos riscos e
benefícios para o
envolvido)
Justiça
(busca de eqüidade
quanto aos sujeitos de
experimentação)
Autonomia
(necessidade do
consentimento
informado do
envolvido)
Relatório
Belmont
Cada uma delas faz alusão a algumas propriedades relevantes sobre as quais os
benefícios e encargos devam ser distribuídos.
Tais como as propostas de que:
•a cada pessoa uma parte igual;
•a cada pessoa de acordo com a sua necessidade;
•a cada pessoa de acordo com o seu esforço individual;
•a cada pessoa de acordo com a sua contribuição à sociedade;
•a cada pessoa de acordo com o seu mérito;
A PESSOA HUMANA COMO CATEGORIA
FUNDAMENTAL DA BIOÉTICA
• Valorização da vida é a referência primordial da Bioética;
• Vida de um ser pessoal;
• Categoria pessoa é fundamental: necessário explicar
antropologicamente;
• Antropologia personalista ou antropologia relacional: entende a
pessoa como relação;
• Visão unitária da pessoa é necessário para se entender os conflitos
entre direitos e deveres;
CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS DO SER
HUMANO COMO PESSOA
Fonte: JUNGES, 1999, p. 107
BIOÉTICA E DIREITO
• Ética e Direito: agir humano;
• Ordem moral e ordem jurídica;
• Ausência de um biodireito;
• Dificuldade de definições: vida humana, dignidade humana, pessoa
humana;
• Pluralidade de configurações do direito;
Configuração do Biopoder/Biopolítica
zé
Os gregos tinham duas palavras para
designar a vida: zoé que se refere à vida
biológica comum entre humanos e animais
e bios que expressa a vida especificamente
humana em sua dimensão moral e política.
Até os tempos modernos a zoé dos
humanos, isto é, a sua vida física e a sua
saúde, eram assuntos privados do âmbito
do pater familiae, não sendo preocupações
da pólis. O âmbito público da política, ao
contrário, se interessava exclusivamente
pelo bios dos seus cidadãos.
A vida física e biológica, ao contrário, que
antes eram preocupações privadas da
família, passou a fazer parte do interesse
público do Estado. Assim a vida que os
humanos têm em comum com os animais
foi integrada na soberania e no poder do
Estado que começou a desenvolver
estratégias políticas para a sua gestão
Da Grécia ao período moderno:
Hipócrates
Caça às bruxas entre o
Séc XV e XVIII
A função do poder não é mais matar,
mas investir sobre a vida. A potência da
morte é substituída pela administração
dos corpos e a gestão calculista da vida.
Para Foucault a organização do
biopoder foi necessário para o
desenvolvimento do capitalismo, porque
era necessário, por um lado, inserir os
corpos disciplinados dos trabalhadores
no aparelho da produção e, por outro,
regular e ajustar o fenômeno da
população aos processos econômicos
São as duas tradições que a bioética carrega em sua identidade: uma mais
ecológica, legada por Potter; e a outra mais clínica, introduzida por Hellegers
zé
Assumiu mais a forma de
crítica cultural do uso das
biotecnologias e sua
influência sobre o entorno
natural e social.
Desenvolveu-se como
busca de soluções práticas
aos problemas enfrentados
pelos profissionais na
clínica e pelos cientistas
nas pesquisas envolvendo
seres humanos.
Assim, podemos falar de duas faces da bioética: uma mais de cunho
hermenêutico-crítico, que tenta interpretar os pressupostos culturais do uso
das biotecnologias e outra mais casuística, que busca soluções concretas
para os dilemas.
Atendo-se a uma análise
nominalista,Foucault recusa-se
a pensar o poder enquanto
coisa ou substância, as quais
seriam possuídas por uns e
extorquidas de outros.
O poder opera de modo difuso,
espalhando-se por uma rede
social que inclui instituições
diversas como a família, a
escola, o hospital, a clínica. Ele
é, por assim dizer, um conjunto
de relações de força
multilaterais (Foucault, 1999).
Contesta a ideia consagrada segundo a qual o poder agiria por meio da supressão, da
repressão, coibindo e impedindo a manifestação de condutas indesejáveis. Ele
atuaria, ao contrário, de maneira a produzir, incitar comportamentos.
A sociedade ocidental teria menos reprimido os sujeitos, que os levado a emitir certos
padrões de resposta (Foucault, 1976/2010a)
PODER
VERDADE DIREITO
ESTADO
- 1º SETOR -
MERCADO
- 2º SETOR -
SOCIEDADE
CIVIL
- 3º SETOR-
Vestibulum congue
tempus
Lorem ipsum dolor sit
amet, consectetur
adipiscing elit, sed do
eiusmod tempor.
Vestibulum congue
tempus
Lorem ipsum dolor sit
amet, consectetur
adipiscing elit, sed do
eiusmod tempor.
Vestibulum congue tempus
Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur
adipiscing elit, sed do eiusmod tempor. Ipsum
dolor sit amet elit, sed do eiusmod tempor.
LIBERALISMO
NEOLIBERALISMO
BIOPOLÍTICA
Do século XV ao XVII, o
cenário político europeu
foi povoado por reflexões
que buscavam ampliar as
forças do Estado, tem-se
agora a configuração de
“uma razão do governo
mínimo”
A EUTANÁSIA E O DIREITO DE MORTE DIGNA
➔ Morte como tabu;
➔ “O que acontece quando alguém é informado de sua morte próxima devida a
alguma doença detectada?” (JUNGES, p. 175);
matheus
➔ Kübler-Ross - cinco fases;
◆ Fase da negação explícita;
◆ Fase da ira;
◆ Fase da negociação;
◆ Fase da depressão;
◆ Fase da aceitação.
➔ Diante do estudo de Kübler-Ross, Sporken busca compreender as fases
que antecedem o diagnóstico;
◆ Fase da ignorância;
◆ Fase da insegurança;
◆ Fase da negação implícita;
◆ Informação da verdade.
➔ Diante destas constatações se percebe que o processo de morte é muito
importante para a pessoa moribunda;
➔ Diante desta importância, estabelecem-se alguns direitos ao paciente
terminal, são eles:
◆ Morrer com dignidade, respeito e humanidade;
◆ Saber a verdade da sua situação com informação adequada;
◆ Receber os cuidados ordinários para o seu bem-estar físico;
◆ Recordar o amor vivido e sentir os benefícios de uma vida compartilhada e, se o
desejar, receber visita de familiares e amigos;
◆ Aclarar as suas relações, expressar os seus desejos, compartilhar os seus desejos;
◆ Planejar com seus familiares as mudanças que a sua morte imporá aos que o rodeiam;
◆ Ter em conta o interesse pelos sentimentos daqueles que ficam;
◆ Receber assistência religiosa.
➔ Eutanásia - surge do não respeito aos direitos dos moribundos;
➔ Definição de Eutanásia: “Uma ação ou omissão que, por sua natureza ou
intenção, causa a morte com o fim de eliminar qualquer dor. A eutanásia
situa-se, portanto no nível das intenções e dos métodos usados”
◆ Eutanásia - busca pela morte para aliviar a dor;
◆ Ortotanásia/Adistanásia (morte correta) - deixar morrer em paz, respeitando os
direitos do enfermo;
◆ Distanásia (morte difícil) - prolongar a todo o custo a vida sem respeitar os direitos da
pessoa moribunda;
REFERÊNCIAS
•BEAUCHAMP, Tom, L.; CHILDRESS, James, F. Princípios de ética
biomédica. São Paulo: Loyola, 2002. BOFF, Leonardo. Ética da vida. Brasília:
Letraviva, 2000.
•JUNGES, José Roque. Bioética. São Leopoldo: Unisinos, 1999.
•JUNGES, José Roque. O nascimento da bioética e a constituição do
biopoder. 2011. Disponível em:
<https://scielo.conicyt.cl/pdf/abioeth/v17n2/a03.pdf>. Acesso em: 23 set.
2018.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Mais procurados (20)

Introdução à psicologia da saúde
Introdução à psicologia da saúdeIntrodução à psicologia da saúde
Introdução à psicologia da saúde
 
Ética e legislação em enfermagem
Ética e legislação em enfermagemÉtica e legislação em enfermagem
Ética e legislação em enfermagem
 
Psicologia Fenomenológico-Existencial
Psicologia Fenomenológico-ExistencialPsicologia Fenomenológico-Existencial
Psicologia Fenomenológico-Existencial
 
Personalidade
PersonalidadePersonalidade
Personalidade
 
Principios da bioetica
Principios da bioeticaPrincipios da bioetica
Principios da bioetica
 
éTica na saúde
éTica na saúdeéTica na saúde
éTica na saúde
 
TRANSTORNO BIPOLAR
TRANSTORNO BIPOLARTRANSTORNO BIPOLAR
TRANSTORNO BIPOLAR
 
Morte E Luto No Contexto Hospitalar
Morte E Luto No Contexto HospitalarMorte E Luto No Contexto Hospitalar
Morte E Luto No Contexto Hospitalar
 
Tópicos abordagem paciente saúde mental
Tópicos abordagem paciente saúde mentalTópicos abordagem paciente saúde mental
Tópicos abordagem paciente saúde mental
 
Aula 05 07 valores e escolhas
Aula 05 07 valores e escolhasAula 05 07 valores e escolhas
Aula 05 07 valores e escolhas
 
Personalidade - Teorias e Testes
Personalidade - Teorias e TestesPersonalidade - Teorias e Testes
Personalidade - Teorias e Testes
 
Comunicação terapêutica em saúde mental
Comunicação terapêutica em saúde mentalComunicação terapêutica em saúde mental
Comunicação terapêutica em saúde mental
 
Perspectivas teórico-práticas em Orientação Profissional
Perspectivas teórico-práticas em Orientação ProfissionalPerspectivas teórico-práticas em Orientação Profissional
Perspectivas teórico-práticas em Orientação Profissional
 
ÉTica x Moral e Bioética
ÉTica x Moral e BioéticaÉTica x Moral e Bioética
ÉTica x Moral e Bioética
 
Aula 11 a morte e o luto2
Aula 11 a morte e o luto2Aula 11 a morte e o luto2
Aula 11 a morte e o luto2
 
BASES BIOLÓGICAS DO COMPORTAMENTO: APRENDIZAGEM
BASES BIOLÓGICAS DO COMPORTAMENTO: APRENDIZAGEMBASES BIOLÓGICAS DO COMPORTAMENTO: APRENDIZAGEM
BASES BIOLÓGICAS DO COMPORTAMENTO: APRENDIZAGEM
 
Como trabalhar com cuidados paliativos na atenção à saúde
Como trabalhar com cuidados paliativos na atenção à saúdeComo trabalhar com cuidados paliativos na atenção à saúde
Como trabalhar com cuidados paliativos na atenção à saúde
 
TEORIAS DA ENFERMAGEM - HISTÓRIA
TEORIAS DA ENFERMAGEM - HISTÓRIATEORIAS DA ENFERMAGEM - HISTÓRIA
TEORIAS DA ENFERMAGEM - HISTÓRIA
 
Introdução à fenomenologia
Introdução à fenomenologiaIntrodução à fenomenologia
Introdução à fenomenologia
 
Psicanálise
PsicanálisePsicanálise
Psicanálise
 

Semelhante a Bioética e Biopoder

Disciplina bioética tópicos 06.02.14
Disciplina bioética tópicos 06.02.14Disciplina bioética tópicos 06.02.14
Disciplina bioética tópicos 06.02.14
portustfs
 
A ética na medicina
A ética na medicinaA ética na medicina
A ética na medicina
DeaaSouza
 
SBOC Boletim 48 - Bioetica
SBOC Boletim 48 - BioeticaSBOC Boletim 48 - Bioetica
SBOC Boletim 48 - Bioetica
sequipe
 
BIOÉTICA E O SER HUMANO NO PROCESSO SAÚDE 1.pptx
BIOÉTICA E O SER HUMANO NO PROCESSO SAÚDE 1.pptxBIOÉTICA E O SER HUMANO NO PROCESSO SAÚDE 1.pptx
BIOÉTICA E O SER HUMANO NO PROCESSO SAÚDE 1.pptx
JessiellyGuimares
 
Ética e Deontologia na atividade Farmacêutica.pdf
Ética e Deontologia na atividade Farmacêutica.pdfÉtica e Deontologia na atividade Farmacêutica.pdf
Ética e Deontologia na atividade Farmacêutica.pdf
sofy853108
 
Ética e Deontologia na atividade Farmacêutica.pdf
Ética e Deontologia na atividade Farmacêutica.pdfÉtica e Deontologia na atividade Farmacêutica.pdf
Ética e Deontologia na atividade Farmacêutica.pdf
sofy853108
 
Principios de bioetica
Principios de bioeticaPrincipios de bioetica
Principios de bioetica
Mw M
 
Aula 2- Fundamentos de Enfermagem.pptx
Aula 2- Fundamentos de Enfermagem.pptxAula 2- Fundamentos de Enfermagem.pptx
Aula 2- Fundamentos de Enfermagem.pptx
DheniseMikaelly
 
1688497756935.pptxljnlkkjlkjlklmjjjjjjjjjj
1688497756935.pptxljnlkkjlkjlklmjjjjjjjjjj1688497756935.pptxljnlkkjlkjlklmjjjjjjjjjj
1688497756935.pptxljnlkkjlkjlklmjjjjjjjjjj
pamelacastro71
 
Saúde pública – históricos e conceitos
Saúde pública – históricos e conceitosSaúde pública – históricos e conceitos
Saúde pública – históricos e conceitos
Victor Said
 

Semelhante a Bioética e Biopoder (20)

Disciplina bioética tópicos 06.02.14
Disciplina bioética tópicos 06.02.14Disciplina bioética tópicos 06.02.14
Disciplina bioética tópicos 06.02.14
 
OS PRINCÍPIOS DA BIOÉTICA
OS PRINCÍPIOS DA BIOÉTICAOS PRINCÍPIOS DA BIOÉTICA
OS PRINCÍPIOS DA BIOÉTICA
 
1ª aula de Bioética_introdução.pdf
1ª aula de Bioética_introdução.pdf1ª aula de Bioética_introdução.pdf
1ª aula de Bioética_introdução.pdf
 
A ética na medicina
A ética na medicinaA ética na medicina
A ética na medicina
 
SBOC Boletim 48 - Bioetica
SBOC Boletim 48 - BioeticaSBOC Boletim 48 - Bioetica
SBOC Boletim 48 - Bioetica
 
BIOÉTICA E O SER HUMANO NO PROCESSO SAÚDE 1.pptx
BIOÉTICA E O SER HUMANO NO PROCESSO SAÚDE 1.pptxBIOÉTICA E O SER HUMANO NO PROCESSO SAÚDE 1.pptx
BIOÉTICA E O SER HUMANO NO PROCESSO SAÚDE 1.pptx
 
Biodireito & bioetica
Biodireito & bioeticaBiodireito & bioetica
Biodireito & bioetica
 
Ética e Deontologia na atividade Farmacêutica.pdf
Ética e Deontologia na atividade Farmacêutica.pdfÉtica e Deontologia na atividade Farmacêutica.pdf
Ética e Deontologia na atividade Farmacêutica.pdf
 
Ética e Deontologia na atividade Farmacêutica.pdf
Ética e Deontologia na atividade Farmacêutica.pdfÉtica e Deontologia na atividade Farmacêutica.pdf
Ética e Deontologia na atividade Farmacêutica.pdf
 
Principios de bioetica
Principios de bioeticaPrincipios de bioetica
Principios de bioetica
 
Bioética aborto e eutanasia
Bioética    aborto e eutanasiaBioética    aborto e eutanasia
Bioética aborto e eutanasia
 
bioetica
 bioetica bioetica
bioetica
 
Ética em Pesquisa em psicologia, 10 aula
Ética em Pesquisa em psicologia, 10 aulaÉtica em Pesquisa em psicologia, 10 aula
Ética em Pesquisa em psicologia, 10 aula
 
Aula 2- Fundamentos de Enfermagem.pptx
Aula 2- Fundamentos de Enfermagem.pptxAula 2- Fundamentos de Enfermagem.pptx
Aula 2- Fundamentos de Enfermagem.pptx
 
Autonomia e Consentimento Esclarecido
Autonomia e Consentimento Esclarecido Autonomia e Consentimento Esclarecido
Autonomia e Consentimento Esclarecido
 
ORIGEM E EVOLUÇÃO DO CONSENTIMENTO INFORMADO NA PRÁTICA MÉDICA
ORIGEM E EVOLUÇÃO DO CONSENTIMENTO  INFORMADO NA PRÁTICA MÉDICAORIGEM E EVOLUÇÃO DO CONSENTIMENTO  INFORMADO NA PRÁTICA MÉDICA
ORIGEM E EVOLUÇÃO DO CONSENTIMENTO INFORMADO NA PRÁTICA MÉDICA
 
1688497756935.pptxljnlkkjlkjlklmjjjjjjjjjj
1688497756935.pptxljnlkkjlkjlklmjjjjjjjjjj1688497756935.pptxljnlkkjlkjlklmjjjjjjjjjj
1688497756935.pptxljnlkkjlkjlklmjjjjjjjjjj
 
AULA 10 educacao - BIOÉTICA.pptx
AULA 10  educacao         - BIOÉTICA.pptxAULA 10  educacao         - BIOÉTICA.pptx
AULA 10 educacao - BIOÉTICA.pptx
 
Saúde pública – históricos e conceitos
Saúde pública – históricos e conceitosSaúde pública – históricos e conceitos
Saúde pública – históricos e conceitos
 
Aula etica neo 2
Aula etica neo 2Aula etica neo 2
Aula etica neo 2
 

Último

5ca0e9_ea0307e5baa1478490e87a15cb4ee530.pdf
5ca0e9_ea0307e5baa1478490e87a15cb4ee530.pdf5ca0e9_ea0307e5baa1478490e87a15cb4ee530.pdf
5ca0e9_ea0307e5baa1478490e87a15cb4ee530.pdf
edjailmax
 
GRAMÁTICA NORMATIVA DA LÍNGUA PORTUGUESA UM GUIA COMPLETO DO IDIOMA.pdf
GRAMÁTICA NORMATIVA DA LÍNGUA PORTUGUESA UM GUIA COMPLETO DO IDIOMA.pdfGRAMÁTICA NORMATIVA DA LÍNGUA PORTUGUESA UM GUIA COMPLETO DO IDIOMA.pdf
GRAMÁTICA NORMATIVA DA LÍNGUA PORTUGUESA UM GUIA COMPLETO DO IDIOMA.pdf
rarakey779
 
AS COLUNAS B E J E SUAS POSICOES CONFORME O RITO.pdf
AS COLUNAS B E J E SUAS POSICOES CONFORME O RITO.pdfAS COLUNAS B E J E SUAS POSICOES CONFORME O RITO.pdf
AS COLUNAS B E J E SUAS POSICOES CONFORME O RITO.pdf
ssuserbb4ac2
 
Hans Kelsen - Teoria Pura do Direito - Obra completa.pdf
Hans Kelsen - Teoria Pura do Direito - Obra completa.pdfHans Kelsen - Teoria Pura do Direito - Obra completa.pdf
Hans Kelsen - Teoria Pura do Direito - Obra completa.pdf
rarakey779
 

Último (20)

5ca0e9_ea0307e5baa1478490e87a15cb4ee530.pdf
5ca0e9_ea0307e5baa1478490e87a15cb4ee530.pdf5ca0e9_ea0307e5baa1478490e87a15cb4ee530.pdf
5ca0e9_ea0307e5baa1478490e87a15cb4ee530.pdf
 
CIDADANIA E PROFISSIONALIDADE 4 - PROCESSOS IDENTITÁRIOS.pptx
CIDADANIA E PROFISSIONALIDADE 4 - PROCESSOS IDENTITÁRIOS.pptxCIDADANIA E PROFISSIONALIDADE 4 - PROCESSOS IDENTITÁRIOS.pptx
CIDADANIA E PROFISSIONALIDADE 4 - PROCESSOS IDENTITÁRIOS.pptx
 
DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...
DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...
DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...
 
GRAMÁTICA NORMATIVA DA LÍNGUA PORTUGUESA UM GUIA COMPLETO DO IDIOMA.pdf
GRAMÁTICA NORMATIVA DA LÍNGUA PORTUGUESA UM GUIA COMPLETO DO IDIOMA.pdfGRAMÁTICA NORMATIVA DA LÍNGUA PORTUGUESA UM GUIA COMPLETO DO IDIOMA.pdf
GRAMÁTICA NORMATIVA DA LÍNGUA PORTUGUESA UM GUIA COMPLETO DO IDIOMA.pdf
 
Desastres ambientais e vulnerabilidadess
Desastres ambientais e vulnerabilidadessDesastres ambientais e vulnerabilidadess
Desastres ambientais e vulnerabilidadess
 
Atividade-9-8o-ano-HIS-Os-caminhos-ate-a-independencia-do-Brasil-Brasil-Colon...
Atividade-9-8o-ano-HIS-Os-caminhos-ate-a-independencia-do-Brasil-Brasil-Colon...Atividade-9-8o-ano-HIS-Os-caminhos-ate-a-independencia-do-Brasil-Brasil-Colon...
Atividade-9-8o-ano-HIS-Os-caminhos-ate-a-independencia-do-Brasil-Brasil-Colon...
 
Apresentação Formação em Prevenção ao Assédio
Apresentação Formação em Prevenção ao AssédioApresentação Formação em Prevenção ao Assédio
Apresentação Formação em Prevenção ao Assédio
 
Junho Violeta - Sugestão de Ações na Igreja
Junho Violeta - Sugestão de Ações na IgrejaJunho Violeta - Sugestão de Ações na Igreja
Junho Violeta - Sugestão de Ações na Igreja
 
Eurodeputados Portugueses 2019-2024 (nova atualização)
Eurodeputados Portugueses 2019-2024 (nova atualização)Eurodeputados Portugueses 2019-2024 (nova atualização)
Eurodeputados Portugueses 2019-2024 (nova atualização)
 
Apresentação de vocabulário fundamental em contexto de atendimento
Apresentação de vocabulário fundamental em contexto de atendimentoApresentação de vocabulário fundamental em contexto de atendimento
Apresentação de vocabulário fundamental em contexto de atendimento
 
O autismo me ensinou - Letícia Butterfield.pdf
O autismo me ensinou - Letícia Butterfield.pdfO autismo me ensinou - Letícia Butterfield.pdf
O autismo me ensinou - Letícia Butterfield.pdf
 
04_GuiaDoCurso_Neurociência, Psicologia Positiva e Mindfulness.pdf
04_GuiaDoCurso_Neurociência, Psicologia Positiva e Mindfulness.pdf04_GuiaDoCurso_Neurociência, Psicologia Positiva e Mindfulness.pdf
04_GuiaDoCurso_Neurociência, Psicologia Positiva e Mindfulness.pdf
 
Hans Kelsen - Teoria Pura do Direito - Obra completa.pdf
Hans Kelsen - Teoria Pura do Direito - Obra completa.pdfHans Kelsen - Teoria Pura do Direito - Obra completa.pdf
Hans Kelsen - Teoria Pura do Direito - Obra completa.pdf
 
AS COLUNAS B E J E SUAS POSICOES CONFORME O RITO.pdf
AS COLUNAS B E J E SUAS POSICOES CONFORME O RITO.pdfAS COLUNAS B E J E SUAS POSICOES CONFORME O RITO.pdf
AS COLUNAS B E J E SUAS POSICOES CONFORME O RITO.pdf
 
ATPCG 27.05 - Recomposição de aprendizagem.pptx
ATPCG 27.05 - Recomposição de aprendizagem.pptxATPCG 27.05 - Recomposição de aprendizagem.pptx
ATPCG 27.05 - Recomposição de aprendizagem.pptx
 
Hans Kelsen - Teoria Pura do Direito - Obra completa.pdf
Hans Kelsen - Teoria Pura do Direito - Obra completa.pdfHans Kelsen - Teoria Pura do Direito - Obra completa.pdf
Hans Kelsen - Teoria Pura do Direito - Obra completa.pdf
 
Poema - Reciclar é preciso
Poema            -        Reciclar é precisoPoema            -        Reciclar é preciso
Poema - Reciclar é preciso
 
DESAFIO FILOSÓFICO - 1ª SÉRIE - SESI 2020.pptx
DESAFIO FILOSÓFICO - 1ª SÉRIE - SESI 2020.pptxDESAFIO FILOSÓFICO - 1ª SÉRIE - SESI 2020.pptx
DESAFIO FILOSÓFICO - 1ª SÉRIE - SESI 2020.pptx
 
Conteúdo sobre a formação e expansão persa
Conteúdo sobre a formação e expansão persaConteúdo sobre a formação e expansão persa
Conteúdo sobre a formação e expansão persa
 
Slides Lição 9, CPAD, Resistindo à Tentação no Caminho, 2Tr24.pptx
Slides Lição 9, CPAD, Resistindo à Tentação no Caminho, 2Tr24.pptxSlides Lição 9, CPAD, Resistindo à Tentação no Caminho, 2Tr24.pptx
Slides Lição 9, CPAD, Resistindo à Tentação no Caminho, 2Tr24.pptx
 

Bioética e Biopoder

  • 2.
  • 3. Surgimento e definição de bioética: ● A constituição da Bioética como um saber autônomo é recente e o seu processo de surgimento esteve ligado a certos fatores históricos e socioculturais; ● Ética médica tradicional: ● Juramento hipocrático “ Juro por Apolo, médico,... que aplicarei os regimes para o bem dos doentes, segundo o meu saber e a minha razão, e nunca para prejudicar ou fazer mal a quem quer que seja. A ninguém darei, para agradar, remédio mortal nem conselho que induza à destruição. Também não fornecerei a uma senhora pessário abortivo. Conservarei pura minha vida e minha arte”;
  • 4. ● Thomás Percival, em 1803, utiliza o termo “Ética médica”. sistematizou, Tornou-se pai da Ética médica moderna por sistematizá la; ● Nascia na Inglaterra normas para atuarem de maneira honesta enquanto médicos. Assim nascendo um regulamento de comportamento entre colegas. ● Código de Ética Médica do Conselho Federal de Medicina; ● Este código continua presente na maioria das faculdades de medicina do Brasil e determina a perspectiva deontológica do ensino da Ética médica; ● Atualmente, os desafios na área da saúde são as mais diversas e complexas que a Ética médica hipocrática não consegue responder; zé
  • 5. Contexto do surgimento da Bioética: zé ● Nos anos 60, a opinião pública dos Estados Unidos tomou conhecimento de casos de manipulação em pesquisas com enfermos social e mentalmente fragilizados (pacientes de diálise, de síndrome de Down e sifilíticos negros); ● Nos anos 70, aparece a Carta dos direitos do enfermo, aprovada pelos hospitais dos EUA; ● Esta carta busca superar a Ética médica tradicional que tratava o enfermo como um menor de idade, para superar essa mentalidade e introduzir a necessidade do “consentimento informado” a este; Foram usadas 600 homens sifilíticos como cobaias em um experimento científico: 399 para observar a progressão natural da sífilis sem o uso de medicamentos e outros 201 indivíduos saudáveis, que serviram como base de comparação em relação aos infectados.
  • 6. Abrangência e definição da Bioética: ● Em 1988, V.R. Potter, criador do termo “bioética”, publicou em sua primeira obra Bioethics bridg to the future, sua proposta abrangia uma perspetiva globalizante que incluía o interesse ecológico pelo meio ambiente; ● A bioética era compreendida como a ciência da sobrevivência diante das diferentes ameaças contra a vida; ● Segundo Potter, precisamos de uma ciência da sobrevivência do ser humano, da promoção da qualidade da vida. a Bioética responde a esta necessidade; zé
  • 7. ● A bioética é uma sabedoria biologicamente fundada a partir do ideal: um conhecimento de como usar o saber para o bem da sociedade; ● Potter manteve sua luta académica por uma abrangência mais globalizante foi importante e teve a sua repercussão no sentido de não reduzir a Bioética ao enfoque médico; ● A melhor maneira de definir bioética é como: ética das ciências da vida e da saúde. Portanto vai além das questões éticas relativas à medicina para incluir temas de saúde pública, problemas populacionais, genética, saúde ambiental, práticas e tecnologias reprodutivas, saúde e bem-estar animal, e assim por diante;
  • 8. Princípios da Bioética ● 1974: lei americana que identificaria os princípios éticos básicos que deveriam nortear as experimentações em seres humanos; ● Relatório Belmont: Autonomia, Beneficência e Justiça; ● Estes conceitos serviriam para nortear a Bioética na solução de conflitos éticos;
  • 9. Autonomia: ● Necessidade do consentimento informado; ● Paternalismo médico: tratavam o enfermo como uma criança e o médico devia agir pelo bem do enfermo; ● Casos de abusos e manipulações questionam o paternalismo; ● Enfermos não queriam mais ser tratados como crianças nas mãos dos médicos;
  • 10. ● “O enfermo, devido à sua dignidade como sujeito, tem o direito de decidir autonomamente a aceitação ou rejeição do que se quer fazer com ele, seja do ponto de vista do diagnóstico como da terapêutica.” (p.42); ● Este princípio exige uma grande comunicação entre o profissional da saúde e o enfermo (consentimento informado); ● Entretanto, é necessário ter condições físicas e psicológicas para tomar estas decisões;
  • 11. ● Exemplo: indivíduo que se nega a receber transfusão de sangue por motivos religiosos; ● Porém, em certos casos, quem está autorizado a decidir? (crianças, suicidas potenciais, dependentes de drogas, excepcionais) ● Decisão com a equipe médica em conjunto com os familiares; ● O que faria o enfermo se estivesse em condições racionais?
  • 12. Beneficência: ● Atenção aos riscos e benefícios; ● É o princípio que regula as instâncias éticas da profissão médica; ● O profissional da saúde deve agir sempre pelo bem da pessoa; ● Como definir o bem do paciente? Quem decide entre as indicações do médico e as preferências do enfermo?
  • 13. ● A saúde do enfermo não se reduz ao físico: os elementos psíquicos e espirituais também contam; ● Entretanto, o médico não pode ser um mero executor dos desejos do paciente; ● Prover benefícios e ponderar benefícios e danos;
  • 14. Princípio da não-maleficência: ● Não fazer mal; não infligir mal aos outros; ● Maleficência é diferente da Malevolência; ● Pode-se infligir dano a alguém evitando um mal maior; ● Exemplo: operação cirúrgica ou prisão;
  • 15. ● Na ética médica tradicional, especialmente a de cunho católico, existem vários princípios que justificariam os efeitos negativos de uma ● Princípio de Duplo Efeito: quando uma ação tem duas consequências: negativa e positiva. ● Princípio da Totalidade: confronto entre a parte e o todo. Ex: amputação de um membro. ● Princípio do Mal Menor: todos os efeitos de uma ação são negativos, e neste caso deve-se escolher o mal menor.
  • 16. Justiça: ● Fundamenta-se na premissa de que as pessoas tem direito a terem suas necessidades de saúde atendidas livres de preconceitos ou segregações sociais. ● Obrigação ética de tratar cada indivíduo conforme o que é moralmente correto e adequado, de dar a cada um o que lhe é devido. ● O médico deve atuar com imparcialidade, evitando ao máximo que aspectos sociais, culturais, religiosos, financeiros ou outros interfiram na relação médico-paciente. ● Os recursos devem ser equilibradamente distribuídos, com o objetivo de alcançar, com melhor eficácia, o maior número de pessoas assistidas.
  • 17. O Relatório Belmont colocava a seguintes ponderações a respeito do princípio da justiça: ● Uma injustiça ocorre quando um benefício que uma pessoa merece é negado sem uma boa razão, ou quando algum encargo lhe é imposto indevidamente; ● Uma outra maneira de conceber o Princípio da Justiça é que os iguais devem ser tratados igualmente. Entretanto esta proposição necessita uma explicação; ● Quem é igual e quem é não-igual ? ● Quais considerações justificam afastar-se da distribuição igual ? (...) Existem muitas formulações amplamente aceitas de como distribuir os benefícios e os encargos;
  • 18. Beneficência (atenção por parte do pesquisador aos riscos e benefícios para o envolvido) Justiça (busca de eqüidade quanto aos sujeitos de experimentação) Autonomia (necessidade do consentimento informado do envolvido) Relatório Belmont
  • 19. Cada uma delas faz alusão a algumas propriedades relevantes sobre as quais os benefícios e encargos devam ser distribuídos. Tais como as propostas de que: •a cada pessoa uma parte igual; •a cada pessoa de acordo com a sua necessidade; •a cada pessoa de acordo com o seu esforço individual; •a cada pessoa de acordo com a sua contribuição à sociedade; •a cada pessoa de acordo com o seu mérito;
  • 20. A PESSOA HUMANA COMO CATEGORIA FUNDAMENTAL DA BIOÉTICA • Valorização da vida é a referência primordial da Bioética; • Vida de um ser pessoal; • Categoria pessoa é fundamental: necessário explicar antropologicamente; • Antropologia personalista ou antropologia relacional: entende a pessoa como relação; • Visão unitária da pessoa é necessário para se entender os conflitos entre direitos e deveres;
  • 21. CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS DO SER HUMANO COMO PESSOA Fonte: JUNGES, 1999, p. 107
  • 22. BIOÉTICA E DIREITO • Ética e Direito: agir humano; • Ordem moral e ordem jurídica; • Ausência de um biodireito; • Dificuldade de definições: vida humana, dignidade humana, pessoa humana; • Pluralidade de configurações do direito;
  • 23. Configuração do Biopoder/Biopolítica zé Os gregos tinham duas palavras para designar a vida: zoé que se refere à vida biológica comum entre humanos e animais e bios que expressa a vida especificamente humana em sua dimensão moral e política. Até os tempos modernos a zoé dos humanos, isto é, a sua vida física e a sua saúde, eram assuntos privados do âmbito do pater familiae, não sendo preocupações da pólis. O âmbito público da política, ao contrário, se interessava exclusivamente pelo bios dos seus cidadãos. A vida física e biológica, ao contrário, que antes eram preocupações privadas da família, passou a fazer parte do interesse público do Estado. Assim a vida que os humanos têm em comum com os animais foi integrada na soberania e no poder do Estado que começou a desenvolver estratégias políticas para a sua gestão Da Grécia ao período moderno: Hipócrates Caça às bruxas entre o Séc XV e XVIII
  • 24. A função do poder não é mais matar, mas investir sobre a vida. A potência da morte é substituída pela administração dos corpos e a gestão calculista da vida. Para Foucault a organização do biopoder foi necessário para o desenvolvimento do capitalismo, porque era necessário, por um lado, inserir os corpos disciplinados dos trabalhadores no aparelho da produção e, por outro, regular e ajustar o fenômeno da população aos processos econômicos
  • 25.
  • 26. São as duas tradições que a bioética carrega em sua identidade: uma mais ecológica, legada por Potter; e a outra mais clínica, introduzida por Hellegers zé Assumiu mais a forma de crítica cultural do uso das biotecnologias e sua influência sobre o entorno natural e social. Desenvolveu-se como busca de soluções práticas aos problemas enfrentados pelos profissionais na clínica e pelos cientistas nas pesquisas envolvendo seres humanos. Assim, podemos falar de duas faces da bioética: uma mais de cunho hermenêutico-crítico, que tenta interpretar os pressupostos culturais do uso das biotecnologias e outra mais casuística, que busca soluções concretas para os dilemas.
  • 27. Atendo-se a uma análise nominalista,Foucault recusa-se a pensar o poder enquanto coisa ou substância, as quais seriam possuídas por uns e extorquidas de outros. O poder opera de modo difuso, espalhando-se por uma rede social que inclui instituições diversas como a família, a escola, o hospital, a clínica. Ele é, por assim dizer, um conjunto de relações de força multilaterais (Foucault, 1999).
  • 28. Contesta a ideia consagrada segundo a qual o poder agiria por meio da supressão, da repressão, coibindo e impedindo a manifestação de condutas indesejáveis. Ele atuaria, ao contrário, de maneira a produzir, incitar comportamentos. A sociedade ocidental teria menos reprimido os sujeitos, que os levado a emitir certos padrões de resposta (Foucault, 1976/2010a)
  • 29. PODER VERDADE DIREITO ESTADO - 1º SETOR - MERCADO - 2º SETOR - SOCIEDADE CIVIL - 3º SETOR-
  • 30.
  • 31. Vestibulum congue tempus Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit, sed do eiusmod tempor. Vestibulum congue tempus Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit, sed do eiusmod tempor. Vestibulum congue tempus Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit, sed do eiusmod tempor. Ipsum dolor sit amet elit, sed do eiusmod tempor. LIBERALISMO NEOLIBERALISMO BIOPOLÍTICA Do século XV ao XVII, o cenário político europeu foi povoado por reflexões que buscavam ampliar as forças do Estado, tem-se agora a configuração de “uma razão do governo mínimo”
  • 32.
  • 33.
  • 34.
  • 35. A EUTANÁSIA E O DIREITO DE MORTE DIGNA ➔ Morte como tabu; ➔ “O que acontece quando alguém é informado de sua morte próxima devida a alguma doença detectada?” (JUNGES, p. 175); matheus
  • 36. ➔ Kübler-Ross - cinco fases; ◆ Fase da negação explícita; ◆ Fase da ira; ◆ Fase da negociação; ◆ Fase da depressão; ◆ Fase da aceitação.
  • 37. ➔ Diante do estudo de Kübler-Ross, Sporken busca compreender as fases que antecedem o diagnóstico; ◆ Fase da ignorância; ◆ Fase da insegurança; ◆ Fase da negação implícita; ◆ Informação da verdade.
  • 38. ➔ Diante destas constatações se percebe que o processo de morte é muito importante para a pessoa moribunda; ➔ Diante desta importância, estabelecem-se alguns direitos ao paciente terminal, são eles: ◆ Morrer com dignidade, respeito e humanidade; ◆ Saber a verdade da sua situação com informação adequada; ◆ Receber os cuidados ordinários para o seu bem-estar físico; ◆ Recordar o amor vivido e sentir os benefícios de uma vida compartilhada e, se o desejar, receber visita de familiares e amigos; ◆ Aclarar as suas relações, expressar os seus desejos, compartilhar os seus desejos; ◆ Planejar com seus familiares as mudanças que a sua morte imporá aos que o rodeiam; ◆ Ter em conta o interesse pelos sentimentos daqueles que ficam; ◆ Receber assistência religiosa.
  • 39. ➔ Eutanásia - surge do não respeito aos direitos dos moribundos; ➔ Definição de Eutanásia: “Uma ação ou omissão que, por sua natureza ou intenção, causa a morte com o fim de eliminar qualquer dor. A eutanásia situa-se, portanto no nível das intenções e dos métodos usados” ◆ Eutanásia - busca pela morte para aliviar a dor; ◆ Ortotanásia/Adistanásia (morte correta) - deixar morrer em paz, respeitando os direitos do enfermo; ◆ Distanásia (morte difícil) - prolongar a todo o custo a vida sem respeitar os direitos da pessoa moribunda;
  • 40. REFERÊNCIAS •BEAUCHAMP, Tom, L.; CHILDRESS, James, F. Princípios de ética biomédica. São Paulo: Loyola, 2002. BOFF, Leonardo. Ética da vida. Brasília: Letraviva, 2000. •JUNGES, José Roque. Bioética. São Leopoldo: Unisinos, 1999. •JUNGES, José Roque. O nascimento da bioética e a constituição do biopoder. 2011. Disponível em: <https://scielo.conicyt.cl/pdf/abioeth/v17n2/a03.pdf>. Acesso em: 23 set. 2018.