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AVALIAÇÃO
MUSCULOESQUELÉTICA
APLICADA À EDUCAÇÃO
FÍSICA
Renato Ramos Coelho
Organização:
Conteúdo:
Organização:Conteúdo: Apoio:
INTRODUÇÃO
Embora a avaliação de um trainee que, eventualmente, sofreu uma lesão ortopédica
ou acidente, não seja uma prerrogativa do profissional de Educação Física, muitas
academias não contam com um Fisioterapeuta presente constantemente. Assim,
este texto apresenta alguns princípios básicos para que você possa avaliar o seu
trainee em situações cotidianas ou de emergência dentro do salão de musculação
ou em aulas coletivas.
O diagnóstico correto é apenas uma questão de aplicação dos conhecimentos de
anatomia funcional, sendo atingido a partir da escuta do histórico do trainee,
observação de eventuais alterações morfológicas e de exames detalhados
(CYRIAX; CYRIAX,
1996). Assim, é fundamental que o Profissional de Educação Física revise os seus
estudos de Anatomia e Fisiologia óssea, articular e muscular, de forma a montar o
escopo de conhecimento necessário para a realização de uma avaliação
musculoesquelética assertiva.
Magee (2010) considera que a avaliação, em geral, é comparativa, entre o lado
supostamente normal e o acometido. Para isso, o examinador deve compreender e
conhecer a ampla variabilidade do que é considerado normal. Assim, fique atento às
possibilidades de variações anatômicas e dismorfias, elas podem indicar uma maior
probabilidade de ocorrência de problemas ortopédicos específicos.
Organização:Conteúdo:
Os tópicos da avaliação
musculoesquelética incluem:
1. Histórico;
2. Observação;
3. Exame do movimento;
4. Testes especiais;
5. Reflexos e distribuição cutânea;
6. Jogo articular;
7. Palpação;
8. Exames complementares
(MAGEE, 2001).
Dentre estes tópicos, qualquer
profissional da área de saúde deve ser
apto a colher o histórico, fazer as
observações pertinentes do trainee
estático e exames de movimento, saber
distinguir os diferentes tipos de dor e
relacioná-los com a distribuição
cutânea e ter alguma habilidade
palpatória. O que não faz parte da
grade curricular do curso de Educação
Física, como os testes especiais, jogo
articular e análise de exames
complementares, tem de ser discutido
juntamente com Fisioterapeutas ou
Médicos.
Tópicos de avaliação
Organização:Conteúdo:
Histórico
Câncer
Dor noturna persistente e/ou em qualquer lugar do corpo; perda
inexplicável de peso e/ou de apetite; nódulos e fadiga injustificada
Cardiovasculares
Dispnéia; tontura; dor ou peso no tórax; dor pulsátil no corpo; dor
constante na panturrilha ou braço; alteração de cor nas
extremidades; edema
Gastrintestinais e
genitourinários
Dor abdominal, azia ou indigestão, Alterações vesicais e/ou no
ciclo menstrual
Diversos
Febre e sudorese noturna; perturbações emocionais; sinais
flogísticos sem trauma; gravidez
Neurológicos
Alterações de audição, equilíbrio e visão; Cefaléia; dificuldade de
deglutição; desmaios; fraqueza
Quadro 1: Bandeiras Vermelhas
O histórico envolve ouvir o seu trainee!
É importante que se dê ênfase a
aspectos de maior relevância clínica,
evitando com que ele fale coisas de
pouca relevância para a identificação
de seu problema. A história pregressa é
fundamental para que se localize a
possibilidade de doenças com
componente crônico e o histórico
familiar ajuda a localizar problemas
com componente genético. O processo
de escuta também é importante para
ajudar o Profissional a localizar que tipo
de pessoa é o seu trainee, uma vez que
ele pode ser poliqueixoso ou pode ser
do tipo que negligencia os seus
próprios sintomas. Por fim, é
fundamental que o Profissional se
atente às possibilidades de Bandeiras
Vermelhas (Quadro 1), indicativas de
situações mais graves e que
necessitam de avaliação médica
imediata, ou de Bandeiras Amarelas,
que são indicativas de que o avaliado
tem um benefício secundário no estar
doente.
Organização:Conteúdo:
Histórico
• Idade: Do avaliado e a idade que ele
tinha à época do primeiro episódio,
caso este não seja o primeiro
• Ocupação: Para buscar uma relação
de causa/efeito, então, é importante
saber a postura no trabalho, se há
repetitividade ou estresse excessivo
no ambiente de trabalho
• Queixa principal: Muito importante,
inclusive para valorizar o seu serviço,
uma vez que o seu trainee só verá
efetividade na intervenção que você
propor caso esta queixa seja sanada
• Início e evolução dos sintomas: Este
foi o primeiro episódio? O início foi
insidioso ou súbito? O mecanismo de
lesão envolve trauma? A quanto
tempo os sintomas estão evoluindo?
Pioraram?
• Localização dos sintomas: Qual a
localização inicial dos sintomas?
Esta localização se alterou?
• Movimentos e atividades que
causam ou aliviam a dor: Esta
análise é muito importante quando se
faz a abordagem de coluna vertebral
dentro do conceito de McKenzie
(McKENZIE, 1997; McKENZIE, 1998)
A bandeira amarela, por sua vez, é
identificada de maneira mais subjetiva.
Normalmente envolve o trainee/paciente
que obtém alguma vantagem de sua
situação atual, seja apoio ou atenção
dos familiares ou do Profissional que o
assiste. Assim, uma característica
básica é a não melhora ou a não
evolução, mesmo comparecendo
rotineiramente aos treinos/tratamento
(MAGEE, 2010).
Cyriax; Cyriax (1996) também
elaboraram uma série de perguntas que
ajudam a identificar as possibilidades de
causas para eventuais dores. Tais
perguntas envolvem:
Organização:Conteúdo:
Histórico
• Qualidade e intensidade da dor:
Pergunte sobre uma palavra que
descreva a dor! Dor lancinante pode
estar associada a traumas teciduais,
dor em queimação a radiculopatias e
dor persistente que piora com o
movimento a tendinites. Peça uma
descrição do local da dor, dor distal
muito localizada pode envolver
radiculopatias, dor difusa tende a ser
referida.
• Horário do dia em que os sintomas
pioram e melhoram: Lesões crônica
inflamatórias tendem a ser pior pela
manhã, melhorando ao longo do dia
• Presença de bloqueio ou instabilidade
articular: O bloqueio pode estar
associado à degeneração de
estruturas intra-articulares ou a
presença de corpos estranhos quando
não há trauma associado. A
instabilidade normalmente não é foco
de dor, mas acelera processos
degenerativos articulares.
• Sintomas bilaterais: caracterizam
bandeira vermelha!
• Alterações de cor do membro
• Já fez algum exame complementar?
Está fazendo ou fez algum tratamento,
incluindo medicamentos, cirurgias ou
Fisioterapia.
• Histórico familiar, principalmente de
doença crônica ou crônico-
degenerativa de qualquer natureza
• A partir destas respostas, o bom
profissional já deve ter um diagnóstico
preliminar, que deve ser confirmado ou
refutado de acordo com as demais
partes da avaliação.
Organização:Conteúdo:
Observação
Ao observar o seu trainee, a primeira
coisa é procurar por defeitos visíveis,
lembrando que você deve relacionar
estes defeitos à queixa ou ao seu
objetivo principal com a atividade física.
Também deve excluir a possibilidade de
variações anatômicas congênitas
(SALTER, 2001) e, o principal, propor
um treinamento que será mais valorado
pelo seu trainee, por atender à suas
expectativas (BELTRÃO et al, 2002).
Um olhar mais apurado poderá ajudar
na localização de déficits funcionais,
desalinhamentos em membros e coluna
vertebral, cicatrizes e sinais flogísticos,
que envolvem dor, calor, rubor e edema
locais. A expressão do trainee pode
ajudar a quantificar a dor. A avaliação
estática com a análise postural de vista
anterior, laterais e posterior é
importante devido à grande
possibilidade de desalinhamentos e
posições antálgicas que podem estar
relacionados a desequilíbrios
musculares pré-existentes, que podem
vir a causar problemas ou ser a origem
do problema apresentado durante a
avaliação (MAGEE, 2010).
Organização:Conteúdo:
O exame do movimento visa confirmar ou refutar as suspeitas diagnósticas, assim,
independentemente de a queixa envolver os membros superiores (MMSS) ou os
inferiores (MMII) este exame inicia-se com a avaliação da marcha. Durante ela, o
Profissional deve atentar para a ocorrência de crepitações, estalos ou ruídos
anormais ao movimento (NORKIN; LEVANGIE, 2001). Os Quadros 2 e 3
apresentam um resumo das fases de apoio e de oscilação da marcha com as
respectivas amplitudes de movimento (ADM) por articulação e ações musculares
(MAGEE, 2010).
Exames de Movimento
Quadro 2: Fases de apoio da marcha
Legenda: GM (Glúteo Máximo); ITB (Isquiotibiais); GMed (Glúteo Médio).
Quadril Posição Ação Muscular
Choque d/ calcanhar 30o de flexão GM e ITB
Reação ao peso 25º de flexão
GM e ITB trazem o quadril para
extensão
Apoio médio Neutro
Iliopsoas resiste extensão. GMed
estabiliza pelve
Elevação d/ calcanhar 20º de extensão Íliopsoas
Impulsão Neutro Íliopsoas
Organização:Conteúdo:
Joelho Posição Ação Muscular
Choque d/ calcanhar Extensão total Quadríceps
Reação ao peso 15o de flexão
Quadríceps traz fêmur sobre tíbia,
sóleo controla tíbia
Apoio médio 5o de flexão Gastrocnêmio evita recurvatum
Elevação d/ calcanhar Extensão total Gastrocnêmio flexiona o joelho
Impulsão 40o de flexão Quadríceps
Tornozelo Posição Ação Muscular
Choque d/ calcanhar Neutro Dorsiflexores
Reação ao peso 15º de flexão plantar Dorsiflexores
Apoio médio 10o de dorsiflexão Flexores plantares
Elevação d/ calcanhar Neutro Flexores plantares
Impulsão 20o de flexão plantar Flexores plantares
Exames de Movimento
Organização:Conteúdo:
Pé Posição Ação Muscular
Choque d/ calcanhar Supinação Inversores
Reação ao peso Pronação
Inversores excentricamente e
eversores
Apoio médio Neutro Inversores e eversores
Elevação d/ calcanhar Supinação Inversores
Impulsão Supinação Inversores
MTF Posição
Choque d/ calcanhar 0º
Reação ao peso 0º
Apoio médio 0º
Elevação d/ calcanhar 30º de extensão
Impulsão 60º de extensão
Exames de Movimento
Organização:Conteúdo:
Exames de Movimento
Aceleração
Oscilação
media
Desaceleração
Quadril
Posição 20o de flexão 30o de flexão 30o de flexão
Ação
muscular
Flexores de
quadril, GMed
estabiliza pelve
contralateral
GM controla
flexão de
quadril
GM e ITBs controlam
flexão de quadril
Joelho
Posição 60o de flexão 30o de flexão Extensão total
Ação
muscular
ITB
Quadríceps
(concêntrico)
e ITB
(excêntrico)
Quadríceps
Tornozelo
Posição
20o de flexão
plantar
Neutro Neutro
Ação
muscular
Dorsiflexores Dorsiflexores Dorsiflexores
Pé
Posição
Discreta
pronação
Discreta
supinação
Retro-pé → pronado
Ante-pé → supinado
Ação
muscular
Fibulares Inversores Inversores
Quadro 3: Fases de oscilação da marcha
Organização:Conteúdo:
Alteração em qualquer uma destas
fases pode causar problemas em
qualquer uma das articulações de MMII,
ou até mesmo na coluna (BARWICK et
al, 2012). Adutores e abdutores,
embora não estejam relacionados
diretamente à marcha, podem causar
componentes rotacionais e assimetrias
no ciclo da marcha, daí a importância
de também serem avaliados (CHUTER,
DE LONGE, 2012).
Feita a avaliação da marcha, parte-se
para a avaliação da articulação foco do
sintoma. Esta avaliação é muito
importante, uma vez que as
articulações próximas ao foco da lesão
podem se encontrar com sua
mobilidade diminuída (hipomóveis) ou
aumentada (hipermóveis). Frisa-se que
próximo a uma articulação hipomóvel,
sempre haverá uma hipermóvel
compensatória (MAGEE, 2010).
Esta avaliação envolve movimentos
ativos da articulação alvo, em que deve
se observar quando e onde ocorrem os
sintomas, se é ela quem causa a dor,
se ela se encontra hipomóvel seja por
restrição ou limitação de sua ADM e
quais são seus padrões e qualidade de
movimento (NORKIN; LEVANGIE,
2001). Assim, devem ser seguidos os
princípios propostos por Magee (2010):
• Movimentos bilaterais, dolorosos por
último, de forma a verificar se há
alteração de ADM ou da qualidade do
movimento
• Movimentos ativos primeiramente,
seguido de movimentação passiva
daquelas articulações que não
perfizeram sua ADM esperada.
No âmbito da avaliação ortopédica
fisioterapêutica ou médica a
movimentação passiva também dá
informação referente à sensação de
final de movimento. Como esta
avaliação pode levar à piora do quadro
do avaliado, recomenda-se que caso o
trainee apresente uma grande restrição
de movimentação ativa, ele seja
prontamente encaminhado para um
Fisioterapeuta ou Ortopedista para que
estes profissionais executem a
movimentação passiva
Exames de Movimento
Organização:Conteúdo:
Os movimentos isométricos resistidos
podem ser executados em articulações
que não apresentam a ADM ativa
completa, desde que seja avaliada
dentro da ADM disponível no momento
da avaliação. Para a investigação de
miótomos, que é o conjunto de
músculos inervados por uma mesma
raiz nervosa (SALTER, 2001), esta
contração isométrica deve ser mantida
por pelo menos 5 segundos.
Cyriax; Cyriax (1996) sugerem a
exploração ou triagem para a
confirmação de lesões ortopédicas de
início insidioso. Tal procedimento é
composto por:
• Ausência de histórico de trauma
• Sinais radiculares, ou seja, que
envolvem raízes nervosas
• Alterações de sensibilidade e motoras
• Dor psicogênica
• Em caso de sintomas em MMSS, a
avaliação deve começar pela coluna
cervical
• Em caso de sintomas em MMII, a
avaliação deve começar pela coluna
lombar
• Utilização de movimentos que
sabidamente exacerbam os sintomas
• Avaliação de dermátomos, que é a
distribuição sensitiva de cada raiz
nervosa (SALTER, 2001) e de
miótomos pode indicar se a dor é
referida ou radicular.
A dor referida caracteriza-se por dor em
local diferente daquele lesionado, tendo
maior intensidade proximal do que
distal e sem seguir um dermátomo
específico. A dor radicular, por sua vez,
tem origem em uma raiz nervosa, tendo
maior intensidade distal, sendo
qualificada com em queimação e
seguindo um dermátomo bem definido.
Exames de Movimento
Organização:Conteúdo:
Situações em que há acometimento de
raízes nervosas, tem a dor radicular
como sintoma, mas podem estar
associados a lesões de nervos
periféricos, com perda sensitiva
combinada com perda motora. Estas
lesões podem comprometer apenas um
nervo (mononeuropatias) ou vários
(polineuropatias) e possuem etiologia
diversa que envolve traumas
mecânicos, diabetes, uso abusivo de
fumo ou álcool (MAGEE, 2010).
Dentro da realidade do Profissional de
Educação Física, a lesão que pode
surgir em algum trainee é a
neuropraxia, caracterizada como um
bloqueio fisiológico transitório do nervo
sem degeneração walleriana, causando
dor, fraqueza muscular,
entorpecimento, déficit proprioceptivo.
Um exemplo de neuropraxia é o choque
causado por um trauma mecânico
sobre o canal do nervo ulnar no
cotovelo.
Pessoas com histórico de lombalgia ou
cervicalgia severa, e com síndromes
compressivas de raízes nervosas,
como a síndrome do túnel do carpo,
podem estar em recuperação de
axonotmese, caracterizada como lesão
neuronal em que sua arquitetura se
encontra preservada, com axônios
danificados e degeneração walleriana.
Os sintomas envolvem dor, atrofia
muscular, perda de função motora,
sensitiva e simpática. De acordo com a
magnitude da lesão, a recuperação
pode durar vários meses.
A neurotmese implica na destruição da
estrutura do nervo, com anestesia,
ausência de função motora, sensitiva e
simpática. A recuperação, neste caso, é
através da reconstrução cirúrgica do
nervo (SALTER, 2001).
O exame dos movimentos se completa
com a avaliação funcional. Esta
avaliação tem o objetivo de identificar a
se há restrição instalada ou se há
possibilidade de o trainee vir a
desenvolver um problema que o impeça
de realizar suas atividades diárias ou
atividade esportiva (MAGEE, 2010).
Desta forma, a avaliação funcional é
prerrogativa do Profissional de
Educação Física!
Exames de Movimento
Organização:Conteúdo:
Para isto, o Profissional deve ter um indicativo diagnóstico bastante preciso. Este
indicativo, associado às atividades que o trainee não consegue executar, serão o
guia para a prescrição da musculação profilática e/ou terapêutica. A opção pela
musculação como meio de profilaxia e tratamento decorre de sua complexidade,
que permite o desenvolvimento de qualidades físicas básicas essenciais para a
prevenção e tratamento de lesões ortopédicas, como força, resistência e
flexibilidade muscular, além de seu efeito sobre a resistência cardiovascular.
No caso de um trainee sem histórico prévio de lesões, a avaliação funcional deve
envolver os membros e a coluna vertebral. A avaliação funcional de MMII já foi
abordada, uma vez que a sua função primordial é a marcha. Como a função
primordial dos MMSS é posicionar a mão no espaço (DÂNGELO; FATTINI, 2007), a
avaliação funcional deste membro envolve a análise do ritmo escapuloumeral
(Quadro 4).
Exames de Movimento
Fase 1 Fase 2 Fase 3
Úmero 30o abdução 40o abdução
60º abdução
90º rotação
externa
Escápula
Movimento
mínimo
20o rotação 30o rotação
Clavícula 0 a 15o elevação 30 a 36o elevação
30 a 50o rotação posterior
30º elevação
Ação
muscular
Neutro Deltoide
médio e
supraespinhoso
Deltoide médio, adutores
e elevador de escápula,
trapézio superior
Deltoide médio, adutores
e elevador de escápula,
trapézio superior e
rotadores externos de
ombro
Organização:Conteúdo:
A identificação de alterações neste
ritmo deve levar a exploração dos
músculos envolvidos na fase em que
houve a alteração. Assim, recomenda-
se a execução de contrações
musculares isométricas de cada um
dos possivelmente envolvidos por um
tempo mínimo de 5 segundos, sempre
comparando o MS alterado com o
contralateral (MAGEE, 2010).
A avaliação funcional da coluna
vertebral envolve testes de movimentos
provocativos. De um modo geral,
considera-se que sintomas acima do
ângulo inferior da escápula envolvem a
coluna cervical e, os abaixo, a coluna
lombar. Dificilmente a coluna torácica é
foco de dor, devido à sua grande
estabilidade e pouca mobilidade
(McKENZIE, 1997). No entanto, a
torácica pode ser foco em indivíduos
com escoliose torácica ou hipercifose
torácica, havendo necessidade de sua
avaliação caso estas alterações tenham
sido identificadas durante a observação
Para a coluna cervical, executa-se, na
ordem: Movimentos rotacionais,flexão,
extensão, retração, retração repetida e,
caso necessário, protrusão e protrusão
repetida. A posição preferencial para a
execução destes movimentos é
assentada, com as costas apoiadas.
Caso a dor seja muito incapacitante, a
avaliação inicia-se com o avaliado em
decúbito ventral, com a cervical
mantida em extensão, apoiada sobre as
mãos ou travesseiros.
O teste de força isométrico dos
músculos flexores profundos da coluna
cervical também poderá ser executado
para a avaliação da estabilidade desta
região.
Para a coluna lombar, executa-se na
ordem: flexão, extensão, extensão
repetida. Havendo necessidade de
exploração de componente lateral, faz-
se o deslocamento lateral do quadril.
Havendo necessidade de exploração
de componente anterior, faz-se a flexão
repetida. A posição inicial desejável é
em pé. Caso o avaliado apresente
muita dor, faz-se a avaliação da flexão
com ele em decúbito dorsal e, da
extensão, em decúbito ventral.
O teste de força para a coluna lombar
inclui os músculos abdominais e a
avaliação isométrica dos multífidos.
Exames de Movimento
Organização:Conteúdo:
Os testes especiais têm a função de confirmar o suposto diagnóstico, fazer
diagnóstico diferencial e, eventualmente, esclarecer eventos associados ao
problema (SALTER, 2001).
De um modo geral, eles são executados por Ortopedistas e Fisioterapeutas, com o
intuito de verificar a integridade de estruturas articulares, ósseas e musculares ou
de provocar os sintomas, de forma a identificar qual a sua origem. No âmbito do
Profissional de Educação Física, sua maior relevância é trazer a informação de
onde se encontra a lesão que causa a dor do seu trainee. Desta forma, na dúvida
da origem do problema, encaminhe o seu trainee a um profissional habilitado para a
execução destes testes.
Reflexos e distribuição cutânea
Organização:Conteúdo:
A avaliação dos reflexos e distribuição cutânea busca verifica a integridade de
nervos e raízes nervosas. Desta forma, eles são aplicáveis quando se verifica a
presença de alterações de origem radicular. Estas alterações envolvem dor radicular
e perda de sensibilidade e de força muscular em dermátomos e miótomos bem
delimitados (MAGEE, 2010).
Assim, a avaliação de dor que tenha estas características pode prescindir de
Ortopedista e, também, Neurologista. A necessidade deste último decorre da
possibilidade de neuropatias periféricas, que podem ter início insidioso mimetizando
uma radiculopatia.
Testes Especiais
Organização:Conteúdo:
A avaliação do jogo articular envolve os movimentos acessórios das articulações.
Esta avaliação é feita pelo Fisioterapeuta e visa estabelecer se a perda da ADM de
uma articulação deve-se à perda de flexibilidade muscular ou de mobilidade articular
(MAGEEE, 2010).
O conceito básico desta avaliação envolve técnicas de mobilização articular, em que
o os movimentos artrocinemáticos são executados de forma passiva em
articulações que se encontram hipomóveis (MAKOFSKY; TARANTO, 2006).
Assim, para que o Profissional de Educação Física entenda qual a fisiologia deste
método de avaliação, é fundamental que ele entenda o conceito de movimento
artrocinemático. Tal conceito é definido pela regra côncavo-convexo, derivada da
mecânica das alavancas. Quando uma superfície convexa se move sobre uma
superfície côncava ocorre uma translação contrária ao do movimento
osteocinemático (Figura 1a). Por outro lado, quando a superfície côncava se move
sobre a superfície convexa ocorre uma translação no mesmo sentido que o
movimento osteocinemático (Figura 1b). A implicação clínica deste fato é que as
articulações não possuem um eixo articular fixo (KALTENBORN, 2006).
Testes Especiais
Figura 1: Movimento artrocinemático e osteocinemático quando: a) Osso móvel é
convexo; b) Osso móvel é côncavo.
Organização:Conteúdo:
A palpação da região dolorosa, assim como os testes especiais, visa a confirmação
diagnóstica. Nela, devem ser procurados a presença de nódulos, contraturas, sinais
flogísticos (dor, calor, rubor e edema), diferenças de textura e tensão e alterações
de sensibilidade. O fato da palpação ser executada apenas ao final do processo de
avaliação visa evitar que ela direcione a suspeita diagnóstica (MAGEE, 2010).
Para a execução desta técnica de avaliação é fundamental que o avaliador tenha
conhecimento de anatomia de superfície, de forma que possa diferenciar pelo tato o
anatômico do anormal (CHAITOW, 2001).
Palpação
Organização:Conteúdo:
Os exames complementares são aqueles necessários para a avaliação do status
fisiológico, incluindo, mas não se limitando, exames de sangue, urina, fezes, líquor.
Estes exames são solicitados de acordo com a percepção do médico em relação ao
que pode ter originado, fisiologicamente, os sintomas do avaliado.
Além destes, os exames complementares também incluem os recursos
imagenológicos necessários para que se confirme o diagnóstico do avaliado. Tais
exames incluem: radiografia convencional ou associadas a técnicas especiais de
preparação, contraste, ampliação ou intensificação de imagem; tomografia
computadorizada; ressonância magnética; ultrassom; cintilografia; densitometria
óssea. Em casos extremos, endoscopias, artroscopias e outros exames baseados
em vídeos também podem ser requisitados (MAGEE, 2010)
Exames Complementares
Organização:Conteúdo:
Referências
• BARWICK, A. SMITH, J. CHUTER, V.
The relationship between foot motion
and lumbopelvic–hip function: A review
of the literature. The Foot, v. 22, p.
224-231, 2012.

BELTRÃO, F. B. el al. Produção em
Ciência da Motricidade Humana, 2. ed.
Shape, 2002
• CHAITOW, L. Técnicas de Palpação –
Avaliação e diagnóstico pelo toque.
Manole, 2001
• CHUTER, V. H. DE JONGE, X. A. K. J.
Proximal and distal contributions to
lower extremity injury: A review of the
literature. Gait and Posture, v. 36, p.
7-15, 2012.
• CYRIAX, J. H. CYRIAX, P. J. Cyriax’s
Illustrated Manual of Othopaedic
Medicine, 3. ed. Butterworth-
Heinemann, 1996.
• NORKIN, C. C. LEVANGIE, P. K.
Articulação Estrutura e Função: Uma
Abordagem Prática e Abrangente, 2.
ed. Revinter, 2001.
• DÂNGELO, J. G. FATTINI, C. A.
Anatomia Humana Sistêmica e
Segmentar, 3ed. Atheneu, 2007.
• KALTENBORN, F. M. Manual
Mobilization of the Joints: The
Kaltenborn Method of Joint
Examination and Treatment, 6. ed.,
Oslo, Norway, Norli, 2006.
• LIMA, E. Bases Organizacionais da
Preparação Esportiva: Metodologia da
Musculação. Personafit, 2017
• MAGEE, D. J. Avaliação
musculoesquelética, 5. ed. Manole,
2010.
• McKENZIE, R. W. Lumbar Spine, 7.
ed. Spine, 1997.
• McKENZIE, R. W. Cervical Spine, 5.
ed. Spine, 1998.
• SALTER, R. B. Distúrbios e Lesões do
Sistema Musculoesquelético 3. ed.
Medsi, 2001.
Organização:Conteúdo:
Renato Ramos Coelho
Mestrado em Motricidade Humana e
Especialista em Fisioterapia Esportiva
Conteúdo: Organização:

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Avaliação musculoesquelética aplicada a educação física

  • 2. Organização:Conteúdo: Apoio: INTRODUÇÃO Embora a avaliação de um trainee que, eventualmente, sofreu uma lesão ortopédica ou acidente, não seja uma prerrogativa do profissional de Educação Física, muitas academias não contam com um Fisioterapeuta presente constantemente. Assim, este texto apresenta alguns princípios básicos para que você possa avaliar o seu trainee em situações cotidianas ou de emergência dentro do salão de musculação ou em aulas coletivas. O diagnóstico correto é apenas uma questão de aplicação dos conhecimentos de anatomia funcional, sendo atingido a partir da escuta do histórico do trainee, observação de eventuais alterações morfológicas e de exames detalhados (CYRIAX; CYRIAX, 1996). Assim, é fundamental que o Profissional de Educação Física revise os seus estudos de Anatomia e Fisiologia óssea, articular e muscular, de forma a montar o escopo de conhecimento necessário para a realização de uma avaliação musculoesquelética assertiva. Magee (2010) considera que a avaliação, em geral, é comparativa, entre o lado supostamente normal e o acometido. Para isso, o examinador deve compreender e conhecer a ampla variabilidade do que é considerado normal. Assim, fique atento às possibilidades de variações anatômicas e dismorfias, elas podem indicar uma maior probabilidade de ocorrência de problemas ortopédicos específicos.
  • 3. Organização:Conteúdo: Os tópicos da avaliação musculoesquelética incluem: 1. Histórico; 2. Observação; 3. Exame do movimento; 4. Testes especiais; 5. Reflexos e distribuição cutânea; 6. Jogo articular; 7. Palpação; 8. Exames complementares (MAGEE, 2001). Dentre estes tópicos, qualquer profissional da área de saúde deve ser apto a colher o histórico, fazer as observações pertinentes do trainee estático e exames de movimento, saber distinguir os diferentes tipos de dor e relacioná-los com a distribuição cutânea e ter alguma habilidade palpatória. O que não faz parte da grade curricular do curso de Educação Física, como os testes especiais, jogo articular e análise de exames complementares, tem de ser discutido juntamente com Fisioterapeutas ou Médicos. Tópicos de avaliação
  • 4. Organização:Conteúdo: Histórico Câncer Dor noturna persistente e/ou em qualquer lugar do corpo; perda inexplicável de peso e/ou de apetite; nódulos e fadiga injustificada Cardiovasculares Dispnéia; tontura; dor ou peso no tórax; dor pulsátil no corpo; dor constante na panturrilha ou braço; alteração de cor nas extremidades; edema Gastrintestinais e genitourinários Dor abdominal, azia ou indigestão, Alterações vesicais e/ou no ciclo menstrual Diversos Febre e sudorese noturna; perturbações emocionais; sinais flogísticos sem trauma; gravidez Neurológicos Alterações de audição, equilíbrio e visão; Cefaléia; dificuldade de deglutição; desmaios; fraqueza Quadro 1: Bandeiras Vermelhas O histórico envolve ouvir o seu trainee! É importante que se dê ênfase a aspectos de maior relevância clínica, evitando com que ele fale coisas de pouca relevância para a identificação de seu problema. A história pregressa é fundamental para que se localize a possibilidade de doenças com componente crônico e o histórico familiar ajuda a localizar problemas com componente genético. O processo de escuta também é importante para ajudar o Profissional a localizar que tipo de pessoa é o seu trainee, uma vez que ele pode ser poliqueixoso ou pode ser do tipo que negligencia os seus próprios sintomas. Por fim, é fundamental que o Profissional se atente às possibilidades de Bandeiras Vermelhas (Quadro 1), indicativas de situações mais graves e que necessitam de avaliação médica imediata, ou de Bandeiras Amarelas, que são indicativas de que o avaliado tem um benefício secundário no estar doente.
  • 5. Organização:Conteúdo: Histórico • Idade: Do avaliado e a idade que ele tinha à época do primeiro episódio, caso este não seja o primeiro • Ocupação: Para buscar uma relação de causa/efeito, então, é importante saber a postura no trabalho, se há repetitividade ou estresse excessivo no ambiente de trabalho • Queixa principal: Muito importante, inclusive para valorizar o seu serviço, uma vez que o seu trainee só verá efetividade na intervenção que você propor caso esta queixa seja sanada • Início e evolução dos sintomas: Este foi o primeiro episódio? O início foi insidioso ou súbito? O mecanismo de lesão envolve trauma? A quanto tempo os sintomas estão evoluindo? Pioraram? • Localização dos sintomas: Qual a localização inicial dos sintomas? Esta localização se alterou? • Movimentos e atividades que causam ou aliviam a dor: Esta análise é muito importante quando se faz a abordagem de coluna vertebral dentro do conceito de McKenzie (McKENZIE, 1997; McKENZIE, 1998) A bandeira amarela, por sua vez, é identificada de maneira mais subjetiva. Normalmente envolve o trainee/paciente que obtém alguma vantagem de sua situação atual, seja apoio ou atenção dos familiares ou do Profissional que o assiste. Assim, uma característica básica é a não melhora ou a não evolução, mesmo comparecendo rotineiramente aos treinos/tratamento (MAGEE, 2010). Cyriax; Cyriax (1996) também elaboraram uma série de perguntas que ajudam a identificar as possibilidades de causas para eventuais dores. Tais perguntas envolvem:
  • 6. Organização:Conteúdo: Histórico • Qualidade e intensidade da dor: Pergunte sobre uma palavra que descreva a dor! Dor lancinante pode estar associada a traumas teciduais, dor em queimação a radiculopatias e dor persistente que piora com o movimento a tendinites. Peça uma descrição do local da dor, dor distal muito localizada pode envolver radiculopatias, dor difusa tende a ser referida. • Horário do dia em que os sintomas pioram e melhoram: Lesões crônica inflamatórias tendem a ser pior pela manhã, melhorando ao longo do dia • Presença de bloqueio ou instabilidade articular: O bloqueio pode estar associado à degeneração de estruturas intra-articulares ou a presença de corpos estranhos quando não há trauma associado. A instabilidade normalmente não é foco de dor, mas acelera processos degenerativos articulares. • Sintomas bilaterais: caracterizam bandeira vermelha! • Alterações de cor do membro • Já fez algum exame complementar? Está fazendo ou fez algum tratamento, incluindo medicamentos, cirurgias ou Fisioterapia. • Histórico familiar, principalmente de doença crônica ou crônico- degenerativa de qualquer natureza • A partir destas respostas, o bom profissional já deve ter um diagnóstico preliminar, que deve ser confirmado ou refutado de acordo com as demais partes da avaliação.
  • 7. Organização:Conteúdo: Observação Ao observar o seu trainee, a primeira coisa é procurar por defeitos visíveis, lembrando que você deve relacionar estes defeitos à queixa ou ao seu objetivo principal com a atividade física. Também deve excluir a possibilidade de variações anatômicas congênitas (SALTER, 2001) e, o principal, propor um treinamento que será mais valorado pelo seu trainee, por atender à suas expectativas (BELTRÃO et al, 2002). Um olhar mais apurado poderá ajudar na localização de déficits funcionais, desalinhamentos em membros e coluna vertebral, cicatrizes e sinais flogísticos, que envolvem dor, calor, rubor e edema locais. A expressão do trainee pode ajudar a quantificar a dor. A avaliação estática com a análise postural de vista anterior, laterais e posterior é importante devido à grande possibilidade de desalinhamentos e posições antálgicas que podem estar relacionados a desequilíbrios musculares pré-existentes, que podem vir a causar problemas ou ser a origem do problema apresentado durante a avaliação (MAGEE, 2010).
  • 8. Organização:Conteúdo: O exame do movimento visa confirmar ou refutar as suspeitas diagnósticas, assim, independentemente de a queixa envolver os membros superiores (MMSS) ou os inferiores (MMII) este exame inicia-se com a avaliação da marcha. Durante ela, o Profissional deve atentar para a ocorrência de crepitações, estalos ou ruídos anormais ao movimento (NORKIN; LEVANGIE, 2001). Os Quadros 2 e 3 apresentam um resumo das fases de apoio e de oscilação da marcha com as respectivas amplitudes de movimento (ADM) por articulação e ações musculares (MAGEE, 2010). Exames de Movimento Quadro 2: Fases de apoio da marcha Legenda: GM (Glúteo Máximo); ITB (Isquiotibiais); GMed (Glúteo Médio). Quadril Posição Ação Muscular Choque d/ calcanhar 30o de flexão GM e ITB Reação ao peso 25º de flexão GM e ITB trazem o quadril para extensão Apoio médio Neutro Iliopsoas resiste extensão. GMed estabiliza pelve Elevação d/ calcanhar 20º de extensão Íliopsoas Impulsão Neutro Íliopsoas
  • 9. Organização:Conteúdo: Joelho Posição Ação Muscular Choque d/ calcanhar Extensão total Quadríceps Reação ao peso 15o de flexão Quadríceps traz fêmur sobre tíbia, sóleo controla tíbia Apoio médio 5o de flexão Gastrocnêmio evita recurvatum Elevação d/ calcanhar Extensão total Gastrocnêmio flexiona o joelho Impulsão 40o de flexão Quadríceps Tornozelo Posição Ação Muscular Choque d/ calcanhar Neutro Dorsiflexores Reação ao peso 15º de flexão plantar Dorsiflexores Apoio médio 10o de dorsiflexão Flexores plantares Elevação d/ calcanhar Neutro Flexores plantares Impulsão 20o de flexão plantar Flexores plantares Exames de Movimento
  • 10. Organização:Conteúdo: Pé Posição Ação Muscular Choque d/ calcanhar Supinação Inversores Reação ao peso Pronação Inversores excentricamente e eversores Apoio médio Neutro Inversores e eversores Elevação d/ calcanhar Supinação Inversores Impulsão Supinação Inversores MTF Posição Choque d/ calcanhar 0º Reação ao peso 0º Apoio médio 0º Elevação d/ calcanhar 30º de extensão Impulsão 60º de extensão Exames de Movimento
  • 11. Organização:Conteúdo: Exames de Movimento Aceleração Oscilação media Desaceleração Quadril Posição 20o de flexão 30o de flexão 30o de flexão Ação muscular Flexores de quadril, GMed estabiliza pelve contralateral GM controla flexão de quadril GM e ITBs controlam flexão de quadril Joelho Posição 60o de flexão 30o de flexão Extensão total Ação muscular ITB Quadríceps (concêntrico) e ITB (excêntrico) Quadríceps Tornozelo Posição 20o de flexão plantar Neutro Neutro Ação muscular Dorsiflexores Dorsiflexores Dorsiflexores Pé Posição Discreta pronação Discreta supinação Retro-pé → pronado Ante-pé → supinado Ação muscular Fibulares Inversores Inversores Quadro 3: Fases de oscilação da marcha
  • 12. Organização:Conteúdo: Alteração em qualquer uma destas fases pode causar problemas em qualquer uma das articulações de MMII, ou até mesmo na coluna (BARWICK et al, 2012). Adutores e abdutores, embora não estejam relacionados diretamente à marcha, podem causar componentes rotacionais e assimetrias no ciclo da marcha, daí a importância de também serem avaliados (CHUTER, DE LONGE, 2012). Feita a avaliação da marcha, parte-se para a avaliação da articulação foco do sintoma. Esta avaliação é muito importante, uma vez que as articulações próximas ao foco da lesão podem se encontrar com sua mobilidade diminuída (hipomóveis) ou aumentada (hipermóveis). Frisa-se que próximo a uma articulação hipomóvel, sempre haverá uma hipermóvel compensatória (MAGEE, 2010). Esta avaliação envolve movimentos ativos da articulação alvo, em que deve se observar quando e onde ocorrem os sintomas, se é ela quem causa a dor, se ela se encontra hipomóvel seja por restrição ou limitação de sua ADM e quais são seus padrões e qualidade de movimento (NORKIN; LEVANGIE, 2001). Assim, devem ser seguidos os princípios propostos por Magee (2010): • Movimentos bilaterais, dolorosos por último, de forma a verificar se há alteração de ADM ou da qualidade do movimento • Movimentos ativos primeiramente, seguido de movimentação passiva daquelas articulações que não perfizeram sua ADM esperada. No âmbito da avaliação ortopédica fisioterapêutica ou médica a movimentação passiva também dá informação referente à sensação de final de movimento. Como esta avaliação pode levar à piora do quadro do avaliado, recomenda-se que caso o trainee apresente uma grande restrição de movimentação ativa, ele seja prontamente encaminhado para um Fisioterapeuta ou Ortopedista para que estes profissionais executem a movimentação passiva Exames de Movimento
  • 13. Organização:Conteúdo: Os movimentos isométricos resistidos podem ser executados em articulações que não apresentam a ADM ativa completa, desde que seja avaliada dentro da ADM disponível no momento da avaliação. Para a investigação de miótomos, que é o conjunto de músculos inervados por uma mesma raiz nervosa (SALTER, 2001), esta contração isométrica deve ser mantida por pelo menos 5 segundos. Cyriax; Cyriax (1996) sugerem a exploração ou triagem para a confirmação de lesões ortopédicas de início insidioso. Tal procedimento é composto por: • Ausência de histórico de trauma • Sinais radiculares, ou seja, que envolvem raízes nervosas • Alterações de sensibilidade e motoras • Dor psicogênica • Em caso de sintomas em MMSS, a avaliação deve começar pela coluna cervical • Em caso de sintomas em MMII, a avaliação deve começar pela coluna lombar • Utilização de movimentos que sabidamente exacerbam os sintomas • Avaliação de dermátomos, que é a distribuição sensitiva de cada raiz nervosa (SALTER, 2001) e de miótomos pode indicar se a dor é referida ou radicular. A dor referida caracteriza-se por dor em local diferente daquele lesionado, tendo maior intensidade proximal do que distal e sem seguir um dermátomo específico. A dor radicular, por sua vez, tem origem em uma raiz nervosa, tendo maior intensidade distal, sendo qualificada com em queimação e seguindo um dermátomo bem definido. Exames de Movimento
  • 14. Organização:Conteúdo: Situações em que há acometimento de raízes nervosas, tem a dor radicular como sintoma, mas podem estar associados a lesões de nervos periféricos, com perda sensitiva combinada com perda motora. Estas lesões podem comprometer apenas um nervo (mononeuropatias) ou vários (polineuropatias) e possuem etiologia diversa que envolve traumas mecânicos, diabetes, uso abusivo de fumo ou álcool (MAGEE, 2010). Dentro da realidade do Profissional de Educação Física, a lesão que pode surgir em algum trainee é a neuropraxia, caracterizada como um bloqueio fisiológico transitório do nervo sem degeneração walleriana, causando dor, fraqueza muscular, entorpecimento, déficit proprioceptivo. Um exemplo de neuropraxia é o choque causado por um trauma mecânico sobre o canal do nervo ulnar no cotovelo. Pessoas com histórico de lombalgia ou cervicalgia severa, e com síndromes compressivas de raízes nervosas, como a síndrome do túnel do carpo, podem estar em recuperação de axonotmese, caracterizada como lesão neuronal em que sua arquitetura se encontra preservada, com axônios danificados e degeneração walleriana. Os sintomas envolvem dor, atrofia muscular, perda de função motora, sensitiva e simpática. De acordo com a magnitude da lesão, a recuperação pode durar vários meses. A neurotmese implica na destruição da estrutura do nervo, com anestesia, ausência de função motora, sensitiva e simpática. A recuperação, neste caso, é através da reconstrução cirúrgica do nervo (SALTER, 2001). O exame dos movimentos se completa com a avaliação funcional. Esta avaliação tem o objetivo de identificar a se há restrição instalada ou se há possibilidade de o trainee vir a desenvolver um problema que o impeça de realizar suas atividades diárias ou atividade esportiva (MAGEE, 2010). Desta forma, a avaliação funcional é prerrogativa do Profissional de Educação Física! Exames de Movimento
  • 15. Organização:Conteúdo: Para isto, o Profissional deve ter um indicativo diagnóstico bastante preciso. Este indicativo, associado às atividades que o trainee não consegue executar, serão o guia para a prescrição da musculação profilática e/ou terapêutica. A opção pela musculação como meio de profilaxia e tratamento decorre de sua complexidade, que permite o desenvolvimento de qualidades físicas básicas essenciais para a prevenção e tratamento de lesões ortopédicas, como força, resistência e flexibilidade muscular, além de seu efeito sobre a resistência cardiovascular. No caso de um trainee sem histórico prévio de lesões, a avaliação funcional deve envolver os membros e a coluna vertebral. A avaliação funcional de MMII já foi abordada, uma vez que a sua função primordial é a marcha. Como a função primordial dos MMSS é posicionar a mão no espaço (DÂNGELO; FATTINI, 2007), a avaliação funcional deste membro envolve a análise do ritmo escapuloumeral (Quadro 4). Exames de Movimento Fase 1 Fase 2 Fase 3 Úmero 30o abdução 40o abdução 60º abdução 90º rotação externa Escápula Movimento mínimo 20o rotação 30o rotação Clavícula 0 a 15o elevação 30 a 36o elevação 30 a 50o rotação posterior 30º elevação Ação muscular Neutro Deltoide médio e supraespinhoso Deltoide médio, adutores e elevador de escápula, trapézio superior Deltoide médio, adutores e elevador de escápula, trapézio superior e rotadores externos de ombro
  • 16. Organização:Conteúdo: A identificação de alterações neste ritmo deve levar a exploração dos músculos envolvidos na fase em que houve a alteração. Assim, recomenda- se a execução de contrações musculares isométricas de cada um dos possivelmente envolvidos por um tempo mínimo de 5 segundos, sempre comparando o MS alterado com o contralateral (MAGEE, 2010). A avaliação funcional da coluna vertebral envolve testes de movimentos provocativos. De um modo geral, considera-se que sintomas acima do ângulo inferior da escápula envolvem a coluna cervical e, os abaixo, a coluna lombar. Dificilmente a coluna torácica é foco de dor, devido à sua grande estabilidade e pouca mobilidade (McKENZIE, 1997). No entanto, a torácica pode ser foco em indivíduos com escoliose torácica ou hipercifose torácica, havendo necessidade de sua avaliação caso estas alterações tenham sido identificadas durante a observação Para a coluna cervical, executa-se, na ordem: Movimentos rotacionais,flexão, extensão, retração, retração repetida e, caso necessário, protrusão e protrusão repetida. A posição preferencial para a execução destes movimentos é assentada, com as costas apoiadas. Caso a dor seja muito incapacitante, a avaliação inicia-se com o avaliado em decúbito ventral, com a cervical mantida em extensão, apoiada sobre as mãos ou travesseiros. O teste de força isométrico dos músculos flexores profundos da coluna cervical também poderá ser executado para a avaliação da estabilidade desta região. Para a coluna lombar, executa-se na ordem: flexão, extensão, extensão repetida. Havendo necessidade de exploração de componente lateral, faz- se o deslocamento lateral do quadril. Havendo necessidade de exploração de componente anterior, faz-se a flexão repetida. A posição inicial desejável é em pé. Caso o avaliado apresente muita dor, faz-se a avaliação da flexão com ele em decúbito dorsal e, da extensão, em decúbito ventral. O teste de força para a coluna lombar inclui os músculos abdominais e a avaliação isométrica dos multífidos. Exames de Movimento
  • 17. Organização:Conteúdo: Os testes especiais têm a função de confirmar o suposto diagnóstico, fazer diagnóstico diferencial e, eventualmente, esclarecer eventos associados ao problema (SALTER, 2001). De um modo geral, eles são executados por Ortopedistas e Fisioterapeutas, com o intuito de verificar a integridade de estruturas articulares, ósseas e musculares ou de provocar os sintomas, de forma a identificar qual a sua origem. No âmbito do Profissional de Educação Física, sua maior relevância é trazer a informação de onde se encontra a lesão que causa a dor do seu trainee. Desta forma, na dúvida da origem do problema, encaminhe o seu trainee a um profissional habilitado para a execução destes testes. Reflexos e distribuição cutânea
  • 18. Organização:Conteúdo: A avaliação dos reflexos e distribuição cutânea busca verifica a integridade de nervos e raízes nervosas. Desta forma, eles são aplicáveis quando se verifica a presença de alterações de origem radicular. Estas alterações envolvem dor radicular e perda de sensibilidade e de força muscular em dermátomos e miótomos bem delimitados (MAGEE, 2010). Assim, a avaliação de dor que tenha estas características pode prescindir de Ortopedista e, também, Neurologista. A necessidade deste último decorre da possibilidade de neuropatias periféricas, que podem ter início insidioso mimetizando uma radiculopatia. Testes Especiais
  • 19. Organização:Conteúdo: A avaliação do jogo articular envolve os movimentos acessórios das articulações. Esta avaliação é feita pelo Fisioterapeuta e visa estabelecer se a perda da ADM de uma articulação deve-se à perda de flexibilidade muscular ou de mobilidade articular (MAGEEE, 2010). O conceito básico desta avaliação envolve técnicas de mobilização articular, em que o os movimentos artrocinemáticos são executados de forma passiva em articulações que se encontram hipomóveis (MAKOFSKY; TARANTO, 2006). Assim, para que o Profissional de Educação Física entenda qual a fisiologia deste método de avaliação, é fundamental que ele entenda o conceito de movimento artrocinemático. Tal conceito é definido pela regra côncavo-convexo, derivada da mecânica das alavancas. Quando uma superfície convexa se move sobre uma superfície côncava ocorre uma translação contrária ao do movimento osteocinemático (Figura 1a). Por outro lado, quando a superfície côncava se move sobre a superfície convexa ocorre uma translação no mesmo sentido que o movimento osteocinemático (Figura 1b). A implicação clínica deste fato é que as articulações não possuem um eixo articular fixo (KALTENBORN, 2006). Testes Especiais Figura 1: Movimento artrocinemático e osteocinemático quando: a) Osso móvel é convexo; b) Osso móvel é côncavo.
  • 20. Organização:Conteúdo: A palpação da região dolorosa, assim como os testes especiais, visa a confirmação diagnóstica. Nela, devem ser procurados a presença de nódulos, contraturas, sinais flogísticos (dor, calor, rubor e edema), diferenças de textura e tensão e alterações de sensibilidade. O fato da palpação ser executada apenas ao final do processo de avaliação visa evitar que ela direcione a suspeita diagnóstica (MAGEE, 2010). Para a execução desta técnica de avaliação é fundamental que o avaliador tenha conhecimento de anatomia de superfície, de forma que possa diferenciar pelo tato o anatômico do anormal (CHAITOW, 2001). Palpação
  • 21. Organização:Conteúdo: Os exames complementares são aqueles necessários para a avaliação do status fisiológico, incluindo, mas não se limitando, exames de sangue, urina, fezes, líquor. Estes exames são solicitados de acordo com a percepção do médico em relação ao que pode ter originado, fisiologicamente, os sintomas do avaliado. Além destes, os exames complementares também incluem os recursos imagenológicos necessários para que se confirme o diagnóstico do avaliado. Tais exames incluem: radiografia convencional ou associadas a técnicas especiais de preparação, contraste, ampliação ou intensificação de imagem; tomografia computadorizada; ressonância magnética; ultrassom; cintilografia; densitometria óssea. Em casos extremos, endoscopias, artroscopias e outros exames baseados em vídeos também podem ser requisitados (MAGEE, 2010) Exames Complementares
  • 22. Organização:Conteúdo: Referências • BARWICK, A. SMITH, J. CHUTER, V. The relationship between foot motion and lumbopelvic–hip function: A review of the literature. The Foot, v. 22, p. 224-231, 2012.
 BELTRÃO, F. B. el al. Produção em Ciência da Motricidade Humana, 2. ed. Shape, 2002 • CHAITOW, L. Técnicas de Palpação – Avaliação e diagnóstico pelo toque. Manole, 2001 • CHUTER, V. H. DE JONGE, X. A. K. J. Proximal and distal contributions to lower extremity injury: A review of the literature. Gait and Posture, v. 36, p. 7-15, 2012. • CYRIAX, J. H. CYRIAX, P. J. Cyriax’s Illustrated Manual of Othopaedic Medicine, 3. ed. Butterworth- Heinemann, 1996. • NORKIN, C. C. LEVANGIE, P. K. Articulação Estrutura e Função: Uma Abordagem Prática e Abrangente, 2. ed. Revinter, 2001. • DÂNGELO, J. G. FATTINI, C. A. Anatomia Humana Sistêmica e Segmentar, 3ed. Atheneu, 2007. • KALTENBORN, F. M. Manual Mobilization of the Joints: The Kaltenborn Method of Joint Examination and Treatment, 6. ed., Oslo, Norway, Norli, 2006. • LIMA, E. Bases Organizacionais da Preparação Esportiva: Metodologia da Musculação. Personafit, 2017 • MAGEE, D. J. Avaliação musculoesquelética, 5. ed. Manole, 2010. • McKENZIE, R. W. Lumbar Spine, 7. ed. Spine, 1997. • McKENZIE, R. W. Cervical Spine, 5. ed. Spine, 1998. • SALTER, R. B. Distúrbios e Lesões do Sistema Musculoesquelético 3. ed. Medsi, 2001.
  • 23. Organização:Conteúdo: Renato Ramos Coelho Mestrado em Motricidade Humana e Especialista em Fisioterapia Esportiva