2. Crise do Renascimento
• Reforma protestante
• Fortalecimento da Burguesia
• Crise econômica na península ibérica
Vida harmoniosa dá lugar à angústia e
temeridade
4. Características
• Arte da contrarreforma (volta à religiosidade)
• Conflito entre corpo e alma
• Desengano com a vida
• Uso de antíteses
• Preferência pelo soneto (dois quartetos e
dois tercetos)
• Temática da passagem do tempo
5. Davi com a cabeça de Golias,
do pintor italiano Caravaggio.
Essa pintura ressalta o jogo de
antítese entre luz e sobra,
característico da arte barroca.
6. A incredulidade de São Tomé, também do pintor italiano
Caravaggio. Reparem como elemento divino no barroco, ao
contrário do Renascimento, é representado como carnal, mais
próximo do humano.
7. Barroco ibérico
Divisão entre cultismo e conceptismo
Cultismo:
- Estilo excessivo, verborrágico
- Uso frequente de neologismos
- (Gôngora)
Conceptismo:
- Tentativa de dizer o máximo com o mínimo de palavras
- Uso de elipses; duplos sentidos; paradoxos e alegorias
- (Quevedo)
8. Barroco no Brasil
• Submissão aos valores estéticos portugueses
• Crise da sociedade açucareira
(endividamento; disputa do mercado com os
holandeses)
• Contrarreforma
(forte rigor do ensino jesuíta confrontando-se com
sexo à disposição favorecido pelo sistema
escravista)
11. Biografia
• Nasceu na Bahia, filho de família rica
• Ingressou na Universidade de Coimbra, em Portugal,
aos 16 anos
• Formado em Direito, foi juiz em Portugal
• Retorna ao Brasil aos 46 anos
• Nomeado clérigo, sendo destituído dois anos depois
por levar uma “vida sem modo de cristão”
• Conhecido como Boca do Inferno
12. Características da obra:
• Obra poética vasta e desigual
• Duvidosa autoria
• Três principais temas:
Poesia religiosa
Poesia amorosa
Poesia satírica
13. Poesia religiosa
• Elementos contraditórios:
Licenciosidade moral
arrependimento
Posterior consciência da infâmia
• Culpa por haver pecado
• Poeta implora perdão, se ajoelha diante de Deus
• Promete redimir-se
14. A JESUS CRISTO NOSSO SENHOR
Pequei, Senhor, mas não por que hei pecado,
Da vossa piedade me despido,
Porque quanto mais tenho delinquido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto um pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido,
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida, e já cobrada
Glória tal, e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra História:
Eu sou, Senhor, ovelha desgarrada
Cobrai-a, e não queirais, Pastor divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.
15. • Soneto decassílabo
• Confissão do pecado
• Antecipação do perdão (feita pelo eu poético)
• Jesus (Pastor divino)
• Eu poético (ovelha desgarrada)
• Conclusão do soneto: se salvou a ovelha, há
de salvar o eu poético.
17. Amor elevado
• Idealização dos afetos em linguagem elevada
Amor obsceno-satírico
• Abordagem crua e agressiva da sexualidade em linguagem
vulgar
• Obscenidade: protesto contra o sistema moral, contra as
concepções dominantes de amor e de sexo. Culto rude e
subversivo do prazer contra os tabus que impedem a plena
realização da libido
• Visão agressiva e galhofeira (engraçada) do amor físico
• Desprezo pela concepção cristã do amor (espiritual)
• Descrições debochadas e repletas de palavrões
18. Anjo no nome, Angélica na cara
Anjo no nome, Angélica na cara!
Isso é ser flor, e Anjo juntamente:
Ser Angélica flor, e Anjo florente.
Em quem, senão em vós, se uniformara?
Quem vira uma flor, que a não cortara,
De verde pé, da rama florescente?
A quem um Anjo vira tão luzente
Que por seu Deus o não idolatrara?
Se pois como Anjo sois dos meus altares,
Fôreis o meu custódio, e minha guarda,
Livrara eu de diabólicos azares.
Mas vejo que tão bela, e tão galharda,
Posto que os Anjos nunca dão pesares,
Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.
O amor é finalmente um embaraço de
pernas...
O Amor é finalmente
um embaraço de pernas,
uma união de barrigas,
um breve tremor de artérias.
Uma confusão de bocas,
uma batalha de veias,
um rebuliço de ancas,
quem diz outra coisa, é besta.
Ardor em firme coração nascido,
Pranto por belos olhos derramado,
Incêndio em mares de água disfarçado,
Rio de neve em fogo convertido:
Tu, que em um peito abrasas escondido;
Tu, que em um rosto corres desatado;
Quando fogo, em cristais aprisionado;
Quando cristal, em chamas derretido.
19. Poesia satírica
• Não perdoa nenhum grupo social
• Ironia cáustica e por vezes obscena
• Caricatura, ofensa, cinismo cru e impiedoso
• Denuncia a corrupção, negociata, oportunismo,
mentira, desonra, injustiça, imoralidade, quebra das
normas e das leis, completa inversão de valores
20. Define sua Cidade
De dous ff se compõe
Esta cidade ao meu ver
um furtar, outro foder.
Recopilou-se o direito,
e quem o recopilou
com dous ff o explicou
por estar feito, e bem feito:
Por bem digesto, e colheito,
Só com dous ff o expõe,
E assim quem os olhos põe
No trato, que aqui se encerra,
Há de dizer que esta terra
De dous ff se compõe.
Se de dous ff composta
Está a nossa Bahia,
Errada a ortografia
A grande dano está posta:
Eu quero fazer a aposta,
E quero um tostão perder,
Que a isso a há de perverter,
Se o furtar e o foder bem
Não são os ff que tem
Esta cidade a meu ver.
Provo a conjetura já
Prontamente com um brinco:
Bahia tem letras cinco
Que são B-A-H-I-A:
Logo ninguém me dirá
Que dous ff chega a ter,
Pois nenhum contém sequer,
Salvo se em boa vontade
são os ff da cidade
Um furtar, outro foder.
22. Biografia:
• Nasceu em Lisboa, em 1608, e faleceu na Bahia, em
1697.
• Educou-se no Colégio dos Jesuítas da Bahia, onde foi
professor.
• Padre
• Diplomata português
• Envolvido com a Inquisição
23. Características da obra:
• Sermões (discurso oral feito por um profeta ou membro
do clero sobre temas bíblicos, teológicos, religiosos ou morais,
normalmente sustentando uma crença, lei ou comportamento
humano num contexto presente ou pretérito. Os elementos
da pregação incluem exposição, exortação e aplicação
prática.)
• Escritos sobre as coisas sacras e sobre a vida social brasileira e
portuguesa
• Oratória vigorosa e estética barroca
• Lógica bíblica (citações, episódios, etc.)
• Temas religiosos e do cotidiano
• Combate aos hereges e defesa dos índios (escravidão)
25. Sermão pelo bom sucesso das Armas de
Portugal contra as de Holanda
• Sermão pregado por Padre António Vieira na igreja de Nossa Senhora da
Ajuda, na Bahia, no ano de 1640. No sermão, Padre Vieira ameaça deixar Deus
se ele deixar o Brasil ser entregado aos holandeses. O sermão mostra a
importância da oratória da época.
• Alguns trechos importantes do texto:
“E depois de tantos perigos, depois de tantas desgraças, depois de tantas e tão
lastimosas mortes, ou nas praias desertas sem sepultura, ou sepultados nas
entranhas das árvores, das feras, dos peixes, que as terras que assim ganharmos,
as hajamos de perder assim!”
“Assim se queixava Josué a Deus, e assim nos podemos nós queixar, e com muito
maior razão que ele.”
“Entregai aos Holandeses o Brasil, entregai-lhe as Índias, entregai-lhe as Espanhas
(que não são menos perigosas as consequências do Brasil perdido), entregai-lhe
quanto temos e possuímos (como já lhe entregastes tanta parte), ponde em suas
mãos o Mundo; e a nós, aos portugueses e espanhóis, deixai-nos, repudiai-nos,
desfazei-nos, acabai-nos. Mas só digo e lembro a Vossa Majestade, Senhor, que
estes mesmos que agora desfavoreceis e lançais de vós, pode ser que os queirais
algum dia, e que os não tenhais.”
26. Sermão da Sexagésima
Durante o Sermão da Sexagésima o tema é tratado fazendo alusões à
“Parábola do semeador”, tirada do Evangelho de Lucas. Ele discursa que
pregar é o mesmo que semear. Esta é uma parábola que diz que um
semeador semeou suas sementes em locais diferentes, as primeiras entre as
pedras, outras nos espinhos, outras pelo caminho e as últimas foram
semeadas em uma terra boa. As que caíram entre os espinhos e pedras não
vingaram, as do caminho não frutificou, apenas as que foram semeadas em
terra boa vingaram e deram bons frutos.
Vieira junto a esta parábola faz uma crítica ao estilo de outros religiosos que,
segundo ele, não sabiam pregar: falavam de vários assuntos, sendo alguns ao
mesmo tempo, eram ineficazes em suas palavras e tentavam agradar as
vontades dos homens e não a de Deus. Ele coloca a culpa nos pregadores e
analisa a sua própria pregação. Analisa qual o motivo da pregação católica
não estar surtindo efeito, já que a palavra de Deus é muito poderosa. Depois
de muita reflexão ele conclui que a culpa é dos próprios padres.
O livro faz uma feroz crítica a todos aqueles que usam a palavra de Deus para
defender interesses mundanos.