1) A educação e a sociedade estão ligadas e influenciam uma à outra.
2) Vários teóricos discutem a relação entre educação e sociedade, incluindo a educação como forma de manutenção ou transformação social.
3) As teorias críticas veem a educação como fator de marginalização social, enquanto as teorias não críticas a veem como forma de igualdade social.
RESUMO - Formação de Professores: Identidades e Saberes da Docência - Selma G...Thaynã Guedes
O texto tem como objetivo mostrar a importância de repensar a formação de professores, pondo em foco sua identidade e saberes. Na sociedade atual seu trabalho se torna necessário para a construção da cidadania, superação de fracassos e desigualdades escolares de seus alunos.
RESUMO - Formação de Professores: Identidades e Saberes da Docência - Selma G...Thaynã Guedes
O texto tem como objetivo mostrar a importância de repensar a formação de professores, pondo em foco sua identidade e saberes. Na sociedade atual seu trabalho se torna necessário para a construção da cidadania, superação de fracassos e desigualdades escolares de seus alunos.
Slides Sextas inclusivas- práticas pedagógicas: O lugar da teoria na prática educativa. Apresentação e construção dos slides por :Marily O. Barbosa; Soraya D. G. Santos.
CONTRERAS, José. A autonomia de professores. São Paulo: Cortez, 2002. Soares Junior
Na apresentação à edição brasileira da obra A autonomia de professores, Selma Garrido Pimenta traça um rápido panorama do contexto social neoliberal no país e faz uma breve análise da trajetória profissional dos docentes, responsáveis por conduzir o processo ensino-aprendizagem na nova sociedade da informação e do conhecimento. Ressalta, assim, a importância e pertinência do tema para a reflexão dos educadores brasileiros.
Tendências Pedagógicas
“tendência crítico-Social dos Conteúdos” Pós-Graduação Lato Senso em Administração, Supervisão, Orientação Educacional e Pedagógica
Módulo: Educação pedagogia Didática
Docente: Sandra Xisto
Discentes:
Arlindo Rocha & Fernanda Santos
Data da apresentação: 25/10/2013
Local:
[UCP/IPETEC]
Universidade Católica de Petrópolis
Instituto de Pesquisa Educação e Tecnologia
O currículo há muito deixou de ser uma área meramente técnica, voltada para questões relativas a procedimentos, técnicas e métodos” (Moreira e Silva, 2005)
A pergunta sobre o como organizar o conhecimento escolar ainda é relevante, porém mais importante ainda é saber o seu por quê. (Moreira e Silva, 2005)
O currículo nasce de duas perguntas:
O que deve ser ensinado?
O que os alunos devem se tornar?
A escola como instituição pública nasce das Revoluções Industrial e francesa;
A nova ordem industrial precisava de um novo tipo de homem, equipado com aptidões que nem a família nem a igreja eram capazes de faltar;
Universalização da escola;
Finalidade: transformar o homem feudal num indivíduo liberal;
Para Alvin Toffler, no novo mundo: era preciso que os indivíduos se adaptassem a um “trabalho repetitivo, portas adentro, a um mundo de fumo, barulho, máquinas, vida em ambientes super-povoados e disciplina coletiva, a um mundo em que o tempo, em vez de regulado pelo ciclo sol-lua, fosse regido pelo apito da fábrica e pelo relógio.” (In Choque do Futuro).
Slides Sextas inclusivas- práticas pedagógicas: O lugar da teoria na prática educativa. Apresentação e construção dos slides por :Marily O. Barbosa; Soraya D. G. Santos.
CONTRERAS, José. A autonomia de professores. São Paulo: Cortez, 2002. Soares Junior
Na apresentação à edição brasileira da obra A autonomia de professores, Selma Garrido Pimenta traça um rápido panorama do contexto social neoliberal no país e faz uma breve análise da trajetória profissional dos docentes, responsáveis por conduzir o processo ensino-aprendizagem na nova sociedade da informação e do conhecimento. Ressalta, assim, a importância e pertinência do tema para a reflexão dos educadores brasileiros.
Tendências Pedagógicas
“tendência crítico-Social dos Conteúdos” Pós-Graduação Lato Senso em Administração, Supervisão, Orientação Educacional e Pedagógica
Módulo: Educação pedagogia Didática
Docente: Sandra Xisto
Discentes:
Arlindo Rocha & Fernanda Santos
Data da apresentação: 25/10/2013
Local:
[UCP/IPETEC]
Universidade Católica de Petrópolis
Instituto de Pesquisa Educação e Tecnologia
O currículo há muito deixou de ser uma área meramente técnica, voltada para questões relativas a procedimentos, técnicas e métodos” (Moreira e Silva, 2005)
A pergunta sobre o como organizar o conhecimento escolar ainda é relevante, porém mais importante ainda é saber o seu por quê. (Moreira e Silva, 2005)
O currículo nasce de duas perguntas:
O que deve ser ensinado?
O que os alunos devem se tornar?
A escola como instituição pública nasce das Revoluções Industrial e francesa;
A nova ordem industrial precisava de um novo tipo de homem, equipado com aptidões que nem a família nem a igreja eram capazes de faltar;
Universalização da escola;
Finalidade: transformar o homem feudal num indivíduo liberal;
Para Alvin Toffler, no novo mundo: era preciso que os indivíduos se adaptassem a um “trabalho repetitivo, portas adentro, a um mundo de fumo, barulho, máquinas, vida em ambientes super-povoados e disciplina coletiva, a um mundo em que o tempo, em vez de regulado pelo ciclo sol-lua, fosse regido pelo apito da fábrica e pelo relógio.” (In Choque do Futuro).
ARTIGO – PIBID E PROFESSOR: INTERSECÇÕES NA FORMAÇÃO DE UM NOVO PROFISSIONAL.Tissiane Gomes
Neste artigo destacou-se como o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) contribui para a formação dos professores, como a vivência dos bolsistas do PIBID oferece uma experiência prática para os alunos universitários que, muitas vezes, se encontram fora da realidade de como é a dinâmica em sala de aula. O trabalho foi publicado nos anais do VI Encontro de Iniciação à Docência da UEPB (ENID), realizado em Campina Grande, no Estado da Paraíba, em 15 e 16 de dezembro de 2017.
Na sequência das Eleições Europeias realizadas em 26 de maio de 2019, Portugal elegeu 21 eurodeputados ao Parlamento Europeu para um mandato de cinco ano (2019-2024).
Desde essa data, alguns eurodeputados saíram e foram substituídos, pelo que esta é a nova lista atualizada em maio de 2024.
Para mais informações, consulte o dossiê temático Eleições Europeias no portal Eurocid:
https://eurocid.mne.gov.pt/eleicoes-europeias
Autor: Centro de Informação Europeia Jacques Delors
Fonte: https://infoeuropa.mne.gov.pt/Nyron/Library/Catalog/winlibimg.aspx?doc=52295&img=11583
Data de conceção: maio 2019.
Data de atualização: maio 2024.
Livro de conscientização acerca do autismo, através de uma experiência pessoal.
O autismo não limita as pessoas. Mas o preconceito sim, ele limita a forma com que as vemos e o que achamos que elas são capazes. - Letícia Butterfield.
proposta curricular para educação de jovens e adultos- Língua portuguesa- anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano). Planejamento de unidades letivas para professores da EJA da disciplina língua portuguesa- pode ser trabalhado nos dois segmentos - proposta para trabalhar com alunos da EJA com a disciplina língua portuguesa.Sugestão de proposta curricular da disciplina português para turmas de educação de jovens e adultos - ensino fundamental. A proposta curricular da EJa lingua portuguesa traz sugestões para professores dos anos finais (6º ao 9º ano), sabendo que essa modalidade deve ser trabalhada com metodologias diversificadas para que o aluno não desista de estudar.
Projeto de articulação curricular:
"aLeR+ o Ambiente - Os animais são nossos amigos" - Seleção de poemas da obra «Bicho em perigo», de Maria Teresa Maia Gonzalez
livro em pdf para professores da educação de jovens e adultos dos anos iniciais ( alfabetização e 1º ano)- material excelente para quem trabalha com turmas de eja. Material para quem dar aula na educação de jovens e adultos . excelente material para professores
América Latina: Da Independência à Consolidação dos Estados NacionaisValéria Shoujofan
Aula voltada para alunos do Ensino Médio focando nos processos de Independência da América Latina a partir dos antecedentes até a consolidação dos Estados Nacionais.
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Educação e sociedade estão por causas e conseqüências ligadas, pois, uma é
dependente da outra.
A educação sempre contribuiu para o desenvolvimento da sociedade, a qual
busca nas raízes da educação o verdadeiro sentido para sua evolução cultural,
principalmente, pois, é através desta interação que existem contribuições,
porque a sociedade só se torna moderna com a evolução da educação. E a
própria sociedade tem seu papel nestas contribuições, porque é com seu
respaldo que a educação tem procurado assimilar da melhor maneira possível o
que está ao seu redor.
Analisando a função social da educação, Konder (2000, p. 112) afirma que não
existe "sociedade humana sem trabalho e sem educação":
Toda sociedade vive porque consome; e para consumir, depende da produção,
isto é do trabalho.
Toda sociedade vive porque cada geração nela cuida da formação da geração
seguinte e lhe transmite algo dos seus conhecimentos e da sua experiência,
educando-a.
Não há sociedade humana sem trabalho e sem educação.
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Segundo Luckesi no seu livro ―Filosofia da Educação‖ nos diz que a educação
é um típico ―que-fazer‖ humano, ou seja, um tipo de atividade que se
caracteriza fundamentalmente por uma preocupação, por uma finalidade a ser
atendida. A educação dentro de uma sociedade não se manifesta como um fim
em si mesma, mas sim como um instrumento de manutenção ou
transformação social.
Temos três grupos de entendimento do sentido da educação na sociedade:
―educação como redenção, educação como reprodução; e educação como
transformação da sociedade‖
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Em sua obra Escola e Democracia (1987), o autor trata das teorias da educação
e seus problemas, explanando que a marginalização da criança pela escola se
dá porque ela não tem acesso a esta, enquanto que a marginalidade é a
condição da criança excluída.
Vejamos as principais teorias de educação que também faz parte dessa relação
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TEORIAS NÃO CRÍTICAS
Educação como instrumento de equalização social, superação da
marginalidade. Sociedade é concebida como harmoniosa. A marginalidade é um
fenômeno acidental que afeta individualmente um número maior ou menor de
membros da sociedade.
1. Pedagogia Tradicional
É marginalizado quem não é esclarecido;
O papel da escola é difundir a instrução, transmitir
conhecimentos e sistematizá-los;
A escola se organiza centrando-se no professor bem
preparado.
2. Pedagogia Nova
Marginalizado não é o ignorante mas o rejeitado. São os
―anormais‖, desajustados, desadaptados. Não é algo em si
negativo, simplesmente uma diferença.
Estudo de cçs. ―anormais‖. Pretendeu-se generalizar
procedimentos pedagógicos;
Biopsicologização da sociedade, educação e escola;
Os homens são essencialmente diferentes;
Educação como instrumento de correção da marginalidade,
ajustando e adaptando o indivíduo à sociedade, incutindo o
sentimento de aceitação dos demais pelos demais;
Aprender a aprender;
Agrupar os alunos por áreas de interesse;
Professor como estimulador e orientador da aprendizagem
cuja iniciativa principal caberia aos próprios alunos;
Ambiente estimulante, trabalhos em pequenos grupos,
materiais didáticos ricos;
Conseqüências: afrouxamento da disciplina; despreocupação
com a transmissão de conhecimentos acabou por rebaixar o
nível do ensino para as camadas populares e aprimorou a
qualidade do destinado às elites;
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3. Pedagogia Tecnicista
Reordenação do processo educativo buscando torná-lo objetivo
e operacional;
Planejar a educação a partir de uma organização racional
capaz de minimizar as interferências subjetivas que pudessem
ameaçar sua eficiência;
Propostas pedagógicas: enfoque sistêmico, microensino, tele-
ensino, instrução programada, máquinas de ensinar;
Parcelamento do trabalho pedagógico através da introdução de
técnicas dos mais diferentes matizes;
Elemento principal: organização racional dos meios, ocupando
professor e aluno posição secundária;
Marginalizado é o incompetente, ineficiente e improdutivo;
O importante é aprender a fazer.
TEORIAS CRÍTICO-REPRODUTIVISTAS
Educação como instrumento de discriminação social, fator de
marginalização. A sociedade é marcada pela divisão entre grupos, classes
antagônicas que se relacionam à base da força que se manifesta nas condições
de produção da vida material.
1. Teoria do sistema de ensino enquanto violência simbólica
Reforça, por dissimulação, as relações de força material;
Dominação cultural;
Explicitar a ação pedagógica como imposição arbitrária da
cultura dos grupos dominantes aos dominados;
Marginalizados são os grupos dominados: socialmente porque
não possuem força material; culturalmente porque não
possuem força simbólica.
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2. Teoria da escola enquanto aparelho ideológico do Estado
A escola se constitui no instrumento mais acabado de reprodução
das relações de produção de tipo capitalista.
3. Teoria da escola dualista
Escola dividida em duas grandes redes: a burguesia e o
proletariado;
Contribui para a formação da força de trabalho e inculcação da
ideologia burguesa;
Qualifica o trabalho intelectual e desqualifica o manual.
TEORIA CRÍTICA
Retomar a luta contra a seletividade, a discriminação e o rebaixamento do
ensino das classes populares. Proporcionar substância concreta a essa bandeira
de luta de modo a evitar que seja apropriada e articulada com os interesses
dominantes.
Nas palavras de Demo ( 1996, p 16) Educação não é só ensinar, instruir, treinar,
domesticar, é, sobretudo formar a autonomia do sujeito histórico competente,
uma vez que, o educando não é o objetivo de ensino, mas sim sujeito do
processo, parceiro de trabalho, trabalho este entre individualidade e
solidariedade".
Após a discussão sobre a educação pode se perceber que os vários autores que
trataram sobre esse conceito, como de suma importância para a transformação
da realidade, e dependendo do ponto de vista, vai se trilhando um caminho para
o aperfeiçoamento do ser humano, e como este pode conviver melhor com o
outro.
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Sócrates, o mestre em busca da verdade: O pensamento do filósofo grego
Sócrates (469-399 a.C.) marca uma reviravolta na história humana. Até então, a
filosofia procurava explicar o mundo baseada na observação das forças da
natureza. Com Sócrates, o ser humano voltou-se para si mesmo. Como diria
mais tarde o pensador romano Cícero, coube ao grego "trazer a filosofia do céu
para a terra" e concentrá-la no homem e em sua alma (em grego, a psique). A
preocupação de Sócrates era levar as pessoas, por meio do autoconhecimento,
à sabedoria e à prática do bem. Nessa empreitada de colocar a filosofia a serviço
da formação do ser humano, Sócrates não estava sozinho. Pensadores sofistas,
os educadores profissionais da época, igualmente se voltavam para o homem,
mas com um objetivo mais imediato: formar as elites dirigentes. Isso significava
transmitir aos jovens não o valor e o método da investigação, mas um saber
enciclopédico, além de desenvolver sua eloquência, que era a principal
habilidade esperada de um político. Sócrates concebia o homem como um
composto de dois princípios, alma (ou espírito) e corpo. De seu pensamento
surgiram duas vertentes da filosofia que, em linhas gerais, podem ser
consideradas como as grandes tendências do pensamento ocidental. Uma é a
idealista, que partiu de Platão (427-347 a.C.), seguidor de Sócrates. Ao distinguir
o mundo concreto do mundo das ideias, deu a estas status de realidade; e a
outra é a realista, partindo de Aristóteles (384-322 a.C.), discípulo de Platão que
submeteu as ideias, às quais se chega pelo espírito, ao mundo real.
Platão, o primeiro pedagogo: Na história das ideias, o grego Platão (427-347
a.C.) foi o primeiro pedagogo, não só por ter concebido um sistema educacional
para o seu tempo mas, principalmente, por tê-lo integrado a uma dimensão ética
e política. O objetivo final da educação, para o filósofo, era a formação do homem
moral, vivendo em um Estado justo. Platão foi o segundo da tríade dos grandes
filósofos clássicos, sucedendo Sócrates (469- 399 a.C.) e precedendo
Aristóteles (384-322 a.C.), seu discípulo. Como Sócrates, Platão rejeitava a
educação que se praticava na Grécia em sua época e que estava a cargo dos
sofistas, incumbidos de transmitir conhecimentos técnicos - sobretudo a oratória
- aos jovens da elite, para torná-los aptos a ocupar as funções públicas. "Os
sofistas afirmavam que podiam defender igualmente teses contrárias,
dependendo dos interesses em jogo", diz Sérgio Augusto Sardi, professor da
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. "Platão, ao contrário,
pensava em termos de uma busca continuada da virtude, da justiça e da
verdade." Para Platão, "toda virtude é conhecimento". Ao
Alguns teóricos que fizeram parte da relação educação e sociedade.
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homem virtuoso, segundo ele, é dado conhecer o bem e o belo. A busca da
virtude deve prosseguir pela vida inteira - portanto, a educação não pode se
restringir aos anos de juventude. Educar é tão importante para uma ordem
política baseada na justiça - como Platão preconizava - que deveria ser tarefa de
toda a sociedade.
Aristóteles, o defensor da instrução para a virtude. De todos os grandes
pensadores da Grécia antiga, Aristóteles (384-322 a.C.) foi o que mais
influenciou a civilização ocidental. Até hoje o modo de pensar e produzir
conhecimento deve muito ao filósofo. Foi ele o fundador da ciência que ficaria
conhecida como lógica e suas conclusões nessa área não tiveram contestação
alguma até o século 17. Sua importância no campo da educação também é
grande, mas de modo indireto. Poucos de seus textos específicos sobre o
assunto chegaram a nossos dias. A contribuição de Aristóteles para o ensino
está principalmente em escritos sobre outros temas. As principais obras de onde
se pode tirar informações pedagógicas são as que tratam de política e ética. "Em
ambos os casos o objetivo final era obter a virtude", diz Carlota Boto, professora
da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. "Em suas reflexões
sobre ética, Aristóteles afirma que o propósito da vida humana é a obtenção do
que ele chama de vida boa. Isso significava ao mesmo tempo vida ‗do bem‘ e
vida harmoniosa." Ou seja, para Aristóteles, ser feliz e ser útil à comunidade
eram dois objetivos sobrepostos, e ambos estavam presentes na atividade
pública. O melhor governo, dizia ele, seria "aquele em que cada um melhor
encontra o que necessita para ser feliz"
Jesuítas: A pedagogia dos jesuítas exerceu influência em quase todo o mundo.
Destinava-se a formar a elite burguesa, para prepará-la para exercer a
hegemonia cultural e política. Utilizavam o ratio studiorum que é seu plano de
estudo e métodos e a sua base filosófica.
Comênio, o pai da didática moderna: usando se fala de uma escola em que as
crianças são respeitadas como seres humanos dotados de inteligência, aptidões,
sentimentos e limites, logo pensamos em concepções modernas de ensino.
Também acreditamos que o direito de todas as pessoas - absolutamente todas -
à educação é um princípio que só surgiu há algumas dezenas de anos. De fato,
essas ideias se consagraram apenas no século 20, e assim mesmo não em
todos os lugares do mundo. Mas elas já eram defendidas em pleno século 17 por
Comênio (1592-1670), o pensador tcheco que é considerado o primeiro grande
nome da moderna história da educação. A obra mais importante de Comênio,
Didática Magna, marca o início da sistematização da pedagogia e da didática no
Ocidente. A obra, à qual o autor se dedicou ao longo de sua vida, tinha grande
ambição. "Comênio chama sua didática de ‗magna‘ porque ele não queria uma
obra restrita, localizada", diz João Luiz Gasparin, professor do Departamento de
Teoria e Prática da Educação da Universidade Estadual de Maringá. "Ela
tinha de ser grande,
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como o mundo que estava sendo descoberto naquele momento, com a expansão
do comércio e das navegações." No livro, o pensador realiza uma racionalização
de todas as ações educativas, indo da teoria didática até as questões do
cotidiano da sala de aula. A prática escolar, para ele, deveria imitar os processos
da natureza. Nas relações entre professor e aluno, seriam consideradas as
possibilidades e os interesses da criança. O professor passaria a ser visto como
um profissional, não um missionário, e seria bem remunerado por isso. E a
organização do tempo e do currículo levaria em conta os limites do corpo e a
necessidade, tanto dos alunos quanto dos professores, de ter outras atividades.
John Locke, um explorador do entendimento humano: A influência do inglês
John Locke (1632-1704) costuma ser separada em três grandes áreas. Na
política, ele foi o pai do liberalismo como o conhecemos hoje: é o autor de dois
tratados de governo que sustentaram a implantação da monarquia
parlamentarista na Inglaterra, inspiraram a Constituição dos Estados Unidos e
anteciparam as ideias dos iluministas franceses. Na filosofia, construiu uma
teoria do conhecimento inovadora, que investigou o modo como a mente capta
e traduz o mundo exterior. Na educação, compilou uma série de 6 preceitos
sobre aprendizado e desenvolvimento, com base em sua experiência de médico
e preceptor, que teve grande repercussão nas classes emergentes de seu
tempo. Mas essas três vertentes não são estanques. A grande e duradoura
importância de Locke para a história do pensamento está no entrecruzamento
de suas áreas de estudo. Assim, a defesa da liberdade individual, que ocupa
lugar central na doutrina política lockiana, encontra correspondência na
prioridade que ele confere, no campo da educação, ao desenvolvimento de um
pensamento próprio pela criança. E suas investigações sobre o conhecimento o
levaram a conceber um aprendizado coerente com sua mais famosa afirmação:
a mente humana é tabula rasa, expressão latina análoga à idéia de uma tela em
branco. "A razão, inicialmente, encontra-se apenas em potência na criança", diz
Clenio Lago, da Universidade do Oeste de Santa Catarina.
Jean-Jacques Rousseau, o filósofo da liberdade como valor supremo: Na
história das ideias, o nome do suíço Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) se
liga inevitavelmente à Revolução Francesa. Dos três lemas dos revolucionários
liberdade, igualdade e fraternidade -, apenas o último não foi objeto de exame
profundo na obra do filósofo, e os mais apaixonados líderes da revolta contra o
regime monárquico francês, como Robespierre,o admiravam com devoção. O
princípio fundamental de toda a obra de Rousseau, pelo qual ela é definida até
os dias atuais, é que o homem é bom por natureza, mas está submetido à
influência corruptora da sociedade. Um dos sintomas das falhas da civilização
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em atingir o bem comum, segundo o pensador, é a desigualdade, que pode ser
de dois tipos: a que se deve às características individuais de cada ser humano e
aquela causada por circunstâncias sociais. Entre essas causas, Rousseau
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inclui desde o surgimento do ciúme nas relações amorosas até a
institucionalização da propriedade privada como pilar do funcionamento
econômico. O primeiro tipo de desigualdade, para o filósofo, é natural; o segundo
deve ser combatido. A desigualdade nociva teria suprimido gradativamente a
liberdade dos indivíduos e em seu lugar restaram artifícios como o culto das
aparências e as regras de polidez. Ao renunciar à liberdade, o homem, nas
palavras de Rousseau, abre mão da própria qualidade que o define como
humano. Ele não está apenas impedido de agir, mas privado do instrumento
essencial para a realização do espírito. Para recobrar a liberdade perdida nos
descaminhos tomados pela sociedade, o filósofo preconiza um mergulho interior
por parte do indivíduo rumo ao autoconhecimento. Mas isso não se dá por meio
da razão, e sim da emoção, e traduz-se numa entrega sensorial à natureza.
Pestalozzi, o teórico que incorporou o afeto à sala de aula: Para a mentalidade
contemporânea, amor talvez não seja a primeira palavra que venha à cabeça
quando se fala em ciência, método ou teoria. Mas o afeto teve papel central na
obra de pensadores que lançaram os fundamentos da pedagogia moderna.
Nenhum deles deu mais importância ao amor, em particular ao amor materno,
do que o suíço Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827). Antecipando
concepções do movimento da Escola Nova, que só surgiria na virada do século
19 para o 20, Pestalozzi afirmava que a função principal do ensino é levar as
crianças a desenvolver suas habilidades naturais e inatas. "Segundo ele, o amor
deflagra o processo de auto-educação", diz a escritora Dora Incontri, uma das
poucas estudiosas de Pestalozzi no Brasil. A escola idealizada por Pestalozzi
deveria ser não só uma extensão do lar como inspirar-se no ambiente familiar,
para oferecer uma atmosfera de segurança e afeto. Ao contrário de muitos de
seus contemporâneos, o pensador suíço não concordava totalmente com o
elogio da razão humana. Para ele, só o amor tinha força salvadora, capaz de
levar o homem à plena realização moral - isto é, encontrar conscientemente,
dentro de si, a essência divina que lhe dá liberdade. "Pestalozzi chega ao ponto
de afirmar que a religiosidade humana nasce da relação afetiva da criança com
a mãe, por meio da sensação de providência", diz Dora Incontri.
Herbart, o organizador da pedagogia como ciência: Com o filósofo alemão
Johann Friedrich Herbart (1776-1841), a pedagogia foi formulada pela primeira
vez como uma ciência, sobriamente organizada, abrangente e sistemática, com
fins claros e meios definidos. A estrutura teórica construída por Herbart se baseia
numa filosofia do funcionamento da mente, o que a torna duplamente pioneira:
não só por seu caráter científico mas também por adotar a psicologia aplicada
como eixo central da educação. Desde então, e até os dias de hoje, o
pensamento pedagógico se vincula fortemente às teorias de aprendizagem e à
psicologia do desenvolvimento - um exemplo é a obra do suíço Jean Piaget
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(1896-1980). Para Herbart, a mente funciona com base em representações que
podem ser imagens, ideias ou qualquer outro tipo de manifestação psíquica
isolada. O filósofo negava a existência de faculdades inatas. A dinâmica da
mente estaria nas relações entre essas representações, que nem sempre são
conscientes. Elas podem se combinar e produzir resultados manifestos ou entrar
em conflito entre si e permanecer, em forma latente, numa espécie de domínio
do inconsciente. A descrição desse processo viria, muitos anos depois, a
influenciar a teoria psicanalítica de Sigmund Freud (1856-1939). Uma das
contribuições mais duradouras de Herbart para a educação é o princípio de que
a doutrina pedagógica, para ser realmente científica precisa comprovar-se
experimentalmente - uma idéia do filósofo Immanuel Kant (1724-1804) que ele
desenvolveu. Surgiram daí as escolas de aplicação, que conhecemos até hoje.
Elas respondem à necessidade de alimentar a teoria com a prática e vice- versa,
num processo de atualização e aperfeiçoamento constantes. "Herbart fez um
trabalho de grande influência porque aprofundou suas concepções até as últimas
conseqüências", diz Maria Nazaré Amaral, professora da Faculdade de
Educação da Universidade de São Paulo.
Friedrich Froebel, o formador das crianças pequenas: O alemão Friedrich
Froebel (1782-1852) foi um dos primeiros educadores a considerar o início da
infância como uma fase de importância decisiva na formação das pessoas - ideia
hoje consagrada pela psicologia, ciência da qual foi precursor. Froebel viveu em
uma época de mudança de concepções sobre as crianças e esteve à frente
desse processo na área pedagógica, como fundador dos jardins-de- infância,
destinado aos menores de 8 anos. O nome reflete um princípio que Froebel
compartilhava com outros pensadores de seu tempo: o de que a criança é como
uma planta em sua fase de formação, exigindo cuidados periódicos para que
cresça de maneira saudável. "Ele procurava na infância o elo que igualaria todos
os homens, sua essência boa e divina ainda não corrompida pelo convívio
social", diz Alessandra Arce, professora da Universidade Federal de São Carlos.
As técnicas utilizadas até hoje em Educação Infantil devem muito a Froebel. Para
ele, as brincadeiras são o primeiro recurso no caminho da aprendizagem. Não
são apenas diversão, mas um modo de criar representações do mundo concreto
com a finalidade de entendê-lo. Com base na observação das atividades dos
pequenos com jogos e brinquedos, Froebel foi um dos primeiros pedagogos a
falar em auto- educação, um conceito que só se difundiria no início do século 20,
graças ao movimento da Escola Nova, de Maria Montessori (1870-1952) e
CélestinFreinet (1896-1966), entre outros.
Auguste Comte, o homem que quis dar ordem ao mundo: O nome do pensador
francês Auguste Comte (1798-1857) está indissociavelmente ligado ao
positivismo, corrente filosófica que ele fundou com o objetivo de reorganizar o
conhecimento humano e que teve grande influência no Brasil. Comte também
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é considerado o grande sistematizador da sociologia. O filósofo viveu num
período da história francesa em que se alternavam regimes despóticos e
revoluções. A turbulência levou não só a um descontentamento geral com a
política como a uma crise dos valores tradicionais. Comte procurou dar uma
resposta a esse estado de ânimo pela combinação de elementos da obra de
pensadores anteriores a ele e também de alguns contemporâneos, resultando
num corpo teórico a que chamou de positivismo. "Ele reviu as ciências para
definir o que, nelas, decorria da realidade dos fatos e permitia a formulação de
leis naturais, que orientariam os homens a agir para modificar a natureza", diz
Arthur Virmond de Lacerda, professor da Faculdade Internacional de Curitiba.
Um dos fundamentos do positivismo é a idéia de que tudo o que se refere ao
saber humano pode ser sistematizado segundo os princípios adotados como
critério de verdade para as ciências exatas e biológicas. Isso se aplicaria também
aos fenômenos sociais, que deveriam ser reduzidos a leis gerais como as da
física. Para Comte, a análise científica aplicada à sociedade é o cerne da
sociologia, cujo objetivo seria o planejamento da organização social e política.
Émile Durkheim, o criador da sociologia da educação: Em cada aluno há dois
seres inseparáveis, porém distintos. Um deles seria o que o sociólogo francês
Émile Durkheim (1858-1917) chamou de individual. Tal porção do sujeito - o
jovem bruto -, segundo ele, é formada pelos estados mentais de cada pessoa. O
desenvolvimento dessa metade do homem foi a principal função da educação
até o século 19. Principalmente por meio da psicologia, entendida então como a
ciência do indivíduo, os professores tentavam construir nos estudantes os
valores e a moral. A caracterização do segundo ser foi o que deu projeção a
Durkheim. "Ele ampliou o foco conhecido até então, considerando e estimulando
também o que concebeu como o outro lado dos alunos, algo formado por um
sistema de ideias que exprimem, dentro das pessoas, a sociedade de que fazem
parte", explica Dermeval Saviani, professor emérito da Universidade Estadual de
Campinas. Dessa forma, Durkheim acreditava que a sociedade seria mais
beneficiada pelo processo educativo. Para ele, "a educação é uma socialização
da jovem geração pela geração adulta". E quanto mais eficiente for o processo,
melhor será o desenvolvimento da comunidade em que a escola esteja inserida.
Nessa concepção durkheimiana - também chamada de funcionalista -, as
consciências individuais são formadas pela sociedade. Ela é oposta ao
idealismo, de acordo com o qual a sociedade é moldada pelo "espírito" ou pela
consciência humana. "A construção do ser social, feita em boa parte pela
educação, é a assimilação pelo indivíduo de uma série de normas e princípios -
sejam morais, religiosos, éticos ou de comportamento - que baliza a conduta do
indivíduo num grupo. O homem, mais do que formador da sociedade, é um
produto dela", escreveu Durkheim. Essa teoria, além de caracterizar a educação
como um bem social, a relacionou pela primeira vez às normas sociais e à cultura
local, diminuindo o valor que as capacidades individuais têm na constituição de
um desenvolvimento coletivo.
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"Todo o passado da humanidade contribuiu para fazer o conjunto de máximas
que dirigem os diferentes modelos de educação, cada uma com as
características que lhe são próprias. As sociedades cristãs da Idade Média, por
exemplo, não teriam sobrevivido se tivessem dado ao pensamento racional o
lugar que lhe é dado atualmente", exemplificou o pensador.
Talcott Parsons: Talcott Parsons (1902-1979) foi um sociólogo norte-
americano, um dos mais destacados representantes da teoria denominada
Estrutural-Funcionalismo, em consequência da sua reformulação do conceito de
sistema social, que se tornou o centro das interpretações fundamentalista.
O funcionalismo é tradicionalmente associado a Émile Durkheim e, mais
recentemente, a Talcott Parsons. Segundo as teses de funcionalistas como
Talcott Parsons, a sociedade e a respectiva cultura formam um sistema integrado
de funções. Proposto como uma alternativa a explicações históricas ao mesmo
tempo que o behaviorismo se popularizava, o funcionalismo foi uma das
primeiras teorias antropológicas do século XX, até ser superado pela
análise estruturo-funcional ou estrutural-funcionalismo.
Divulgador da obra de Durkheim, observa que a educação, entendida como
socialização, é o mecanismo básico de constituição dos sistemas sociais e de
manutenção e perpetuação dos mesmos, em formas de sociedades, e destaca
que sem a socialização, o sistema social é ineficaz de manter-se integrado, de
preservar sua ordem, seu equilíbrio e conservar seus limites.
O equilíbrio é o fator fundamental do sistema social e para que este sobreviva é
necessário que os indivíduos que nele ingressam assimilem e internalizem os
valores e as normas que regem seu funcionamento.
Aqui encontramos uma primeira diferença com o pensamento de Durkheim, que
destaca sempre o aspecto coercitivo da sociedade frente ao indivíduo. Parsons
afirma que é necessário uma complementação do sistema social e do sistema
de personalidade, ambos sistemas tem necessidades básicas que podem ser
resolvidas de forma complementar.
O sistema social para Parsons funciona harmonicamente a partir do equilíbrio do
sistema de personalidade. A criança aceita o marco normativo do sistema social
em troca do amor e carinho maternos.
Este processo se desenvolve através de mediações primarias: os próprios pais
através da internalização de normas, inicia o processo de socialização primaria.
A criança não percebe que as necessidades do sistema social estão se tornando
suas próprias necessidades. Desta maneira, para Parsons, o indivíduo é
funcional para o sistema social. Tanto para Durkheim como para Parsons, os
princípios básicos que fundamentam e regem ao sistema social são:
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continuidade
conservação
ordem
harmonia
equilíbrio
Estes princípios regem tanto no sistema social, como nos subsistemas.
De acordo com Durkheim bem como Parsons, a educação não é um elemento
para a mudança social, e sim , pelo contrario, é um elemento fundamental para
a conservação e funcionamento do sistema social.
Karl Mannheim: (Budapeste, 27 de Março de 1893 — Londres, 9 de Janeiro de
1947) foi um sociólogo judeu nascido na Hungria. Iniciou seus estudos de
filosofia e sociologia em Budapeste participando de um grupo de estudos
coordenado por Georg Lukács. Estudou também em Berlim — onde ouviu as
preleções de Georg Simmel — e Paris. Em Heidelberg, onde Mannheim foi aluno
do sociólogo Alfred Weber, irmão de Max Weber, tornou-se privatdozent a partir
de 1920. Foi professor extraordinário de sociologia em Frankfurt a partir de 1934.
Em 1935, com a ascensão do nazismo Mannheim deixou a Alemanha para
tornar-se professor da London Schoolof Economics. O marxismo exerceu
inicialmente uma forte influência sobre o pensamento de Mannheim, mas acabou
abandonando-o, em parte por não acreditar que fossem necessários meios
revolucionários para atingir uma sociedade melhor. Seu pensamento assemelha-
se em certos aspectos aos de Hegel e Comte: acreditava que, no futuro, o
homem iria superar o domínio que os processos históricos exercem sobre ele.
Foi também muito influenciado pelo historicismo alemão e pelo pragmatismo
inglês. Seu primeiro livro, Ideologieund Utopia (Ideologia e utopia), de 1929, é
também considerado seu mais importante escrito. Nesta obra, Mannheim afirma
que todo ato de conhecimento não resulta apenas da consciência puramente
teórica mas também de inúmeros elementos de natureza não teórica,
provenientes da vida social e das influências e vontades a que o indivíduo está
sujeito. Segundo Mannheim, a influência desses fatores é da maior importância
e sua investigação deveria ser o objeto de uma nova disciplina: a sociologia do
conhecimento. Cada fase da humanidade seria dominada por certo tipo de
pensamento e a comparação entre vários estilos diferentes seria impossível. Em
cada fase aparecem tendências conflitantes, apontando seja para a
conservação, seja para a mudança. A adesão à primeira tende a produzir
ideologias e a adesão à segunda tende a produzir utopias. O pensamento de
Mannheim foi criticado sob alegação de, através do historicismo, conduzir ao
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relativismo. Mannheim negou essa crítica, afirmando
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que o relativismo só existe dentro de uma concepção absolutista das ideologias
ou de qualquer forma de pensamento. Outras investigações importantes de
Mannheim compreendem estudos sobre as relações entre pensamento e ação.
Sua contribuição para a teoria do planejamento e para a caracterização das
sociedades de massa tem especial destaque.
Karl Marx, o filósofo da revolução: Numa de suas frases mais famosas, escrita
em 1845, o pensador alemão Karl Marx (1818-1883) dizia que, até então, os
filósofos haviam interpretado o mundo de várias maneiras. "Cabe agora
transformá-lo", concluía. Coerentemente com essa ideia, durante sua vida
combinou o estudo das ciências humanas com a militância revolucionária,
criando um dos sistemas de ideias mais influentes da história. Direta ou
indiretamente, a obra do filósofo alemão originou várias 12 vertentes
pedagógicas comprometidas com a mudança da sociedade (leia quadro na
página 54). "A educação, para Marx, participa do processo de transformação das
condições sociais, mas, ao mesmo tempo, é condicionada pelo processo", diz
Leandro Konder, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
No século 20, o pensamento de Marx foi submetido a numerosas interpretações,
agrupadas sob a classificação de "marxismo". Algumas sustentaram regimes
políticos duradouros, como o comunismo soviético (1917- 1991) e o chinês (em
vigor desde 1949). Muitos governos comunistas entraram em colapso, por
oposição popular, nas décadas de 1980 e 1990. Em recente pesquisa da rádio
BBC, que mobilizou grande parte da imprensa inglesa, Marx foi eleito o filósofo
mais importante de todos os tempos.
Anton Makarenko, o professor do coletivo: O mestre ucraniano Anton
Makarenko concebeu um modelo de escola baseado na vida em grupo, na
autogestão, no trabalho e na disciplina que contribuiu para a recuperação de
jovens infratores. Imagine um educador que tem como missão dirigir um colégio
interno (na zona rural) cheio de crianças e jovens infratores, muitos órfãos, que
mal sabiam ler e escrever, numa época em que o modelo de escola e de
sociedade estavam em xeque. Como educar? Por onde começar? Anton
Semionovich Makarenko, professor na Ucrânia, país do leste europeu que era
parte da União Soviética na época, foi um dos homens que ajudaram a responder
a essas questões e a repensar o papel da escola e da família na recém-criada
sociedade comunista, no início do século 20. Sua pedagogia tornou-se
conhecida por transformar centenas de crianças e adolescentes marginalizados
em cidadãos. O método criado por ele era uma novidade porque organizava a
escola como coletividade e levava em conta os sentimentos dos alunos na busca
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pela felicidade aliás, um conceito que só teria sentido se fosse para todos. O que
importava eram os interesses da comunidade e a criança tinha privilégios
impensáveis na época, como opinar e discutir suas necessidades no universo
escolar. "Foi a primeira vez que a infância foi encarada com respeito e
direitos", diz Cecília da Silveira
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Luedemann, educadora e autora do livro Anton Makarenko, Vida e Obra A
Pedagogia na Revolução.Mais que educar, com rigidez e disciplina, ele quis
formar personalidades, criar pessoas conscientes de seu papel político, cultas,
sadias e que se tornassem trabalhadores preocupados com o bem-estar do
grupo, ou seja, solidários. Na sociedade socialista de então, o trabalho era
considerado essencial para a formação do homem, não apenas um valor
econômico. Makarenko aprendeu tudo na prática, na base de acertos e erros,
primeiro na escola da Colônia Gorki e, em seguida, na Comuna Dzerjinski. Cada
etapa de suas experiências foi registrada em relatórios, textos e livros. As
dificuldades e os desafios têm muitos paralelos com os dos professores de hoje.
A saída encontrada há quase um século correspondia às necessidades da
época, mas servem de reflexão para buscar soluções atuais e entender a
educação no mundo.
Antônio Gramsci, um apóstolo da emancipação das massas: O filósofo italiano
atribuía à escola a função de dar acesso à cultura das classes dominantes, para
que todos 13 pudessem ser cidadãos plenos. Co-fundador do Partido Comunista
Italiano, Antônio Gramsci (1891-1937) foi uma das referências essenciais do
pensamento de esquerda no século 20. Embora comprometido com um projeto
político que deveria culminar com uma revolução proletária, Gramsci se
distinguia de seus pares por desacreditar de uma tomada do poder que não fosse
precedida por mudanças de mentalidade. Para ele, os agentes principais dessas
mudanças seriam os intelectuais e um dos seus instrumentos mais importantes,
a escola. Alguns conceitos criados ou valorizados por Gramsci hoje são de uso
corrente em várias partes do mundo. Um deles é o de cidadania. Foi ele quem
trouxe à discussão pedagógica a conquista da cidadania como um objetivo da
escola. Ela deveria ser orientada para o que o pensador chamou de elevação
cultural das massas, ou seja, livrá- las de uma visão de mundo que, por se
assentar em preconceitos e tabus, predispõe à interiorização acrítica da
ideologia das classes dominantes. Ao contrário da maioria dos teóricos que se
dedicaram à interpretação e à continuidade do trabalho intelectual do filósofo
alemão Karl Marx (1818-1883), que concentraram suas análises nas relações
entre política e economia, Gramsci deteve-se particularmente no papel da cultura
e dos intelectuais nos processos de transformação histórica. Suas idéias sobre
educação surgem desse contexto. Para entendê-las, é preciso conhecer o
conceito de hegemonia, um dos pilares do pensamento gramsciano. Antes,
deve-se lembrar que a maior parte da obra de Gramsci foi escrita na prisão e só
veio a público depois de sua morte. Para despistar a censura fascista, Gramsci
adotou uma linguagem cifrada, que se desenvolve em torno de conceitos
originais (como bloco histórico, intelectual orgânico, sociedade civil e a citada
hegemonia, para mencionar os mais célebres) ou de expressões novas em lugar
de termos tradicionais (como filosofia da práxis para designar o
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marxismo). Seus escritos têm forma fragmentária, com muitos trechos que
apenas indicam reflexões a serem desenvolvidas.
John Dewey, o pensador que pôs a prática em foco: O filósofo norte- americano
defendia a democracia e a liberdade de pensamento como instrumentos para a
maturação emocional e intelectual das crianças. Quantas vezes você já ouviu
falar na necessidade de valorizar a capacidade de pensar dos alunos? De
prepará-los para questionar a realidade? De unir teoria e prática? De
problematizar? Se você se preocupa com essas questões, já esbarrou, mesmo
sem saber, em algumas das concepções de John Dewey (1859-1952), filósofo
norte-americano que influenciou educadores de várias partes do mundo. No
Brasil inspirou o movimento da Escola Nova, liderado por Anísio Teixeira, ao
colocar a atividade prática e a democracia como importantes ingredientes da
educação. Dewey é o nome mais célebre da corrente filosófica que ficou
conhecida como pragmatismo, embora ele preferisse o nome instrumentalismo -
uma vez que, para essa escola de pensamento, as ideias só têm importância
desde que sirvam de instrumento para a resolução de problemas reais. No
campo específico da pedagogia, a teoria de Dewey se inscreve na chamada
educação progressiva. Um de seus principais objetivos é educar a criança como
um todo. O que importa é o crescimento - físico, emocional e intelectual. O
princípio é que os alunos aprendem melhor realizando tarefas associadas aos
conteúdos ensinados. Atividades manuais e criativas ganharam destaque no
currículo e as crianças passaram a ser estimuladas a experimentar e pensar por
si mesmas. Nesse contexto, a democracia ganha peso, por ser a ordem política
que permite o maior desenvolvimento dos indivíduos, no papel de decidir em
conjunto o destino do grupo a que pertencem. Dewey defendia a democracia não
só no campo institucional mas também no interior das escolas.
Maria Montessori, a médica que valorizou o aluno: Segundo a visão pedagógica
da pesquisadora italiana, o potencial de aprender está em cada um de nós.
Poucos nomes da história da educação são tão difundidos fora dos círculos de
especialistas como Montessori. Ele é associado, com razão, à Educação Infantil,
ainda que não sejam muitos os que conhecem profundamente esse método ou
sua fundadora, a italiana Maria Montessori (1870-1952). Primeira mulher a se
formar em medicina em seu país, foi também pioneira no campo pedagógico ao
dar mais ênfase à auto-educação do aluno do que ao papel do professor como
fonte de conhecimento. "Ela acreditava que a educação é uma conquista da
criança, pois percebeu que já nascemos com a capacidade de ensinar a nós
mesmos, se nos forem dadas as condições", diz Talita de Oliveira Almeida,
presidente da Associação Brasileira de Educação Montessoriana.
Individualidade, atividade e liberdade do aluno são as bases da teoria, com
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ênfase para o conceito de indivíduo como, simultaneamente, sujeito e objeto
do ensino. Montessori defendia uma
concepção de educação que se estende além dos limites do acúmulo de
informações. O objetivo da escola é a formação integral do jovem, uma
"educação para a vida". A filosofia e os métodos elaborados pela médica italiana
procuram desenvolver o potencial criativo desde a primeira infância, associando-
o à vontade de aprender - conceito que ela considerava inerente a todos os seres
humanos. O método Montessori é fundamentalmente biológico. Sua prática se
inspira na natureza e seus fundamentos teóricos são um corpo de informações
científicas sobre o desenvolvimento infantil. Segundo seus seguidores, a
evolução mental da criança acompanha o crescimento biológico e pode ser
identificada em fases definidas, cada uma mais adequada a determinados tipos
de conteúdo e aprendizado. Maria Montessori acreditava que nem a educação
nem a vida deveriam se limitar às conquistas materiais. Os objetivos individuais
mais importantes seriam: encontrar um lugar no mundo, desenvolver um
trabalho gratificante e nutrir paz e densidade interiores para ter capacidade de
amar. A educadora acreditava que esses seriam os fundamentos de quaisquer
comunidades pacíficas, constituídas de indivíduos independentes e
responsáveis. A meta coletiva é vista até hoje por seus adeptos como a finalidade
maior da educação montessoriana.
Ovide Decroly, o primeiro a tratar o saber de forma única: O médico e educador
belga defendia a idéia de que as crianças apreendem o mundo com base em
uma visão do todo. Entre os pensadores da educação que, na virada do século
19 para o 20, contestaram o modelo de escola que existia até então e
propuseram uma nova concepção de ensino, o belga OvideDecroly (1871- 1932)
foi provavelmente o mais combativo. Por ter sido, na infância, um estudante
indisciplinado, que não se adaptava ao autoritarismo da sala de aula nem do
próprio pai, Decroly dedicou-se apaixonadamente a experimentar uma escola
centrada no aluno, e não no professor, e que preparasse as crianças para viver
em sociedade, em vez de simplesmente fornecer a elas conhecimentos
destinados a sua formação profissional. Decroly foi um dos precursores dos
métodos ativos, fundamentados na possibilidade de o aluno conduzir o próprio
aprendizado e, assim, aprender a aprender. Alguns de seus pensamentos estão
bem vivos nas salas de aula e coincidem com propostas pedagógicas difundidas
atualmente. É o caso da ideia de globalização de conhecimentos - que inclui o
chamado método global de alfabetização - e dos centros de interesse. O princípio
de globalização de Decroly se baseia na ideia de que as crianças apreendem o
mundo com base em uma visão do todo, que posteriormente pode se organizar
em partes, ou seja, que vai do caos à ordem. O modo mais adequado de
aprender a ler, portanto, teria seu início nas atividades de associação de
significados, de discursos completos, e não do conhecimento isolado de sílabas
e letras. "Decroly lança a ideia do caráter global da vida intelectual, o princípio
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de que um conhecimento evoca outro e assim sucessivamente", diz Marisa
delCioppo Elias, professora da Faculdade de Educação da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo. Os centros de
interesse são grupos de aprendizado organizados segundo faixas de idade dos
estudantes. Eles também foram concebidos com base nas etapas da evolução
neurológica infantil e na convicção de que as crianças entram na escola dotadas
de condições biológicas suficientes para procurar e desenvolver os
conhecimentos de seu interesse. "A criança tem espírito de observação; basta
não matá-lo", escreveu Decroly.
Édouard Claparède, um pioneiro da psicologia infantil: Édouard Claparède
cientista suíço defendia a necessidade de estudar o funcionamento da mente
infantil e de estimular na criança um interesse ativo pelo conhecimento. Na
história da educação, o nome do psicólogo suíço Édouard Claparède (1873-
1940) se encontra num ponto de confluência de várias correntes de pensamento.
Em sua formação, ele absorveu influências tanto da filosofia como da ciência da
época. E sua obra favoreceu o desenvolvimento de duas das mais importantes
linhas educacionais do século 20, a Escola Nova, cuja representante mais
conhecida foi Maria Montessori (1870-1952), e o cognitivismo de Jean Piaget
(1896-1980), que foi seu discípulo. 16 Muitos pensadores antes de Claparède
pregaram a importância de, na prática pedagógica, se levar em conta os
processos mentais e a evolução das crianças, mas o faziam de um ponto de
vista eminentemente intuitivo. Claparède, ao contrário, tinha formação em
medicina e pretendeu construir uma teoria científica da infância. Na introdução
de seu livro Psicologia da Criança e Pedagogia Experimental, o psicólogo diz
que o ensino precisaria se basear no conhecimento das crianças tanto quanto a
horticultura se baseia no conhecimento das plantas. "Ele achava que a educação
deveria passar por uma ‗revolução copernicana‘, deixando de ter o professor
como centro para gravitar em torno do aluno", diz Regina Helena de Freitas
Campos, professora de psicologia da educação da Universidade Federal de
Minas Gerais.
Célestin Freinet, o mestre do trabalho e do bom senso: O educador francês
desenvolveu atividades hoje comuns, como as aulas-passeio e o jornal de
classe, e criou um projeto de escola popular, moderna e democrática. Muitos dos
conceitos e atividades escolares idealizados pelo pedagogo francês
CélestinFreinet (1896-1966) se tornaram tão difundidos que há educadores que
os utilizam sem nunca ter ouvido falar no autor. É o caso das aulas-passeio (ou
estudos de campo), dos cantinhos pedagógicos e da troca de correspondência
entre escolas. Não é necessário conhecer a fundo a obra de Freinet para fazer
bom uso desses recursos, mas entender a teoria que motivou sua criação deverá
possibilitar sua aplicação integrada e torná-los mais férteis. Freinet se inscreve,
historicamente, entre os educadores identificados com a corrente da Escola
Nova, que, nas primeiras décadas do século 20, se insurgiu contra o ensino
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tradicionalista, centrado no professor e na cultura enciclopédica, propondo em
seu lugar uma educação ativa em torno do aluno. O pedagogo francês somou
ao ideário dos escolanovistas uma visão marxista e popular
tanto da organização da rede de ensino como do aprendizado em si. "Freinet
sempre acreditou que é preciso transformar a escola por dentro, pois é
exatamente ali que se manifestam as contradições sociais", diz Rosa Maria
Whitaker Sampaio, coordenadora do polo São Paulo da Federação Internacional
dos Movimentos da Escola Moderna (Fimem), que congrega seguidores de
Freinet. Na teoria do educador francês, o trabalho e a cooperação vêm em
primeiro plano, a ponto de ele defender, em contraste com outros pedagogos,
incluindo os da Escola Nova, que "não é o jogo que é natural da criança, mas
sim o trabalho". Seu objetivo declarado é criar uma "escola do povo".
Alexander Neill, o promotor da felicidade na sala de aula: O educador escocês
defendia o fim da hierarquia e da rigidez como meio de formar indivíduos livres
e criativos. Venerado pelos amantes da liberdade irrestrita, abominado pelos
partidários de uma educação tradicional e respeitado pelos que reconhecem a
importância de flexibilizar a hierarquia escolar. Assim o educador, escritor e
jornalista Alexander Sutherland Neill (1883-1973) - fundador da
SummerhillSchool, na Inglaterra - viveu boa parte de seus 17 90 anos. Sua
escola tornou-se ícone das pedagogias alternativas ao concretizar um sistema
educativo em que o importante é a criança ter liberdade para escolher e decidir
o que aprender e, com base nisso, desenvolver-se no próprio ritmo. A época em
que ele viveu justifica grande parte de suas ideias. "Depois da Primeira Guerra
Mundial, a humanidade sentiu-se desapontada consigo mesma ao ver as
grandes invenções utilizadas para a destruição", conta Luiz Fernando Sangenis,
professor de filosofia da educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Doutrinas totalitárias como o fascismo, o nazismo e o comunismo se
estabeleceram, fazendo com que diversos pensadores começassem a clamar
por liberdade de pensamento e de ação. "Nossa cultura não tem tido grande
sucesso. Nossa educação, nossa política, nossa economia levam à guerra.
Nossa medicina não põe fim às moléstias. Nossa religião não aboliu a usura, o
roubo... Os progressos da época são progressos da mecânica em rádio e
televisão, em eletrônica, em aviões a jato. Ameaçam-nos novas guerras
mundiais, pois a consciência social do mundo ainda é primitiva", escreveu Neill
no livro Liberdade sem Medo. Disposto a construir um mundo melhor por meio
da escola, Neill tornou-se um dos mais importantes educadores das décadas de
1960 e 1970. Seu respeito pela infância e sua coragem em manter uma posição
de independência fazem com que até hoje ele mereça ser revisto e estudado.
Pierre Bourdieu, o investigador da desigualdade: O sociólogo francês detectou
mecanismos de conservação e reprodução em todas as áreas da atividade
humana, entre elas, o sistema educacional. Embora a maioria dos grandes
pensadores da educação tenha desenvolvido suas teorias com base numa visão
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crítica da escola, somente na segunda metade do século 20 surgiram
questionamentos bem fundamentados sobre a neutralidade da instituição. Até ali
a instrução era vista como um meio de elevação cultural mais ou menos à parte
das tensões sociais. O francês Pierre Bourdieu (1930-2002) empreendeu uma
investigação sociológica do conhecimento que detectou um jogo de dominação
e reprodução de valores. Suas pesquisas exerceram forte influência nos
ambientes pedagógicos nas décadas de 1970 e 1980. "Desde então, as teorias
de reprodução foram criticadas por exagerar a visão pessimista sobre a escola",
diz Cláudio Martins Nogueira, professor da Universidade Federal de Minas
Gerais. "Vários autores passaram a mostrar que nem sempre as desigualdades
sociais se reproduzem completamente na sala de aula." Na essência, contudo,
as conclusões de Bourdieu não foram contestadas. Na mesma época em que as
restrições a sua obra acadêmica se tornaram mais frequentes, a figura pública
do sociólogo ganhou notoriedade pelas críticas à mídia, aos governos de
esquerda da Europa e à globalização. Ele costuma ser incluído na tradição 18
francesa do intelectual público e combativo, a exemplo do escritor Émile Zola
(1840- 1902) e do filósofo Jean Paul Sartre (1905-1980).
Louis Althusser Louis Althusser nasceu em 16 de outubro de 1918 na cidade
de Birmandrais, na Argélia.
Sua produção intelectual se estenderá até os anos 80, com retificações,
aprofundamentos e o desenvolvimento de uma original teoria da ideologia e dos
Aparelhos Ideológicos de Estado.
A principal contribuição que Althusser deu à teoria marxista foi a crítica ao
economismo e ao humanismo que dominavam as leituras de Marx.
Demonstrando a irremediável ruptura entre Hegel e Marx, Althusser oferece uma
nova periodização da obra marxiana, distinguindo um período de juventude,
ainda ideológico, não-marxista, um período de maturação, no qual Marx formula
o corpo conceitual de sua teoria, mas ainda em parte prisioneiro da ideologia
burguesa, e o período da maturidade, em que a teoria do materialismo histórico
é fundada em bases científicas rigorosas. Assim, por meio do conceito de corte
epistemológico, Althusser deixa ver na própria constituição da teoria marxista a
emergência da problemática científica do interior do campo da ideologia e em
luta com ele. A afirmação do caráter materialista da teoria de Marx, formada por
um conjunto de conceitos científicos, como os de modo de produção, relações
de produção, forças produtivas, ideologia, luta de classes, infraestrutura,
superestrura, etc, vai se contrapor à interpretação do marxismo como um vago
humanismo, ancorado na noção de homem e de seus "predicados", que remete
ao direito burguês e à circulação mercantil, e que sustenta, portanto, os "valores"
da própria ideologia burguesa dominante. Igualmente, Althusser rompe com a
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concepção de que para Marx o "motor" do processo social e histórico seria o
desenvolvimento das
forças produtivas, de tal sorte que um progresso linear em direção ao comunismo
já estaria inscrito na história como destino inelutável. Rompendo com essa
concepção teleológica e economicista, Althusser mostra que Marx,
especialmente em O capital, sustenta o primado das relações de produção,
abrindo a história para as incertezas da luta de classes. Dessa leitura de Marx,
que põe no centro de sua concepção a luta de classes, Althusser recupera a
noção de determinação em última instância do econômico, dando assim às
instâncias da superestrutura uma eficácia própria que pode permitir a elas jogar
o papel dominante na reprodução das relações sociais. A dialética marxiana,
assim, é o contrário direto da dialética hegeliana, na qual a contradição se
apresenta como o desdobramento de um princípio interno simples, ao passo que
em Marx ela é sempre sobre determinada, isto é, a contradição nunca se
apresenta pura, mas como uma conjunção de determinações eficazes incidindo
sobre um determinado objeto. Althusser criticou também a concepção de
ideologia como falsa consciência, compreendendo-a como "uma representação
da relação imaginária dos indivíduos com as relações de produção e com as
relações delas derivadas", e lhe emprestando uma irredutível materialidade, tal
como aparece no conceito de Aparelhos Ideológicos de Estado, que veio permitir
que a concepção marxiana de Estado fosse ampliada e aprofundada.
Louis Althusser analisa o processo social como fenômeno objetivo, e não como
o resultado da vontade de um sujeito. A sua intervenção teórica ao romper com
os limites impostos pelas leituras hegelianas de Marx, põe em evidência a
capacidade explicativa e transformadora do marxismo, constituindo, assim, entre
as análises marxistas, uma referência importante para a luta dos trabalhadores
contra o capital.
Establet e Christian Baudelot escreveram em 1971 ―A escola capitalista na
França‖. Um dos pontos bastante interessantes trata da crítica que os autores
fizeram aos seus compatriotas Bourdieu e Passeron. O livro observa a
contradição real entre classe dominante e classe dominada e leva em conta a
força latente da ideologia do proletariado. Establet e Baudelot: se vivemos em
uma sociedade dividida em classes, não é possível haver uma escola única.
Existem na verdade duas escolas totalmente diferentes, antagônicas em todos
os sentidos. As duas grandes redes de escolaridade são a secundária superior
(SS) e a primária profissional (PP), que corresponde a divisão da sociedade
proletária e burguesa. Desde o começo, os filhos dos proletariados são
destinados a não atingir níveis de ensino superiores, sendo encaminhados para
atividades manuais. A escola, neste caso, tem a função de reproduzir as divisões
sociais já existentes. Desse modo, observa-se que a escola reafirma a divisão
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entre trabalho intelectual e trabalho manual, já que nessa dicotomia repousa a
possibilidade material da manutenção da estrutura capitalista. Diferente de
Bourdieu e Passeron, para Establet e Baudelot o proletariado
possui ideologia própria, que se origina fora da escola, nas diversas
organizações de operários. Por isso, cabe à escola não só inculcar a ideologia
burguesa, mas também recalcar e disfarçar a nascente ideologia do proletariado.
Max Weber ( 1864-1920): SOCIEDADE, EDUCAÇÃO E
DESENCANTAMENTO As sociologias de Durkheim e Marx, já vimos, partiram
da ideia de que só é possível compreender as relações entre os homens se
compreendermos a sociedade que os obriga, em níveis e em medidas diversas,
a agir de acordo com forças estranhas a suas vontades individuais, e impositivas
com relação a elas. (...) (p.51). - Para Durkheim a educação é o mecanismo pelo
qual o indivíduo torna-se membro da sociedade. - Para Marx a sociedade é um
mecanismo que, conforme o conteúdo de classe, pode ser utilizado para oprimir
ou para emancipar o homem. A sociologia de Max Weber (1864-1920) aponta
para outra compreensão: A sociedade não é apenas uma
―coisa‖ exterior e coercitiva que determina o comportamento dos indivíduos,
mas o resultado de inúmeras interações interindividuais. A sociedade não é
aquilo que pesa sobre os indivíduos, mas aquilo que se veicula entre eles. Weber
eo pensamento sociológico: A sociologia weberiana gira em torno do conceito de
―ação social‖ e do postulado de que a sociologia é uma ciência
―compreensiva‖. Diferentemente das ciências naturais, para as quais os
acontecimentos são relativamente independentes do cientista que os analisa,
nas ciências sociais os acontecimentos dependem fundamentalmente da postura
e da própria ação do investigador. = A realidade não é uma coisa em si. Ela
ganha um determinado rosto conforme o olhar que você lança sobre ela. Weber
se recusa a tratar os ―fatos‖ sociais como se fossem ―coisas‖. Para ele, as coisas
que eu vejo podem ser diferentes das coisas que você vê; pode ser também que
as coisas que eu vejo não são coisas para você. A razão disso é que os homens
veem o mundo que os cerca a partir de seus valores. Os valores são
compartilhados, mas são introjetados (subjetivados) de modos distintos,
conforme o processo de interação em que o indivíduo está inserido. Como Weber
concebe a realidade? Como o encontro entre os homens e os valores aos quais
eles se vinculam e os quais articulam de modos distintos no plano subjetivo. As
ciências sociais (que Weber chama de ciências da cultura) são vistas como a
possibilidade de captação da interação entre homens e valores no seio da vida
cultural (captação da ação social) Para Weber, como a realidade é infinita,
apenas um fragmento de cada vez pode ser objeto do conhecimento. O ―todo‖
(a sociedade) que supostamente pesaria sobre as partes (os indivíduos) é
incompreensível se for tratado como um todo, como uma coisa. Este todo reside
na interação entre as partes e não é possível conhecer todas elas ao mesmo
tempo, porque são muitas e porque se renovam a cada dia.
34. http://www.simuladoprofessor.com.br/
Anísio Teixeira: inventor da escola pública no Brasil. O educador propôs e
executou medidas para democratizar o ensino brasileiro e defendeu a experiência
do aluno como base do aprendizado. Considerado o principal idealizador das
grandes mudanças que marcaram a educação brasileira no século 20, Anísio
Teixeira (1900-1971) foi pioneiro na implantação de escolas públicas de todos os
níveis, que refletiam seu objetivo de oferecer educação gratuita para todos. Como
teórico da educação, Anísio não se preocupava em defender 21 apenas suas
ideias. Muitas delas eram inspiradas na filosofia de John Dewey (1852- 1952), de
quem foi aluno ao fazer um curso de pós- graduação nos Estados Unidos. Dewey
considerava a educação uma constante reconstrução da experiência. Foi esse
pragmatismo, observa a professora Maria Cristina Leal, da Universidade do Estado
do Rio de Janeiro, que impulsionou Anísio a se projetar para além do papel de
gestor das reformas educacionais e atuar também como filósofo da educação. A
marca do pensador Anísio era uma atitude de inquietação permanente diante dos
fatos, considerando a verdade não como algo definitivo, mas que se busca
continuamente. Para o pragmatismo, o mundo em transformação requer um novo
tipo de homem consciente e bem preparado para resolver seus próprios problemas
acompanhando a tríplice revolução da vida atual: intelectual, pelo incremento das
ciências; industrial, pela tecnologia; e social, pela democracia. Essa concepção
exige, segundo Anísio, "uma educação em mudança permanente, em permanente
reconstrução".
Paulo Freire: Paulo Freire (1921-1997) foi o mais célebre educador brasileiro, com
atuação e reconhecimento internacionais. Conhecido principalmente pelo método
de alfabetização de adultos que leva seu nome, ele desenvolveu um pensamento
pedagógico assumidamente político. Para Freire, o objetivo maior da educação é
conscientizar o aluno. Isso significa, em relação às parcelas desfavorecidas da
sociedade, levá-las a entender sua situação de oprimidas e agir em favor da própria
libertação. O principal livro de Freire se intitula justamente Pedagogia do Oprimido
e os conceitos nele contidos baseiam boa parte do conjunto de sua obra.
Ao propor uma prática de sala de aula que pudesse desenvolver a criticidade dos
alunos, Freire condenava o ensino oferecido pela ampla maioria das escolas (isto
é, as "escolas burguesas"), que ele qualificou de educação bancária. Nela, segundo
Freire, o professor age como quem deposita conhecimento num aluno apenas
receptivo, dócil. Em outras palavras, o saber é visto como uma doação dos que se
julgam seus detentores. Trata-se, para Freire, de uma escola alienante, mas não
menos ideologizada do que a que ele propunha para despertar a consciência dos
oprimidos. "Sua tônica fundamentalmente reside em matar nos educandos a
curiosidade, o espírito investigador, a criatividade", escreveu o educador. Ele dizia
que, enquanto a
escola conservadora procura acomodar os alunos ao mundo existente, a
35. http://www.simuladoprofessor.com.br/
educação que defendia tinha a intenção de inquietá-los.
O ambiente político-cultural em que Paulo Freire elaborou suas idéias e começou
a experimentá-las na prática foi o mesmo que formou outros intelectuais de
primeira linha, como o economista Celso Furtado e o antropólogo Darcy Ribeiro
(1922-1997). Todos eles despertaram intelectualmente para o Brasil no período
iniciado pela revolução de 1930 e terminado com o golpe militar de 1964. A
primeira data marca a retirada de cena da oligarquia cafeeira e a segunda, uma
reação de força às contradições criadas por conflitos de interesses entre grandes
grupos da sociedade. Durante esse intervalo de três décadas ocorreu uma
mobilização inédita dos chamados setores populares, com o apoio engajado da
maior parte da intelectualidade brasileira. Especialmente importante nesse
processo foi a ação de grupos da Igreja Católica, uma inspiração que já marcara
Freire desde casa (por influência da mãe). O Plano Nacional de Alfabetização
do governo João Goulart, assumido pelo educador, se inseria no projeto
populista do presidente e encontrava no Nordeste - onde metade da população
de 30 milhões era analfabeta - um cenário de organização social crescente,
exemplificado pela atuação das Ligas Camponesas em favor da reforma agrária.
No exílio e, depois, de volta ao Brasil, Freire faria uma reflexão crítica sobre o
período, tentando incorporá-la a sua teoria pedagógica.
―Estude os demais teóricos, pois a banca pode cobrar além
dos que relacionei aqui‖.
28
Qual a importância das tendências pedagógicas na relação educação e
sociedade e na nossa prática educativa?
Serviu e ainda serve para agirmos com nível significativo de consciência na
prática pedagógica, e produzir criticamente, uma visão que venha nortear o nosso
trabalho.
Tendências Pedagógicas segundo Libâneo
37. http://www.simuladoprofessor.com.br/
1. PEDAGOGIAS LIBERAIS
1.1 Tendência liberal tradicional: Segundo LIBÂNEO, a tendência liberal
tradicional sustenta a ideia de que a escola tem por função preparar os indivíduos
para o desempenho de papéis sociais, de acordo com as aptidões individuais.
Isso pressupõe que o indivíduo precisa adaptar-se aos valores e normas
vigentes na sociedade de classe, através do desenvolvimento da cultura
individual. Devido a essa ênfase no aspecto cultural, as diferenças entre as
classes sociais não são consideradas, pois, embora a escola passe a difundir a
ideia de igualdade de oportunidades, não leva em conta a desigualdade de
condições. Esta tendência é uma justificação do sistema capitalista. Difunde a
ideia de igualdades de condições. Os procedimentos didáticos, as relações
professor/aluno não têm nenhuma relação com o cotidiano do aluno e muito
menos com as realidades sociais.
1.2 Tendência Liberal Renovada Progressivista Segundo essa perspectiva
teórica de Libâneo, a tendência liberal renovada progressivista (ou pragmatista)
acentua o sentido da cultura como desenvolvimento das aptidões individuais A
escola continua, dessa forma, a preparar o aluno para assumir seu papel na
38. http://www.simuladoprofessor.com.br/
sociedade, adaptando as necessidades do educando ao meio social, por isso ela
deve imitar a vida. Se, na tendência liberal tradicional, a atividade pedagógica
estava centrada no professor, na escola renovada progressivista, defende-se a
idéia de "aprender fazendo", portanto centrada no aluno, valorizando as
tentativas experimentais, a pesquisa, a descoberta, o estudo do meio natural e
social, etc., levando em conta os interesses do aluno. Como pressupostos de
aprendizagem, aprender se torna uma atividade de descoberta, é uma auto-
aprendizagem, sendo o ambiente apenas um meio estimulador, conforme
Libâneo. Só é retido aquilo que se incorpora à atividade do aluno, através da
descoberta pessoal; o que é incorporado passa a compor a estrutura cognitiva
para ser empregado em novas situações. O papel da escola é adaptar o aluno
ao meio onde vive, enfatiza-se o aprender a aprender. O método utilizado é o
trabalho em grupo, aprender fazendo. Não há lugar especial para o professor,
ele tenta harmonizar a disposição do aluno.
1.3 Tendência Liberal Renovada Não-Diretiva Acentua-se, nessa tendência,
o papel da escola na formação de atitudes, razão pela qual deve estar mais
preocupada com os problemas psicológicos do que com os pedagógicos ou
sociais, conforme Libâneo. Todo o esforço deve visar a uma mudança dentro do
indivíduo, ou seja, a uma adequação pessoal às solicitações do ambiente.
Aprender é modificar suas próprias percepções. Apenas se aprende o que
estiver significativamente relacionado com essas percepções. A retenção se dá
pela relevância do aprendido em relação ao "eu", o que torna a avaliação escolar
sem sentido, privilegiando-se a auto-avaliação. Trata-se de um ensino centrado
no aluno, sendo o professor apenas um facilitador, ou seja, o papel da escola é
promover o auto desenvolvimento pessoal, os alunos buscam por si mesmo os
conhecimentos. O professor é o próprio método, é facilitador. A educação é
centrada no aluno, o professor é especialista em relações humanas.
1.4 Tendência Liberal Tecnicista A escola liberal tecnicista, segundo Libâneo,
atua no aperfeiçoamento da ordem social vigente (o sistema capitalista),
articulando-se diretamente com o sistema produtivo; para tanto, emprega a
ciência da mudança de comportamento, ou seja, a tecnologia comportamental.
Seu interesse principal é, portanto, produzir indivíduos "competentes" para o
mercado de trabalho, não se preocupando com as mudanças sociais. O papel
da escola é produzir indivíduos competentes para o mercado de trabalho. Os
conteúdos de ensino são por princípios científicos. Os métodos de ensino são
através de procedimentos que assegurem a transmissão e recepção de
informações. O professor é o elo entre a verdade científica e o aluno.
1. PEDAGOGIAS PROGUESSISTAS
Professora Andréia Sousa
39. http://www.simuladoprofessor.com.br/
2.1 Tendência Progressista Libertadora As tendências progressista
libertadora e libertária têm, em comum, a defesa da autogestão pedagógica e o
anti-autoritarismo. A escola libertadora, também conhecida como a pedagogia
de Paulo Freire, vincula a educação à luta e organização de classe do oprimido.
Como pressuposto de aprendizagem, a força motivadora deve decorrer da
codificação de uma situação-problema que será analisada criticamente,
envolvendo o exercício da abstração, pelo qual se procura alcançar, por meio de
representações da realidade concreta, a razão de ser dos fatos. Assim, como
afirma Libâneo, aprender é um ato de conhecimento da realidade concreta, isto
é, da situação real vivida pelo educando, e só tem sentido se resulta de uma
aproximação crítica dessa realidade. Portanto o conhecimento que o educando
transfere representa uma resposta à situação de opressão a que se chega pelo
processo de compreensão, reflexão e crítica.
2.2 Tendências Progressista Libertária A escola progressista libertária parte
do pressuposto de que somente o vivido pelo educando é incorporado e utilizado
em situações novas, por isso o saber sistematizado só terá relevância se for
possível seu uso prático. Segundo Libâneo, a ênfase na aprendizagem informal,
via grupo, e a negação de toda forma de repressão, visam a favorecer o
desenvolvimento de pessoas mais livres. No ensino da língua, procura valorizar
o texto produzido pelo aluno, além da negociação de sentidos na leitura. Esta
tendência caracteriza-se pela auto-gestão pedagógica, pelo processo de
aprendizagem grupal, é uma educação popular, não formal.
2.3 Tendência Progressista Crítico-Social dos Conteúdos Conforme
Libâneo, a tendência progressista crítico-social dos conteúdos, diferentemente
da libertadora e libertária, acentua a primazia dos conteúdos no seu confronto
com as realidades sociais. A atuação da escola consiste na preparação do aluno
para o mundo adulto e suas contradições, fornecendo-lhe um instrumental, por
meio da aquisição de conteúdos e da socialização, para uma participação
organizada e ativa na democratização da sociedade. Na visão da pedagogia dos
conteúdos, admite-se o princípio da aprendizagem significativa, partindo do que
o aluno já sabe. A transferência da aprendizagem só se realiza no momento da
síntese, isto é, quando o aluno supera sua visão parcial e confusa e adquire uma
visão mais clara e unificadora, acentuando a primazia dos conteúdos no seu
confronto com as realidades sociais. A escola serve como mediadora entre o
indivíduo e o social, estimulando o saber elaborado. Considerações finais: De
acordo com este resumo do quadro teórico de José Carlos Libâneo, deduz-se
que as tendências pedagógicas liberais, ou seja, a tradicional, a renovada e a
tecnicista, por se declararem neutras, nunca assumiram compromisso com as
transformações da sociedade, embora, na
prática, procurassem legitimar a ordem econômica e social
40. http://www.simuladoprofessor.com.br/
do sistema capitalista. Já as tendências pedagógicas
progressistas, em oposição às liberais, têm em comum a
análise crítica do sistema capitalista.
QUADRO SÍNTESE DAS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
Nome da
Tendência
Pedagógica
Papel da
Escola Conteúdos Métodos
Professor
x
aluno
Aprendizagem Manifestações
Pedagogia
Liberal
Tradicional.
Preparação
intelectual e
moral dos
alunos para
assumir seu
papel na
sociedade.
Conhecimento e
valores sociais
acumulados
através dos
tempos e
repassados aos
alunos como
verdades
absolutas.
Exposição e
demonstração
vebel da
matéria e/ou
por meios de
modelos.
Autoridade do
professor que
exige atitude
receptiva do
aluno.
Aprendizagem
receptiva e
mecânica, sem
se considerar
as
características
próprias de
cada idade.
Na escola que
adotam filosofias
humanistas ou
clássicas ou
científicas.
Tendência
Liberal
Renovada
Progressiva.
A escola deve
adequar as
necessidades
individuais ao
meio social.
Estabelecidos a
partir das
experiências
vividas pelos
alunos frente às
situações
problemas.
Por meio de
experiências,
pesquisas e
método de
solução de
problemas.
O professor é o
auxiliador no
desenvolvimento
livre da criança.
É baseada na
motivação e na
estimulação de
problemas.
Montessory
Decroly
Dewey
Piaget
Lauro de Oliveira
Lima.
Tendência
Liberal
Renovadora
não-diretiva
(Escola
Nova)
Formação de
atitudes.
Baseia-se na
busca dos
conhecimentos
pelos próprios
alunos.
Método
baseado na
facilitação da
aprendizagem.
Educação
centralizada no
aluno e o
professor é quem
garantirá um
relacionamento
de respeito.
Aprender é
modificar as
percepções da
realidade.
Carl Rogers.
―Sumermerhill‖
escola de A.
Neill.
Tendência
Liberal
Tecnicista
É modeladora
do
comportamento
humano
através de
técnicas
específicas.
São
Informações
ordenadas
numa sequência
lógica e
psicológica.
Procedimentos
e técnicas para
a transmissão
e recepção de
informações.
Relação objetiva
onde o professor
transmite
informações e o
aluno vai fixa-las.
Aprendizagem
baseada no
desempenho
Leis 5.540/68 e
5.692/71.
Nome da
Tendência
Pedagógica
Papel da Escola Conteúdos Métodos
Professor
x
aluno
Aprendizagem Manifestaçõ
Tendências
Progressista
Libertadora
Não atua em
escolas, porém
visa levar
professores e
alunos a atingir
Temas
geradores.
Grupos de
discussão.
A relação é de
igual para igual,
horizontalmente.
Resolução da
situação
problema.
Paulo Freire
41. http://www.simuladoprofessor.com.br/
um nível de
consciência da
realidade em que
vivem na busca
da transformação
social.
Tendência
Progressista
Libertária.
Transformação da
personalidade
num sentido
libertário e
autogestionário.
As matérias
são colocadas
mas não
exigidas.
Vivências
grupal na
forma de
auto-gestão.
É não diretiva, o
professor é
orientador e os
alunos livres.
Aprendizagem
informal, via
grupo.
C. Freinet
Miguel
Gonzales
Arroyo.
Tendência
Progressista
―crítico social
dos
conteúdos‖ ou
―histórico-
crítica‖.
Difusão dos
conteúdos.
Conteúdos
culturais
universais que
são
incorporados
pela
humanidade.
O método
parte de uma
relação direta
da
experiência
do aluno
confrontada
com o saber
Papel do aluno
como participador
e do professor
como mediador
entre o saber e o
aluno.
Baseadas nas
estruturas
cognitivas já
estruturadas
nos alunos.
Markarenko
B. Charlot
Suchodosk
Manacorda
G. Snyders
Demerval
Saviani.
Didática e prática histórico-social. A didática na formação
do professor.
Aspectos pedagógicos e sociais da prática educativa,
segundo as tendências pedagógicas.
Libâneo em seu livro Didática, nos orienta a respeito da
didática O autor começa o tema situando a didática no
conjunto dos conhecimentos pedagógicos, demonstrando a
fundamental importância do ato de ensinar na formação
humana para vivermos em sociedade. Neste capítulo, o autor
aborda a prática educativa em sociedade, a diferença entre
a educação, instrução e ensino; a educação, o escolar,
pedagogia e didática, e a didática e sua importância na
formação dos professores.
A Didática e a formação profissional do professor
Existem duas dimensões da formação profissional do
professor para o trabalho didático em sala de aula. A primeira
destas dimensões é a teórico-científica formada de
conhecimentos de filosofia, sociologia, história da educação
e pedagogia.
A segunda é a técnico–prática, que representa o trabalho
docente incluindo a didática, metodologias, pesquisa e
42. http://www.simuladoprofessor.com.br/
outras facetas práticas do trabalho do professor. Neste
subtítulo, Libâneo define a didática como a mediação entre
as dimensões teórico-científica e a prática docente.
Desenvolvimento histórico da Didática e tendências pedagógicas
Libâneo afirma que a didática e sua história estão ligadas ao aparecimento
do ensino.
Desde a antiguidade clássica ou no período medieval já temos registro de
formas de ação pedagógicas em escolas e mosteiros. Entretanto, a
didática aparece em obra em meados do século XVII, com João Amos
Comenio, ao escrever a primeira obra sobre a didática "A didática Magna",
estabelecendo na obra alguns princípios com:
1. A finalidade da educação é conduzir a felicidade eterna com Deus.
2. O homem deve ser educado de acordo com o seu desenvolvimento
natural, isto é de acordo com suas características de idade e capacidade.
3. A assimilação dos conhecimentos não se da de forma imediata.
4. O ensino deve seguir o curso da natureza infantil; por isto as coisas
devem ser ensinadas uma de cada vez.
Tendências pedagógicas no Brasil e a Didática
Nos últimos anos, no Brasil, vêm sendo realizados muitos estudos sobre a
história da didática no nosso país e suas lutas, classificando as tendências
pedagógicas em duas grandes correntes: as de cunho liberal e as de cunho
progressivista.
Estas duas correntes têm grandes diferenças entre si. A tradicional vê a
didática como uma disciplina normativa, com regras e procedimentos
padrões, centrando a atividade de ensinar no professor e usando a palavra
(transmissão oral) como principal recurso pedagógico. Já a didática de
cunho progressivista é entendida como direção da aprendizagem, o aluno
é o sujeito deste processo e o professor deve oferecer condições propícias
para estimular o interesse dos alunos por esta razão os adeptos desta
tendência dizem que o professor não ensina; antes, ajuda o aluno a
prender.
Também temos aqui colocado pelo autor as tendências principais desta
evolução e suas principais publicações na época. Vimos também que as
tendências progressivas só tomaram força nos anos 80, com as
43. http://www.simuladoprofessor.com.br/
denominadas "teorias críticas da educação". O autor lista também as várias
divisões destas duas tendências e explica suas diferenças vitais.
Sem dúvida, o objetivo do estudo da didática é o processo de ensino.
Podemos definir, conforme o autor, o processo de ensino como uma
sequência de atividades do professor e dos alunos tendo em vista a
assimilação de conhecimentos e habilidades. Destaca a importância da
natureza do trabalho docente como a mediação da relação cognoscitiva
entre o aluno e as mateiras de ensino. Libâneo ainda coloca que ensinar e
aprender são duas facetas do mesmo processo, que se realiza em torno
das matérias de ensino sob a direção do professor.
Os componentes do processo didático:
O ensino, por mais simples que pareça, envolve uma atividade complexa,
sendo influenciado por condições internas e externas. Conhecer estas
condições é fator fundamental para o trabalho docente. A situação didática
em sala de aula esta sujeita também a determinantes econômico-sociais e
sócio– culturais, afetando assim a ação didática diretamente.
Assim sendo, o processo didático está centrado na relação entre ensino e
aprendizagem.
Podemos daí determinar os elementos constitutivos da Didática:
1. Conteúdos da matérias;
2. Ação de ensinar;
3. Ação de aprender.
A estrutura da aula deve ter um trabalho ativo e conjunto entre professor e
aluno, ligado estreitamente com a metodologia específica das matérias,
avaliar
Relações presentes na prática pedagógica: ensino-aprendizagem,
professor-aluno, teoria-prática, conteúdo-método, objetivo-avaliação.
Componentes do processo de ensino: objetivos; conteúdos; métodos,
técnicas e meios.
Planejamento e organização
Dimensões do processo didático na educação básica: ensinar, aprender e
44. http://www.simuladoprofessor.com.br/
porém, não se identifica com leia. A cinco momentos da metodologia de
ensino na sala de aula:
1. Orientação inicial dos objetivos de ensino aprendizagem;
2. Transmissão /assimilação da matéria nova;
3. Consolidação e aprimoramento dos conhecimentos, habilidades e hábitos;
4. Aplicação de conhecimentos, habilidades e hábitos;
5. Verificação e avaliação dos conhecimentos e habilidades.
A tarefa principal do professor é garantir a unidade didática do ensino e
aprendizagem. Que consiste planejar, dirigir e controlar o processo de ensino.
É necessário compreender: Aprendizagem – a condução no processo de ensino
requer.
a) O processo de assimilação ativa
b) Os níveis de aprendizagem
c) Momentos interligados do processo de assimilação ativa
d) E as características da aprendizagem escolar.
O ensino – É uma combinação entre a condução de processo de ensino pelo
professor e assimilação ativa como atividade autônoma e independente do
aluno. E com três funções inseparáveis:
a) organizar os conteúdos para a sua transmissão, de forma que os alunos
possam ter uma relação subjetiva.
b) Ajudar os alunos a conhecerem as suas possibilidades de aprender.
c) dirigir e controlar a atividade docente para os objetivos da aprendizagem.
Enfim o ensino visa estimular, dirigir, incentivar, impulsionar o processo de
aprendizagem do aluno. Existindo assim uma interação recíproca entre eles.
A direção do ensino e aprendizagem requer outros procedimentos do
professor:
a. Conhecimento das funções didáticas.
b. Compatibilizar princípios gerais com conteúdos e métodos da disciplina.
c. Domínio dos métodos e de recursos tauxiares.
45. http://www.simuladoprofessor.com.br/
d. Habilidade de expressar ideias com clareza.
e. Tornar os conteúdos reais.
f. Saber formular perguntas e problemas.
g. Conhecimento das habilidades reais dos alunos.
h. Oferecer métodos que valorizem o trabalho intelectual independente.
i. Ter uma linha de conduta de relacionamento com os alunos.
j. Estimular o interesse pelo estudo.
Relações Professor-Aluno
Um fator fundamental do trabalho docente trata da relação entre o aluno e o
professor, da forma de se comunicar, se relacionar afetivamente, as dinâmicas
e observações são fundamentais para a organização e motivação do trabalho
docente. O autor chama isto de "situação didática" para alcançarmos com
sucesso os objetivos do processo de ensino.
Aspectos sócio-emocionais:
Estes aspectos são os vínculos afetivos entre o professor e os alunos. É preciso
aprender a combinar a severidade e o respeito. Deve-se entender que neste
processo pedagógico a autoridade e a autonomia devem conviver juntas, a
autoridade do professor e a autonomia do aluno, não de forma contraditória
comum pode parecer mais de forma complementar.
A disciplina na classe
Uma das grandes dificuldades em sala de aula é a chamado "controle da
disciplina".
Não existe uma fórmula mágica para esta tarefa, mas o autor coloca que a
disciplina na classe está tão diretamente ligada à prática docente, quanto à
autoridade profissional, moral e técnica do professor. Este conjunto de
características é que vai determinar a disciplina na classe.
A relação objetivo-conteúdo-método
Um entendimento global sobre esta relação é que os métodos não têm vida sem
os objetivos e conteúdos, dessa forma a assimilação dos conteúdos depende
dos métodos de ensino e aprendizagem. Com isto, a maior característica deste
processo é a interdependência, onde o conteúdo determina o método por ser a
base informativa dos objetivos, porém, o método também pode ser conteúdo
quando for objeto da assimilação.
46. http://www.simuladoprofessor.com.br/
O que realmente importa é que esta relação de unidade entre objetivo-
conteúdo–método constitua a base do processo didático.
Os princípios básicos do ensino
Estes princípios são os aspectos gerais do processo de ensino que
fundamentam teoricamente a orientação do trabalho docente. Estes princípios
também e fundamentalmente indicam e orientam a atividade do professor rumo
aos objetivos gerais e específicos. Estes princípios básicos de ensino são:
1. Ter caráter científico e sistemático - O professor deve buscar a explicação
científica do conteúdo; orientar o estudo independente, utilizando métodos
científicos; certificar-se da consolidação da matéria anterior antes de introduzir
as matérias novas; organizar a sequência entre conceitos e habilidades; ter
unidade entre objetivos-conteúdos-métodos; organizar a aula integrando seu
conteúdo com as demais matérias; favorecer a formação, atitudes e convicções.
2. Ser compreensível e possível de ser assimilado - Na prática, para se entender
estes conceitos, deve-se: dosar o grau de dificuldade no processo de ensino;
fazer um diagnóstico periódico; analisar a correspondência entre o nível de
conhecimento e a capacidade dos alunos; proporcionar o aprimoramento e a
atualização constante do professor.
3. Assegurar a relação conhecimento-prática – Para oferecermos isto aos
alunos deve-se: estabelecer vínculos entre os conteúdos e experiências e
problemas da vida prática; pedir para os alunos sempre fundamentarem aquilo
que realizam na prática; mostrar a relação dos conhecimentos com o de outras
gerações.
4. Assentar-se na unidade ensino-aprendizagem - ou seja, na prática:
esclarecer os alunos sobre os objetivos das aulas, a importância dos
conhecimentos para a sequência do estudo; provocar a explicitação da
contradição entre ideias e experiências; oferecer condições didáticas para o
aluno aprender independentemente; estimular o aluno a defender seus pontos
de vista e conviver com o diferente; propor tarefas que exercitem o pensamento
e soluções criativas; criar situações didáticas que ofereçam aplicar conteúdos
em situações novas; aplicar os métodos de soluções de problemas.
5. Garantir a solidez dos conhecimentos
6. Levantar vínculos para o trabalho coletivo-particularidades individuais, deve-
se adotar as seguintes medidas para isto acontecer: explicar com clareza os
47. http://www.simuladoprofessor.com.br/
objetivos; desenvolver um ritmo de trabalho que seja possível da turma
acompanhar; prevenir a influência de particularidades desfavoráveis ao trabalho
do professor; respeitar e saber diferenciar cada aluno e seus ritmos específicos.
Classificação dos métodos-técnicas de ensino
Sabe-se que existem vários tipos de classificação de métodos, seguindo
determinados autores, no nosso estudo, o autor define os métodos de ensino
como estando intimamente ligados com os métodos de aprendizagem, sob este
ponto de vista o eixo do processo é a relação cognoscitiva entre o aluno e
professor. Pode-se diferenciar estes métodos segundo suas direções, podendo
ser externo e interno. A partir disto, o autor lista todos os métodos mais
conhecidos de atividade em sala de aula por parte do professor.
1. Método de exposição pelo professor - Este método é o mais usado na escola,
onde o aluno assume uma posição passiva perante a matéria explanada. Ele
pode ser de vários tipos de exposição: verbal, demonstração, ilustração,
exemplificação.
2. Método de trabalho independente – consiste em tarefas dirigidas e orientadas
pelo professor para os alunos resolverem de maneira independente e criativa.
Este método tem, na atitude mental do aluno, seu ponto forte.Tem também a
possibilidade de apresentar fases com a tarefa preparatória, tarefa de
assimilação de conteúdos, tarefa de elaborarão pessoal. Uma das formas mais
conhecidas de trabalho independente é o estudo dirigido individual ou em duplas.
3. Método de elaboração conjunta – é um método de interação entre o professor
e o aluno visando obter novos conhecimentos.
4. Método de trabalho de grupo - consiste em distribuir tarefas iguais ou não a
grupos de estudantes, o autor cita de três a cinco pessoas. Têm-se também
formas específicas de trabalhos de grupos comuns: debate, Philips 66,
tempestade mental, grupo de verbalização, grupo de observação (GV-GO),
seminário.
5. Atividades especiais – são aquelas que complementam os métodos de
ensino.
Objetivos
Os objetivos determinam de antemão os resultados esperados do processo entre
48. http://www.simuladoprofessor.com.br/
o professor e aluno, determinam também a gama de habilidades e hábitos a
serem adquiridos. Já os conteúdos formam a base da instrução. O método por
sua vez é a forma com que estes objetivos e conteúdos serão ministrados na
prática ao aluno.
A importância dos objetivos educacionais
50. http://www.simuladoprofessor.com.br/
A prática educacional baseia-se nos objetivos por meio de uma ação intencional
e sistemática para oferecer aprendizagem. Desta forma os objetivos são
fundamentais para determinação de propósitos definidos e explícitos quanto às
qualidades humanas que precisam ser adquiridas. Os objetivos têm pelo menos
três referências fundamentais para a sua formulação.
1. Os valores e ideias ditos na legislação educacional.
2. Os conteúdos básicos das ciências, produzidos na história da humanidade.
3. As necessidades e expectativas da maioria da sociedade.
Ë importante destacar que estas três referências não devem ser tomadas
separadamente, pois devem se apresentar juntos no ambiente escolar. Devemos
ter claro que o trabalho docente é uma atividade que envolve opções sobre
nosso conceito de sociedade, pois isto vai determinar a relação com os alunos.
Isto prova que sempre conscientemente ou não, temos ou traçamos objetivos.
Objetivos gerais e objetivos específicos
Níveis de Objetivos Educacionais
Consideraremos, aqui, dois níveis de objetivos educacionais, objetivos gerais e
objetivos específicos:
Objetivos Gerais expressam propósitos mais amplos acerca do papel da escola
e do ensino, diante das exigências postas pela realidade social e diante do
desenvolvimento da personalidade dos alunos. Os objetivos Gerais, definem,
em grandes linhas, perspectivas da prática educativa na sociedade brasileira,
que serão depois convertidas em objetivos específicos de cada matéria de
ensino, conforme os graus escolares e níveis de idade dos alunos.
Os objetivos gerais são explicitados em três níveis de abrangência, do mais
amplo ao mais específico:
a) pelo sistema escolar, que expressa as finalidades educativas de acordo com
ideais e valores dominantes na sociedade;
Professora Andréia Sousa
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b) pela escola, que estabelece princípios e diretrizes de orientação do trabalho
escolar com base num plano pedagógico-didático que represente o consenso do
corpo docente em relação à filosofia da educação e à prática escolar; (Projeto
Político Pedagógico)
c) pelo professor, que concretiza no ensino da matéria a sua própria visão de
educação e de sociedade.
Ao considerar os objetivos gerais e suas implicações para o trabalho docente em
sala de aula, o professor deve conhecer os objetivos estabelecidos no âmbito do
sistema escolar oficial, seja no que se refere a valores e ideais educativos, seja
quanto às prescrições de organização curricular e programas básicos das
matérias.
Esse conhecimento é necessário, não apenas porque o trabalho escolar está
vinculado a diretrizes nacionais, estaduais e municipais de ensino, mas também
porque precisamos saber que concepções de homem e sociedade caracterizam
os documentos oficiais, uma vez que expressam os interesses dominantes dos
que controlam os órgãos públicos. ―Isto significa que não se trata simplesmente
de copiar os objetivos e conteúdos previstos no programa oficial, mas de
reavaliá-los em função de objetivos sócio-políticos que expressem os interesses
do povo, das condições locais da escola, da problemática social vivida pelos
alunos, das peculiaridades sócio-culturais e individuais dos alunos‖. (Libanêo,
1991)
Objetivos Específicos de Ensino determinam exigências e resultados
esperados da atividade dos alunos, referentes a conhecimentos, habilidades,
atitudes e convicções cuja aquisição e desenvolvimento ocorrem no processo de
transmissão / assimilação ativa das matérias de estudo. Estes devem ser
vinculados aos objetivos gerais sem perder de vista a situação concreta (escola,
matéria, alunos) em que serão aplicados. Norteiam, de forma mais direta, o
processo ensino aprendizagem.
Na redação dos objetivos específicos, o professor transformará tópicos das
unidades de ensino, em proposição (afirmação), onde se expresse o resultado
esperado, que deve ser atingido por todos alunos ao final daquela unidade. Os
resultados podem ser de:
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CONHECIMENTOS (conceitos, fatos, princípios, teorias, interpretações, ideias
organizadas, etc.).
HABILIDADES (o que o aluno deve aprender para desenvolver suas
capacidades intelectuais: organizar seu estudo ativo e independente; aplicar
formulas em exercícios; observar, coletar e organizar informações sobre
determinado assunto; raciocinar com dados da realidade; formular hipóteses;
usar materiais e instrumentos como, dicionários, mapas, réguas, etc.).
ATITUDES, CONVICÇÕES E VALORES que se deve desenvolver em relação à
matéria, ao estudo, ao relacionamento humano, à realidade social (atitude
cientifica, consciência critica, responsabilidade, solidariedade, etc.)
Orientações que se deve observar ao formular objetivos específicos:
· Formular objetivos consiste em descrever os conhecimentos a serem
assimilados, as habilidades, os hábitos e as atitudes a serem desenvolvidos, ao
final do estudo dos conteúdos de ensino.
· Os objetivos devem ser redigidos com clareza, realidade, expressando tanto o
que o aluno deve aprender, como os resultados de aprendizagem possíveis de
serem alcançados.
· Nesta tarefa ainda deve-se levar em conta, além das orientações acima, o
tempo que se dispõe, as condições em que se realiza o ensino, a capacidade de
assimilação dos alunos conforme a idade e nível de desenvolvimento mental e a
utilidade dos objetivos para motivar e encaminhar a atividade dos alunos.
Meios de ensino
São todos os meios e recursos materiais utilizados pelo professor ou alunos para
organizar e conduzir o ensino e a aprendizagem. Os equipamentos usados em
sala de aula (do quadro-negro até o computador) são meios de ensino gerais
possíveis de serem usados em todas as matérias. É importante que os
professores saibam e dominem estes equipamentos para poderem usá- los em
sala de aula com eficácia.
A aula é a forma predominante de organização do processo de ensino. Neste
capítulo, o professor Libâneo explica o conjunto de meios e condições
necessárias para realizarmos um conjunto de aulas, estruturando sua relação
entre tipos de aulas e métodos de ensino.
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Abaixo, o autor determina algumas exigências a serem seguidas nas aulas:
1. Ampliação do nível cultural e científico dos alunos.
2. Seleção e organização das atividades para prover um ensino criativo e
independente.
3. Empenho na formação dos métodos e hábitos de estudo.
4. Formação de hábitos, atitudes e convicções ligadas à vida prática dos
alunos.
5. Valorização da sala de aula como meio educativo.
6. Formação do espírito de coletividade, solidariedade e ajuda mútua sem
esquecer o individual.
O primeiro compromisso da atividade profissional de ser professor (o trabalho
docente) é certamente de preparar os alunos para se tornarem cidadãos ativos
e participantes na família, no trabalho e na vida cultural e política. O trabalho
docente visa também a mediação entre a sociedade e os alunos. Libâneo afirma
que, como toda a profissão, o magistério é um ato político porque se realiza no
contexto das relações sociais.
O trabalho docente constitui o exercício profissional do professor e este é seu
primeiro compromisso com a sociedade. Sua responsabilidade é preparar os
alunos para se tornarem cidadãos ativos e participantes na família, no trabalho,
nas associações de classes, na vida cultural e politica. É uma atividade
fundamentalmente social, porque contribui para a formação cultural e científica
do povo, tarefa indispensável para outras conquistas democráticas.
A característica mais importante da atividade profissional do professor é a
mediação entre o aluno e a sociedade, entre as condições de origem do aluno
e sua destinação social na sociedade, papel que cumpre provendo as condições
e os meios.
Compromisso social e ético do professor
Avaliação