Esses fármacos têm três efeitos terapêuticos principais: 1) Efeito anti-inflamatório; 2) Efeito analgésico; 3) Efeito antipirético. Os principais AINEs são a aspirina, ibuprofeno e paracetamol. Eles causam efeitos adversos gastrointestinais, renais e cardiovasculares devido à inibição das COX-1 e COX-2.
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Ação farmacológica primária: inibir a enzima COX de ácidos graxos, inibindo assim a produção de
prostaglandinas e tromboxanos.
COX-1: enzima constitutiva. Desempenha funções de manutenção no organismo, estando
envolvida na homeostase dos tecidos, e é responsável pela produção de prostaglandinas com
função, por ex., de citoproteção gástriga, agregação plaquetária, autorregulação do fluxo sanguíneo
renal e início do parto.
COX-2: induzida nas células inflamatórias quando sofrem lesão ou infecção ou quando são
ativadas por citocinas inflamatórias. Sobretudo responsável pela produção dos mediadores
prostanoides da inflamação. {Há COX-2 constitutiva no SNC...}
AINEs tradicionais: inibem COX 1 e 2
Ação anti-inflamatória, anti-pirética e analgésica → inibição da COX 2
Efeitos indesejáveis: inibição da COX-1
Inibidores seletivos da COX-2: menos efeitos adversos no TGI; efeitos cardiovasculares
negativos
MECANISMO DE AÇÃO
Inibem oxidação do ácido araquidônico pelas COX de ácidos graxos.
Atividade das COX pode ser dividida em duas etapas:
1. Dioxigenase: incorpora duas moléculas de O2 à cadeia araquidônica → dá origem ao PGG2
2. Peroxidase: faz conversão da PGG2 a PGH2 que pode então ser convertida em outros
prostanoides por distintas enzimas (isomerase, redutase ou sintase)
COX 1 e 2 contêm um canal hidrofóbico no qual se ancoram o ácido araquidônico para que a reação
de oxigenação possa prosseguir.
A maioria dos AINEs inibem apenas a reação inicial de dioxigenação
Em geral, são inibidores competitivos reversíveis
Normalmente, inibem a COX-1 rapidamente, mas a inibição da COX-2 é mais dependente do
tempo e a inibição costuma ser irreversível.
Para bloquear as enzimas, os AINEs penetram no canal hidrofóbico, formando pontes de hidrogênio,
impedindo que os substratos (ác.graxos) entrem no domínio catalítico.
Aspirina → inativa COX IRREVERSIVELMENTE
Alguns AINEs têm efeito removedor de radicais de O2, diminuindo assim lesão tecidual.
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EFEITOS TERAPÊUTICOS
Anti-inflamatórios: reduzem vasodilatação (diminui prostaglandinas vasodilatadoras) e
edema (por diminuição da vasodilatação); apresentam pouca ou nenhuma atividade sobre a
doença crônica de base
Anti-pirético: inibição da produção de prostaglandinas no hipotálamo
Analgésico: eficazes contra dor leve ou moderada, especialmente se gerada por inflamação
ou lesão tecidual. Dois sítios de ação:
1. Na periferia, reduzem a produção de PGs que sensibilizam os nociceptores para
mediadores da inflamação como a bradicinina → artrite, bursite, dores de origem
muscular e vascular, odontalgia, dismenorreia, dor no pós-parto, dor por
metástases ósseas; podem ser usados em associação com opioides no pós-
operatório e diminuem a necessidade de opioide; é capaz de aliviar cefaleia por
provocar vasodilatação.
2. Ação central, possivelmente na medula espinal, diminuindo transmissão nas fibras
de dor aferentes.
EFEITOS ADVERSOS
Distúrbios GI
Efeitos indesejáveis mais comuns com uso de AINEs, resultando principalmente da inibição da COX-
1 gástrica, que é responsável pela síntese de prostaglandinas que normalmente inibem a secreção
de ácido e protegem a mucosa.
Desconforto gástrico, dispepsia, diarreia (mas em alguns casos, constipação), náuseas e vômitos e,
em alguns casos, hemorragia e ulceração gástricas.
Comprometimento gastrintestinal geralmente é assintomático mas representa um risco de
hemorragia grave e/ou perfuração.
Ocorre lesão quer os fármacos sejam dados por via oral ou sistêmica. No entanto, em alguns casos
(aspirina), a agressão local da mucosa gástrica causada diretamente pelo próprio fármaco pode
piorar a lesão.
Esses fármacos têm três efeitos terapêuticos principais:
1. Efeito anti-inflamatório: diminuição da PGE2 e da prostaciclina reduz a vasodilatação e,
indiretamente, o edema. O acúmulo de células inflamatórias não sofre redução direta.
2. Efeito analgésico: diminuição da geração de prostaglandinas significa menos sensibilização de
terminações nervosas nociceptivas aos mediadores inflamatórios, como a bradicinina e a 5-
hidroxitriptamina. O alívio da cefaleia provavelmente decorre da diminuição da vasodilatação
mediada pelas prostaglandinas.
3. Efeitoantipirético:noSNCa IL-1liberaPGs,que elevamoponto de ajuste hipotalâmico parao controle
da temperatura, causando assim, febre. Os AINEs impedem esse mecanismo
AINEs importantes são aspirina, ibuprofeno, naproxeno, indometacina, piroxicam e paracetamol.
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A administração oral de análogos de PGs, como o misoprostol, pode diminuir a agressão gástrica
produzida por esses agentes.
Reações cutâneas
Rashes cutâneos são efeitos indesejáveis idiossincráticos comuns dos AINEs, particularmente com
o ácido mefenâmico e o sulindaco. Os efeitos vão desde reações eritematosas leves, urticária e
fotossensibilidade, até doenças mais graves e potencialmente fatais, incluindo a Síndrome de
Stevens-Johnson (um rash bolhoso que se estende para o intestino), e a necrólise epidérmica tóxica
caracterizada por necrose epitelial disseminada.
Efeitos adversos renais
Em pacientes suscetíveis causam insuficiência renal aguda, que é reversível por suspensão da
terapia. Isto ocorre através da inibição da biossíntese dos prostanoides (PGE2 e PGI2; prostaciclina)
envolvidos na manutenção do fluxo sanguíneo renal, especificamente na vasodilatação
compensatória mediada por PGE2 que ocorre em resposta à ação da norepinefrina ou da
angiotensina II. O risco é maior em RN e idosos, assim como em pacientes com doença cardíaca,
hepática ou renal, ou com redução do volume de sangue circulante.
O consumo crônico de AINEs, especialmente o abuso, pode causar nefropatia analgésica,
caracterizada por nefrite crônica e necrose papilar renal.
Efeitos adversos cardiovasculares
Elevação da PAS (inibição da COX-2 na região da mácula densa renal secretora de renina; efeito
hipertensivo é dependente da dose e do tempo) e predisposição a eventos cardiovasculares
adversos como AVC e IAM.
Outros efeitos adversos
Asma sensível à aspirina; efeitos no SNC; distúrbios na medula óssea e alterações hepáticas.
Todos os AINEs (exceto inibidores de COX-2) impedem a agregação plaquetária e, portanto, podem
prolongar o sangramento.
USOS CLÍNICOS DOS AINEs
Os AINEs são amplamente utilizados, porém causam graves efeitos adversos importantes
(especialmente GI, renais, pulmonares e vasculares). De especial risco são os pacientes idosos e
aqueles com distúrbios preexistentes. Os principais usos são:
Antitrombótico: aspirina, para pacientes com alto risco de trombose arterial (pós-IAM).
Outros AINEs, que causam inibição menos profunda da síntese de tromboxano plaquetário
do que a aspirina, aumentam o risco de trombose e se possível devem ser evitados em
indivíduos de alto risco.
A analgesia (cefaleia, dismenorreia, lombalgia, metástases ósseas, dos pós-operatória):
o Uso por curto prazo: aspirina, paracetamol ou ibruprofeno
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o Dor crônica: fármacos mais potentes e com duração de ação mais prolongagada
(naproxeno, piroxicam), geralmente combinados com um opioide de baixa potência
(ex.: codeína)
o Para reduzir a necessidade de narcoanalgésicos (cetorolaco no pós-operatório)
Anti-inflamatório: ibuprofeno, naproxeno, para alívio sintomático na AR, gota e distúrbios de
partes moles
Anti-pirético: paracetamol
ASPIRINA
Mais antigo AINE. Atua inativando irreversivelmente as COX 1 e 2.
Além de suas ações anti-inflamatórias, a aspirina inibe a agregação plaquetária, e sua
principal importância clínica situa-se, atualmente, na terapia da doença cardiovascular.
É administrada V.O. e absorvida rapidamente; 75% são metabolizados no fígado
Com baixas doses, a eliminação de seu metabólito salicilato segue cinética de primeira ordem
(meia-vida de 4 h); com altas doses a cinética é de saturação (meia-vida de mais de 15 h)
Efeitos adversos:
o Com doses terapêuticas: é comum algum sangramento gástrico (geralmente discreto
e assintomático)
o Com grandes doses: tontura, surdez e tinido (salicilismo); pode ocorrer alcalose
respiratória compensada
o Com doses tóxicas: pode ocorrer acidose respiratória não compensada com acidose
metabólica, particularmente em crianças
o A aspirina está vinculada a uma encefalite pós-viral rara, porém grave (Síndrome de
Reye) em crianças
Se administrada concomitantemente com varfarina, a aspirina pode causar um aumento
potencialmente perigoso do risco de hemorragia.
PARACETAMOL
É um fármaco de uso comum, para compra sem prescrição médica. Tem potente ação analgésica e
antipirética, mas efeitos anti-inflamatórios mais discretos do que outros AINEs. Pode atuar através
da inibição de uma isoforma de COX específica do SNC, embora isto ainda não seja conclusivo.
É administrado V.O. e metabolizada no fígado
Doses tóxicas causam náuseas e vômitos e, decorridas 24-48 h, ocorre lesão hepática
potencialmente fatal por saturação de enzimas normais de conjugação, fazendo com que o
fármaco seja convertido por oxidases de função mista em N-acetil-p-benzoquinona imina.
Caso não seja inativado por conjugação com glutationa, este composto reage com proteínas
celulares e mata a célula.
Caso sejam administrados precocemente, agentes que aumentam a glutationa (acetilcisteína
IV ou metionina oral) podem impedir a lesão hepática.
COXIBES
As recomendações atuais restringem o uso dos coxibes a pacientes para os quais o tratamento com
AINEs convencionais traria uma probabilidade alta de efeitos adversos GI sérios, e eles são
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prescritos somente após avaliação do risco cardiovascular. Os distúrbios GI podem ainda ocorrer
com estes agentes.
Pacientes com doença ulcerosa preexistente devem evitar Celecoxibe e etoricoxibe, em razão do
potencial papel da COX-2 no fechamento de úlceras.