1) A adolescência é um período de transição biopsicossocial entre a infância e a vida adulta, caracterizado principalmente pela transformação física e emocional.
2) Fatores de risco individuais e ambientais podem aumentar a vulnerabilidade dos adolescentes.
3) A família, escola, saúde, mídia e comunidade exercem influência significativa no desenvolvimento do adolescente e na prevenção de riscos.
2. Conceito de Adolescência
A adolescência, desde o início do século
XIX, é reconhecida como período crítico
da existência humana, fundamental para
a construção do sujeito definitivo
3. Definição de Adolescência
• Não nasce com o homem, sendo produto da
reflexão de várias ciências e áreas do
conhecimento como a Sociologia, a
Antropologia, o Direito, a Medicina...
• Para a Medicina a adolescência é definida
como um período de transição
biopsicossocial que ocorre entre a infância e
a adultícia, caracterizado, principalmente,
pela transformação, o que lhe confere maior
vulnerabilidade e risco
4. Conceito de Risco
• Tradicionalmente, a epidemiologia usava o conceito de risco
essencialmente do ponto de vista biomédico. Mais
recentemente, no entanto, este conceito tem se estendido
para o ambiente social e para o comportamento. Essa
consideração é importante especialmente quando se
estudam problemas relacionados à adolescência,
principalmente na esfera comportamental
5. Outro aspecto a ser
ressaltado é a possibilidade
do encadeamento dos fatores
de risco. Por exemplo, no
caso da gravidez na
adolescência: ela é fator de
risco para prematuridade que
é fator de risco para
mortalidade perinatal.
6. Conceito de
Prevenção
• Ao conceito de risco
acoplou-se a idéia de fator
de proteção, ou seja, aquele
ou aqueles ligados à
prevenção, enfoque
relevante para a assistência
integral à saúde do
adolescente
9. Síndrome da Adolescência Normal
busca da identidade
tendência grupal
necessidade de
intelectualizar e fantasiar
crises religiosas
vivência temporal singular
evolução sexual
atitude social reivindicatória
separação progressiva dos pais
constantes flutuações do humor
e do ânimo
16. SEXUALIDADE - ADOLESCÊNCIA
Fonte: Eisentein, E. e Souza,
R.P. – “Situações de Risco à
Saúde de crianças e
adolescentes” – Editora
Vozes, 1993.
17. Desejo de gravidez - difícil de
mensurar por ser
freqüentemente inconsciente
Corpo preparado para
reprodução
Psico-emocional
despreparado
18. Grupos de referênciaGrupos de referência
FamíliaFamília
EscolaEscola
SaúdeSaúde
MídiaMídia
ComunidadeComunidade
19. Família
• Família nuclear – nem sempre a mais adequada.
Faz, muitas vezes parte do apego ao passado
projetado de maneira saudosista no futuro
• Família contemporânea – reconhece o ser humano
como tal. Relações de afeto, diálogo, respeito e
compromisso
• Família – transmissão de valores
20. FamíliaFamília
• Família estruturada e desestruturadaFamília estruturada e desestruturada
• Família uniparentalFamília uniparental
• Antecedentes familiares de gravidez na adolescênciaAntecedentes familiares de gravidez na adolescência
• Moradia fora da famíliaMoradia fora da família
• Abuso sexual na famíliaAbuso sexual na família
21. A dimensão daA dimensão da
proposta da família,proposta da família,
para o novo milêniopara o novo milênio
deve estar direcionadadeve estar direcionada
para a construção depara a construção de
seres pensantes,seres pensantes,
críticos, comcríticos, com
instrumentos capazesinstrumentos capazes
de melhorar o projetode melhorar o projeto
social.social.
22. A ESCOLA E O CRESCER:A ESCOLA E O CRESCER:
APRENDIZADO DA AUTONOMIAAPRENDIZADO DA AUTONOMIA
• Educar para o crescimentoEducar para o crescimento
• Educar para assumir a incerteza;Educar para assumir a incerteza;
• Educar para gozar a vida;Educar para gozar a vida;
• Educar para a significação;Educar para a significação;
• Educar para a expressão;Educar para a expressão;
• Educar para a convivência;Educar para a convivência;
• Educar para o amor;Educar para o amor;
• Educar para se apropriar da históriaEducar para se apropriar da história
e da cultura.e da cultura.
23. Escola: A nova Proposta
• O que se defende é “a absoluta necessidade de acelerarmos o ritmo de
mudança dentro das instituições de ensino, visando acompanhar uma
nova realidade social já estabelecida” (Ryon Braga)
• Para que se tenha a proposição final que o mundo será melhor com uma
educação permanente, de qualidade e acessível a todos o maior desafio
“está no compromisso que a escola terá que assumir em relação a
resultados; a escola, finalmente, se tornará responsável” (Peter
Drucker)
24. • Não imaginar o outro como conteúdoNão imaginar o outro como conteúdo
vazio a ser preenchido com valoresvazio a ser preenchido com valores
daquele que orienta.daquele que orienta.
• Lembrar que educadores e ducandos têmLembrar que educadores e ducandos têm
valores, história de vida e propostasvalores, história de vida e propostas
diferentes inclusive em relação aodiferentes inclusive em relação ao
exercício da sexualidadeexercício da sexualidade
• Abandonar critérios morais de julgamentoAbandonar critérios morais de julgamento
substituindo-os por outros de proteção aosubstituindo-os por outros de proteção ao
indivíduo a sua saúde e projeto de vidaindivíduo a sua saúde e projeto de vida
25. Fator EconômicoFator Econômico
• O fator econômico é fruto direto
das políticas governamentais
• O condicionante econômico -
renda -funciona como
desencadeante limitante ao acesso
à informação, educação, bens,
serviços e principalmente a
realização do projeto de vida
• É conhecida a relação entre
pobreza e doença e entre saúde e
produção, considerando a saúde
dentro de uma concepção
macroeconômica intersetorial e
política
•O homem não é só um meio daO homem não é só um meio da
economia mas sim o seu fim eeconomia mas sim o seu fim e
sua razão de sersua razão de ser
•O sucesso do crescimento doO sucesso do crescimento do
homem está condicionado ehomem está condicionado e
condiciona o crescimento dacondiciona o crescimento da
naçãonação
26. ““Já é consenso que o desenvolvimento humanoJá é consenso que o desenvolvimento humano
deva ser o centro de qualquer outro processo dedeva ser o centro de qualquer outro processo de
desenvolvimento e que o desenvolvimentodesenvolvimento e que o desenvolvimento
econômico não melhora automaticamente oeconômico não melhora automaticamente o
desenvolvimento humano.”desenvolvimento humano.”
CONFERÊNCIA MUNDIAL DE EDUCAÇÃO PARA TODOSCONFERÊNCIA MUNDIAL DE EDUCAÇÃO PARA TODOS
TAILÂNDIA - 1990TAILÂNDIA - 1990
27. Fator culturalFator cultural
““Cultura são todas as manifestações de vida de umCultura são todas as manifestações de vida de um
povo, com seu modo de pensar agir e sentir”. Estapovo, com seu modo de pensar agir e sentir”. Esta
definição abrangente inclui a língua, as tradições, odefinição abrangente inclui a língua, as tradições, o
conhecimento, a ética, a moral de cadaconhecimento, a ética, a moral de cada
agrupamento social.agrupamento social.
28. A cultura nomeia o papel e o lugar dos adolescentes nasA cultura nomeia o papel e o lugar dos adolescentes nas
diferentes sociedades.diferentes sociedades.
A adolescência, que o ocidente inventou, se caracteriza pelaA adolescência, que o ocidente inventou, se caracteriza pela
grande duração, indeterminação, grande carga de conflitos egrande duração, indeterminação, grande carga de conflitos e
grosseira assincronia entre a maturidade sexual e agrosseira assincronia entre a maturidade sexual e a
maturidade social.maturidade social.
O adolescente geralmente é julgadoO adolescente geralmente é julgado
através dos preconceitos e esteriótiposatravés dos preconceitos e esteriótipos
pelos adultos desta cultura que vêempelos adultos desta cultura que vêem
os jovens como irresponsáveis.os jovens como irresponsáveis.
30. ““Não vejo esperança para o futuro doNão vejo esperança para o futuro do
nosso povo se ele depender da frívolanosso povo se ele depender da frívola
mocidade de hoje, pois todos os jovens sãomocidade de hoje, pois todos os jovens são
indizivelmente frívolos. Quando eu eraindizivelmente frívolos. Quando eu era
menino, ensinavam-nos a ser discretos e amenino, ensinavam-nos a ser discretos e a
respeitar o mais velhos, mas os moços derespeitar o mais velhos, mas os moços de
hoje são excessivamente sabidos e nãohoje são excessivamente sabidos e não
toleram restrições.”toleram restrições.”
HesíodoHesíodo
VIII ªC.VIII ªC.
32. Distribuição do Tempo dos AdolescentesDistribuição do Tempo dos Adolescentes
EscolaEscola -- 11.000 horas instrução formal (Ginásio)11.000 horas instrução formal (Ginásio)
TVTV -- 15.000 horas assistindo à TV (mesmo período)15.000 horas assistindo à TV (mesmo período)
Convívio com paisConvívio com pais -- 12 horas semanais12 horas semanais
TVTV -- 23 a 24 horas por semana23 a 24 horas por semana
Fonte: Strasburger V, EUA, 1989.Fonte: Strasburger V, EUA, 1989.
MÍDIA / ADOLESCÊNCIAMÍDIA / ADOLESCÊNCIA
33. • A imagem pública atual dosA imagem pública atual dos
adolescentes não os favorece eadolescentes não os favorece e
portanto não é surpresa que a visão doportanto não é surpresa que a visão do
público sobre o adolescente seja hostilpúblico sobre o adolescente seja hostil
(Garland e Zigler)(Garland e Zigler)
• Rewen Feursten “Os jovens vivem noRewen Feursten “Os jovens vivem no
mundo sem passado; não tem história emundo sem passado; não tem história e
em seu futuro não há projetos de vidaem seu futuro não há projetos de vida
34. O caminho das realizações deve ser sustentado
por todos os grupos de referência que constituem
a sociedade contemporânea. Na verdade deve-se
exortar os jovens a se manterem intocados pelas
frustrações dos que percorreram a estrada sem
sucesso. Eles não devem resvalar frente aos
modelos de não realização que podem estar
presentes na vida dos adultos.
37. “Nada se resolve vitimizando ou
culpabilizando os adolescentes”
A adolescência é uma das fases da
vida mais afetada pela violência
A violência é a principal causa da
mortalidade e morbidade na
adolescência
Adolescentes não são apenas vítimas
mas também autores agentes originais
ou intermediários de todas as formas de
violência
38. Conceito de violênciaConceito de violência
“A humanização da violência implica em sua
elaboração, direcionamento, simbolização, imbricação
nos contextos das relações estabelecidas pelo homem,
podendo ser favorecida até pelas transformações sócio-
culturais.”
A violência é geralmente mostrada como fato terminal
isolado sendo esquecida a história individual e ou
coletiva que levou a esta resultante, envolvendo desde
o plano familiar até o político-social.
39. Conceito de Violência
Precisa integrar os seguintes aspectos:
Considerar a violência como realidade e atividade humana
Caracterizar a violência como processo
Fazer a diferenciação entre violência e acidente
Lembrar o contraste paroxal entre o caráter consciente da violência e a baixa
consciência social sobre o problema
Não levar em conta apenas critérios estatísticos numéricos
Julgar com muito cuidado critérios que envolvem gravidade
Ter em mente a negligência como forma de violência
Enfocar a adolescência seguindo a visão do binômio risco/vulnerabilidade
40. Causas Externas
Dentre as causas de mortalidade na adolescência,
destacam-se aquelas denominadas de causas externas,
onde os componentes ligados direta ou indiretamente à
violência permanecem presentes, violência essa traduzida
nas suas várias formas, desde a negligência, a violência
psicológica até a auto-violência e os acidentes. Cabe
ressaltar que por vezes é muito tênue a linha que pode
separar a violência do acidente
41.
42. Violência doméstica - Definição
“é uma violência interpessoal e intersubjetiva;
é um abuso do poder disciplinar e coercitivo dos pais ou
responsáveis;
é um processo que pode se prolongar por meses até anos;
é um processo de completa objetalização da vítima,
reduzindo-a à condição de objeto de maus-tratos;
é uma forma de violação dos direitos essenciais da criança e
do adolescente enquanto pessoa sendo, portanto, uma
negação de valores humanos fundamentais como a vida, a
liberdade, a segurança;
Tem na família sua ecologia privilegiada. Como esta pertence
à esfera do privado, a violência doméstica acaba se
revestindo da tradicional característica de sigilo”.
Azevedo, 1990
43.
44. “O jovem, pela sua própria
condição desempenha
simultaneamente o papel de
vítima e testemunha das
atrocidades cometidas pelo adulto
contra todas as manifestações de
sua experiência
Geraldo Semenzato
Sociologo
51. AA DD OO LL EE SS CC ÊÊ NN CC II AA
II
DD
AA
DD
AA
AA
II
NN
CCIITTÉÉ
E D U C A Ç Ã O S E X U A LE D U C A Ç Ã O S E X U A L
S A Ú D ES A Ú D E
52. Código deCódigo de
ÉticaÉtica
MédicaMédica
Capítulo IX
Segredo Médico
...
Artigo 103 - É vedado ao
médico:
Revelar segredo profissional
referente a paciente menor de
idade, inclusive a seus pais ou
responsáveis legais, desde que o
menor tenha capacidade de
avaliar seu problema e de
conduzir-se por seus próprios
meios para solucioná-lo, salvo
quando a não revelação possa
acarretar danos ao paciente.
Publicado no D.O.U. de 26/01/83
53. Privacidade
A privacidade é o direito que o adolescente possui
independentemente da idade de ser atendido sozinho,
em um espaço privado de consulta
- Mantida também durante o exame físico
- Não é sinônimo de escondido
- Sinônimo de crescimento e responsabilidade
54. Confidencialidade
Confidencialidade é definida como um acordo entre o
profissional de saúde e o cliente, no qual as
informações discutidas durante e depois da consulta
ou entrevista, não podem ser passadas a seus pais
e/ou responsáveis sem a permissão explícita do
adolescente.
A confidencialidade apoia-se em regras da bioética
médica através de princípios morais e de autonomia.
55. SEGREDO
MÉDICO
• Atividade Sexual
• DST
• Experimentação de
drogas
SEGREDO
MÉDICO
• Gravidez
• HIV / AIDS
• Drogadição
• Recusa a uso de
medicamento
• Tendência suicida
• Tendência homicida
56. Sempre que se fala em
privacidade e em
confidencialidade se fala em
ética, mas não em lei.
58. “Em 1999 a ONU realizou um processo de
revisão do programa (CAIRO + 5) avançando
nos direitos dos jovens. Na revisão do
documento deixou de ser incluído os direitos
dos pais em todas as referencias aos
adolescentes garantindo os direitos dos
adolescentes à privacidade, sigilo, ao
consentimento informado, à educação sexual,
inclusive no currículo escolar, à informação e
assistência à saúde reprodutiva”.
59. “o respeito da autonomia da criança e do adolescente,
o que implica para este último em privacidade e
confidencialidade, “faz com que esses indivíduos
passem de objeto a sujeito de direito”.
Fórum 2002
Adolescência, Contracepção e Ética
Unidade de Adolescentes do Instituto da Criança do
Hospital das Clínicas – FMUSP
Organização do evento e elaboração do relatório final
Maria Ignez Saito & Marta Miranda Leal
60. •O adolescente tem direito à educação sexual, ao acesso
de informação sobre contracepção, à confidencialidade e
sigilo sobre sua atividade sexual e sobre a prescrição de
métodos anticoncepcionais, respeitadas as ressalvas do
Art. 103, Código de Ética Médica. O profissional que
assim se conduz não fere nenhum preceito ético não
devendo temer nenhuma penalidade legal
61. • Em relação ao temor da prescrição de anticoncepcionais
para menores de 14 anos (violência presumida de estupro)
a presunção de estupro deixa de existir, frente à informação
que o profissional possui de sua não ocorrência, devendo
ser consideradas todas as medidas cabíveis para melhor
proteção da saúde do adolescente (ECA), o que retira
qualquer possibilidade de penalidade legal
63. Educação Sexual
Cecília Cardinal de Martín
Sexualidad Humana - OPAS-OMS, 1990
• Deve ser:
– Uma educação mais para o ser do que para o ter
e o fazer
– Uma educação para formação da
auto-consciência e dos valores internos
– Uma educação para a troca
– Uma educação para o amor
– Uma educação para a liberdade
– Uma educaçào para a vida passada, presente e
futura
64. • É possível acreditar-se que o projeto de vida só termina
com a morte
• Segundo a visão de Baldivieso e Perotto o homem é
estruturalmente um ser inacabado, uma tarefa em aberto
que nunca se concluirá, porque por mais que ele tenha
realizado, há sempre a possibilidade de maiores
realizações
• A adolescência é sem dúvida o momento, por excelência,
da abertura do grande leque de opções da vida, no qual
as fantasias deveram ser abandonadas se estiverem fora
da realidade para a execução do projeto, mas nunca os
sonhos
65. Criança era outro...Criança era outro...
Naquele em que me torneiNaquele em que me tornei
Cresci e esqueci.Cresci e esqueci.
Tenho de meu, agora,Tenho de meu, agora,
um silêncio, uma leium silêncio, uma lei
Ganhei ou perdi?Ganhei ou perdi?
Fernando PessoaFernando Pessoa