SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 11
Baixar para ler offline
XVI SEMINÁRIO DE PESQUISA DO CCSA
ISSN 1808-6381


    AS CONCEPÇÕES DE CRIANÇA E INFÂNCIA COMO NORTEADORES DE UMA PRÁTICA
                                 PEDAGÓGICA



                                                                                      1
                                                    Marília Fabiana Pires Mendonça - UFRN
                                                                                      2
                                                   Vanessa Maria da Silva Clemente - UFRN
                                                                                      3
                                            Orientadora: Profª. Drª. Mariangela Momo - UFRN


RESUMO

O estudo trata de uma pesquisa realizada no âmbito da disciplina Fundamentos da Educação
Infantil, do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e tem como
objetivo discutir o papel das concepções de criança e infância na prática pedagógica de uma
Instituição de Educação Infantil. A relevância dessa pesquisa está na possibilidade de refletir
sobre a função das concepções de criança e infância como fator decisivo para a prática
escolar. A investigação foi realizada em uma instituição da rede privada do município de Natal-
RN e desenvolvida em três etapas. Inicialmente, foi feito um estudo bibliográfico sobre as
concepções de criança e de infância em diferentes epocas. Logo em seguida partimos para a
observação da organização da instituição e dos espaços dedicados à criança. E para finalizar
foi realizada uma entrevista com uma das professoras do quadro docente da Instituição. Como
referencial teórico optou-se por Phillip Áries (1978); Craidy e Kaercher (2001); Franco (2006);
Kuhlmann e Fernandes (2004); Stearns (2006); Urbim (2009). Como resultado observou-se que
a instituição pesquisada é regida por concepções em que a criança é vista como um ser
integrante na sociedade que ele faz parte. Desse modo as práticas presentes na escola são
regidas pelos Parâmetros Nacionais de Qualidade para as Instituições de Educação Infantil
elaborado pelo Ministério da Educação visando um ensino de qualidade e significativo para a
vida da criança.

Palavras-chaves: Criança, infância, prática pedagógica.




INTRODUÇÃO


         O presente trabalho é parte de uma pesquisa realizada na disciplina Fundamentos da
Educação Infantil do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O
estudo tem como objetivo investigar de que maneira a Instituição de Educação Infantil
abordada na pesquisa compreende as concepções de criança e infância e como o
entendimento desses conceitos é refletido na prática educativa. A relevância desse estudo está
na possibilidade de observar na prática como as concepções de criança e infância contribuem
para o desenvolvimento das atividades pedagógicas na Instituição de Educação Infantil.
         Muito se tem falado acerca dos conceitos de criança e infância. Estudiosos como Ariès
(1978), Del Priore (1998), Freitas (1997), Rice (1998) vem tentando mostrar a relevância de
estudar a construção desses conceitos ao longo da história para entender o papel social da
criança em diferentes epocas. O modo como uma sociedade enxerga as questões da infância

1
  E-mail: marilia_flower@hotmail.com
2
  E-mail: wanessaclementespp@yahoo.com.br
3
  E-mail: marimomo@terra.com.br
XVI SEMINÁRIO DE PESQUISA DO CCSA
 ISSN 1808-6381
                                                                                                  2



norteia sua forma de tratar as crianças, de vê-las como seres inseridos na sociedade da qual
fazem parte. Da mesma forma, o entendimento que a escola tem sobre o que é ser criança e o
que é a infância interfere diretamente na maneira de conduzir as atividades pedagógicas.
       Nesse contexto, a pesquisa investigativa partiu de um estudo bibliográfico sobre os
conceitos de criança e infância ao longo da história. Logo em seguida realizamos a observação
de uma Instituição de Educação Infantil privada, situada no bairro Morro Branco, zona
administrativa oeste da cidade de Natal, em que foram analisados os aspectos físicos e
pedagógicos da instituição. Por último foi realizada uma entrevista semi-estruturada com uma
das professoras do quadro docente da instituição.
       Este trabalho colaborou para a aplicação dos conceitos apreendidos na disciplina
Fundamentos da Educação Infantil e em estudos bibliográficos, nos levando a interagir e lidar
com as mais diversas formas de relação educador/criança no que concerne à afetividade como
também às atividades pedagógicas destinadas às crianças.




AS CONCEPÇÕES DE CRIANÇA E INFÂNCIA AO LONGO DA HISTÓRIA



       Tanto a concepção de criança quanto a de infância, assim como a construção de
qualquer conceito subjetivo, são elaboradas a partir da visão de mundo de uma sociedade,
sendo assim um produto histórico e cultural (FRANCO, 2006). Logo, não é possível formular
um único conceito, fechado e restrito, sobre o que seja infância e criança. Esses conceitos
variam conforme o tempo e o espaço.
       Os estudos sobre a criança e a infância revelam que os autores não podem chegar a
um consenso a respeito do conceito de criança, mas podem apontar características do que é
ser criança de acordo com cada tempo e lugar. Segundo Stearns (2006), algumas
características são tidas como universais. Toda criança é dotada de fragilidade e necessita de
atenção e cuidados especiais, como alimentação e cuidados físicos, requerendo esses
cuidados durante muito tempo. Além disso, as crianças são vistas como seres diferentes dos
adultos, que precisam ser preparadas para esta outra fase da vida. Porém, o tratamento
dessas características tidas como universais nem sempre foram respeitadas. Durante os
séculos XV e XVI, as crianças não eram vistas como seres inseridos socialmente. Muitas
crianças morriam, pois não tinham a devida atenção para com sua saúde. Apenas nos séculos
XVII e XVIII as crianças começam a ser vistas de outra forma. Para Zibermam,




                         a mudança se deveu a outro acontecimento da época: a emergência de uma
                         nova noção de família, centrada não mais em amplas relações de
                         parentesco, mas num núcleo unicelular, preocupado em manter sua
XVI SEMINÁRIO DE PESQUISA DO CCSA
 ISSN 1808-6381
                                                                                                     3



                         privacidade (impedindo a intervenção dos parentes em seus negócios
                         internos) e estimular o afeto entre seus membros. (ZIBERMAN, p.15, 2003).



        Esse fato marca as transformações ocorridas na Idade Moderna, epoca em que a
infância é delimitada como uma faixa etária com tratamento diferenciado.
        Quando observamos as características tidas como universais, percebemos logo que as
expressões criança e infância são bem distintas. Kuhlmann e Fernandes (2004) diferenciam
criança e infância da seguinte forma: infância refere-se a um período da vida humana enquanto
criança trata-se de uma “realidade psicobiológica” do indivíduo. Essa diferenciação é
extremamente importante, pois, apesar de serem expressões comumente usadas para
descrever um período da vida, ambas possuem suas especificidades.
        Mas o estudo dessas concepções não é tão simples quanto possa parecer. Primeiro
porque a história da criança e da infância sempre foi narrada por um adulto, revelando sempre
o olhar deste sobre a criança. Depois, porque “lidar com a questão da infância pode ser muito
pessoal”, pois as questões subjetivas sempre envolvem a formação de um pensamento e/ou
idéia muito própria do indivíduo (STEARNS, 2006). Envolve uma visão de mundo própria do
adulto e do contexto sócio-cultural deste. Talvez seja por isso que muitas vezes encontramos
na literatura sobre a infância diversas discussões e posicionamentos diferentes.
        Ariès (1978), grande estudioso deste tema, enxergou a Idade Média como um período
em que a criança e seu universo não eram valorizados e respeitados. Assim, afirma:




                         O homem moderno ficará surpreso com a incoveniência desses costumes:
                         eles nos parecem incompatíveis com nossas idéias sobre a infância e a
                         primeira adolescência, e já é muito os tolerarmos nos adultos das classes
                         populares, como indício de uma idade mental ainda aquém da maturidade.
                         Nos séculos XVI e XVII, os contemporâneos situavam os escolares no
                         mesmo mundo picaresco dos soldados, criados, e, de um modo geral, dos
                         mendigos (ARIÈS, 1978, p. 184).




        É claro que nem todos os estudiosos concordam com Ariès. Alguns autores afimam
que era muito comum observar relações afetivas positivas entre mães e filhos. Segundo
Kuhlmann e Fernandes (2004), “a transposição imediata das questões de Ariès sobre a
infância francesa para outros países pode implicar desvios de interpretação, ao se nivelarem
realidades distintas”.
        A conclusão que se chega com essas divergências é que estamos tratando de
conceitos muito complexos que são construídos de maneiras diferentes por cada sociedade em
cada tempo histórico, onde o contexto é de total importância. Mesmo hoje, com o processo de
globalização, onde as informações correm o mundo em uma velocidade assustadora e onde
quase toda a população tem acesso aos costumes e idéias das mais diversas culturas, as
crianças e a infância continuam sendo percebidas de formas diferentes. Ainda não chegaram a
XVI SEMINÁRIO DE PESQUISA DO CCSA
 ISSN 1808-6381
                                                                                                    4



um consenso, a uma unicidade no que se refere a esses conceitos e certamente essa unidade
não é necessária. É certo que muita coisa mudou ao longo dos anos e que hoje a criança
desempenha um papel fundamental na maioria das sociedades, mas ainda assim, cada
sociedade, dentro de seu tempo, tem sua própria maneira de se relacionar com elas.



OBSERVAÇÃO DIAGNÓSTICA DA INSTITUIÇÃO ALVO

        Tendo em vista as concepções observadas durante o estudo teórico, partimos para a
observação da organização dos espaços dedicados à criança em uma Instituição de Educação
Infantil para investigar como esta Instituição concebe a criança e seu papel na sociedade.
        A Instituição de Educação Infantil alvo da pesquisa, encontra-se localizada no bairro
Morro Branco, Natal/RN. São 27 anos de existência, sendo esta instituição privada, que atende
crianças das classes média e alta da cidade. O contato com este espaço ocorreu no dia 06 de
maio de 2010 às 07h30min e terminou às 11h30min.
        O quadro gestor da instituição constitui-se em: uma Diretora; uma Coordenadora; e
uma Consultora e Acessora Pedagógica. Além da equipe Pedagógica, a escola conta com
mais 71 funcionários, assim distribuídos: 04 porteiros, 02 secretárias, 03 cozinheiras, 01
nutricionista, 02 auxiliares de serviçoes gerais, 02 digitadores, 24 professoras, 28 professoras-
auxiliares, 01 professor de Música, 01 professor de Educação Física, 01 professor de Natação,
01 professor de Capoeira, 01 professor de Judô, 01 professora de Ballet.
        A escola possui 26 turmas distribuídas conforme a tabela abaixo:


                   TURMA                                         QUANTIDADE
                   Berçário                                            02
                    Nível I                                            02
                   Nível II                                            04
                   Nível III                                           02
                   Nível IV                                            02
                   Nível V                                             02
                    1º Ano                                             02
                    2º Ano                                             02
                    3º Ano                                             02
                    4º Ano                                             02
                    5º Ano                                             02
               Semi-internato                                          02




        Cada turma da Educação Infantil (Níveis I ao V) conta com cerca de 13 a 20 alunos,
variando a quantidade de acordo com o tamanho das salas e o número de professores e
XVI SEMINÁRIO DE PESQUISA DO CCSA
 ISSN 1808-6381
                                                                                                         5



professores-auxiliares, tentando proporcionar aos alunos um ambiente espaçoso, que permita
às crianças se movimentarem na sala de aula. A escola também conta com 03 crianças com
necessidades especiais, sendo 01 com Síndrome de Down e 02 com Deficiência Mental.
Apesar de a escola não contar com nenhuma criança cadeirante, os ambientes da escola são
bastante acessíveis, com rampas e banheiro adaptado.
        Todas as professoras da Educação Infantil são formadas em Pedagogia, tendo
algumas delas especialização em Psicopedagogia. Todas as professoras-auxiliares estão em
formação, cursando Pedagogia em diversas instituições, inclusive na UFRN.
        Quando consultada a respeito do Projeto Político Pedagógico da escola (PPP), a
diretora que nos atendeu disse-nos que havia tal Projeto na instituição, mas que estava em
processo de reelaboração. Segundo a diretora, o PPP está sempre passando por mudanças, à
medida que a experiência do dia-a-dia mostra novas realidades e aponta para mudanças
importantes. Algumas informações concernentes à Proposta Pedagógica da escola foram
conseguidas através do site da instituição.
        Em sua Proposta Pedagógica, a escola procura


                         pensar a criança com seus processos singulares, presentes em diferentes
                         culturas e contextos sociais, suas capacidades físicas, cognitivas, éticas e
                         emocionais, proporcionando-lhe um ambiente rico em interações e situações
                         de desafios e aprendizagem, no qual ela amplia gradativamente a
                         compreensão acerca de si mesma e do mundo. São estes os aspectos
                         priorizados na nossa ação pedagógica. O Balãozinho Mágico compreende o
                         aluno como um ser ativo na construção de sua aprendizagem, interagindo
                         com seus parceiros, com professores capacitados e habilitados para
                         promover intervenções em um ambiente de aprendizagem rico e motivador,
                         permitindo ao aluno a vivencia de experiências que ampliem a descoberta do
                         prazer de aprender a conhecer, a fazer, a ser e a viver juntos (PROPOSTA
                         PEDAGÓGICA).




        Dentro especificamente da Educação Infantil, a instituição acredita que



                         educar, cuidar e brincar fazem parte da filosofia que articula o currículo da
                         Educação Infantil. Considerando o compromisso com a qualidade, e uma
                         prática educativa voltada para a formação do aluno com um ser ativo no
                         processo de aprendizagem, a Educação Infantil é formada de crianças
                         agrupadas em cinco níveis por idade aproximada” (PROPOSTA
                         PEDAGÓGICA).



        Buscando integrar a familia às atividades escolares, a coordenação utiliza-se de
reuniões bimestrais e semestrais com os pais. Ao final de cada bimestre há um plantão
pedagógico em que os pais primeiramente recebem as atividades produzidas pelas crianças e
posteriormente comentam com as professoras os avanços e as possíveis deficiências de seus
filhos. Semestralmente há uma reunião em conjunto entre os pais e a Assessora Pedagógica e
XVI SEMINÁRIO DE PESQUISA DO CCSA
 ISSN 1808-6381
                                                                                                  6



uma conversa individual com a professora. Em caso de avisos ao longo dos bimestres, a
agenda escolar é o maior veículo de comunicação entre a escola e a família.
        Quanto aos ambientes da escola, a mesma conta com 19 salas de aula, 06 banheiros
(sendo 05 destinados aos alunos e 01 aos funcionários da Instituição), 02 copas, 01 refeitório,
01 sala para a Secretaria, 01 sala para a Diretoria, 01 sala para a Coordenação, 01 sala de
informática, 01 sala de vídeo, 01 quadra, 01 pátio (com parquinho), 01 piscina, 01 parque
interno, 01 recepção.
        Quanto aos materiais e equipamentos disponíveis, existem 02 televisores (um para a
sala de vídeo e um para o semi-internato), 01 DVD, 05 rádios portáteis, 01 mesa de som, 01
caixa de som, 01 projetor multimídia e 10 computadores (06 na sala de informática e 04 para o
funcionamento interno). Além desses equipamentos, há uma grande quantidade de materiais
para que professores e alunos possam utilizar em sala de aula durante o desenvolvimento das
atividades.
        A turma escolhida como alvo da observação é do Nível II, composta de 13 alunos, onde
o mais novo tem 1 ano e 6 meses e o mais velho tem 2 anos e 3 meses, uma professora
especialista em Psicopedagogia e uma professora-auxiliar cursando o 6º período do curso de
Pedagogia na Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
        Observamos que o tamanho da sala é proporcional ao número de alunos e o espaço é
bem amplo e limpo. As paredes da sala são bem pintadas e não há sinal de rachaduras ou
mofo. Na sala há um armário onde são guardados os materiais para utilização durante as
atividades, bem como materiais de uso pessoal dos alunos (necessaires individuais contendo
materiais de higiene pessoal). Além desses materiais, o armário comporta também os materiais
utilizados pelas professoras e diversas pastas onde são armazenadas as atividades produzidas
pelas crianças. Além do armário, existe também uma mesa coletiva onde as crianças lancham
e fazem as atividades solicitadas. Há também na sala um espaço destinado à rodinha, onde as
crianças fazem atividades coletivas de movimentação do corpo e brincam. Neste espaço,
existem várias almofadas espalhadas pelo chão. As paredes da sala são decoradas com
motivos infantis (crianças brincando) e com os próprios trabalhos dos alunos, que são sempre
expostos. Os brinquedos ficam em prateleiras na parede da sala, para que possam ser
utilizados nos momentos destinados à brincadeira. A sala é bastante iluminada e arejada (com
vetiladores).
        A rotina da sala é assim organizada:


    Momento do Parque (logo quando as crianças chegam na escola, às 07h30, podendo ser
     realizado na quadra em dias de chuva);
    Momento da água (quando as crianças terminam de brincar, bebem água pra poder voltar
     pra sala);
XVI SEMINÁRIO DE PESQUISA DO CCSA
 ISSN 1808-6381
                                                                                                 7



    Atividade coletiva (onde a professora introduz sempre algum aspecto que ela quer que
     seja trabalhado durante o dia, de forma coletiva e dinâmica, geralmente priorizando o
     desenvolvimento das capacidades motoras das crianças);
    Momento do Banho;
    Momento do Lanche;
    Momento da Higienização (lavar as mãos, escovar os dentos, lavar o rosto);
    Atividade individual (onde a professora trabalha individualmente com as crianças algum
     aspecto importante para seu desenvolvimento cognitivo);
    Brincar (depois das atividades individuais, as crianças são liberadas para brincarem na
     sala de aula, até que seus pais cheguem para buscá-los, às 11h). Na sexta-feira este
     momento é transferido para a sala de vídeo, e as crianças assistem DVD’s.


        Como é oferecida a opção do semi-internato (que se estende das 7h às 16h), as
crianças das turmas que ficam a manhã e a tarde na instituição, tem uma rotina diferente. Não
foi o caso da turma que observamos, mas no caso das turmas do semi-internato, as crianças
após o período da brincadeira almoçam, são higienizadas e levadas ao dormitório. Quando
acordam, realizam algumas atividades, e brincam novamente até os pais chegarem.
        A professora nos informou que a rotina é praticamente a mesma todos os dias, mas
que pode variar de acordo com alguns fatores. Quando julga necessário, a professora
incorpora outras atividades na rotina, ou substitui atividades. Em dias próximos à datas que a
escola comemora, a rotina também muda um pouco, para que as crianças realizem atividades
específicas, como por exemplo no Dia das Mães, Dia dos Pais, Festas Juninas e Natal.
        Durante a manhã em que lá estivemos, percebemos que a relação entre as crianças e
as professoras era muito era afetiva. As professoras são muito atenciosas e procuravam o
tempo todo incentivar as crianças a desenvolverem o que lhes era proposto. A relação
cuidar/educar estava muito presente naquele ambiente. A própria rotina da sala evidencia esta
preocupação, quando estabelece momentos específicos para o cuidado com as crianças. Além
desses momentos específicos, em todo o tempo em que estivemos presentes na sala, as
professoras demonstraram carinho pelas crianças, colocando-as no colo quando choravam, e
quando as crianças faziam algo “errado” eram “corrigidas” de modo muito afetuoso, sem
gritarias. Era sempre exposto o porque da repreensão e explicado como deveriam agir.


RELATO DOCENTE


        A professora da sala observada é formada em Pedagogia pela Universidade Federal do
Rio Grande do Norte e especialista em Psicopedagogia. Atua na Educação Infantil há 10 anos
e na instituição a 6 anos.
        Durante a entrevista, ela nos relatou que durante todo o tempo em que trabalha nesta
instituição, sempre achou a gestão muito centralizada. Segundo suas palavras, “a diretora é
XVI SEMINÁRIO DE PESQUISA DO CCSA
 ISSN 1808-6381
                                                                                                         8



muito autoritária e não aceita que seja implementado na escola um regime de gestão
descentralizado e democrático”. A professora encontra diversas dificuldades ao tentar
desenvolver alguma atividade que fuja da rotina, pois a diretora muitas vezes não aprova.
Durante as reuniões pedagógicas, é consenso geral entre as professoras que há certa
dificuldade em colocar suas opiniões. Apesar de a escola contar com uma infra-estrutura
excelente, e disponibilizar materiais em grande quantidade para que as professoras
desenvolvam suas atividades com as crianças, a questão da gestão tem incomodado a muitos
na escola.
        Quando perguntada sobre sua opinião a respeito da turma pela qual é responsável, a
professora se mostrou muito empolgada. Disse-nos que tem percebido muitos avanços em
todas as crianças. Algumas têm um pouco mais de dificuldade em alguns aspectos, mas essas
dificuldades tem sido vencidas a cada dia, causando uma sensação de alegria na professora,
que diz: “quando vejo uma criança avançando e vencendo suas próprias dificuldades, me sinto
feliz e realizada e vejo que foi pra isso que me tornei educadora”.
        Quando questionada se gostaria de mudar algo em sua prática atual, ela respondeu
que procura sempre se renovar. Afirmou que busca se atualizar e melhorar sua prática docente
a cada dia, mas que não adianta somente o professor buscar melhorias se a direção da escola
não oferece o apoio necessário para que isso se concretize. As dificuldades com a gestão da
escola, mais uma vez aparecem no discurso da professora, que afirma que se pudesse mudar
algo na escola, seria a forma como ela é dirigida, demonstrando acreditar que uma gestão
menos centralizadora traria mais benefícios à escola e às próprias crianças. Inclusive, ela
critica a relação entre a escola e os pais das crianças, afirmando que acredita que “a escola
deveria aproximar mais os pais da rotina das crianças”.



RESULTADOS E DISCUSSÃO

        Durante algum tempo a responsabilidade pela educação dedicada às crianças era
inteiramente da família ou de algum grupo social. Bujes (2001) afirma que




                          durante muito tempo a educação da criança foi considerada uma
                          responsabilidade das famílias ou do grupo social ao qual ela pertencia. Era
                          junto aos adultos e outras crianças com os quais convivia que a criança
                          aprendia a se tornar membro deste grupo, a participar das tradições que
                          eram importantes para ele e a dominar os conhecimentos que eram
                          necessários para a sua sobrevivência material e para enfrentar as exigências
                          da vida adulta (BUJES, p.13, 2001).




        Na Idade Moderna, com a valorização da infância, a instituição familiar ganhou um
novo modo de viver, pois “a valorização da infância gerou maior união familiar, mais igualmente
meio de controle do desenvolvimento intelectual da criança e manipulação de suas emoções”
XVI SEMINÁRIO DE PESQUISA DO CCSA
 ISSN 1808-6381
                                                                                                    9



(ZIBERMAM, p.15, 2003). Nesse contexto, ascende o valor da escola como meio de
manipulação do desenvolvimento intelectual das crianças. Sendo assim, vemos que a
Instituição de Educação Infantil é algo recente na educação dos “pequenos”.
        Partindo desse fato histórico e cultural que é o surgimento da Instituição de Educação
Infantil como meio de desenvolvimento intelectual das crianças, a pesquisa investigou como
esta mantém as relações necessárias no cuidar e educar dos seus pequenos aprendizes. Para
isto utilizamos um dos documentos oficiais do Ministério da Educação – os Parâmetros
Nacionais de Qualidade para as Instituições de Educação Infantil, que percebe a criança como
um sujeito social e histórico, que é marcada pelo meio social em que está inserida, mas que
também contribui com ele (BRASIL, 2006).
        Começando pela estrutura da sala de aula, os Parâmetros de Qualidade estabelecem
que “as crianças nunca ficam sozinhas, tendo sempre uma professora ou um professor de
Educação Infantil para cada grupo ou turma” (BRASIL, 2006). Dentro deste aspecto, percebe-
se que a instituição atende a um número de crianças de modo que a professora responsável
possa dar conta de cuidar de cada uma, sem que haja desmerecimento de nenhum presente
na sala, valorizando assim a função do cuidar que a criança merece. Assim, nota-se que a
escola respeita a concepção de que toda criança precisa de cuidado, visto que se trata de um
ser frágil e dependente do adulto, respeitando também as orientações dos Parâmetros, nunca
deixando as crianças sozinhas na sala.
        A valorização da criança e deste período tão singular que é a infância pela instituição,
pode ser vista na rotina da escola, onde são apreciados o momento do parque, momento da
água, atividade coletiva, momento do banho, momento do lanche, momento da higienização,
atividade individual e o ato de brincar. Todos estes momentos atendem às orientações dos
Parâmetros de Qualidade que procura mostrar a importância de valorizar igualmente as
atividades de alimentação, leitura de histórias, troca de fraldas etc.
        A instituição também segue os princípios estabelecidos pelos Parâmetros de
Qualidade, quanto ao item Proposta pedagógica das Instituições de Educação Infantil em que
se “contemplam os princípios éticos no que se refere à formação da criança para o exercício
progressivo da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum”
(BRASIL, 2006). A escola mantém essa proposta, visto que podemos observar a presença de
armários onde as crianças guardam seus pertences, desenvolvendo a autonomia e a
responsabilidade sobre seus próprios objetos.
        Outro ponto extremamente relevante na instituição é o desenvolvimento de atividades
que promovam a movimentação das crianças, favorecendo o desenvolvimento motor e
psicológico. O ato do brincar é algo em destaque nas atividades em sala de aula, onde as
crianças dispõem de brinquedos da escola, valorizando o lúdico na construção de conflitos
entre o real e o ficcional. Assim, a criança é vista como um ser que tem o direito de brincar
como também o direito de participar ativamente na construção de sua aprendizagem. Percebe-
se que com essa postura a instituição valoriza os princípios estéticos, envolvendo a criatividade
e a ludicidade, também proposta pelos Parâmetros.
XVI SEMINÁRIO DE PESQUISA DO CCSA
 ISSN 1808-6381
                                                                                                    10



        Em contraposição aos aspectos expostos anteriormente, a instituição fica a desejar
quanto ao atendimento das orientações postas pelos Parâmetros de Qualidade no que diz
respeito à interação entre a Instituição de Educação Infantil e a família. Através da fala da
professora entrevistada percebemos que esta interação ainda não ocorre de maneira integral.
No período de acolhimento inicial, a presença dos pais não é permitida nas dependências da
instituição, sendo responsabilidade apenas dos professores propiciar a adaptação das
crianças.
        Finalmente, percebemos que os diferentes aspectos presentes na instituição observada
obedecem em grande parte os Parâmetros Nacionais de Qualidade para as Instituições de
Educação Infantil, tendo em destaque a formação da criança como um ser social ativo e
presente na sociedade a qual ela faz parte. A criança é tida como um ser capaz, que tem suas
especificidades físicas e intelectuais e que precisa de cuidados. A instituição nesse sentido é o
espaço em que a criança recebe cuidados, como também é o lugar em que desafios para sua
vida ativa são proporcionados, possibilitando um ensino significativo, reflexivo e crítico para
essa faixa etária.




REFERÊNCIAS


ARIÈS. Philippe. História social da criança e da família. 2 ed. Rio de Janeiro: Editora
Guanabara, 1978.


BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Nacionais de Qualidade para as Instituições
de Educação Infantil. Brasília: MEC, 2006.


BUJES, Maria I. Edelweiss. Escola Infantil: pra que te quero? In.: GRAIDY, C. M; KAERCHER
SILVA, G. E. P. (Org.) Educação Infantil: pra que te quero? Porto Alegre: Artmed Editora,
2001.


DEL PRIORE, M. (Org.) História da criança no Brasil. São Paulo: Contexto, 1998.


FRANCO, Márcia Elizabete Wilke. Compreendendo a Infância. A cumplicidade da escola com o
conceito de infância. In.: _______. Compreendendo a infância como condição de criança. 2
ed. Porto Alegre: Editora Mediação, 2006. (Cadernos da Educação Infantil, v.11).


FREITAS, M. C. de. (Org.) História social da infância no Brasil. São Paulo: Cortez, 1997.
XVI SEMINÁRIO DE PESQUISA DO CCSA
 ISSN 1808-6381
                                                                                            11



KUHLMANN, Jr. Moysés; FERNANDES, Rogério. Sobre a história da infância. In.: FARIA
FILHO, Luciano Mendes de. (org.) A infância e sua educação: materiais, práticas e
representações. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.


RICE, Chris; RICE, Melanie. As crianças na história. São Paulo: ática, 1998.


STEARNS. Peter N. Introdução: A infância na história mundial. In.: ______ A infância. São
Paulo: Contexto, 2006.


URBIM, Emiliano. O fim da infância. Revista Superinteressante. Edição 268, p. 29-34, ago.
2009.


ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. 11. Ed. São Paulo: Global, 2003.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL NA 3º INFÂNCIA
DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL NA 3º INFÂNCIADESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL NA 3º INFÂNCIA
DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL NA 3º INFÂNCIAElayne Camilo
 
Concepçâo de infancia
Concepçâo de infanciaConcepçâo de infancia
Concepçâo de infanciaJaisna Luara
 
As famílias de crianças com necessidades educativas especiais
As famílias de crianças com necessidades educativas especiaisAs famílias de crianças com necessidades educativas especiais
As famílias de crianças com necessidades educativas especiaisLílian Reis
 
A relação família escola
A relação família escolaA relação família escola
A relação família escolaMartileny Vieira
 
As concepções de criança e infância...
As concepções de criança e infância...As concepções de criança e infância...
As concepções de criança e infância...Marilia Pires
 
Autismo: desafios da inclusão da criança autista na escola regular
Autismo: desafios da inclusão da criança autista na escola regularAutismo: desafios da inclusão da criança autista na escola regular
Autismo: desafios da inclusão da criança autista na escola regularJanderly Reis
 
LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTILLUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTILritagatti
 
Referencial curricular nacional para a educação infantil
Referencial curricular nacional para a educação infantilReferencial curricular nacional para a educação infantil
Referencial curricular nacional para a educação infantilMaria Barbosa Almeida
 
A importancia do brincar
A importancia do brincarA importancia do brincar
A importancia do brincarJakeline Lemos
 
Jogo, brinquedo e brincadeira na perspectiva histórico-cultural
Jogo, brinquedo e brincadeira na perspectiva histórico-culturalJogo, brinquedo e brincadeira na perspectiva histórico-cultural
Jogo, brinquedo e brincadeira na perspectiva histórico-culturalUTFPR
 
Histórias de crianças e infâncias
Histórias de crianças e infânciasHistórias de crianças e infâncias
Histórias de crianças e infânciasTaís Ferreira
 
Inclusao de pessoas com deficiência
Inclusao de pessoas com deficiênciaInclusao de pessoas com deficiência
Inclusao de pessoas com deficiênciaUniversidade Unisinos
 
Palestra ecaq-responsabilidade e compromisso dos pais na vida escolar
Palestra  ecaq-responsabilidade e compromisso dos pais na vida escolarPalestra  ecaq-responsabilidade e compromisso dos pais na vida escolar
Palestra ecaq-responsabilidade e compromisso dos pais na vida escolarAnaí Peña
 
Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil Vol 3
Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil Vol 3Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil Vol 3
Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil Vol 3Clarisse Bueno
 
Concepção de infância ao longo da história
Concepção de infância ao longo da históriaConcepção de infância ao longo da história
Concepção de infância ao longo da históriaLílian Reis
 
Diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil
Diretrizes curriculares nacionais para a educação infantilDiretrizes curriculares nacionais para a educação infantil
Diretrizes curriculares nacionais para a educação infantilGeorge Júnior Soares Dantas
 

Mais procurados (20)

DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL NA 3º INFÂNCIA
DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL NA 3º INFÂNCIADESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL NA 3º INFÂNCIA
DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL NA 3º INFÂNCIA
 
Concepçâo de infancia
Concepçâo de infanciaConcepçâo de infancia
Concepçâo de infancia
 
As famílias de crianças com necessidades educativas especiais
As famílias de crianças com necessidades educativas especiaisAs famílias de crianças com necessidades educativas especiais
As famílias de crianças com necessidades educativas especiais
 
A relação família escola
A relação família escolaA relação família escola
A relação família escola
 
Autismo: o que os profissionais precisam saber?
Autismo: o que os profissionais precisam saber?Autismo: o que os profissionais precisam saber?
Autismo: o que os profissionais precisam saber?
 
As concepções de criança e infância...
As concepções de criança e infância...As concepções de criança e infância...
As concepções de criança e infância...
 
Autismo: desafios da inclusão da criança autista na escola regular
Autismo: desafios da inclusão da criança autista na escola regularAutismo: desafios da inclusão da criança autista na escola regular
Autismo: desafios da inclusão da criança autista na escola regular
 
LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTILLUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
 
Ludico e aprendizagem
Ludico e aprendizagemLudico e aprendizagem
Ludico e aprendizagem
 
Referencial curricular nacional para a educação infantil
Referencial curricular nacional para a educação infantilReferencial curricular nacional para a educação infantil
Referencial curricular nacional para a educação infantil
 
Aula 2- Educacao Infantil ordenamentos legais e politicas publicas.pdf
Aula 2- Educacao Infantil ordenamentos legais e politicas publicas.pdfAula 2- Educacao Infantil ordenamentos legais e politicas publicas.pdf
Aula 2- Educacao Infantil ordenamentos legais e politicas publicas.pdf
 
A importancia do brincar
A importancia do brincarA importancia do brincar
A importancia do brincar
 
Jogo, brinquedo e brincadeira na perspectiva histórico-cultural
Jogo, brinquedo e brincadeira na perspectiva histórico-culturalJogo, brinquedo e brincadeira na perspectiva histórico-cultural
Jogo, brinquedo e brincadeira na perspectiva histórico-cultural
 
Histórias de crianças e infâncias
Histórias de crianças e infânciasHistórias de crianças e infâncias
Histórias de crianças e infâncias
 
Inclusao de pessoas com deficiência
Inclusao de pessoas com deficiênciaInclusao de pessoas com deficiência
Inclusao de pessoas com deficiência
 
Palestra ecaq-responsabilidade e compromisso dos pais na vida escolar
Palestra  ecaq-responsabilidade e compromisso dos pais na vida escolarPalestra  ecaq-responsabilidade e compromisso dos pais na vida escolar
Palestra ecaq-responsabilidade e compromisso dos pais na vida escolar
 
Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil Vol 3
Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil Vol 3Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil Vol 3
Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil Vol 3
 
Concepção de infância ao longo da história
Concepção de infância ao longo da históriaConcepção de infância ao longo da história
Concepção de infância ao longo da história
 
As práticas educativas
As práticas educativasAs práticas educativas
As práticas educativas
 
Diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil
Diretrizes curriculares nacionais para a educação infantilDiretrizes curriculares nacionais para a educação infantil
Diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil
 

Destaque

PNAIC 2015 - Texto 01 Concepção de infância, criança e educação
PNAIC 2015 - Texto 01 Concepção de infância, criança e educaçãoPNAIC 2015 - Texto 01 Concepção de infância, criança e educação
PNAIC 2015 - Texto 01 Concepção de infância, criança e educaçãoElieneDias
 
CONCEITO DE CURRÍCULO
CONCEITO DE CURRÍCULOCONCEITO DE CURRÍCULO
CONCEITO DE CURRÍCULOJairo Felipe
 
PNAIC 2015 - Texto 02 A criança no ciclo de alfabetização
PNAIC 2015 - Texto 02 A criança no ciclo de alfabetizaçãoPNAIC 2015 - Texto 02 A criança no ciclo de alfabetização
PNAIC 2015 - Texto 02 A criança no ciclo de alfabetizaçãoElieneDias
 
EDUCAR, CUIDAR E BRINCAR A PARTIR DO REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A E...
EDUCAR, CUIDAR E BRINCAR A PARTIR DO REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A E...EDUCAR, CUIDAR E BRINCAR A PARTIR DO REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A E...
EDUCAR, CUIDAR E BRINCAR A PARTIR DO REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A E...Silvia Marina Anaruma
 
Diretrizes curriculares nacionais para educação infantil
Diretrizes curriculares nacionais para educação infantilDiretrizes curriculares nacionais para educação infantil
Diretrizes curriculares nacionais para educação infantilEMEI Julio Alves Pereira
 
Cartilha sobre os Direitos e Deveres da Criança...
Cartilha sobre os Direitos e Deveres da Criança...Cartilha sobre os Direitos e Deveres da Criança...
Cartilha sobre os Direitos e Deveres da Criança...luciamaral
 
PNAIC 2015 - Brincadeiras de criança
PNAIC 2015 - Brincadeiras de criança PNAIC 2015 - Brincadeiras de criança
PNAIC 2015 - Brincadeiras de criança ElieneDias
 
Sequência didática na educação infantil
Sequência didática na educação infantil Sequência didática na educação infantil
Sequência didática na educação infantil Luiza Carvalho
 
Visão geral sobre o ECA
Visão geral sobre o ECAVisão geral sobre o ECA
Visão geral sobre o ECAclaudiadmaia
 
Microsoft power point o treino das capacidades motoras no futebol - def. 2
Microsoft power point   o treino das capacidades motoras no futebol - def. 2Microsoft power point   o treino das capacidades motoras no futebol - def. 2
Microsoft power point o treino das capacidades motoras no futebol - def. 2Pedro Mexiko
 
Declaração universal dos direitos da criança
Declaração universal dos direitos da criançaDeclaração universal dos direitos da criança
Declaração universal dos direitos da criançaeb1cambres
 
Declaração universal dos direitos da criança
Declaração universal dos direitos da criançaDeclaração universal dos direitos da criança
Declaração universal dos direitos da criançafatimapestana
 
Importantes Pedagogos
Importantes PedagogosImportantes Pedagogos
Importantes PedagogosGabygonzalezp
 
Mensagens escolares por simone helen drumond
Mensagens escolares por simone helen drumondMensagens escolares por simone helen drumond
Mensagens escolares por simone helen drumondSimoneHelenDrumond
 

Destaque (20)

PNAIC 2015 - Texto 01 Concepção de infância, criança e educação
PNAIC 2015 - Texto 01 Concepção de infância, criança e educaçãoPNAIC 2015 - Texto 01 Concepção de infância, criança e educação
PNAIC 2015 - Texto 01 Concepção de infância, criança e educação
 
CONCEITO DE CURRÍCULO
CONCEITO DE CURRÍCULOCONCEITO DE CURRÍCULO
CONCEITO DE CURRÍCULO
 
PNAIC 2015 - Texto 02 A criança no ciclo de alfabetização
PNAIC 2015 - Texto 02 A criança no ciclo de alfabetizaçãoPNAIC 2015 - Texto 02 A criança no ciclo de alfabetização
PNAIC 2015 - Texto 02 A criança no ciclo de alfabetização
 
EDUCAR, CUIDAR E BRINCAR A PARTIR DO REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A E...
EDUCAR, CUIDAR E BRINCAR A PARTIR DO REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A E...EDUCAR, CUIDAR E BRINCAR A PARTIR DO REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A E...
EDUCAR, CUIDAR E BRINCAR A PARTIR DO REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A E...
 
Diretrizes curriculares nacionais para educação infantil
Diretrizes curriculares nacionais para educação infantilDiretrizes curriculares nacionais para educação infantil
Diretrizes curriculares nacionais para educação infantil
 
A criança e a infância
A criança e a infância A criança e a infância
A criança e a infância
 
Direitos da criança
Direitos da criança Direitos da criança
Direitos da criança
 
Cartilha sobre os Direitos e Deveres da Criança...
Cartilha sobre os Direitos e Deveres da Criança...Cartilha sobre os Direitos e Deveres da Criança...
Cartilha sobre os Direitos e Deveres da Criança...
 
PNAIC 2015 - Brincadeiras de criança
PNAIC 2015 - Brincadeiras de criança PNAIC 2015 - Brincadeiras de criança
PNAIC 2015 - Brincadeiras de criança
 
Sequência didática na educação infantil
Sequência didática na educação infantil Sequência didática na educação infantil
Sequência didática na educação infantil
 
Visão geral sobre o ECA
Visão geral sobre o ECAVisão geral sobre o ECA
Visão geral sobre o ECA
 
EDUCAÇÃO INFANTIL
EDUCAÇÃO INFANTILEDUCAÇÃO INFANTIL
EDUCAÇÃO INFANTIL
 
Microsoft power point o treino das capacidades motoras no futebol - def. 2
Microsoft power point   o treino das capacidades motoras no futebol - def. 2Microsoft power point   o treino das capacidades motoras no futebol - def. 2
Microsoft power point o treino das capacidades motoras no futebol - def. 2
 
Sociologia da infância
Sociologia da infânciaSociologia da infância
Sociologia da infância
 
Declaração universal dos direitos da criança
Declaração universal dos direitos da criançaDeclaração universal dos direitos da criança
Declaração universal dos direitos da criança
 
Declaração universal dos direitos da criança
Declaração universal dos direitos da criançaDeclaração universal dos direitos da criança
Declaração universal dos direitos da criança
 
Aportes de pedagogos
Aportes de pedagogosAportes de pedagogos
Aportes de pedagogos
 
Importantes Pedagogos
Importantes PedagogosImportantes Pedagogos
Importantes Pedagogos
 
Rcnei
RcneiRcnei
Rcnei
 
Mensagens escolares por simone helen drumond
Mensagens escolares por simone helen drumondMensagens escolares por simone helen drumond
Mensagens escolares por simone helen drumond
 

Semelhante a Concepção de criança e infância

Formação de professores na escola capitalista
Formação de professores na escola capitalistaFormação de professores na escola capitalista
Formação de professores na escola capitalistaRosyane Dutra
 
Livro de Conteúdo - GDE - Vol2.
Livro de Conteúdo - GDE - Vol2.Livro de Conteúdo - GDE - Vol2.
Livro de Conteúdo - GDE - Vol2.Fábio Fernandes
 
2° parte a educação infantil sofreu grandes transformações nos últimos tempos
2° parte a educação infantil sofreu grandes transformações nos últimos tempos2° parte a educação infantil sofreu grandes transformações nos últimos tempos
2° parte a educação infantil sofreu grandes transformações nos últimos temposPoLiciana Alves de Paula
 
Livro Fundamentos da Educação Infantil
Livro Fundamentos da Educação InfantilLivro Fundamentos da Educação Infantil
Livro Fundamentos da Educação InfantilPatrícia Éderson Dias
 
A Influência dos Clássicos da Disney na criação dos estereótipos do bem e do mal
A Influência dos Clássicos da Disney na criação dos estereótipos do bem e do malA Influência dos Clássicos da Disney na criação dos estereótipos do bem e do mal
A Influência dos Clássicos da Disney na criação dos estereótipos do bem e do malJean Michel Gallo Soldatelli
 
AULA 1 - CONTRUCAO DA INFANCIA NL.pptx
AULA 1 - CONTRUCAO DA INFANCIA NL.pptxAULA 1 - CONTRUCAO DA INFANCIA NL.pptx
AULA 1 - CONTRUCAO DA INFANCIA NL.pptxTirza1728
 
Orientação sexual nas escolas a importância e as dificuldades da abordagem ju...
Orientação sexual nas escolas a importância e as dificuldades da abordagem ju...Orientação sexual nas escolas a importância e as dificuldades da abordagem ju...
Orientação sexual nas escolas a importância e as dificuldades da abordagem ju...Junior Moraes
 
ORIENTAÇÃO SEXUAL NAS ESCOLAS: A IMPORTÂNCIA E AS DIFICULDADES DA ABORDAGEM J...
ORIENTAÇÃO SEXUAL NAS ESCOLAS: A IMPORTÂNCIA E AS DIFICULDADES DA ABORDAGEM J...ORIENTAÇÃO SEXUAL NAS ESCOLAS: A IMPORTÂNCIA E AS DIFICULDADES DA ABORDAGEM J...
ORIENTAÇÃO SEXUAL NAS ESCOLAS: A IMPORTÂNCIA E AS DIFICULDADES DA ABORDAGEM J...Junior Moraes
 
Bicastiradentes orientacaosexual sexualidadenaadolescencia
Bicastiradentes orientacaosexual sexualidadenaadolescenciaBicastiradentes orientacaosexual sexualidadenaadolescencia
Bicastiradentes orientacaosexual sexualidadenaadolescenciatemastransversais
 
O Recreio na Perspectiva das Crianças.
O Recreio na Perspectiva das Crianças.O Recreio na Perspectiva das Crianças.
O Recreio na Perspectiva das Crianças.revistas - UEPG
 

Semelhante a Concepção de criança e infância (20)

652 2279-1-pb
652 2279-1-pb652 2279-1-pb
652 2279-1-pb
 
Formação de professores na escola capitalista
Formação de professores na escola capitalistaFormação de professores na escola capitalista
Formação de professores na escola capitalista
 
Monografia Rozineide Pedagogia 2009
Monografia Rozineide Pedagogia 2009Monografia Rozineide Pedagogia 2009
Monografia Rozineide Pedagogia 2009
 
Livro de Conteúdo - GDE - Vol2.
Livro de Conteúdo - GDE - Vol2.Livro de Conteúdo - GDE - Vol2.
Livro de Conteúdo - GDE - Vol2.
 
Jose flavio 1
Jose flavio 1Jose flavio 1
Jose flavio 1
 
Projeto pdf
Projeto pdfProjeto pdf
Projeto pdf
 
Projeto pdf
Projeto pdfProjeto pdf
Projeto pdf
 
2° parte a educação infantil sofreu grandes transformações nos últimos tempos
2° parte a educação infantil sofreu grandes transformações nos últimos tempos2° parte a educação infantil sofreu grandes transformações nos últimos tempos
2° parte a educação infantil sofreu grandes transformações nos últimos tempos
 
Laura simone
Laura simoneLaura simone
Laura simone
 
Artigo 2f
Artigo 2fArtigo 2f
Artigo 2f
 
Tudoparaopnaic 140115181324-phpapp02
Tudoparaopnaic 140115181324-phpapp02Tudoparaopnaic 140115181324-phpapp02
Tudoparaopnaic 140115181324-phpapp02
 
Livro Fundamentos da Educação Infantil
Livro Fundamentos da Educação InfantilLivro Fundamentos da Educação Infantil
Livro Fundamentos da Educação Infantil
 
Artigo de raisa ojala na anpocs 2008
Artigo de raisa ojala na anpocs 2008Artigo de raisa ojala na anpocs 2008
Artigo de raisa ojala na anpocs 2008
 
Relações familiares e aprendizagem
Relações familiares e aprendizagemRelações familiares e aprendizagem
Relações familiares e aprendizagem
 
A Influência dos Clássicos da Disney na criação dos estereótipos do bem e do mal
A Influência dos Clássicos da Disney na criação dos estereótipos do bem e do malA Influência dos Clássicos da Disney na criação dos estereótipos do bem e do mal
A Influência dos Clássicos da Disney na criação dos estereótipos do bem e do mal
 
AULA 1 - CONTRUCAO DA INFANCIA NL.pptx
AULA 1 - CONTRUCAO DA INFANCIA NL.pptxAULA 1 - CONTRUCAO DA INFANCIA NL.pptx
AULA 1 - CONTRUCAO DA INFANCIA NL.pptx
 
Orientação sexual nas escolas a importância e as dificuldades da abordagem ju...
Orientação sexual nas escolas a importância e as dificuldades da abordagem ju...Orientação sexual nas escolas a importância e as dificuldades da abordagem ju...
Orientação sexual nas escolas a importância e as dificuldades da abordagem ju...
 
ORIENTAÇÃO SEXUAL NAS ESCOLAS: A IMPORTÂNCIA E AS DIFICULDADES DA ABORDAGEM J...
ORIENTAÇÃO SEXUAL NAS ESCOLAS: A IMPORTÂNCIA E AS DIFICULDADES DA ABORDAGEM J...ORIENTAÇÃO SEXUAL NAS ESCOLAS: A IMPORTÂNCIA E AS DIFICULDADES DA ABORDAGEM J...
ORIENTAÇÃO SEXUAL NAS ESCOLAS: A IMPORTÂNCIA E AS DIFICULDADES DA ABORDAGEM J...
 
Bicastiradentes orientacaosexual sexualidadenaadolescencia
Bicastiradentes orientacaosexual sexualidadenaadolescenciaBicastiradentes orientacaosexual sexualidadenaadolescencia
Bicastiradentes orientacaosexual sexualidadenaadolescencia
 
O Recreio na Perspectiva das Crianças.
O Recreio na Perspectiva das Crianças.O Recreio na Perspectiva das Crianças.
O Recreio na Perspectiva das Crianças.
 

Concepção de criança e infância

  • 1. XVI SEMINÁRIO DE PESQUISA DO CCSA ISSN 1808-6381 AS CONCEPÇÕES DE CRIANÇA E INFÂNCIA COMO NORTEADORES DE UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA 1 Marília Fabiana Pires Mendonça - UFRN 2 Vanessa Maria da Silva Clemente - UFRN 3 Orientadora: Profª. Drª. Mariangela Momo - UFRN RESUMO O estudo trata de uma pesquisa realizada no âmbito da disciplina Fundamentos da Educação Infantil, do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e tem como objetivo discutir o papel das concepções de criança e infância na prática pedagógica de uma Instituição de Educação Infantil. A relevância dessa pesquisa está na possibilidade de refletir sobre a função das concepções de criança e infância como fator decisivo para a prática escolar. A investigação foi realizada em uma instituição da rede privada do município de Natal- RN e desenvolvida em três etapas. Inicialmente, foi feito um estudo bibliográfico sobre as concepções de criança e de infância em diferentes epocas. Logo em seguida partimos para a observação da organização da instituição e dos espaços dedicados à criança. E para finalizar foi realizada uma entrevista com uma das professoras do quadro docente da Instituição. Como referencial teórico optou-se por Phillip Áries (1978); Craidy e Kaercher (2001); Franco (2006); Kuhlmann e Fernandes (2004); Stearns (2006); Urbim (2009). Como resultado observou-se que a instituição pesquisada é regida por concepções em que a criança é vista como um ser integrante na sociedade que ele faz parte. Desse modo as práticas presentes na escola são regidas pelos Parâmetros Nacionais de Qualidade para as Instituições de Educação Infantil elaborado pelo Ministério da Educação visando um ensino de qualidade e significativo para a vida da criança. Palavras-chaves: Criança, infância, prática pedagógica. INTRODUÇÃO O presente trabalho é parte de uma pesquisa realizada na disciplina Fundamentos da Educação Infantil do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O estudo tem como objetivo investigar de que maneira a Instituição de Educação Infantil abordada na pesquisa compreende as concepções de criança e infância e como o entendimento desses conceitos é refletido na prática educativa. A relevância desse estudo está na possibilidade de observar na prática como as concepções de criança e infância contribuem para o desenvolvimento das atividades pedagógicas na Instituição de Educação Infantil. Muito se tem falado acerca dos conceitos de criança e infância. Estudiosos como Ariès (1978), Del Priore (1998), Freitas (1997), Rice (1998) vem tentando mostrar a relevância de estudar a construção desses conceitos ao longo da história para entender o papel social da criança em diferentes epocas. O modo como uma sociedade enxerga as questões da infância 1 E-mail: marilia_flower@hotmail.com 2 E-mail: wanessaclementespp@yahoo.com.br 3 E-mail: marimomo@terra.com.br
  • 2. XVI SEMINÁRIO DE PESQUISA DO CCSA ISSN 1808-6381 2 norteia sua forma de tratar as crianças, de vê-las como seres inseridos na sociedade da qual fazem parte. Da mesma forma, o entendimento que a escola tem sobre o que é ser criança e o que é a infância interfere diretamente na maneira de conduzir as atividades pedagógicas. Nesse contexto, a pesquisa investigativa partiu de um estudo bibliográfico sobre os conceitos de criança e infância ao longo da história. Logo em seguida realizamos a observação de uma Instituição de Educação Infantil privada, situada no bairro Morro Branco, zona administrativa oeste da cidade de Natal, em que foram analisados os aspectos físicos e pedagógicos da instituição. Por último foi realizada uma entrevista semi-estruturada com uma das professoras do quadro docente da instituição. Este trabalho colaborou para a aplicação dos conceitos apreendidos na disciplina Fundamentos da Educação Infantil e em estudos bibliográficos, nos levando a interagir e lidar com as mais diversas formas de relação educador/criança no que concerne à afetividade como também às atividades pedagógicas destinadas às crianças. AS CONCEPÇÕES DE CRIANÇA E INFÂNCIA AO LONGO DA HISTÓRIA Tanto a concepção de criança quanto a de infância, assim como a construção de qualquer conceito subjetivo, são elaboradas a partir da visão de mundo de uma sociedade, sendo assim um produto histórico e cultural (FRANCO, 2006). Logo, não é possível formular um único conceito, fechado e restrito, sobre o que seja infância e criança. Esses conceitos variam conforme o tempo e o espaço. Os estudos sobre a criança e a infância revelam que os autores não podem chegar a um consenso a respeito do conceito de criança, mas podem apontar características do que é ser criança de acordo com cada tempo e lugar. Segundo Stearns (2006), algumas características são tidas como universais. Toda criança é dotada de fragilidade e necessita de atenção e cuidados especiais, como alimentação e cuidados físicos, requerendo esses cuidados durante muito tempo. Além disso, as crianças são vistas como seres diferentes dos adultos, que precisam ser preparadas para esta outra fase da vida. Porém, o tratamento dessas características tidas como universais nem sempre foram respeitadas. Durante os séculos XV e XVI, as crianças não eram vistas como seres inseridos socialmente. Muitas crianças morriam, pois não tinham a devida atenção para com sua saúde. Apenas nos séculos XVII e XVIII as crianças começam a ser vistas de outra forma. Para Zibermam, a mudança se deveu a outro acontecimento da época: a emergência de uma nova noção de família, centrada não mais em amplas relações de parentesco, mas num núcleo unicelular, preocupado em manter sua
  • 3. XVI SEMINÁRIO DE PESQUISA DO CCSA ISSN 1808-6381 3 privacidade (impedindo a intervenção dos parentes em seus negócios internos) e estimular o afeto entre seus membros. (ZIBERMAN, p.15, 2003). Esse fato marca as transformações ocorridas na Idade Moderna, epoca em que a infância é delimitada como uma faixa etária com tratamento diferenciado. Quando observamos as características tidas como universais, percebemos logo que as expressões criança e infância são bem distintas. Kuhlmann e Fernandes (2004) diferenciam criança e infância da seguinte forma: infância refere-se a um período da vida humana enquanto criança trata-se de uma “realidade psicobiológica” do indivíduo. Essa diferenciação é extremamente importante, pois, apesar de serem expressões comumente usadas para descrever um período da vida, ambas possuem suas especificidades. Mas o estudo dessas concepções não é tão simples quanto possa parecer. Primeiro porque a história da criança e da infância sempre foi narrada por um adulto, revelando sempre o olhar deste sobre a criança. Depois, porque “lidar com a questão da infância pode ser muito pessoal”, pois as questões subjetivas sempre envolvem a formação de um pensamento e/ou idéia muito própria do indivíduo (STEARNS, 2006). Envolve uma visão de mundo própria do adulto e do contexto sócio-cultural deste. Talvez seja por isso que muitas vezes encontramos na literatura sobre a infância diversas discussões e posicionamentos diferentes. Ariès (1978), grande estudioso deste tema, enxergou a Idade Média como um período em que a criança e seu universo não eram valorizados e respeitados. Assim, afirma: O homem moderno ficará surpreso com a incoveniência desses costumes: eles nos parecem incompatíveis com nossas idéias sobre a infância e a primeira adolescência, e já é muito os tolerarmos nos adultos das classes populares, como indício de uma idade mental ainda aquém da maturidade. Nos séculos XVI e XVII, os contemporâneos situavam os escolares no mesmo mundo picaresco dos soldados, criados, e, de um modo geral, dos mendigos (ARIÈS, 1978, p. 184). É claro que nem todos os estudiosos concordam com Ariès. Alguns autores afimam que era muito comum observar relações afetivas positivas entre mães e filhos. Segundo Kuhlmann e Fernandes (2004), “a transposição imediata das questões de Ariès sobre a infância francesa para outros países pode implicar desvios de interpretação, ao se nivelarem realidades distintas”. A conclusão que se chega com essas divergências é que estamos tratando de conceitos muito complexos que são construídos de maneiras diferentes por cada sociedade em cada tempo histórico, onde o contexto é de total importância. Mesmo hoje, com o processo de globalização, onde as informações correm o mundo em uma velocidade assustadora e onde quase toda a população tem acesso aos costumes e idéias das mais diversas culturas, as crianças e a infância continuam sendo percebidas de formas diferentes. Ainda não chegaram a
  • 4. XVI SEMINÁRIO DE PESQUISA DO CCSA ISSN 1808-6381 4 um consenso, a uma unicidade no que se refere a esses conceitos e certamente essa unidade não é necessária. É certo que muita coisa mudou ao longo dos anos e que hoje a criança desempenha um papel fundamental na maioria das sociedades, mas ainda assim, cada sociedade, dentro de seu tempo, tem sua própria maneira de se relacionar com elas. OBSERVAÇÃO DIAGNÓSTICA DA INSTITUIÇÃO ALVO Tendo em vista as concepções observadas durante o estudo teórico, partimos para a observação da organização dos espaços dedicados à criança em uma Instituição de Educação Infantil para investigar como esta Instituição concebe a criança e seu papel na sociedade. A Instituição de Educação Infantil alvo da pesquisa, encontra-se localizada no bairro Morro Branco, Natal/RN. São 27 anos de existência, sendo esta instituição privada, que atende crianças das classes média e alta da cidade. O contato com este espaço ocorreu no dia 06 de maio de 2010 às 07h30min e terminou às 11h30min. O quadro gestor da instituição constitui-se em: uma Diretora; uma Coordenadora; e uma Consultora e Acessora Pedagógica. Além da equipe Pedagógica, a escola conta com mais 71 funcionários, assim distribuídos: 04 porteiros, 02 secretárias, 03 cozinheiras, 01 nutricionista, 02 auxiliares de serviçoes gerais, 02 digitadores, 24 professoras, 28 professoras- auxiliares, 01 professor de Música, 01 professor de Educação Física, 01 professor de Natação, 01 professor de Capoeira, 01 professor de Judô, 01 professora de Ballet. A escola possui 26 turmas distribuídas conforme a tabela abaixo: TURMA QUANTIDADE Berçário 02 Nível I 02 Nível II 04 Nível III 02 Nível IV 02 Nível V 02 1º Ano 02 2º Ano 02 3º Ano 02 4º Ano 02 5º Ano 02 Semi-internato 02 Cada turma da Educação Infantil (Níveis I ao V) conta com cerca de 13 a 20 alunos, variando a quantidade de acordo com o tamanho das salas e o número de professores e
  • 5. XVI SEMINÁRIO DE PESQUISA DO CCSA ISSN 1808-6381 5 professores-auxiliares, tentando proporcionar aos alunos um ambiente espaçoso, que permita às crianças se movimentarem na sala de aula. A escola também conta com 03 crianças com necessidades especiais, sendo 01 com Síndrome de Down e 02 com Deficiência Mental. Apesar de a escola não contar com nenhuma criança cadeirante, os ambientes da escola são bastante acessíveis, com rampas e banheiro adaptado. Todas as professoras da Educação Infantil são formadas em Pedagogia, tendo algumas delas especialização em Psicopedagogia. Todas as professoras-auxiliares estão em formação, cursando Pedagogia em diversas instituições, inclusive na UFRN. Quando consultada a respeito do Projeto Político Pedagógico da escola (PPP), a diretora que nos atendeu disse-nos que havia tal Projeto na instituição, mas que estava em processo de reelaboração. Segundo a diretora, o PPP está sempre passando por mudanças, à medida que a experiência do dia-a-dia mostra novas realidades e aponta para mudanças importantes. Algumas informações concernentes à Proposta Pedagógica da escola foram conseguidas através do site da instituição. Em sua Proposta Pedagógica, a escola procura pensar a criança com seus processos singulares, presentes em diferentes culturas e contextos sociais, suas capacidades físicas, cognitivas, éticas e emocionais, proporcionando-lhe um ambiente rico em interações e situações de desafios e aprendizagem, no qual ela amplia gradativamente a compreensão acerca de si mesma e do mundo. São estes os aspectos priorizados na nossa ação pedagógica. O Balãozinho Mágico compreende o aluno como um ser ativo na construção de sua aprendizagem, interagindo com seus parceiros, com professores capacitados e habilitados para promover intervenções em um ambiente de aprendizagem rico e motivador, permitindo ao aluno a vivencia de experiências que ampliem a descoberta do prazer de aprender a conhecer, a fazer, a ser e a viver juntos (PROPOSTA PEDAGÓGICA). Dentro especificamente da Educação Infantil, a instituição acredita que educar, cuidar e brincar fazem parte da filosofia que articula o currículo da Educação Infantil. Considerando o compromisso com a qualidade, e uma prática educativa voltada para a formação do aluno com um ser ativo no processo de aprendizagem, a Educação Infantil é formada de crianças agrupadas em cinco níveis por idade aproximada” (PROPOSTA PEDAGÓGICA). Buscando integrar a familia às atividades escolares, a coordenação utiliza-se de reuniões bimestrais e semestrais com os pais. Ao final de cada bimestre há um plantão pedagógico em que os pais primeiramente recebem as atividades produzidas pelas crianças e posteriormente comentam com as professoras os avanços e as possíveis deficiências de seus filhos. Semestralmente há uma reunião em conjunto entre os pais e a Assessora Pedagógica e
  • 6. XVI SEMINÁRIO DE PESQUISA DO CCSA ISSN 1808-6381 6 uma conversa individual com a professora. Em caso de avisos ao longo dos bimestres, a agenda escolar é o maior veículo de comunicação entre a escola e a família. Quanto aos ambientes da escola, a mesma conta com 19 salas de aula, 06 banheiros (sendo 05 destinados aos alunos e 01 aos funcionários da Instituição), 02 copas, 01 refeitório, 01 sala para a Secretaria, 01 sala para a Diretoria, 01 sala para a Coordenação, 01 sala de informática, 01 sala de vídeo, 01 quadra, 01 pátio (com parquinho), 01 piscina, 01 parque interno, 01 recepção. Quanto aos materiais e equipamentos disponíveis, existem 02 televisores (um para a sala de vídeo e um para o semi-internato), 01 DVD, 05 rádios portáteis, 01 mesa de som, 01 caixa de som, 01 projetor multimídia e 10 computadores (06 na sala de informática e 04 para o funcionamento interno). Além desses equipamentos, há uma grande quantidade de materiais para que professores e alunos possam utilizar em sala de aula durante o desenvolvimento das atividades. A turma escolhida como alvo da observação é do Nível II, composta de 13 alunos, onde o mais novo tem 1 ano e 6 meses e o mais velho tem 2 anos e 3 meses, uma professora especialista em Psicopedagogia e uma professora-auxiliar cursando o 6º período do curso de Pedagogia na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Observamos que o tamanho da sala é proporcional ao número de alunos e o espaço é bem amplo e limpo. As paredes da sala são bem pintadas e não há sinal de rachaduras ou mofo. Na sala há um armário onde são guardados os materiais para utilização durante as atividades, bem como materiais de uso pessoal dos alunos (necessaires individuais contendo materiais de higiene pessoal). Além desses materiais, o armário comporta também os materiais utilizados pelas professoras e diversas pastas onde são armazenadas as atividades produzidas pelas crianças. Além do armário, existe também uma mesa coletiva onde as crianças lancham e fazem as atividades solicitadas. Há também na sala um espaço destinado à rodinha, onde as crianças fazem atividades coletivas de movimentação do corpo e brincam. Neste espaço, existem várias almofadas espalhadas pelo chão. As paredes da sala são decoradas com motivos infantis (crianças brincando) e com os próprios trabalhos dos alunos, que são sempre expostos. Os brinquedos ficam em prateleiras na parede da sala, para que possam ser utilizados nos momentos destinados à brincadeira. A sala é bastante iluminada e arejada (com vetiladores). A rotina da sala é assim organizada:  Momento do Parque (logo quando as crianças chegam na escola, às 07h30, podendo ser realizado na quadra em dias de chuva);  Momento da água (quando as crianças terminam de brincar, bebem água pra poder voltar pra sala);
  • 7. XVI SEMINÁRIO DE PESQUISA DO CCSA ISSN 1808-6381 7  Atividade coletiva (onde a professora introduz sempre algum aspecto que ela quer que seja trabalhado durante o dia, de forma coletiva e dinâmica, geralmente priorizando o desenvolvimento das capacidades motoras das crianças);  Momento do Banho;  Momento do Lanche;  Momento da Higienização (lavar as mãos, escovar os dentos, lavar o rosto);  Atividade individual (onde a professora trabalha individualmente com as crianças algum aspecto importante para seu desenvolvimento cognitivo);  Brincar (depois das atividades individuais, as crianças são liberadas para brincarem na sala de aula, até que seus pais cheguem para buscá-los, às 11h). Na sexta-feira este momento é transferido para a sala de vídeo, e as crianças assistem DVD’s. Como é oferecida a opção do semi-internato (que se estende das 7h às 16h), as crianças das turmas que ficam a manhã e a tarde na instituição, tem uma rotina diferente. Não foi o caso da turma que observamos, mas no caso das turmas do semi-internato, as crianças após o período da brincadeira almoçam, são higienizadas e levadas ao dormitório. Quando acordam, realizam algumas atividades, e brincam novamente até os pais chegarem. A professora nos informou que a rotina é praticamente a mesma todos os dias, mas que pode variar de acordo com alguns fatores. Quando julga necessário, a professora incorpora outras atividades na rotina, ou substitui atividades. Em dias próximos à datas que a escola comemora, a rotina também muda um pouco, para que as crianças realizem atividades específicas, como por exemplo no Dia das Mães, Dia dos Pais, Festas Juninas e Natal. Durante a manhã em que lá estivemos, percebemos que a relação entre as crianças e as professoras era muito era afetiva. As professoras são muito atenciosas e procuravam o tempo todo incentivar as crianças a desenvolverem o que lhes era proposto. A relação cuidar/educar estava muito presente naquele ambiente. A própria rotina da sala evidencia esta preocupação, quando estabelece momentos específicos para o cuidado com as crianças. Além desses momentos específicos, em todo o tempo em que estivemos presentes na sala, as professoras demonstraram carinho pelas crianças, colocando-as no colo quando choravam, e quando as crianças faziam algo “errado” eram “corrigidas” de modo muito afetuoso, sem gritarias. Era sempre exposto o porque da repreensão e explicado como deveriam agir. RELATO DOCENTE A professora da sala observada é formada em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte e especialista em Psicopedagogia. Atua na Educação Infantil há 10 anos e na instituição a 6 anos. Durante a entrevista, ela nos relatou que durante todo o tempo em que trabalha nesta instituição, sempre achou a gestão muito centralizada. Segundo suas palavras, “a diretora é
  • 8. XVI SEMINÁRIO DE PESQUISA DO CCSA ISSN 1808-6381 8 muito autoritária e não aceita que seja implementado na escola um regime de gestão descentralizado e democrático”. A professora encontra diversas dificuldades ao tentar desenvolver alguma atividade que fuja da rotina, pois a diretora muitas vezes não aprova. Durante as reuniões pedagógicas, é consenso geral entre as professoras que há certa dificuldade em colocar suas opiniões. Apesar de a escola contar com uma infra-estrutura excelente, e disponibilizar materiais em grande quantidade para que as professoras desenvolvam suas atividades com as crianças, a questão da gestão tem incomodado a muitos na escola. Quando perguntada sobre sua opinião a respeito da turma pela qual é responsável, a professora se mostrou muito empolgada. Disse-nos que tem percebido muitos avanços em todas as crianças. Algumas têm um pouco mais de dificuldade em alguns aspectos, mas essas dificuldades tem sido vencidas a cada dia, causando uma sensação de alegria na professora, que diz: “quando vejo uma criança avançando e vencendo suas próprias dificuldades, me sinto feliz e realizada e vejo que foi pra isso que me tornei educadora”. Quando questionada se gostaria de mudar algo em sua prática atual, ela respondeu que procura sempre se renovar. Afirmou que busca se atualizar e melhorar sua prática docente a cada dia, mas que não adianta somente o professor buscar melhorias se a direção da escola não oferece o apoio necessário para que isso se concretize. As dificuldades com a gestão da escola, mais uma vez aparecem no discurso da professora, que afirma que se pudesse mudar algo na escola, seria a forma como ela é dirigida, demonstrando acreditar que uma gestão menos centralizadora traria mais benefícios à escola e às próprias crianças. Inclusive, ela critica a relação entre a escola e os pais das crianças, afirmando que acredita que “a escola deveria aproximar mais os pais da rotina das crianças”. RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante algum tempo a responsabilidade pela educação dedicada às crianças era inteiramente da família ou de algum grupo social. Bujes (2001) afirma que durante muito tempo a educação da criança foi considerada uma responsabilidade das famílias ou do grupo social ao qual ela pertencia. Era junto aos adultos e outras crianças com os quais convivia que a criança aprendia a se tornar membro deste grupo, a participar das tradições que eram importantes para ele e a dominar os conhecimentos que eram necessários para a sua sobrevivência material e para enfrentar as exigências da vida adulta (BUJES, p.13, 2001). Na Idade Moderna, com a valorização da infância, a instituição familiar ganhou um novo modo de viver, pois “a valorização da infância gerou maior união familiar, mais igualmente meio de controle do desenvolvimento intelectual da criança e manipulação de suas emoções”
  • 9. XVI SEMINÁRIO DE PESQUISA DO CCSA ISSN 1808-6381 9 (ZIBERMAM, p.15, 2003). Nesse contexto, ascende o valor da escola como meio de manipulação do desenvolvimento intelectual das crianças. Sendo assim, vemos que a Instituição de Educação Infantil é algo recente na educação dos “pequenos”. Partindo desse fato histórico e cultural que é o surgimento da Instituição de Educação Infantil como meio de desenvolvimento intelectual das crianças, a pesquisa investigou como esta mantém as relações necessárias no cuidar e educar dos seus pequenos aprendizes. Para isto utilizamos um dos documentos oficiais do Ministério da Educação – os Parâmetros Nacionais de Qualidade para as Instituições de Educação Infantil, que percebe a criança como um sujeito social e histórico, que é marcada pelo meio social em que está inserida, mas que também contribui com ele (BRASIL, 2006). Começando pela estrutura da sala de aula, os Parâmetros de Qualidade estabelecem que “as crianças nunca ficam sozinhas, tendo sempre uma professora ou um professor de Educação Infantil para cada grupo ou turma” (BRASIL, 2006). Dentro deste aspecto, percebe- se que a instituição atende a um número de crianças de modo que a professora responsável possa dar conta de cuidar de cada uma, sem que haja desmerecimento de nenhum presente na sala, valorizando assim a função do cuidar que a criança merece. Assim, nota-se que a escola respeita a concepção de que toda criança precisa de cuidado, visto que se trata de um ser frágil e dependente do adulto, respeitando também as orientações dos Parâmetros, nunca deixando as crianças sozinhas na sala. A valorização da criança e deste período tão singular que é a infância pela instituição, pode ser vista na rotina da escola, onde são apreciados o momento do parque, momento da água, atividade coletiva, momento do banho, momento do lanche, momento da higienização, atividade individual e o ato de brincar. Todos estes momentos atendem às orientações dos Parâmetros de Qualidade que procura mostrar a importância de valorizar igualmente as atividades de alimentação, leitura de histórias, troca de fraldas etc. A instituição também segue os princípios estabelecidos pelos Parâmetros de Qualidade, quanto ao item Proposta pedagógica das Instituições de Educação Infantil em que se “contemplam os princípios éticos no que se refere à formação da criança para o exercício progressivo da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum” (BRASIL, 2006). A escola mantém essa proposta, visto que podemos observar a presença de armários onde as crianças guardam seus pertences, desenvolvendo a autonomia e a responsabilidade sobre seus próprios objetos. Outro ponto extremamente relevante na instituição é o desenvolvimento de atividades que promovam a movimentação das crianças, favorecendo o desenvolvimento motor e psicológico. O ato do brincar é algo em destaque nas atividades em sala de aula, onde as crianças dispõem de brinquedos da escola, valorizando o lúdico na construção de conflitos entre o real e o ficcional. Assim, a criança é vista como um ser que tem o direito de brincar como também o direito de participar ativamente na construção de sua aprendizagem. Percebe- se que com essa postura a instituição valoriza os princípios estéticos, envolvendo a criatividade e a ludicidade, também proposta pelos Parâmetros.
  • 10. XVI SEMINÁRIO DE PESQUISA DO CCSA ISSN 1808-6381 10 Em contraposição aos aspectos expostos anteriormente, a instituição fica a desejar quanto ao atendimento das orientações postas pelos Parâmetros de Qualidade no que diz respeito à interação entre a Instituição de Educação Infantil e a família. Através da fala da professora entrevistada percebemos que esta interação ainda não ocorre de maneira integral. No período de acolhimento inicial, a presença dos pais não é permitida nas dependências da instituição, sendo responsabilidade apenas dos professores propiciar a adaptação das crianças. Finalmente, percebemos que os diferentes aspectos presentes na instituição observada obedecem em grande parte os Parâmetros Nacionais de Qualidade para as Instituições de Educação Infantil, tendo em destaque a formação da criança como um ser social ativo e presente na sociedade a qual ela faz parte. A criança é tida como um ser capaz, que tem suas especificidades físicas e intelectuais e que precisa de cuidados. A instituição nesse sentido é o espaço em que a criança recebe cuidados, como também é o lugar em que desafios para sua vida ativa são proporcionados, possibilitando um ensino significativo, reflexivo e crítico para essa faixa etária. REFERÊNCIAS ARIÈS. Philippe. História social da criança e da família. 2 ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1978. BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Nacionais de Qualidade para as Instituições de Educação Infantil. Brasília: MEC, 2006. BUJES, Maria I. Edelweiss. Escola Infantil: pra que te quero? In.: GRAIDY, C. M; KAERCHER SILVA, G. E. P. (Org.) Educação Infantil: pra que te quero? Porto Alegre: Artmed Editora, 2001. DEL PRIORE, M. (Org.) História da criança no Brasil. São Paulo: Contexto, 1998. FRANCO, Márcia Elizabete Wilke. Compreendendo a Infância. A cumplicidade da escola com o conceito de infância. In.: _______. Compreendendo a infância como condição de criança. 2 ed. Porto Alegre: Editora Mediação, 2006. (Cadernos da Educação Infantil, v.11). FREITAS, M. C. de. (Org.) História social da infância no Brasil. São Paulo: Cortez, 1997.
  • 11. XVI SEMINÁRIO DE PESQUISA DO CCSA ISSN 1808-6381 11 KUHLMANN, Jr. Moysés; FERNANDES, Rogério. Sobre a história da infância. In.: FARIA FILHO, Luciano Mendes de. (org.) A infância e sua educação: materiais, práticas e representações. Belo Horizonte: Autêntica, 2004. RICE, Chris; RICE, Melanie. As crianças na história. São Paulo: ática, 1998. STEARNS. Peter N. Introdução: A infância na história mundial. In.: ______ A infância. São Paulo: Contexto, 2006. URBIM, Emiliano. O fim da infância. Revista Superinteressante. Edição 268, p. 29-34, ago. 2009. ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. 11. Ed. São Paulo: Global, 2003.