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AS CONCEPÇÕES DE CRIANÇA E INFÂNCIA COMO NORTEADORES DE
                UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA


                                       Marília Fabiana Pires Mendonça - UFRN
                                                    marilia_flower@hotmail.com
                                     Vanessa Maria da Silva Clemente - UFRN
                                          wanessaclementespp@yahoo.com.br
                              Orientadora: Profª. Drª. Mariangela Momo - UFRN
                                                        marimomo@terra.com.br



INTRODUÇÃO


       O presente trabalho é parte de uma pesquisa realizada na disciplina
Fundamentos da Educação Infantil do curso de Pedagogia da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte. O estudo tem como objetivo investigar de que
maneira a Instituição de Educação Infantil abordada na pesquisa compreende
as concepções de criança e infância e como o entendimento desses conceitos
é refletido na prática educativa. A relevância desse estudo está na
possibilidade de observar na prática como as concepções de criança e infância
contribuem para o desenvolvimento das atividades pedagógicas na Instituição
de Educação Infantil.
      Muito se tem falado acerca dos conceitos de criança e infância.
Estudiosos como Ariès (1978), Del Priore (1998), Freitas (1997), Rice (1998)
vem tentando mostrar a relevância de estudar a construção desses conceitos
ao longo da história para entender o papel social da criança em diferentes
epocas. O modo como uma sociedade enxerga as questões da infância norteia
sua forma de tratar as crianças, de vê-las como seres inseridos na sociedade
da qual fazem parte. Da mesma forma, o entendimento que a escola tem sobre
o que é ser criança e o que é a infância interfere diretamente na maneira de
conduzir as atividades pedagógicas.
      Nesse contexto, a pesquisa investigativa partiu de um estudo
bibliográfico sobre os conceitos de criança e infância ao longo da história. Logo
em seguida realizamos a observação de uma Instituição de Educação Infantil
privada, situada no bairro Morro Branco, zona administrativa oeste da cidade
de Natal, em que foram analisados os aspectos físicos e pedagógicos da
instituição. Por último foi realizada uma entrevista semi-estruturada com uma
das professoras do quadro docente da instituição.
      Este trabalho colaborou para a aplicação dos conceitos apreendidos na
disciplina Fundamentos da Educação Infantil e em estudos bibliográficos, nos
levando a interagir e lidar com as mais diversas formas de relação
educador/criança no que concerne à afetividade como também às atividades
pedagógicas destinadas às crianças.


AS CONCEPÇÕES DE CRIANÇA E INFÂNCIA AO LONGO DA HISTÓRIA



      Tanto a concepção de criança quanto a de infância, assim como a
construção de qualquer conceito subjetivo, são elaboradas a partir da visão de
mundo de uma sociedade, sendo assim um produto histórico e cultural
(FRANCO, 2006). Logo, não é possível formular um único conceito, fechado e
restrito, sobre o que seja infância e criança. Esses conceitos variam conforme o
tempo e o espaço.
      Os estudos sobre a criança e a infância revelam que os autores não
podem chegar a um consenso a respeito do conceito de criança, mas podem
apontar características do que é ser criança de acordo com cada tempo e
lugar. Segundo Stearns (2006), algumas características são tidas como
universais. Toda criança é dotada de fragilidade e necessita de atenção e
cuidados especiais, como alimentação e cuidados físicos, requerendo esses
cuidados durante muito tempo. Além disso, as crianças são vistas como seres
diferentes dos adultos, que precisam ser preparadas para esta outra fase da
vida. Porém, o tratamento dessas características tidas como universais nem
sempre foram respeitadas. Durante os séculos XV e XVI, as crianças não eram
vistas como seres inseridos socialmente. Muitas crianças morriam, pois não
tinham a devida atenção para com sua saúde. Apenas nos séculos XVII e XVIII
as crianças começam a ser vistas de outra forma. Para Ziberman,




                     a mudança se deveu a outro acontecimento da época: a
                     emergência de uma nova noção de família, centrada não mais
                     em amplas relações de parentesco, mas num núcleo unicelular,
preocupado em manter sua privacidade (impedindo a
                      intervenção dos parentes em seus negócios internos) e
                      estimular o afeto entre seus membros. (ZIBERMAN, p.15,
                      2003).



      Esse fato marca as transformações ocorridas na Idade Moderna, epoca
em que a infância é delimitada como uma faixa etária com tratamento
diferenciado.
      Quando       observamos   as    características   tidas   como   universais,
percebemos logo que as expressões criança e infância são bem distintas.
Kuhlmann e Fernandes (2004) diferenciam criança e infância da seguinte
forma: infância refere-se a um período da vida humana enquanto criança trata-
se de uma “realidade psicobiológica” do indivíduo. Essa diferenciação é
extremamente importante, pois, apesar de serem expressões comumente
usadas para descrever um período da vida, ambas possuem suas
especificidades.
      Mas o estudo dessas concepções não é tão simples quanto possa
parecer. Primeiro porque a história da criança e da infância sempre foi narrada
por um adulto, revelando sempre o olhar deste sobre a criança. Depois, porque
“lidar com a questão da infância pode ser muito pessoal”, pois as questões
subjetivas sempre envolvem a formação de um pensamento e/ou idéia muito
própria do indivíduo (STEARNS, 2006). Envolve uma visão de mundo própria
do adulto e do contexto sócio-cultural deste. Talvez seja por isso que muitas
vezes encontramos na literatura sobre a infância diversas discussões e
posicionamentos diferentes.
      Ariès (1978), grande estudioso deste tema, enxergou a Idade Média
como um período em que a criança e seu universo não eram valorizados e
respeitados. Assim, afirma:




                      O homem moderno ficará surpreso com a incoveniência desses
                      costumes: eles nos parecem incompatíveis com nossas idéias
                      sobre a infância e a primeira adolescência, e já é muito os
                      tolerarmos nos adultos das classes populares, como indício de
                      uma idade mental ainda aquém da maturidade. Nos séculos
                      XVI e XVII, os contemporâneos situavam os escolares no
mesmo mundo picaresco dos soldados, criados, e, de um
                     modo geral, dos mendigos (ARIÈS, 1978, p. 184).



        É claro que nem todos os estudiosos concordam com Ariès. Alguns
autores afimam que era muito comum observar relações afetivas positivas
entre mães e filhos. Segundo Kuhlmann e Fernandes (2004), “a transposição
imediata das questões de Ariès sobre a infância francesa para outros países
pode implicar desvios de interpretação, ao se nivelarem realidades distintas”.
        A conclusão que se chega com essas divergências é que estamos
tratando de conceitos muito complexos que são construídos de maneiras
diferentes por cada sociedade em cada tempo histórico, onde o contexto é de
total importância. Mesmo hoje, com o processo de globalização, onde as
informações correm o mundo em uma velocidade assustadora e onde quase
toda a população tem acesso aos costumes e idéias das mais diversas
culturas, as crianças e a infância continuam sendo percebidas de formas
diferentes. Ainda não chegaram a um consenso, a uma unicidade no que se
refere a esses conceitos e certamente essa unidade não é necessária. É certo
que muita coisa mudou ao longo dos anos e que hoje a criança desempenha
um papel fundamental na maioria das sociedades, mas ainda assim, cada
sociedade, dentro de seu tempo, tem sua própria maneira de se relacionar com
elas.



OBSERVAÇÃO DIAGNÓSTICA DA INSTITUIÇÃO ALVO




        Tendo em vista as concepções observadas durante o estudo teórico,
partimos para a observação da organização dos espaços dedicados à criança
em uma Instituição de Educação Infantil para investigar como esta Instituição
concebe a criança e seu papel na sociedade.
        A Instituição de Educação Infantil alvo da pesquisa, encontra-se
localizada no bairro Morro Branco, Natal/RN. São 27 anos de existência, sendo
esta instituição privada, que atende crianças das classes média e alta da
cidade. O contato com este espaço ocorreu no dia 06 de maio de 2010 às
07h30min e terminou às 11h30min.
          O quadro gestor da instituição constitui-se em: uma Diretora; uma
Coordenadora; e uma Consultora e Acessora Pedagógica. Além da equipe
Pedagógica, a escola conta com mais 71 funcionários, assim distribuídos: 04
porteiros, 02 secretárias, 03 cozinheiras, 01 nutricionista, 02 auxiliares de
serviçoes gerais, 02 digitadores, 24 professoras, 28 professoras-auxiliares, 01
professor de Música, 01 professor de Educação Física, 01 professor de
Natação, 01 professor de Capoeira, 01 professor de Judô, 01 professora de
Ballet.
          A escola possui 26 turmas distribuídas conforme a tabela abaixo:


                  TURMA                               QUANTIDADE
                  Berçário                                   02
                   Nível I                                   02
                  Nível II                                   04
                  Nível III                                  02
                  Nível IV                                   02
                  Nível V                                    02
                   1º Ano                                    02
                   2º Ano                                    02
                   3º Ano                                    02
                   4º Ano                                    02
                   5º Ano                                    02
               Semi-internato                                02




          Cada turma da Educação Infantil (Níveis I ao V) conta com cerca de 13 a
20 alunos, variando a quantidade de acordo com o tamanho das salas e o
número de professores e professores-auxiliares, tentando proporcionar aos
alunos um ambiente espaçoso, que permita às crianças se movimentarem na
sala de aula. A escola também conta com 03 crianças com necessidades
especiais, sendo 01 com Síndrome de Down e 02 com Deficiência Mental.
Apesar de a escola não contar com nenhuma criança cadeirante, os ambientes
da escola são bastante acessíveis, com rampas e banheiro adaptado.
        Todas as professoras da Educação Infantil são formadas em Pedagogia,
tendo    algumas    delas   especialização    em    Psicopedagogia.      Todas     as
professoras-auxiliares estão em formação, cursando Pedagogia em diversas
instituições, inclusive na UFRN.
        Quando consultada a respeito do Projeto Político Pedagógico da escola
(PPP), a diretora que nos atendeu disse-nos que havia tal Projeto na
instituição, mas que estava em processo de reelaboração. Segundo a diretora,
o PPP está sempre passando por mudanças, à medida que a experiência do
dia-a-dia mostra novas realidades e aponta para mudanças importantes.
Algumas informações concernentes à Proposta Pedagógica da escola foram
conseguidas através do site da instituição.
        Em sua Proposta Pedagógica, a escola procura


                      pensar a criança com seus processos singulares, presentes em
                      diferentes culturas e contextos sociais, suas capacidades
                      físicas, cognitivas, éticas e emocionais, proporcionando-lhe um
                      ambiente rico em interações e situações de desafios e
                      aprendizagem, no qual ela amplia gradativamente a
                      compreensão acerca de si mesma e do mundo. São estes os
                      aspectos priorizados na nossa ação pedagógica. O Balãozinho
                      Mágico compreende o aluno como um ser ativo na construção
                      de sua aprendizagem, interagindo com seus parceiros, com
                      professores capacitados e habilitados para promover
                      intervenções em um ambiente de aprendizagem rico e
                      motivador, permitindo ao aluno a vivencia de experiências que
                      ampliem a descoberta do prazer de aprender a conhecer, a
                      fazer, a ser e a viver juntos (PROPOSTA PEDAGÓGICA).



        Dentro especificamente da Educação Infantil, a instituição acredita que



                      educar, cuidar e brincar fazem parte da filosofia que articula o
                      currículo da Educação Infantil. Considerando o compromisso
                      com a qualidade, e uma prática educativa voltada para a
                      formação do aluno com um ser ativo no processo de
                      aprendizagem, a Educação Infantil é formada de crianças
                      agrupadas em cinco níveis por idade aproximada”
                      (PROPOSTA PEDAGÓGICA).
Buscando integrar a familia às atividades escolares, a coordenação
utiliza-se de reuniões bimestrais e semestrais com os pais. Ao final de cada
bimestre há um plantão pedagógico em que os pais primeiramente recebem as
atividades produzidas pelas crianças e posteriormente comentam com as
professoras os avanços e as possíveis deficiências de seus filhos.
Semestralmente há uma reunião em conjunto entre os pais e a Assessora
Pedagógica e uma conversa individual com a professora. Em caso de avisos
ao longo dos bimestres, a agenda escolar é o maior veículo de comunicação
entre a escola e a família.
      Quanto aos ambientes da escola, a mesma conta com 19 salas de aula,
06 banheiros (sendo 05 destinados aos alunos e 01 aos funcionários da
Instituição), 02 copas, 01 refeitório, 01 sala para a Secretaria, 01 sala para a
Diretoria, 01 sala para a Coordenação, 01 sala de informática, 01 sala de
vídeo, 01 quadra, 01 pátio (com parquinho), 01 piscina, 01 parque interno, 01
recepção.
      Quanto aos materiais e equipamentos disponíveis,               existem 02
televisores (um para a sala de vídeo e um para o semi-internato), 01 DVD, 05
rádios portáteis, 01 mesa de som, 01 caixa de som, 01 projetor multimídia e 10
computadores (06 na sala de informática e 04 para o funcionamento interno).
Além desses equipamentos, há uma grande quantidade de materiais para que
professores   e   alunos possam utilizar em sala         de   aula    durante   o
desenvolvimento das atividades.
      A turma escolhida como alvo da observação é do Nível II, composta de
13 alunos, onde o mais novo tem 1 ano e 6 meses e o mais velho tem 2 anos e
3 meses, uma professora especialista em Psicopedagogia e uma professora-
auxiliar cursando o 6º período do curso de Pedagogia na Universidade Federal
do Rio Grande do Norte.
      Observamos que o tamanho da sala é proporcional ao número de alunos
e o espaço é bem amplo e limpo. As paredes da sala são bem pintadas e não
há sinal de rachaduras ou mofo. Na sala há um armário onde são guardados os
materiais para utilização durante as atividades, bem como materiais de uso
pessoal dos alunos (necessaires individuais contendo materiais de higiene
pessoal). Além desses materiais, o armário comporta também os materiais
utilizados pelas professoras e diversas pastas onde são armazenadas as
atividades produzidas pelas crianças. Além do armário, existe também uma
mesa coletiva onde as crianças lancham e fazem as atividades solicitadas. Há
também na sala um espaço destinado à rodinha, onde as crianças fazem
atividades coletivas de movimentação do corpo e brincam. Neste espaço,
existem várias almofadas espalhadas pelo chão. As paredes da sala são
decoradas com motivos infantis (crianças brincando) e com os próprios
trabalhos dos alunos, que são sempre expostos. Os brinquedos ficam em
prateleiras na parede da sala, para que possam ser utilizados nos momentos
destinados à brincadeira. A sala é bastante iluminada e arejada (com
vetiladores).
       A rotina da sala é assim organizada:


   Momento do Parque (logo quando as crianças chegam na escola, às
    07h30, podendo ser realizado na quadra em dias de chuva);
   Momento da água (quando as crianças terminam de brincar, bebem água
    pra poder voltar pra sala);
   Atividade coletiva (onde a professora introduz sempre algum aspecto que
    ela quer que seja trabalhado durante o dia, de forma coletiva e dinâmica,
    geralmente priorizando o desenvolvimento das capacidades motoras das
    crianças);
   Momento do Banho;
   Momento do Lanche;
   Momento da Higienização (lavar as mãos, escovar os dentos, lavar o
    rosto);
   Atividade individual (onde a professora trabalha individualmente com as
    crianças algum aspecto importante para seu desenvolvimento cognitivo);
   Brincar (depois das atividades individuais, as crianças são liberadas para
    brincarem na sala de aula, até que seus pais cheguem para buscá-los, às
    11h). Na sexta-feira este momento é transferido para a sala de vídeo, e as
    crianças assistem DVD’s.
Como é oferecida a opção do semi-internato (que se estende das 7h às
16h), as crianças das turmas que ficam a manhã e a tarde na instituição, tem
uma rotina diferente. Não foi o caso da turma que observamos, mas no caso
das turmas do semi-internato, as crianças após o período da brincadeira
almoçam, são higienizadas e levadas ao dormitório. Quando acordam, realizam
algumas atividades, e brincam novamente até os pais chegarem.
        A professora nos informou que a rotina é praticamente a mesma todos
os dias, mas que pode variar de acordo com alguns fatores. Quando julga
necessário, a professora incorpora outras atividades na rotina, ou substitui
atividades. Em dias próximos à datas que a escola comemora, a rotina também
muda um pouco, para que as crianças realizem atividades específicas, como
por exemplo no Dia das Mães, Dia dos Pais, Festas Juninas e Natal.
        Durante a manhã em que lá estivemos, percebemos que a relação entre
as crianças e as professoras era muito era afetiva. As professoras são muito
atenciosas e procuravam o tempo todo incentivar as crianças a desenvolverem
o que lhes era proposto. A relação cuidar/educar estava muito presente
naquele ambiente. A própria rotina da sala evidencia esta preocupação,
quando estabelece momentos específicos para o cuidado com as crianças.
Além desses momentos específicos, em todo o tempo em que estivemos
presentes na sala, as professoras demonstraram carinho pelas crianças,
colocando-as no colo quando choravam, e quando as crianças faziam algo
“errado” eram “corrigidas” de modo muito afetuoso, sem gritarias. Era sempre
exposto o porque da repreensão e explicado como deveriam agir.


RELATO DOCENTE


        A professora da sala observada é formada em Pedagogia pela
Universidade    Federal   do   Rio   Grande   do   Norte   e   especialista   em
Psicopedagogia. Atua na Educação Infantil há 10 anos e na instituição a 6
anos.
        Durante a entrevista, ela nos relatou que durante todo o tempo em que
trabalha nesta instituição, sempre achou a gestão muito centralizada. Segundo
suas palavras, “a diretora é muito autoritária e não aceita que seja
implementado na escola um regime de gestão descentralizado e democrático”.
A professora encontra diversas dificuldades ao tentar desenvolver alguma
atividade que fuja da rotina, pois a diretora muitas vezes não aprova. Durante
as reuniões pedagógicas, é consenso geral entre as professoras que há certa
dificuldade em colocar suas opiniões. Apesar de a escola contar com uma
infra-estrutura excelente, e disponibilizar materiais em grande quantidade para
que as professoras desenvolvam suas atividades com as crianças, a questão
da gestão tem incomodado a muitos na escola.
      Quando perguntada sobre sua opinião a respeito da turma pela qual é
responsável, a professora se mostrou muito empolgada. Disse-nos que tem
percebido muitos avanços em todas as crianças. Algumas têm um pouco mais
de dificuldade em alguns aspectos, mas essas dificuldades tem sido vencidas a
cada dia, causando uma sensação de alegria na professora, que diz: “quando
vejo uma criança avançando e vencendo suas próprias dificuldades, me sinto
feliz e realizada e vejo que foi pra isso que me tornei educadora”.
      Quando questionada se gostaria de mudar algo em sua prática atual, ela
respondeu que procura sempre se renovar. Afirmou que busca se atualizar e
melhorar sua prática docente a cada dia, mas que não adianta somente o
professor buscar melhorias se a direção da escola não oferece o apoio
necessário para que isso se concretize. As dificuldades com a gestão da
escola, mais uma vez aparecem no discurso da professora, que afirma que se
pudesse mudar algo na escola, seria a forma como ela é dirigida,
demonstrando acreditar que uma gestão menos centralizadora traria mais
benefícios à escola e às próprias crianças. Inclusive, ela critica a relação entre
a escola e os pais das crianças, afirmando que acredita que “a escola deveria
aproximar mais os pais da rotina das crianças”.



RESULTADOS E DISCUSSÃO




      Durante algum tempo a responsabilidade pela educação dedicada às
crianças era inteiramente da família ou de algum grupo social. Bujes (2001)
afirma que
durante muito tempo a educação da criança foi considerada
                     uma responsabilidade das famílias ou do grupo social ao qual
                     ela pertencia. Era junto aos adultos e outras crianças com os
                     quais convivia que a criança aprendia a se tornar membro
                     deste grupo, a participar das tradições que eram importantes
                     para ele e a dominar os conhecimentos que eram necessários
                     para a sua sobrevivência material e para enfrentar as
                     exigências da vida adulta (BUJES, p.13, 2001).




      Na Idade Moderna, com a valorização da infância, a instituição familiar
ganhou um novo modo de viver, pois “a valorização da infância gerou maior
união familiar, mais igualmente meio de controle do desenvolvimento intelectual
da criança e manipulação de suas emoções” (ZIBERMAM, p.15, 2003). Nesse
contexto, ascende o valor da escola como meio de                manipulação do
desenvolvimento intelectual das crianças. Sendo assim, vemos que a
Instituição de Educação Infantil é algo recente na educação dos “pequenos”.
      Partindo desse fato histórico e cultural que é o surgimento da Instituição
de Educação Infantil como meio de desenvolvimento intelectual das crianças, a
pesquisa investigou como esta mantém as relações necessárias no cuidar e
educar dos seus pequenos aprendizes. Para isto utilizamos um dos
documentos oficiais do Ministério da Educação – os Parâmetros Nacionais de
Qualidade para as Instituições de Educação Infantil, que percebe a criança
como um sujeito social e histórico, que é marcada pelo meio social em que está
inserida, mas que também contribui com ele (BRASIL, 2006).
      Começando pela estrutura da sala de aula, os Parâmetros de Qualidade
estabelecem que “as crianças nunca ficam sozinhas, tendo sempre uma
professora ou um professor de Educação Infantil para cada grupo ou turma”
(BRASIL, 2006). Dentro deste aspecto, percebe-se que a instituição atende a
um número de crianças de modo que a professora responsável possa dar
conta de cuidar de cada uma, sem que haja desmerecimento de nenhum
presente na sala, valorizando assim a função do cuidar que a criança merece.
Assim, nota-se que a escola respeita a concepção de que toda criança precisa
de cuidado, visto que se trata de um ser frágil e dependente do adulto,
respeitando também as orientações dos Parâmetros, nunca deixando as
crianças sozinhas na sala.
      A valorização da criança e deste período tão singular que é a infância
pela instituição, pode ser vista na rotina da escola, onde são apreciados o
momento do parque, momento da água, atividade coletiva, momento do banho,
momento do lanche, momento da higienização, atividade individual e o ato de
brincar. Todos estes momentos atendem às orientações dos Parâmetros de
Qualidade que procura mostrar a importância de valorizar igualmente as
atividades de alimentação, leitura de histórias, troca de fraldas etc.
      A   instituição   também segue       os   princípios   estabelecidos   pelos
Parâmetros de Qualidade, quanto ao item Proposta pedagógica das
Instituições de Educação Infantil em que se “contemplam os princípios éticos
no que se refere à formação da criança para o exercício progressivo da
autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem
comum” (BRASIL, 2006). A escola mantém essa proposta, visto que podemos
observar a presença de armários onde as crianças guardam seus pertences,
desenvolvendo a autonomia e a responsabilidade sobre seus próprios objetos.
      Outro ponto extremamente relevante na instituição é o desenvolvimento
de atividades que promovam a movimentação das crianças, favorecendo o
desenvolvimento motor e psicológico. O ato do brincar é algo em destaque nas
atividades em sala de aula, onde as crianças dispõem de brinquedos da
escola, valorizando o lúdico na construção de conflitos entre o real e o ficcional.
Assim, a criança é vista como um ser que tem o direito de brincar como
também o direito de participar ativamente na construção de sua aprendizagem.
Percebe-se que com essa postura a instituição valoriza os princípios estéticos,
envolvendo a criatividade e a ludicidade, também proposta pelos Parâmetros.
      Em contraposição aos aspectos expostos anteriormente, a instituição
fica a desejar quanto ao atendimento das orientações postas pelos Parâmetros
de Qualidade no que diz respeito à interação entre a Instituição de Educação
Infantil e a família. Através da fala da professora entrevistada percebemos que
esta interação ainda não ocorre de maneira integral. No período de
acolhimento inicial, a presença dos pais não é permitida nas dependências da
instituição, sendo responsabilidade apenas dos professores propiciar a
adaptação das crianças.
Finalmente, percebemos que os diferentes aspectos presentes na
instituição observada obedecem em grande parte os Parâmetros Nacionais de
Qualidade para as Instituições de Educação Infantil, tendo em destaque a
formação da criança como um ser social ativo e presente na sociedade a qual
ela faz parte. A criança é tida como um ser capaz, que tem suas
especificidades físicas e intelectuais e que precisa de cuidados. A instituição
nesse sentido é o espaço em que a criança recebe cuidados, como também é
o lugar em que desafios para sua vida ativa são proporcionados, possibilitando
um ensino significativo, reflexivo e crítico para essa faixa etária.
REFERÊNCIAS


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Editora Guanabara, 1978.


BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Nacionais de Qualidade para
as Instituições de Educação Infantil. Brasília: MEC, 2006.


BUJES, Maria I. Edelweiss. Escola Infantil: pra que te quero? In.: GRAIDY, C.
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Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.


DEL PRIORE, M. (Org.) História da criança no Brasil. São Paulo: Contexto,
1998.


FRANCO, Márcia Elizabete Wilke. Compreendendo a Infância. A cumplicidade
da escola com o conceito de infância. In.: _______. Compreendendo a
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2006. (Cadernos da Educação Infantil, v.11).


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STEARNS. Peter N. Introdução: A infância na história mundial. In.: ______ A
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URBIM, Emiliano. O fim da infância. Revista Superinteressante. Edição 268,
p. 29-34, ago. 2009.
ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. 11. Ed. São Paulo:
Global, 2003.

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Concepções Criança e Infância na Educação

  • 1. AS CONCEPÇÕES DE CRIANÇA E INFÂNCIA COMO NORTEADORES DE UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA Marília Fabiana Pires Mendonça - UFRN marilia_flower@hotmail.com Vanessa Maria da Silva Clemente - UFRN wanessaclementespp@yahoo.com.br Orientadora: Profª. Drª. Mariangela Momo - UFRN marimomo@terra.com.br INTRODUÇÃO O presente trabalho é parte de uma pesquisa realizada na disciplina Fundamentos da Educação Infantil do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O estudo tem como objetivo investigar de que maneira a Instituição de Educação Infantil abordada na pesquisa compreende as concepções de criança e infância e como o entendimento desses conceitos é refletido na prática educativa. A relevância desse estudo está na possibilidade de observar na prática como as concepções de criança e infância contribuem para o desenvolvimento das atividades pedagógicas na Instituição de Educação Infantil. Muito se tem falado acerca dos conceitos de criança e infância. Estudiosos como Ariès (1978), Del Priore (1998), Freitas (1997), Rice (1998) vem tentando mostrar a relevância de estudar a construção desses conceitos ao longo da história para entender o papel social da criança em diferentes epocas. O modo como uma sociedade enxerga as questões da infância norteia sua forma de tratar as crianças, de vê-las como seres inseridos na sociedade da qual fazem parte. Da mesma forma, o entendimento que a escola tem sobre o que é ser criança e o que é a infância interfere diretamente na maneira de conduzir as atividades pedagógicas. Nesse contexto, a pesquisa investigativa partiu de um estudo bibliográfico sobre os conceitos de criança e infância ao longo da história. Logo em seguida realizamos a observação de uma Instituição de Educação Infantil privada, situada no bairro Morro Branco, zona administrativa oeste da cidade de Natal, em que foram analisados os aspectos físicos e pedagógicos da
  • 2. instituição. Por último foi realizada uma entrevista semi-estruturada com uma das professoras do quadro docente da instituição. Este trabalho colaborou para a aplicação dos conceitos apreendidos na disciplina Fundamentos da Educação Infantil e em estudos bibliográficos, nos levando a interagir e lidar com as mais diversas formas de relação educador/criança no que concerne à afetividade como também às atividades pedagógicas destinadas às crianças. AS CONCEPÇÕES DE CRIANÇA E INFÂNCIA AO LONGO DA HISTÓRIA Tanto a concepção de criança quanto a de infância, assim como a construção de qualquer conceito subjetivo, são elaboradas a partir da visão de mundo de uma sociedade, sendo assim um produto histórico e cultural (FRANCO, 2006). Logo, não é possível formular um único conceito, fechado e restrito, sobre o que seja infância e criança. Esses conceitos variam conforme o tempo e o espaço. Os estudos sobre a criança e a infância revelam que os autores não podem chegar a um consenso a respeito do conceito de criança, mas podem apontar características do que é ser criança de acordo com cada tempo e lugar. Segundo Stearns (2006), algumas características são tidas como universais. Toda criança é dotada de fragilidade e necessita de atenção e cuidados especiais, como alimentação e cuidados físicos, requerendo esses cuidados durante muito tempo. Além disso, as crianças são vistas como seres diferentes dos adultos, que precisam ser preparadas para esta outra fase da vida. Porém, o tratamento dessas características tidas como universais nem sempre foram respeitadas. Durante os séculos XV e XVI, as crianças não eram vistas como seres inseridos socialmente. Muitas crianças morriam, pois não tinham a devida atenção para com sua saúde. Apenas nos séculos XVII e XVIII as crianças começam a ser vistas de outra forma. Para Ziberman, a mudança se deveu a outro acontecimento da época: a emergência de uma nova noção de família, centrada não mais em amplas relações de parentesco, mas num núcleo unicelular,
  • 3. preocupado em manter sua privacidade (impedindo a intervenção dos parentes em seus negócios internos) e estimular o afeto entre seus membros. (ZIBERMAN, p.15, 2003). Esse fato marca as transformações ocorridas na Idade Moderna, epoca em que a infância é delimitada como uma faixa etária com tratamento diferenciado. Quando observamos as características tidas como universais, percebemos logo que as expressões criança e infância são bem distintas. Kuhlmann e Fernandes (2004) diferenciam criança e infância da seguinte forma: infância refere-se a um período da vida humana enquanto criança trata- se de uma “realidade psicobiológica” do indivíduo. Essa diferenciação é extremamente importante, pois, apesar de serem expressões comumente usadas para descrever um período da vida, ambas possuem suas especificidades. Mas o estudo dessas concepções não é tão simples quanto possa parecer. Primeiro porque a história da criança e da infância sempre foi narrada por um adulto, revelando sempre o olhar deste sobre a criança. Depois, porque “lidar com a questão da infância pode ser muito pessoal”, pois as questões subjetivas sempre envolvem a formação de um pensamento e/ou idéia muito própria do indivíduo (STEARNS, 2006). Envolve uma visão de mundo própria do adulto e do contexto sócio-cultural deste. Talvez seja por isso que muitas vezes encontramos na literatura sobre a infância diversas discussões e posicionamentos diferentes. Ariès (1978), grande estudioso deste tema, enxergou a Idade Média como um período em que a criança e seu universo não eram valorizados e respeitados. Assim, afirma: O homem moderno ficará surpreso com a incoveniência desses costumes: eles nos parecem incompatíveis com nossas idéias sobre a infância e a primeira adolescência, e já é muito os tolerarmos nos adultos das classes populares, como indício de uma idade mental ainda aquém da maturidade. Nos séculos XVI e XVII, os contemporâneos situavam os escolares no
  • 4. mesmo mundo picaresco dos soldados, criados, e, de um modo geral, dos mendigos (ARIÈS, 1978, p. 184). É claro que nem todos os estudiosos concordam com Ariès. Alguns autores afimam que era muito comum observar relações afetivas positivas entre mães e filhos. Segundo Kuhlmann e Fernandes (2004), “a transposição imediata das questões de Ariès sobre a infância francesa para outros países pode implicar desvios de interpretação, ao se nivelarem realidades distintas”. A conclusão que se chega com essas divergências é que estamos tratando de conceitos muito complexos que são construídos de maneiras diferentes por cada sociedade em cada tempo histórico, onde o contexto é de total importância. Mesmo hoje, com o processo de globalização, onde as informações correm o mundo em uma velocidade assustadora e onde quase toda a população tem acesso aos costumes e idéias das mais diversas culturas, as crianças e a infância continuam sendo percebidas de formas diferentes. Ainda não chegaram a um consenso, a uma unicidade no que se refere a esses conceitos e certamente essa unidade não é necessária. É certo que muita coisa mudou ao longo dos anos e que hoje a criança desempenha um papel fundamental na maioria das sociedades, mas ainda assim, cada sociedade, dentro de seu tempo, tem sua própria maneira de se relacionar com elas. OBSERVAÇÃO DIAGNÓSTICA DA INSTITUIÇÃO ALVO Tendo em vista as concepções observadas durante o estudo teórico, partimos para a observação da organização dos espaços dedicados à criança em uma Instituição de Educação Infantil para investigar como esta Instituição concebe a criança e seu papel na sociedade. A Instituição de Educação Infantil alvo da pesquisa, encontra-se localizada no bairro Morro Branco, Natal/RN. São 27 anos de existência, sendo esta instituição privada, que atende crianças das classes média e alta da
  • 5. cidade. O contato com este espaço ocorreu no dia 06 de maio de 2010 às 07h30min e terminou às 11h30min. O quadro gestor da instituição constitui-se em: uma Diretora; uma Coordenadora; e uma Consultora e Acessora Pedagógica. Além da equipe Pedagógica, a escola conta com mais 71 funcionários, assim distribuídos: 04 porteiros, 02 secretárias, 03 cozinheiras, 01 nutricionista, 02 auxiliares de serviçoes gerais, 02 digitadores, 24 professoras, 28 professoras-auxiliares, 01 professor de Música, 01 professor de Educação Física, 01 professor de Natação, 01 professor de Capoeira, 01 professor de Judô, 01 professora de Ballet. A escola possui 26 turmas distribuídas conforme a tabela abaixo: TURMA QUANTIDADE Berçário 02 Nível I 02 Nível II 04 Nível III 02 Nível IV 02 Nível V 02 1º Ano 02 2º Ano 02 3º Ano 02 4º Ano 02 5º Ano 02 Semi-internato 02 Cada turma da Educação Infantil (Níveis I ao V) conta com cerca de 13 a 20 alunos, variando a quantidade de acordo com o tamanho das salas e o número de professores e professores-auxiliares, tentando proporcionar aos alunos um ambiente espaçoso, que permita às crianças se movimentarem na sala de aula. A escola também conta com 03 crianças com necessidades especiais, sendo 01 com Síndrome de Down e 02 com Deficiência Mental.
  • 6. Apesar de a escola não contar com nenhuma criança cadeirante, os ambientes da escola são bastante acessíveis, com rampas e banheiro adaptado. Todas as professoras da Educação Infantil são formadas em Pedagogia, tendo algumas delas especialização em Psicopedagogia. Todas as professoras-auxiliares estão em formação, cursando Pedagogia em diversas instituições, inclusive na UFRN. Quando consultada a respeito do Projeto Político Pedagógico da escola (PPP), a diretora que nos atendeu disse-nos que havia tal Projeto na instituição, mas que estava em processo de reelaboração. Segundo a diretora, o PPP está sempre passando por mudanças, à medida que a experiência do dia-a-dia mostra novas realidades e aponta para mudanças importantes. Algumas informações concernentes à Proposta Pedagógica da escola foram conseguidas através do site da instituição. Em sua Proposta Pedagógica, a escola procura pensar a criança com seus processos singulares, presentes em diferentes culturas e contextos sociais, suas capacidades físicas, cognitivas, éticas e emocionais, proporcionando-lhe um ambiente rico em interações e situações de desafios e aprendizagem, no qual ela amplia gradativamente a compreensão acerca de si mesma e do mundo. São estes os aspectos priorizados na nossa ação pedagógica. O Balãozinho Mágico compreende o aluno como um ser ativo na construção de sua aprendizagem, interagindo com seus parceiros, com professores capacitados e habilitados para promover intervenções em um ambiente de aprendizagem rico e motivador, permitindo ao aluno a vivencia de experiências que ampliem a descoberta do prazer de aprender a conhecer, a fazer, a ser e a viver juntos (PROPOSTA PEDAGÓGICA). Dentro especificamente da Educação Infantil, a instituição acredita que educar, cuidar e brincar fazem parte da filosofia que articula o currículo da Educação Infantil. Considerando o compromisso com a qualidade, e uma prática educativa voltada para a formação do aluno com um ser ativo no processo de aprendizagem, a Educação Infantil é formada de crianças agrupadas em cinco níveis por idade aproximada” (PROPOSTA PEDAGÓGICA).
  • 7. Buscando integrar a familia às atividades escolares, a coordenação utiliza-se de reuniões bimestrais e semestrais com os pais. Ao final de cada bimestre há um plantão pedagógico em que os pais primeiramente recebem as atividades produzidas pelas crianças e posteriormente comentam com as professoras os avanços e as possíveis deficiências de seus filhos. Semestralmente há uma reunião em conjunto entre os pais e a Assessora Pedagógica e uma conversa individual com a professora. Em caso de avisos ao longo dos bimestres, a agenda escolar é o maior veículo de comunicação entre a escola e a família. Quanto aos ambientes da escola, a mesma conta com 19 salas de aula, 06 banheiros (sendo 05 destinados aos alunos e 01 aos funcionários da Instituição), 02 copas, 01 refeitório, 01 sala para a Secretaria, 01 sala para a Diretoria, 01 sala para a Coordenação, 01 sala de informática, 01 sala de vídeo, 01 quadra, 01 pátio (com parquinho), 01 piscina, 01 parque interno, 01 recepção. Quanto aos materiais e equipamentos disponíveis, existem 02 televisores (um para a sala de vídeo e um para o semi-internato), 01 DVD, 05 rádios portáteis, 01 mesa de som, 01 caixa de som, 01 projetor multimídia e 10 computadores (06 na sala de informática e 04 para o funcionamento interno). Além desses equipamentos, há uma grande quantidade de materiais para que professores e alunos possam utilizar em sala de aula durante o desenvolvimento das atividades. A turma escolhida como alvo da observação é do Nível II, composta de 13 alunos, onde o mais novo tem 1 ano e 6 meses e o mais velho tem 2 anos e 3 meses, uma professora especialista em Psicopedagogia e uma professora- auxiliar cursando o 6º período do curso de Pedagogia na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Observamos que o tamanho da sala é proporcional ao número de alunos e o espaço é bem amplo e limpo. As paredes da sala são bem pintadas e não há sinal de rachaduras ou mofo. Na sala há um armário onde são guardados os materiais para utilização durante as atividades, bem como materiais de uso pessoal dos alunos (necessaires individuais contendo materiais de higiene pessoal). Além desses materiais, o armário comporta também os materiais
  • 8. utilizados pelas professoras e diversas pastas onde são armazenadas as atividades produzidas pelas crianças. Além do armário, existe também uma mesa coletiva onde as crianças lancham e fazem as atividades solicitadas. Há também na sala um espaço destinado à rodinha, onde as crianças fazem atividades coletivas de movimentação do corpo e brincam. Neste espaço, existem várias almofadas espalhadas pelo chão. As paredes da sala são decoradas com motivos infantis (crianças brincando) e com os próprios trabalhos dos alunos, que são sempre expostos. Os brinquedos ficam em prateleiras na parede da sala, para que possam ser utilizados nos momentos destinados à brincadeira. A sala é bastante iluminada e arejada (com vetiladores). A rotina da sala é assim organizada:  Momento do Parque (logo quando as crianças chegam na escola, às 07h30, podendo ser realizado na quadra em dias de chuva);  Momento da água (quando as crianças terminam de brincar, bebem água pra poder voltar pra sala);  Atividade coletiva (onde a professora introduz sempre algum aspecto que ela quer que seja trabalhado durante o dia, de forma coletiva e dinâmica, geralmente priorizando o desenvolvimento das capacidades motoras das crianças);  Momento do Banho;  Momento do Lanche;  Momento da Higienização (lavar as mãos, escovar os dentos, lavar o rosto);  Atividade individual (onde a professora trabalha individualmente com as crianças algum aspecto importante para seu desenvolvimento cognitivo);  Brincar (depois das atividades individuais, as crianças são liberadas para brincarem na sala de aula, até que seus pais cheguem para buscá-los, às 11h). Na sexta-feira este momento é transferido para a sala de vídeo, e as crianças assistem DVD’s.
  • 9. Como é oferecida a opção do semi-internato (que se estende das 7h às 16h), as crianças das turmas que ficam a manhã e a tarde na instituição, tem uma rotina diferente. Não foi o caso da turma que observamos, mas no caso das turmas do semi-internato, as crianças após o período da brincadeira almoçam, são higienizadas e levadas ao dormitório. Quando acordam, realizam algumas atividades, e brincam novamente até os pais chegarem. A professora nos informou que a rotina é praticamente a mesma todos os dias, mas que pode variar de acordo com alguns fatores. Quando julga necessário, a professora incorpora outras atividades na rotina, ou substitui atividades. Em dias próximos à datas que a escola comemora, a rotina também muda um pouco, para que as crianças realizem atividades específicas, como por exemplo no Dia das Mães, Dia dos Pais, Festas Juninas e Natal. Durante a manhã em que lá estivemos, percebemos que a relação entre as crianças e as professoras era muito era afetiva. As professoras são muito atenciosas e procuravam o tempo todo incentivar as crianças a desenvolverem o que lhes era proposto. A relação cuidar/educar estava muito presente naquele ambiente. A própria rotina da sala evidencia esta preocupação, quando estabelece momentos específicos para o cuidado com as crianças. Além desses momentos específicos, em todo o tempo em que estivemos presentes na sala, as professoras demonstraram carinho pelas crianças, colocando-as no colo quando choravam, e quando as crianças faziam algo “errado” eram “corrigidas” de modo muito afetuoso, sem gritarias. Era sempre exposto o porque da repreensão e explicado como deveriam agir. RELATO DOCENTE A professora da sala observada é formada em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte e especialista em Psicopedagogia. Atua na Educação Infantil há 10 anos e na instituição a 6 anos. Durante a entrevista, ela nos relatou que durante todo o tempo em que trabalha nesta instituição, sempre achou a gestão muito centralizada. Segundo suas palavras, “a diretora é muito autoritária e não aceita que seja implementado na escola um regime de gestão descentralizado e democrático”.
  • 10. A professora encontra diversas dificuldades ao tentar desenvolver alguma atividade que fuja da rotina, pois a diretora muitas vezes não aprova. Durante as reuniões pedagógicas, é consenso geral entre as professoras que há certa dificuldade em colocar suas opiniões. Apesar de a escola contar com uma infra-estrutura excelente, e disponibilizar materiais em grande quantidade para que as professoras desenvolvam suas atividades com as crianças, a questão da gestão tem incomodado a muitos na escola. Quando perguntada sobre sua opinião a respeito da turma pela qual é responsável, a professora se mostrou muito empolgada. Disse-nos que tem percebido muitos avanços em todas as crianças. Algumas têm um pouco mais de dificuldade em alguns aspectos, mas essas dificuldades tem sido vencidas a cada dia, causando uma sensação de alegria na professora, que diz: “quando vejo uma criança avançando e vencendo suas próprias dificuldades, me sinto feliz e realizada e vejo que foi pra isso que me tornei educadora”. Quando questionada se gostaria de mudar algo em sua prática atual, ela respondeu que procura sempre se renovar. Afirmou que busca se atualizar e melhorar sua prática docente a cada dia, mas que não adianta somente o professor buscar melhorias se a direção da escola não oferece o apoio necessário para que isso se concretize. As dificuldades com a gestão da escola, mais uma vez aparecem no discurso da professora, que afirma que se pudesse mudar algo na escola, seria a forma como ela é dirigida, demonstrando acreditar que uma gestão menos centralizadora traria mais benefícios à escola e às próprias crianças. Inclusive, ela critica a relação entre a escola e os pais das crianças, afirmando que acredita que “a escola deveria aproximar mais os pais da rotina das crianças”. RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante algum tempo a responsabilidade pela educação dedicada às crianças era inteiramente da família ou de algum grupo social. Bujes (2001) afirma que
  • 11. durante muito tempo a educação da criança foi considerada uma responsabilidade das famílias ou do grupo social ao qual ela pertencia. Era junto aos adultos e outras crianças com os quais convivia que a criança aprendia a se tornar membro deste grupo, a participar das tradições que eram importantes para ele e a dominar os conhecimentos que eram necessários para a sua sobrevivência material e para enfrentar as exigências da vida adulta (BUJES, p.13, 2001). Na Idade Moderna, com a valorização da infância, a instituição familiar ganhou um novo modo de viver, pois “a valorização da infância gerou maior união familiar, mais igualmente meio de controle do desenvolvimento intelectual da criança e manipulação de suas emoções” (ZIBERMAM, p.15, 2003). Nesse contexto, ascende o valor da escola como meio de manipulação do desenvolvimento intelectual das crianças. Sendo assim, vemos que a Instituição de Educação Infantil é algo recente na educação dos “pequenos”. Partindo desse fato histórico e cultural que é o surgimento da Instituição de Educação Infantil como meio de desenvolvimento intelectual das crianças, a pesquisa investigou como esta mantém as relações necessárias no cuidar e educar dos seus pequenos aprendizes. Para isto utilizamos um dos documentos oficiais do Ministério da Educação – os Parâmetros Nacionais de Qualidade para as Instituições de Educação Infantil, que percebe a criança como um sujeito social e histórico, que é marcada pelo meio social em que está inserida, mas que também contribui com ele (BRASIL, 2006). Começando pela estrutura da sala de aula, os Parâmetros de Qualidade estabelecem que “as crianças nunca ficam sozinhas, tendo sempre uma professora ou um professor de Educação Infantil para cada grupo ou turma” (BRASIL, 2006). Dentro deste aspecto, percebe-se que a instituição atende a um número de crianças de modo que a professora responsável possa dar conta de cuidar de cada uma, sem que haja desmerecimento de nenhum presente na sala, valorizando assim a função do cuidar que a criança merece. Assim, nota-se que a escola respeita a concepção de que toda criança precisa de cuidado, visto que se trata de um ser frágil e dependente do adulto,
  • 12. respeitando também as orientações dos Parâmetros, nunca deixando as crianças sozinhas na sala. A valorização da criança e deste período tão singular que é a infância pela instituição, pode ser vista na rotina da escola, onde são apreciados o momento do parque, momento da água, atividade coletiva, momento do banho, momento do lanche, momento da higienização, atividade individual e o ato de brincar. Todos estes momentos atendem às orientações dos Parâmetros de Qualidade que procura mostrar a importância de valorizar igualmente as atividades de alimentação, leitura de histórias, troca de fraldas etc. A instituição também segue os princípios estabelecidos pelos Parâmetros de Qualidade, quanto ao item Proposta pedagógica das Instituições de Educação Infantil em que se “contemplam os princípios éticos no que se refere à formação da criança para o exercício progressivo da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum” (BRASIL, 2006). A escola mantém essa proposta, visto que podemos observar a presença de armários onde as crianças guardam seus pertences, desenvolvendo a autonomia e a responsabilidade sobre seus próprios objetos. Outro ponto extremamente relevante na instituição é o desenvolvimento de atividades que promovam a movimentação das crianças, favorecendo o desenvolvimento motor e psicológico. O ato do brincar é algo em destaque nas atividades em sala de aula, onde as crianças dispõem de brinquedos da escola, valorizando o lúdico na construção de conflitos entre o real e o ficcional. Assim, a criança é vista como um ser que tem o direito de brincar como também o direito de participar ativamente na construção de sua aprendizagem. Percebe-se que com essa postura a instituição valoriza os princípios estéticos, envolvendo a criatividade e a ludicidade, também proposta pelos Parâmetros. Em contraposição aos aspectos expostos anteriormente, a instituição fica a desejar quanto ao atendimento das orientações postas pelos Parâmetros de Qualidade no que diz respeito à interação entre a Instituição de Educação Infantil e a família. Através da fala da professora entrevistada percebemos que esta interação ainda não ocorre de maneira integral. No período de acolhimento inicial, a presença dos pais não é permitida nas dependências da instituição, sendo responsabilidade apenas dos professores propiciar a adaptação das crianças.
  • 13. Finalmente, percebemos que os diferentes aspectos presentes na instituição observada obedecem em grande parte os Parâmetros Nacionais de Qualidade para as Instituições de Educação Infantil, tendo em destaque a formação da criança como um ser social ativo e presente na sociedade a qual ela faz parte. A criança é tida como um ser capaz, que tem suas especificidades físicas e intelectuais e que precisa de cuidados. A instituição nesse sentido é o espaço em que a criança recebe cuidados, como também é o lugar em que desafios para sua vida ativa são proporcionados, possibilitando um ensino significativo, reflexivo e crítico para essa faixa etária.
  • 14. REFERÊNCIAS ARIÈS. Philippe. História social da criança e da família. 2 ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1978. BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Nacionais de Qualidade para as Instituições de Educação Infantil. Brasília: MEC, 2006. BUJES, Maria I. Edelweiss. Escola Infantil: pra que te quero? In.: GRAIDY, C. M; KAERCHER SILVA, G. E. P. (Org.) Educação Infantil: pra que te quero? Porto Alegre: Artmed Editora, 2001. DEL PRIORE, M. (Org.) História da criança no Brasil. São Paulo: Contexto, 1998. FRANCO, Márcia Elizabete Wilke. Compreendendo a Infância. A cumplicidade da escola com o conceito de infância. In.: _______. Compreendendo a infância como condição de criança. 2 ed. Porto Alegre: Editora Mediação, 2006. (Cadernos da Educação Infantil, v.11). FREITAS, M. C. de. (Org.) História social da infância no Brasil. São Paulo: Cortez, 1997. KUHLMANN, Jr. Moysés; FERNANDES, Rogério. Sobre a história da infância. In.: FARIA FILHO, Luciano Mendes de. (org.) A infância e sua educação: materiais, práticas e representações. Belo Horizonte: Autêntica, 2004. RICE, Chris; RICE, Melanie. As crianças na história. São Paulo: ática, 1998. STEARNS. Peter N. Introdução: A infância na história mundial. In.: ______ A infância. São Paulo: Contexto, 2006. URBIM, Emiliano. O fim da infância. Revista Superinteressante. Edição 268, p. 29-34, ago. 2009.
  • 15. ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. 11. Ed. São Paulo: Global, 2003.