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A ENTRADA NA VIDA
Compreender a especificidade do ser humano do ponto de
vista dos fatores biológicos, cerebrais e culturais
Genética
Gregor Mendel (1856)
Agentes responsáveis pela transmissão hereditária
No (nosso) começo…
1. Número e a forma de cromossomas característicos de cada espécie.
2. Organização estrutural complexa, responsável de cada espécie e de cada
indivíduo.
3. Responsáveis pela transmissão hereditária de geração em geração.
a. Cariótipo
b. Células (núcleo)
c. Cromossomas
Cromossomas sexuais
X Y
Genes de desenvolvimento
• Recentemente, foram identificados os genes de desenvolvimento que
codificam a forma do organismo definindo, por exemplo, a pertença a uma
dada espécie. São estes genes que desenham o plano, o padrão do
organismo. É este tipo de genes que define as dimensões e as formas dos
diferentes órgãos, determinando o número, a forma e a localização das
células que os formam. São, por isso, designados também por genes
“arquitetos”.
• Estes genes planificam o processo de construção do organismo.
Meiose e variabilidade genética
• Se não houvesse este processo (meiose) os gâmetas iriam originar um ovo
com 92 cromossomas. Assim, a ocorrência deste processo garante o
constante material genético de geração para geração.
• A separação de cromossomas homólogos, aumenta a taxa de variabilidade
genética.
Hereditariedade específica e individual
• Hereditariedade específica corresponde à informação genética responsável
pelas características comuns a todos os indivíduos pertencentes à mesma
espécie.
• Hereditariedade individual corresponde à informação genética responsável
pelas características de um indivíduo que o distingue de todos os outros
membros da mesma espécie.
Genótipo e fenótipo
• O genótipo corresponde à coleção de genes de que o indivíduo obtém da
mãe e do pai. Determinações genéticas herdadas.
• O fenótipo designa a aparência do indivíduo, isto é, conjunto de
características observáveis.
Fatores hereditários e ambientais
• A pessoa ou membro da espécie é o resultado em que se interligam estes
fatores.
• A interação boa ou má permite a expressão do potencial genético, positiva ou
negativamente.
• Contudo, o meio intrauterino pode provocar na criança consequências.
Ser humano e o seu inacabamento biológico
• Programa genético aberto:
• Um programa biológico, uma dotação genética explica o processo que nos conduz, através da
maturação e do desenvolvimento do nascimento até à morte.
• No ser humano essa programação é quase insignificante em comparação com outros animais.
• Prematuridade e neotenia:
• A complexidade do ser humano e o papel da aprendizagem na nossa existência resultam do facto
de o Homem ser um ser biologicamente inacabado.
• O ser humano é um ser prematuro no sentido em que não apresenta as suas capacidades, as
competências desenvolvidas.
• Prematuridade e neotenia:
• A complexidade do ser humano e o papel da aprendizagem na nossa
existência resultam do facto de o Homem ser um ser biologicamente
inacabado.
• O ser humano é um ser prematuro no sentido em que não apresenta
as suas capacidades, as competências desenvolvidas.
• Este inacabamento designa-se por neotenia.
• Atraso no desenvolvimento que faz com que o indivíduo se
desenvolva mais devagar.
Vantagens do inacabamento humano
• A sua natureza biológica torna mais flexível o processo de adaptação ao
meio. Cria a necessidade de criar a sua própria adaptação, aquilo que passa
de geração em geração.
• Astuto é atingido através da aprendizagem, portanto, uma vantagem.
• Apresenta assim extrema disponibilidade.
Trissomia 21
• Trissomia 21 é o resultado de mais um cromossoma extra no habitual par
de cromossomas 21 e, é a trissomia mais comum no altura do nascimento do
bebé.
• A trissomia 21 é a causa mais frequente de atraso mental nas crianças. É
uma doença genética, causada pela presença de um cromossoma 21 em
excesso e é também conhecida por Síndrome de Down ou mongolismo.
O Cérebro
• Atualmente sabemos que os nossos comportamentos são dominados
pelo cérebro, assim como temos conhecimento de que esse órgão é a
sede de todos os nossos pensamentos e da nossa consciência.
• Podemos observar que o cérebro humano é maior que o de todos os
outros animais representados. Podemos também perceber algumas
diferenças na sua forma. Ele é o que tem mais circunvoluções, e é isso
que lhe dá o tão famoso aspeto enrugado.
Hemisférios
• Tal como em todos os mamíferos, o cérebro do ser humano está dividido em
dois hemisférios, o direito e o esquerdo.
• Os hemisférios cerebrais controlam a parte oposta do corpo, porque os
feixes nervosos que conduzem as instruções até aos músculos cruzam-se no
percurso. O hemisfério esquerdo e o direito desempenham funções
diferentes.
• O hemisfério direito controla a formação de imagens, as relações espaciais, a
perceção das formas, das cores, das tonalidades afetivas e o pensamento
concreto. Processas as emoções mais negativas.
• O hemisfério esquerdo é responsável pelo pensamento lógico, pela
linguagem verbal, pelo discurso, pelo cálculo e pela memória. Processa as
emoções mais positivas e otimistas.
• É graças ao funcionamento integrado dos dois hemisférios que, por exemplo,
atribuímos significado a uma expressão verbal, a uma conversa: quando
desenvolvemos um diálogo, é o hemisfério esquerdo que permite a produção do
discurso, mas é o direito que dá a entoação ao que se diz.
A linguagem, o raciocínio lógico,
determinados tipos de memória, o
cálculo, a análise são próprias do
hemisfério esquerdo
O hemisfério direito não usa palavras,
é intuitivo, usa a imaginação, o
sentimento e a síntese
O lado esquerdo do cérebro sabe
situar-se dentro do tempo e procura
situações seguras
Já o lado direito solta a imaginação,
viaja pelas asas do sonho, cria,
inventa, recria e assume ser livre.
Para o hemisfério direito não existe a
expressão "perder tempo“
O esquerdo costuma imitar,
representar, fingir
O direito é criativo e autêntico
Por ser racional e crítico, o lado
esquerdo do cérebro não se aventura
a criar, inventar, sonhar. Prefere a
segurança do conhecido, do lógico,
do aceito pela sociedade em que vive
O lado direito solta a imaginação,
viaja pelas asas do sonho, cria,
inventa, recria e assume ser livre
Nada é regulado só pelo hemisfério direito ou só pelo hemisfério
esquerdo
Lobos Cerebrais
• O córtex cerebral é dividido em áreas denominadas lobos cerebrais, cada hemisfério do
nosso cérebro tem 4 lobos e esses lobos são: lobo occipital, lobo temporal, lobo parietal e
lobo frontal.
• Cada um dos lobos tem funções diferenciadas e especializadas.
• Na zona da testa temos localizado o lobo frontal, na área da nuca temos o lobo occipital, na
parte superior da cabeça está o lobo parietal e sob a orelha podemos encontrar o lobo
temporal.
Lobos Occipitais
• Localizados na parte inferior do cérebro (nuca) e cobertos pelo córtex
cerebral, os lobos occipitais processam os estímulos visuais, daí também
serem conhecidos por córtex visual.
• Esta área é constituída por zonas especializadas na visão da cor, no
movimento, na profundidade, na distância e por aí em diante.
• A área visual comunica com outras áreas cerebrais que dão assim
significado ao que estamos a ver tendo em conta a nossa experiencia
passada e as nossas expectativas. Isto faz com que um objeto seja
percecionando de maneira diferente por diferentes sujeitos.
• Lesões nesta área cerebral podem provocar:
• Agnosia - incapacidade de identificar objetos ou até pessoas
conhecidas
• Cegueira cortical - perda de visão
• Cegueira verbal ou alexia - incapacidade de reconhecer o significado
de palavras escritas
Lobos Temporais
• Localizados acima das orelhas, os lobos temporais têm como função
processar os estímulos auditivos.
• Assim como acontece nos lobos occipitais, as informações são
processadas por associação e quando a área auditiva primária é
estimulada, os sons são produzidos e enviados para a área auditiva
secundária que vai então interagir com outras áreas do cérebro para
atribuir significado aos sons e assim permitir ao indivíduo reconhecer o
que ouve.
• É importante salientar ainda a área de Wernicke que se situa na zona
onde convergem os lobos occipitais, temporal e parietal.
• Esta área é responsável pelo conhecimento, interpretação e associação
das informações, faculta-nos a possibilidade de compreendermos o que os
outros dizem e de organizarmos frases corretamente.
• Lesões cerebrais nestas áreas são:
• a surdez cortical que é a perda de audição
• a agnosia auditiva: incapacidade de reconhecer os sons comuns
• a surdez verbal - incapacidade de atribuir significado ao discurso oral
Lobos Parietais
• Localizam-se na parte superior do cérebro, no córtex cerebral, sendo
constituídos por duas subdivisões – a anterior e a posterior.
• A zona anterior é uma área primária, designando-se por córtex
somatossensorial e responsabiliza-se pela receção de sensações como o
tato, a dor e a temperatura corporal.
• A zona posterior é, ao contrário da zona anterior, uma área secundária,
que se responsabiliza pela análise, interpretação e integração das
informações recebidas pela área primária. Isto permite-nos localizar, por
exemplo, o nosso corpo no espaço, e reconhecer os objetos através do
tato.
• As habilidades matemáticas e da linguagem têm origem em alguma
parte dessa área e também das áreas adjacentes aos lobos temporais.
• Lesões nesta área cerebral podem provocar:
• anestesia cortical - perda de sensibilidade táctil, térmica e de dor
• agnosia somatossensorial - incapacidade de reconhecer objetos pelo tato, de
discriminar pesos, de localizar sensações tácteis e térmica.
Lobos Frontais
• Localizam-se na parte da frente do cérebro, constituindo 1/3 do seu
volume total. Nestes lobos está situado o córtex motor, responsável pelos
movimentos dos músculos.
• A atividade no lobo frontal aumenta nas pessoas somente quando temos
que executar uma tarefa difícil em que temos que descobrir uma
sequência de ações que minimize o número de manipulações
necessárias.
• O lobo frontal contém quatro áreas funcionais:
• Centro primário motor – Constitui a maioria da circunvolução pré-central.
Contém muitas das células que originam as vias motoras descendentes e
está envolvido na iniciação dos movimentos voluntários.
• Áreas pré-motoras e motoras suplementares – Ocupam o restante do
giro pré-central com porções adjacentes das circunvoluções frontais
superior e média. Estão também funcionalmente relacionadas com a
iniciação dos movimentos voluntários.
• Área de Broca – Está contida nas porções
opercular e triangular da circunvolução frontal inferior. Localiza-se
preferencialmente num só hemisfério (geralmente o esquerdo). É
importante para a produção da escrita e da linguagem falada.
• Córtex pré-frontal – Todo o restante lobo frontal (que não é circunvolução
pré-central). Relacionado com a personalidade.
• Foi Alexander Luria, psicólogo russo, que após um estudo das bases
cerebrais de memoria constatou que por todas as funções que os lobos
frontais desempenham se podem considerar “a sede da humanidade”.
• Lesões nesta área cerebral podem provocar:
• Paralisia cortical - incapacidade de produzir movimentos
• Apraxia - incapacidade de coordenar movimentos numa sequência, por
exemplo vestir-se
• Agrafia - incapacidade de escrever
• afasia de Broca - dificuldade em formar palavras, expressão verbal lenta e
incorreta
Caso de Phineas Cage
• Phineas Gage (1823-1860) foi um mineiro americano que teve um acidente
com explosivos. Acidente, esse, que levou o seu cérebro a ser perfurado por
uma barra de metal, sobrevivendo apesar da gravidade do acidente.
• Após o ocorrido, Gage, que aparentemente não tinha sequelas, apresentou
uma mudança acentuada de comportamento, sendo objeto para estudos de
caso muito conhecidos entre neurocientistas.
• Incrivelmente, ele falava e até caminhava. Perdeu muito sangue, mas
depois de alguns problemas de infeção, não só sobreviveu à lesão, como
também se recuperou fisicamente.
• Contudo, Gage, tornou-se o contrário do que o que era antes do
acidente. Transformou-se num homem de mau génio, grosseiro,
desrespeitoso para com os colegas e incapaz de aceitar conselhos. Os
seus planos futuristas foram abandonados e ele passou a agir sem pensar
nas consequências.
• A sua transformação foi tão grande que todos diziam que "Gage deixou
de ser Gage".
Especialização e Integração sistémica
• O cérebro funciona de uma forma sistémica porque é um conjunto muito
complexo de elementos em que as componentes que o constituem são
interdependentes, funcionando de uma forma integrada.
• Por exemplo, o funcionamento da linguagem, da memória, entre outras
capacidades, depende do funcionamento integrado de várias áreas cerebrais.
• Podemos constatar também que uma função cerebral perdida devido a uma
lesão pode ser recuperada por uma área vizinha à zona onde ocorreu a lesão,
a isto chama-mos uma função vicariante. A plasticidade explica o facto de
outras regiões do cérebro poderem substituir as funções afetadas por lesões.
• Elementos estruturais e funcionais do sistema nervoso
• funcionamento global do cérebro
• Capacidade de adaptaçao e autonomia do ser humano
A riqueza da diversidade humana
• A partir da constituição biológica procuramos compreender o modo como as
características da espécie são transmitidas e o que no distingue de todos os
outros.
• O processo de desenvolvimento aprofunda essas diferenças nas interações
com o meio ambiente.
• A influência da participação num meio social e cultural é muito importante
nesse processo de diferenciação.
Diversidade biológica
• Existem vários fatores que nos distinguem uns dos outros. A cor da pele, a cor
do cabelo, as etnias e os seus traços fisionómicos. Manifestam uma
diversidade biológica.
• Efetivamente, a constatação de que a composição genética dos seres
humanos é igual nas diferentes regiões do mundo põe em causa o conceito
da raça.
• É possível encontrar maiores diferenças genéticas entre as duas pessoas que
vivam no mesmo país do que entre um africano e um europeu do Norte.
• Enquanto pertencentes à espécie humana, todos temos um cérebro, que
apresenta as características e funcionalidades comuns. Mas a estrutura do
istema nervoso central não é igual em todos os indivíduos.
• A hereditariedade específica assegura um conjunto de características
comuns que nos tornam humanos. Já a hereditariedade individual
assegura-nos que somos únicos.
• O desenvolvimento desde o embrião envolve uma progressiva
diferenciação.
• Ao contráio de outras espécies, em que o programa genético não dá lugar
à variabilidade, nos seres humanos o programa genético não define de
forma determinada o indivíduo; é um conjunto de instruções que
favorecem a variação individual.
• O processo de desenvolvimento quem ocorre em contexto social
aprofunda as diferenças que a hereditariedade já se encarrega de
assegurar.
Cultura
• Sistema que tanto nos seus aspectos simbólicos como materiais constitui o
ambiente de protecção do indivíduo na sua relação com o mundo, sendo
capaz de o transformar e de se transformar.
• Cultura é a forma como o ser humano se adapta ao meio, o modo como o
transforma e transmite às gerações seguintes. A cultura distingue o ser
humano dos outros animais.
Factores fundamentais no processo da
humanização (tornar-se humano)
 Predisposições genéticas para a sociabilidade
O ser humano é conhecido por ter características genéticas próprias:
• A sua prematuridade - faz uma criança estar totalmente sujeita ao domínio
dos seus progenitores, pois era muito provável não conseguir sobreviver.
• Neotenia - dá ao ser capacidades de se alterar a nível físico e psicológico
até á sua morte.
• Quando o ser humano nasce, este vem dotado de faculdades reflexas,
como por exemplo o reflexo da sucção, da pressão ou de caminhar.
Construirá mecanismos de interagir com o meio e muito particularmente
com o contexto social (sobretudo familiar).
• A constituição natural do bebé tem grandes competências, contudo só se
irão desenvolver se estiverem em contacto com a sociedade.
 Importância do meio social na determinação do ser humano
• O homem é um animal gregário assim como certos animais, ou seja, faz a
sua vida com a socialização com o outro.
• Há assim razões para pensar que os recém-nascidos (humanos) têm uma
predisposição inata para conseguir estar em sociedade. Esta
característica de viver em sociedade tem por base um conjunto de
competências que funcionam para comunicarmos com o outro.
Entre elas, contam-se as competências:
• Perceptivas – A criança nasce provida de órgãos sensoriais que a tornam apta a
captar o mundo, mediante a discriminação de estímulos visuais, auditivos,
tácteis, olfativos,…;
• Cerebrais- Estrutura nervosa que permite a aprendizagem, memorização e a
recuperação da informação. Este processo é acompanhado por uma correlação
de uma rede complexa neurónios;
• Simbólicas- É sobretudo na linguagem que se geram os processos de
aprendizagem e de relação com os outros, e assim, com esta, as sociedades se
organizam;
• Relacionais- Há indicadores de que o recém-nascido é levado a estabelecer elos
afetivos com os que o rodeiam. Cabe assim o lugar mais importante à imagem
materna, pois é a pessoa que a alimenta, cuida e dá maior afeto.
Crianças selvagens
• Quando falamos em crianças selvagens, referimo-nos a crianças
abandonadas muito cedo onde são “criadas” por animais selvagens.
• Estas crianças não têm qualquer tipo de contacto com uma cultura ou com
outras pessoas. Assemelham-se aos animais com quem convivem a maior
parte da sua vida, terão sempre os mesmos hábitos e comportamentos
animalescos se não forem resgatadas a tempo por nenhum ser humano
que as ajude.
• É de salientar que estas mesmas crianças são conhecidas por terem
cicatrizes, marcas físicas e mentais, isto só demonstra a grande debilidade
que o ser humano tem e assim notar que este depende quase por
completo dos outros e de contactos físicos e pessoais.
• Deste modo, não se pode entender estas crianças pois não têm reações
humanas normais. Por não saberem falar e não serem sensíveis à
linguagem do homem, será uma grande dificuldade entendermo-las pois
na maior parte dos casos só emitem sons e não possuem nenhum tipo de
emoção como chorar ou rir.
• Umas das suas grandes dificuldades é dominar as emoções, como os
seres não racionais, não caminham de forma ereta, e é muito difícil
conseguirem estabelecer uma relação com outro ser não familiarizado
com eles.
• Deste modo, não se pode entender estas crianças pois não têm reações
humanas normais. Por não saberem falar e não serem sensíveis à
linguagem do homem, será uma grande dificuldade entendermo-las pois
na maior parte dos casos só emitem sons e não possuem nenhum tipo de
emoção como chorar ou rir.
• Umas das suas grandes dificuldades é dominar as emoções, como os
seres não racionais, não caminham de forma ereta, e é muito difícil
conseguirem estabelecer uma relação com outro ser não familiarizado
com eles.
Victor de Aveyron
• Em setembro de 1799, um menino com cerca de 12 anos foi encontrado
perto da floresta de Aveyron, sul da França. Estava sozinho, sem roupa,
deslocava-se utilizando quatro apoios e não falava uma palavra.
Aparentemente, fora abandonado pelos pais e cresceu sozinho na
floresta. O menino, a quem lhe deram o nome de Victor, foi levado para
Paris, onde ficou aos cuidados do médico Jean-Marc-Gaspar Itard.
Durante cinco anos o Dr. Itard dedicou-se a ensinar Victor a falar, a ler e a
comportar-se como um ser humano, mas os seus esforços foram em vão.
Pouco progresso foi conseguido durante esse tempo. Victor nunca falou e
apenas aprendeu a ler somente uma palavra (leite).
Socialização
• O modo de colocação de um sujeito desde que nasce até que morre nos quadros
sociais de uma sociedade chama-se socialização. A educação do ser humano é
assim um processo de socialização contínua.
• A socialização é feita, por exemplo, pela integração de uma criança na família
que a concebeu ou adotou. É no meio desta família que ela aprende uma
linguagem e se integra na estrutura social (cultural, política, económica) que a
família faz parte.
• É neste sistema de socialização, que onde para além do grupo familiar, entram
diversos outros grupos, como os da escola, o grupo de amigos, a equipa onde
trabalha, etc.
• A socialização estimula nas pessoas a aprendizagem de um conjunto de
padrões culturais e comportamentais, produto de sentimentos e atitudes comuns.
Estes traços gerais de conduta fazem de uma maneira geral as características de
um país ou conjunto de países: a personalidade-base.
 Tipos de socialização:
• Socialização primária: acontece sobretudo durante a infância e a
adolescência e tem como finalidade a aprendizagem de um conjunto de
hábitos necessários para a integração nas mais diversas situações da vida
quotidiana. (Ex. aquisição de hábitos de alimentação, habituação no
domínio da linguagem)
• Socialização secundária: sistema de acolhimento de novas posturas e
novas condutas que facultam aos adultos continuar a viver adaptados na
comunidade; acontece no resultado de alterações significantes na
condição social das pessoas (Ex. entrada no mundo do trabalho, mudança
de estado civil).
Cultura
• O que torna o Ser Humano em uma pessoa é a cultura. A cultura é a
totalidade de aprendizagens feitas pelos seres humanos para se integrarem
ao meio, sejam por exemplo, objetos, linguagens, modos de pensamento e de
comportamento, leis, crenças, tradições ou hábitos. O ser humano é um
produto da cultura, um animal artificial.
• O ser humano não se limita a interiorizar a cultura de uma dada sociedade,
ele tem igualmente a capacidade de a modificar.
 Cultura por oposição à natureza
A integração numa cultura leva cada criança a adotar um comportamento
que substitui, pouco a pouco, uma natureza dada por uma natureza
adquirida.
«Natureza dada»
Determinada biologicamente: hereditária, inata
Comportamento espontâneo, resultante das necessidades biológicas;
«Natureza adquirida»
Determinada culturalmente: aprendida no contacto social
Comportamento normativo, ditado por padrões culturais
• Sem processos culturais a vida resumir-se-ia à defesa contra predadores e à
procura de alimentos: aproximar-se-ia do estilo de vida dos «macacos».
• A cultura abrange um conjunto de aspetos que caracterizam cada sociedade
(tradições, crenças, regras, costumes, formas de comunicação, técnicas,
atitudes, sentimentos…) e um conjunto de aprendizagens do indivíduo sob a
influência social.
A cultura abrange:
• Processos materiais (fabrico de utensílios, artesanato, indústria, habitação…).
• Relações sociais (formas de convívio, grupos sociais, instituições, formações
políticas…).
• Aspetos mentais: teorias, formas de sentir, pensar e comunicar (mentalidades,
religião, linguagem, superstições, sistema de valores).
Padrões de cultura
• Formas coletivas de comportamentos que permitem aos seres humanos
confrontar a sua conduta e prever a conduta dos outros. O facto de as
comunidades obedecerem a padrões culturais contribui para homogeneizar
as pessoas dentro de uma cultura, diferenciando-as das pessoas de outras
culturas. Cada cultura tem um enquadramento geográfico, social e histórico
próprio, e consequentemente, os membros que lhe pertencem apresentam
formas de conduta específicas. Sem padrões culturais, as relações entre os
seres humanos seriam caóticas, porque seriam totalmente imprevisíveis.
• É necessário ter os padrões culturais em conta quando observamos os
sentidos que as pessoas e os grupos atribuem a determinadas atividades,
comportamentos e objetos. O significado que estes têm depende do
contexto cultural em que são vividos e experimentados pelos sujeitos.
• Os padrões levam o indivíduo a agir, mais ou menos espontânea e
inconscientemente, de acordo com determinas das regras.
• Exemplos:
“Imagine esta cena – está a visitar uma casa com a possibilidade de a vir a
comprar, e ao abrir a porta de uma casa de banho, vê uma mulher sentada
nua numa banheira. Como espera que reaja a mulher surpreendida? Uma
mulher britânica ou americana cobriria os seios com uma mão e os órgãos
genitais com a outra, enquanto uma sueca cobriria apenas os genitais. Uma
mulher muçulmana cobriria o rosto, uma mulher Samatra cobriria os joelhos
e uma nativa de Samoa apenas o umbigo.”
Diversidade cultural
• Aquilo que trazemos escrito no nosso código genético não é suficiente
para crescermos como humanos.
• Alguns dos nossos órgãos mais complexos, como o cérebro, dependem
de informação eu não esta contida em si mesmos, dependem as
oportunidades que têm para aprender.
• Sem a cultura, sem as possibilidades de desenvolvimento que nos
proporciona crescermos num contexto cultural particular, seríamos seres
incompletos.
• É em contextos socioculturais muito variados que se desenvolve a
capacidade de criar e de transformar subjacente ao processo de
adaptação, a partir de interações com os outros e com os diferentes
ambientes e situações de aprender.
• Tornamo-nos humanos num meio que já possui em si estrutura e
conteúdo, que possui outras pessoas organizadas em sociedade e que
possui formas culturais de ser e de viver.
• O processo de integração numa sociedade e cultura particular faz com
que a diversidade cultural se traduza em formas distintas de estar, de
pensar, de ser e de nos comportarmos.
• Todos somos seres diferentes e semelhantes. Não só diferem os nossos
corpos, como o que neles se inscreve à medida que crescemos num
determinado lugar ou numa determinada comunidade com as suas
culturas específicas. É mais fácil percebermos semelhanças relativamente
àqueles que partilham connosco a sua vivência cultural.
• Os outros são diferentes, no que fazem, no que usam, na forma como
pensam. As culturas comunicam com os seus membros e com os seus
membros e com outras culturas, transformando-se mutuamente.
• A cultura tem um impacto muito poderoso naquilo que somos.
Compreender a forma como nascer, crescer e participar em diferentes
culturas é fundamental para que possamos perceber e refletir sobre a
realidade, sobre o quão os outros e o que somos nós.
Diversidade individual
• A cultura tem um papel importante, mas não determina aquilo que somos.
• No encontro entre cultura e biologia, o ser humano, autónomo e capaz de
se auto organizar, inscreve-se enquanto singular.
• Cada um ordena a sua experiência e organiza os significados daquilo que
lhe acontece, tornando-se um ser diferente e particular.
• Construir a sua história pessoal implica encontrar significado para o que
se vai sucedendo, para a maneira como acontece… Ao fazê-lo, cada
pessoa torna parte de si, utiliza e recria não só o seu corpo e o seu
cérebro, mas também o seu património cultural e as suas aprendizagens e
vivências sociais.
• A partir de uma constituição que é sempre biológica e cultural, emergem
configurações únicas feitas de dados à partida, mas também de escolhas
e ações.
• É necessário estarmos abertos a ver e a escutar as múltiplas diferenças
dos outros; é necessário fazer o esforço de conhecer e compreender não
só a nossa, ,as também as suas perspetivas.
Relações precoces
• A vocação social expressa-se após o nascimento nas relações que o bebé
estabelece com a mãe e com os adultos. Estas relações e as que vamos
desenvolvendo ao longo da vida explicam o que pensamos, sentimos e
aprendemos.
• Estas vão ter um papel fundamental na construção de relações com os outros
e na construção do eu psicológico.
Imaturidade do bebé
• Quando nasce, o ser humano é imaturo.
• Torna-se dependente dos adultos para se alimentar, para ser protegido,
para sobreviver.
• Precisa de cuidados dispensados nos primeiros anos de vida para
sobreviver psíquica e fisicamente.
Competências básicas do bebé
• Os novos meios de investigação e os novos dados que se obtiveram,
motivaram um acréscimo do interesse dos psicólogos sobre as competências
do bebé.
• Abandonou-se a ideia de que o bebé era um ser passivo nos primeiros
tempos de vida; constatou-se que apresenta um conjunto de capacidades e
competências que estimulam os que o rodeiam para satisfazer as suas
necessidades.
• As observações e as experiências desenvolvidas nos últimos anos mostraram
que as capacidades dos bebés, a capacidade para comunicar, são muito
superiores às que se imaginavam.
Competências para comunicar
• A comunicação entre o bebé e as figuras parentais faz-se através de um
conjunto de trocas e sinais que manifestam as suas necessidades e
estado emocional.
• A qualidade da relação depende da capacidade dos cuidadores
responderem adequadamente aos estados emocionais do bebé. A este
processo chama-se regulação mútua, o processo através do qual o bebé
e os progenitores comunicam estados emocionais e respondem de modo
adequado.
• O bebé não é um ser passivo que se limita a receber os cuidados dos
adultos; é um sujeito ativo. Emite sinais daquilo que pretende e que
responde, com agrado ou desagrado, ao tratamento disponibilizado.
• O bebé influencia o modo como os adultos dispensam os cuidados de que
necessita.
O sorriso
• O sorriso é uma das formas de comunicação de desencadeia confiança e
afeto reforçando os esforços dos adultos para satisfazer o bebé.
• O primeiro sorriso ocorre de modo espontâneo, efeito da ativiade do
sistema nervoso central. Estes sorrisos são automáticos, reflexos e
involuntários. Manifesta-se como meio de comunicação intencional do
bebé, que sorri não apenas para a mãe, mas para os rostos humanos que
se lhe apresentam.
• O sorriso reforça as relações positivas do adulto, favorecendo a sua
repetição. È um comportamento intencional que mantém a comunicação
com aqueles que tratam do bebé.
O choro
• O choro é o meio mais eficaz pra manifestar uma necessidade ou um mal-
estar.
• Existem vários tipos de choro com as situações que o motivam. Distinguem-
se quatro padrões de choro: choro básico de fome, choro de raiva, choro de
frustração e choro de dor.
• Os adultos em geral, e os pais em particular, reconhecem a sua
especificidade e o seu significado, permitindo-lhes responder às solicitações
do bebé.
As expressões faciais
• A tristeza, o medo, a alegria, a raiva, a surpresa, são emoções que se podem
manifestar através de expressões faciais.
• Têm um valor comunicacional porque transmitem uma mensagem que tem a
expectativa de uma resposta.
As vocalizações
• Os bebés emitem sons vocais como resposta às vocalizações dos adultos.
• Estas emissões vocais produzidas entre os 3 e os 6 meses caracterizam-
se por cadeias de sílabas repetitivas. Estão presentes também em
crianças que nasceram surdas.
• Os bebés estão, portanto, dotados de um conjuntos de estratégias e
competências que lhes permitem enviar sinais para os adultos que, por
sua vez, estão predispostos a responder-lhe.
Competências básicas da mãe
• A regulação mútua envolve p bebé e os progenitores numa interação em que
ambos procuram responder de forma adequada. Uma intereção equilibrada
exige que a mãe interprete adequadamente os sinais emitidos pelo bebé e
que responda de forma apropriada.
• Entre o nascimento e os 18 meses o bebé mantém uma relação privilegiada
com a mãe, que joga entre a confiança e a desconfiança. Se a mãe reponde
positivamente às solicitações do bebé, existe segurança. Se, pelo contrário, ã
mãe não responder positivamente , podem desenvolver-se sentimentos de
desconfiança.
• A sensibilidade e a disponibilidade da mãe face às necessidades do bebé
e o prazer mútuo nas interações que se estabelecem propiciam um
sentimento interno de segurança, que é gerador de uma confiança básica
que permite ao bébé encarar o mundo de forma positiva.
• O papel da mãe tem sido objeto de vários estudos e interpretações,
reconhecendo-se a importância da qualidade dessa relação no
desenvolvimento da personalidade, da autoconfiança, as interações
sociais futuras.
• Um dos aspetos mais marcantes dessa relação é a comunicação.
• A relação continente-conteúdo constitui um espaço de pensamento e de
comunicação entre a mãe e o bebé.
• O bebé vivencia medos, emoções, receios, angústia; é o que designa por
conteúdo.
• A mãe poderá constituir o continente, isto é, ser a depositária dos
sentimentos contraditórios vividos pelo seu filho.
• Uma mãe continente reage às necessidades do bebé dando acolhimento à
angústia e à ansiedade do filho. A boa mãe comunica eficazmente. Reage
às necessidades do bebé, transformando inquietação em segurança,
desconforto em bem-estar
• A identificação do bebé com essa mãe continente estrutura uma relação
de harmonia essencial para o equilíbrio psicológico presente e futuro.
Importância das fantasias da mãe face ao bebé
• A relação da mãe com o bebé inicia-se quando a mulher tem conhecimento
da sua gravidez.
• As fantasias são um conjunto de suposições sobre o sexo do bebé, com
quem será parecido, e fazem com que muitas mulheres falem com o bebé.
• Constrói-se um vínculo a um bebé imaginário que se ajustará ao bebé real.
• Os discursos entre os futuros pais dirigidos ao bebé que está na barriga,
constituem elementos fundamentais para relação a estabelecer com o bebé
depois do nascimento.
Vinculação e equilíbrio psicológico
• O inacabamento do bebé humano torna as relações precoces essenciais para
a sua sobrevivência e desenvolvimento.
• Ao estudares as competências básicas do bebé e da mãe, ficou patente a
riqueza e complexidade das relações que se estabelecem desde o
nascimento.
A estrutura da relação do bebé com a mãe
• A prematuridade do recém-nascido disponibiliza-o para o estabelecimento
de relações precoces com quem lhe propicia cuidados parentais.
• Predispõem-no para o desenvolvimento de competências relacionais com
quem dele cuida sob forma de vinculação.
A importância da relação de vinculação
• As primeiras fases de vida são decisivas para o desenvolvimento de uma
criança.
• As relações que estabelece com o mundo que a rodeia , designadamente
através dos pais, asseguram-lhe as condições para a sua sobrevivência e
desenvolvimento, por exemplo, o alimento, o abrigo, o conforto, a
segurança…
Jonh Bowlby (Teoria da vinculação)
• A primeira teoria consistente acerca da vinculação precoce é proposta por
John Bowlby.
• Para este psicanalista, a necessidade de vinculação, ou seja, a
necessidade de estabelecimento de contacto e de laços emocionais entre
o bebé e a mãe, e/ou outras pessoas próximas, é um fenómeno
biologicamente determinado.
• A necessidade de vinculação não é fruto da aprendizagem, mas uma
necessidade básica do mesmo tipo que a alimentação e a sexualidade.
Relações precoces
• A necessidade inata de estabelecer laços não é exclusivamente do ser
humano. Sabemos hoje que muitas espécies demonstram comportamentos
paternais e que as crias se encontram instintivamente programadas para
seguir, tocar, chamar e esconder-se atrás das mães.
• Ligada ao conceito de vinculação, temos as figuras de vinculação, e temos
como exemplo, a mãe o pai, irmãos mais velhos, avós e até mesmo
educadoras…
• É sabido que as crianças estabelecem hierarquias de preferência entre
estas figuras.
• A existência e diversidade de figuras de vinculação facilita a aprendizagem
da criança por observação, constitui, portanto, um enriquecimento e um
factor de segurança
• No entanto, é necessário que haja qualidade da relação de vinculação,
isto é, a relação deve ser contínua e as figuras de vinculação deverão
estar disponíveis adaptando-se aos ritmos e necessidades afectivas da
criança (carícias, compreensão, comunicação, companhia e atenção).
• A relação de vinculação é uma construção progressiva: a aptidão inata é
modelada no decorrer da interacção com o meio social.
Vinculação e Equilíbrio Psicológico
• O processo de vinculação tem uma importância fundamental no
desenvolvimento físico e psicológico do bebé.
• A maneira como a mãe interpreta e responde às necessidades orgânicas e os
estados emocionais do seu filho, vão influenciar o bebé não apenas naquele
momento mas também no futuro, sendo muito importante a vinculação na
constituição psicológica do bebé.
• Os modelos de representação de si próprio e da mãe, através dos quais o
bebé percebe o seu universo, influenciam as suas percepções e
conduzem as suas acções.
• Uma vinculação securizante corresponderá a uma melhor regulação
emocional, ou seja, vai favorecer a confiança, a capacidade de ultrapassar
as dificuldades, em se sentir bem consigo mesmo e com os outros,
desempenhando assim o papel de regulador emocional, designadamente
face ao stress.
• Vai permitir uma gestão mais autónoma dos conflitos que fazem parte do
crescimento psicológico. No entanto, esta vinculação não tem um carácter
determinista; no desenvolvimento psicossocial da criança há muitos outros
factores em jogo ao longo da vida.
BION: “A boa mãe comunica poeticamente com
o seu bebé”
• É a partir do modelo continente-conteúdo que Bion explica a relação mãe-
bebé.
• Este modelo constitui um espaço de pensamento e de comunicação entre
a mãe e o bebé.
• O bebé vivencia medos e angústias (conteúdo) que a mãe enquanto
depositária acolhe os sentimentos contraditórios vividos pelo filho, e
devolve-lhe segurança, bem-estar e conforto fazendo sentir-se amado e
compreendido, fundamental ao equilíbrio psicológico.
BOWLBY: “As relações precoces do bebé”
• As investigações de Bowlby destinaram-se a analisar as relações entre as
perturbações de comportamento e a história da infância.
• Esta análise permitiu concluir que a vinculação é uma necessidade básica
(como a fome e sede) que tem de ser satisfeita de forma a criar relações de
proximidade e afectividade com os outros, obtendo-se o sentimento de
protecção e de segurança.
• Critica-se a Bowlby o facto deste ter centrado as suas investigações no papel
da mãe.
AINSWORTH: “A importância das primeiras
vinculações” e a experiência “situação estranha”
• A psicóloga Mary Ainsworth aprofundou o estudo da relação de vinculação e
distingui três tipos de vinculação: vinculação segura( a mais positiva e a que
influencia mais a criança e que consiste no facto de quando a mãe sai da sala
, a criança chora, mas quando a mãe regressa a criança deixa de chorar); a
vinculação evitante (a criança fica indiferente à ausência da mãe); vinculação
ambivalente/resistente (o bebé mostra ansiedade antes da mãe sair e
perturba-se quando esta sai da sala, ficando hesitante quando ela volta, ora
se aproxima, ora se afasta).
• Os estudos desta psicóloga mostraram a importância das primeiras
vinculações; a sua qualidade influencia as relações que a criança vai
estabelecer no futuro.
• A principal crítica apontada ao estudo desta psicóloga foi o facto de não
ter tido em conta condicionantes de ordem cultural. A vinculação
securizante favorece aos seres humanos a confiança em si próprios,
autonomia e a construção da identidade.
• É um regulador emocional, sobretudo em relação às situações de stress.
Da Díade à Tríade
• A relação do bebé com o pai caracteriza-se pela passagem da díade
(relação mãe bebé) à tríade (relação mãe-bebé-pai). O tom de voz do pai,
o seu toque, também contribui para o desenvolvimento psicológico do
bebé.
• O modelo de identificação masculina é fundamental para os rapazes e
raparigas, influenciando as suas futuras relações. Por outro lado, a relação
do bebé com o pai é igualmente positiva para este último, contribuindo
para o seu desenvolvimento pessoal, estando em causa o que se designa
por “socialização dos pais”, já que a comunicação ao possuir um carácter
bidireccional é de reconhecer a acção do bebé sobre o pai.
Vinculação e equilíbrio psicológico
• domínio afectivo:
• regulação das emoções: A imagem que cada indivíduo irá ter de si próprio, a
relação com o corpo, a construção da sua afectividade e sociabilidade dependem
dos primeiros vínculos no desenvolvimento fisiológico e psicológico.
• sexualidade: as tensões e inibições excessivas resultam de um desequilíbrio
experienciado ao nível das relações precoces. Estas afectarão o modo como
vivenciará a sua intimidade/sensualidade e, logo, a sua saúde física e mental.
• inter-relações sociais: Uma vinculação secularizante, positiva, favorece uma
confiança em si mesmo e a capacidade de ultrapassar os obstáculos e as
situações conflituantes que se lhe deparem. Enquanto regulador emocional, a
vinculação permite a construção de relações positivas com os outros. A gestão
dos conflitos, a auto-estima, , a capacidade de resistir ás adversidades e, logo, o
crescimento psicológico aumentará o grau de confiança em si e nos outros,
permitindo a construção de interacções gratificantes.
• domínio conativo: entendido como uma disposição interna para a acção,
traduz-se no desejo, vontade, esforço ou intenção dirigida para a exploração do
meio.
• autonomia: este desejo de se afastar das figuras de vinculação a partir do
interesse pelas actividades exploratórias, não conduzirá a uma relação de
insegurança, ante a expectativa adquirida pela vinculação securizante, de que a
protecção se manterá, podendo facilmente regressar face a uma possível
insegurança/ameaça..
• individuação: dependerá igualmente da vinculação, na medida em que a
confiança e segurança proporcionadas pela relação de vinculação
proporcionarão a disponibilidade para a afirmação da identidade. O processo que
torna cada indivíduo único, resulta da capacidade de se distinguir e de se afirmar
como um outro, tal processo será construído em relação, nomeadamente ao
nível da vinculação. A relação de proximidade, afecto de construção de uma
segurança proporciona igualmente a capacidade de cada um se tornar
“indivíduo”.
Consequências das perturbações nas relações
precoces
• Tal como referiu Harlow, face à ausência de vinculação, as fêmeas de macaco
que eram inseminadas artificialmente não tinham qualquer ligação aos filhos,
o que implicava que a privação de convívio precoce daria lugar a danos
sociais e emocionais no decorrer do desenvolvimento posterior.
• Poder-se-á, contudo, referir uma inversão da situação, os primatas foram
misturados com macacos jovens e em pouco tempo começaram a responder
às brincadeiras, e as fêmeas que trataram mal os filhos na 1ª ninhada, já não
o fizeram nas seguintes e mostravam-se mais receptivas aos machos.
• Assim, crianças que foram transferidas para orfanatos em que lhes davam
carinho e atenção melhoraram significativamente no âmbito intelectual e
social acentuando progressos nos índices de inteligência

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A entrada na vida

  • 1. A ENTRADA NA VIDA Compreender a especificidade do ser humano do ponto de vista dos fatores biológicos, cerebrais e culturais
  • 4. Agentes responsáveis pela transmissão hereditária
  • 6. 1. Número e a forma de cromossomas característicos de cada espécie. 2. Organização estrutural complexa, responsável de cada espécie e de cada indivíduo. 3. Responsáveis pela transmissão hereditária de geração em geração. a. Cariótipo b. Células (núcleo) c. Cromossomas
  • 8. Genes de desenvolvimento • Recentemente, foram identificados os genes de desenvolvimento que codificam a forma do organismo definindo, por exemplo, a pertença a uma dada espécie. São estes genes que desenham o plano, o padrão do organismo. É este tipo de genes que define as dimensões e as formas dos diferentes órgãos, determinando o número, a forma e a localização das células que os formam. São, por isso, designados também por genes “arquitetos”. • Estes genes planificam o processo de construção do organismo.
  • 9. Meiose e variabilidade genética • Se não houvesse este processo (meiose) os gâmetas iriam originar um ovo com 92 cromossomas. Assim, a ocorrência deste processo garante o constante material genético de geração para geração. • A separação de cromossomas homólogos, aumenta a taxa de variabilidade genética.
  • 10. Hereditariedade específica e individual • Hereditariedade específica corresponde à informação genética responsável pelas características comuns a todos os indivíduos pertencentes à mesma espécie. • Hereditariedade individual corresponde à informação genética responsável pelas características de um indivíduo que o distingue de todos os outros membros da mesma espécie.
  • 11. Genótipo e fenótipo • O genótipo corresponde à coleção de genes de que o indivíduo obtém da mãe e do pai. Determinações genéticas herdadas. • O fenótipo designa a aparência do indivíduo, isto é, conjunto de características observáveis.
  • 12. Fatores hereditários e ambientais • A pessoa ou membro da espécie é o resultado em que se interligam estes fatores. • A interação boa ou má permite a expressão do potencial genético, positiva ou negativamente. • Contudo, o meio intrauterino pode provocar na criança consequências.
  • 13. Ser humano e o seu inacabamento biológico • Programa genético aberto: • Um programa biológico, uma dotação genética explica o processo que nos conduz, através da maturação e do desenvolvimento do nascimento até à morte. • No ser humano essa programação é quase insignificante em comparação com outros animais. • Prematuridade e neotenia: • A complexidade do ser humano e o papel da aprendizagem na nossa existência resultam do facto de o Homem ser um ser biologicamente inacabado. • O ser humano é um ser prematuro no sentido em que não apresenta as suas capacidades, as competências desenvolvidas.
  • 14. • Prematuridade e neotenia: • A complexidade do ser humano e o papel da aprendizagem na nossa existência resultam do facto de o Homem ser um ser biologicamente inacabado. • O ser humano é um ser prematuro no sentido em que não apresenta as suas capacidades, as competências desenvolvidas. • Este inacabamento designa-se por neotenia. • Atraso no desenvolvimento que faz com que o indivíduo se desenvolva mais devagar.
  • 15. Vantagens do inacabamento humano • A sua natureza biológica torna mais flexível o processo de adaptação ao meio. Cria a necessidade de criar a sua própria adaptação, aquilo que passa de geração em geração. • Astuto é atingido através da aprendizagem, portanto, uma vantagem. • Apresenta assim extrema disponibilidade.
  • 16. Trissomia 21 • Trissomia 21 é o resultado de mais um cromossoma extra no habitual par de cromossomas 21 e, é a trissomia mais comum no altura do nascimento do bebé. • A trissomia 21 é a causa mais frequente de atraso mental nas crianças. É uma doença genética, causada pela presença de um cromossoma 21 em excesso e é também conhecida por Síndrome de Down ou mongolismo.
  • 17. O Cérebro • Atualmente sabemos que os nossos comportamentos são dominados pelo cérebro, assim como temos conhecimento de que esse órgão é a sede de todos os nossos pensamentos e da nossa consciência. • Podemos observar que o cérebro humano é maior que o de todos os outros animais representados. Podemos também perceber algumas diferenças na sua forma. Ele é o que tem mais circunvoluções, e é isso que lhe dá o tão famoso aspeto enrugado.
  • 18. Hemisférios • Tal como em todos os mamíferos, o cérebro do ser humano está dividido em dois hemisférios, o direito e o esquerdo. • Os hemisférios cerebrais controlam a parte oposta do corpo, porque os feixes nervosos que conduzem as instruções até aos músculos cruzam-se no percurso. O hemisfério esquerdo e o direito desempenham funções diferentes.
  • 19. • O hemisfério direito controla a formação de imagens, as relações espaciais, a perceção das formas, das cores, das tonalidades afetivas e o pensamento concreto. Processas as emoções mais negativas. • O hemisfério esquerdo é responsável pelo pensamento lógico, pela linguagem verbal, pelo discurso, pelo cálculo e pela memória. Processa as emoções mais positivas e otimistas. • É graças ao funcionamento integrado dos dois hemisférios que, por exemplo, atribuímos significado a uma expressão verbal, a uma conversa: quando desenvolvemos um diálogo, é o hemisfério esquerdo que permite a produção do discurso, mas é o direito que dá a entoação ao que se diz.
  • 20. A linguagem, o raciocínio lógico, determinados tipos de memória, o cálculo, a análise são próprias do hemisfério esquerdo O hemisfério direito não usa palavras, é intuitivo, usa a imaginação, o sentimento e a síntese O lado esquerdo do cérebro sabe situar-se dentro do tempo e procura situações seguras Já o lado direito solta a imaginação, viaja pelas asas do sonho, cria, inventa, recria e assume ser livre. Para o hemisfério direito não existe a expressão "perder tempo“ O esquerdo costuma imitar, representar, fingir O direito é criativo e autêntico Por ser racional e crítico, o lado esquerdo do cérebro não se aventura a criar, inventar, sonhar. Prefere a segurança do conhecido, do lógico, do aceito pela sociedade em que vive O lado direito solta a imaginação, viaja pelas asas do sonho, cria, inventa, recria e assume ser livre Nada é regulado só pelo hemisfério direito ou só pelo hemisfério esquerdo
  • 21. Lobos Cerebrais • O córtex cerebral é dividido em áreas denominadas lobos cerebrais, cada hemisfério do nosso cérebro tem 4 lobos e esses lobos são: lobo occipital, lobo temporal, lobo parietal e lobo frontal. • Cada um dos lobos tem funções diferenciadas e especializadas. • Na zona da testa temos localizado o lobo frontal, na área da nuca temos o lobo occipital, na parte superior da cabeça está o lobo parietal e sob a orelha podemos encontrar o lobo temporal.
  • 22. Lobos Occipitais • Localizados na parte inferior do cérebro (nuca) e cobertos pelo córtex cerebral, os lobos occipitais processam os estímulos visuais, daí também serem conhecidos por córtex visual. • Esta área é constituída por zonas especializadas na visão da cor, no movimento, na profundidade, na distância e por aí em diante. • A área visual comunica com outras áreas cerebrais que dão assim significado ao que estamos a ver tendo em conta a nossa experiencia passada e as nossas expectativas. Isto faz com que um objeto seja percecionando de maneira diferente por diferentes sujeitos.
  • 23. • Lesões nesta área cerebral podem provocar: • Agnosia - incapacidade de identificar objetos ou até pessoas conhecidas • Cegueira cortical - perda de visão • Cegueira verbal ou alexia - incapacidade de reconhecer o significado de palavras escritas
  • 24. Lobos Temporais • Localizados acima das orelhas, os lobos temporais têm como função processar os estímulos auditivos. • Assim como acontece nos lobos occipitais, as informações são processadas por associação e quando a área auditiva primária é estimulada, os sons são produzidos e enviados para a área auditiva secundária que vai então interagir com outras áreas do cérebro para atribuir significado aos sons e assim permitir ao indivíduo reconhecer o que ouve.
  • 25. • É importante salientar ainda a área de Wernicke que se situa na zona onde convergem os lobos occipitais, temporal e parietal. • Esta área é responsável pelo conhecimento, interpretação e associação das informações, faculta-nos a possibilidade de compreendermos o que os outros dizem e de organizarmos frases corretamente. • Lesões cerebrais nestas áreas são: • a surdez cortical que é a perda de audição • a agnosia auditiva: incapacidade de reconhecer os sons comuns • a surdez verbal - incapacidade de atribuir significado ao discurso oral
  • 26. Lobos Parietais • Localizam-se na parte superior do cérebro, no córtex cerebral, sendo constituídos por duas subdivisões – a anterior e a posterior. • A zona anterior é uma área primária, designando-se por córtex somatossensorial e responsabiliza-se pela receção de sensações como o tato, a dor e a temperatura corporal. • A zona posterior é, ao contrário da zona anterior, uma área secundária, que se responsabiliza pela análise, interpretação e integração das informações recebidas pela área primária. Isto permite-nos localizar, por exemplo, o nosso corpo no espaço, e reconhecer os objetos através do tato.
  • 27. • As habilidades matemáticas e da linguagem têm origem em alguma parte dessa área e também das áreas adjacentes aos lobos temporais. • Lesões nesta área cerebral podem provocar: • anestesia cortical - perda de sensibilidade táctil, térmica e de dor • agnosia somatossensorial - incapacidade de reconhecer objetos pelo tato, de discriminar pesos, de localizar sensações tácteis e térmica.
  • 28. Lobos Frontais • Localizam-se na parte da frente do cérebro, constituindo 1/3 do seu volume total. Nestes lobos está situado o córtex motor, responsável pelos movimentos dos músculos. • A atividade no lobo frontal aumenta nas pessoas somente quando temos que executar uma tarefa difícil em que temos que descobrir uma sequência de ações que minimize o número de manipulações necessárias.
  • 29. • O lobo frontal contém quatro áreas funcionais: • Centro primário motor – Constitui a maioria da circunvolução pré-central. Contém muitas das células que originam as vias motoras descendentes e está envolvido na iniciação dos movimentos voluntários. • Áreas pré-motoras e motoras suplementares – Ocupam o restante do giro pré-central com porções adjacentes das circunvoluções frontais superior e média. Estão também funcionalmente relacionadas com a iniciação dos movimentos voluntários. • Área de Broca – Está contida nas porções opercular e triangular da circunvolução frontal inferior. Localiza-se preferencialmente num só hemisfério (geralmente o esquerdo). É importante para a produção da escrita e da linguagem falada. • Córtex pré-frontal – Todo o restante lobo frontal (que não é circunvolução pré-central). Relacionado com a personalidade.
  • 30. • Foi Alexander Luria, psicólogo russo, que após um estudo das bases cerebrais de memoria constatou que por todas as funções que os lobos frontais desempenham se podem considerar “a sede da humanidade”. • Lesões nesta área cerebral podem provocar: • Paralisia cortical - incapacidade de produzir movimentos • Apraxia - incapacidade de coordenar movimentos numa sequência, por exemplo vestir-se • Agrafia - incapacidade de escrever • afasia de Broca - dificuldade em formar palavras, expressão verbal lenta e incorreta
  • 31. Caso de Phineas Cage • Phineas Gage (1823-1860) foi um mineiro americano que teve um acidente com explosivos. Acidente, esse, que levou o seu cérebro a ser perfurado por uma barra de metal, sobrevivendo apesar da gravidade do acidente. • Após o ocorrido, Gage, que aparentemente não tinha sequelas, apresentou uma mudança acentuada de comportamento, sendo objeto para estudos de caso muito conhecidos entre neurocientistas. • Incrivelmente, ele falava e até caminhava. Perdeu muito sangue, mas depois de alguns problemas de infeção, não só sobreviveu à lesão, como também se recuperou fisicamente.
  • 32. • Contudo, Gage, tornou-se o contrário do que o que era antes do acidente. Transformou-se num homem de mau génio, grosseiro, desrespeitoso para com os colegas e incapaz de aceitar conselhos. Os seus planos futuristas foram abandonados e ele passou a agir sem pensar nas consequências. • A sua transformação foi tão grande que todos diziam que "Gage deixou de ser Gage".
  • 33. Especialização e Integração sistémica • O cérebro funciona de uma forma sistémica porque é um conjunto muito complexo de elementos em que as componentes que o constituem são interdependentes, funcionando de uma forma integrada. • Por exemplo, o funcionamento da linguagem, da memória, entre outras capacidades, depende do funcionamento integrado de várias áreas cerebrais. • Podemos constatar também que uma função cerebral perdida devido a uma lesão pode ser recuperada por uma área vizinha à zona onde ocorreu a lesão, a isto chama-mos uma função vicariante. A plasticidade explica o facto de outras regiões do cérebro poderem substituir as funções afetadas por lesões.
  • 34. • Elementos estruturais e funcionais do sistema nervoso • funcionamento global do cérebro • Capacidade de adaptaçao e autonomia do ser humano
  • 35. A riqueza da diversidade humana • A partir da constituição biológica procuramos compreender o modo como as características da espécie são transmitidas e o que no distingue de todos os outros. • O processo de desenvolvimento aprofunda essas diferenças nas interações com o meio ambiente. • A influência da participação num meio social e cultural é muito importante nesse processo de diferenciação.
  • 36. Diversidade biológica • Existem vários fatores que nos distinguem uns dos outros. A cor da pele, a cor do cabelo, as etnias e os seus traços fisionómicos. Manifestam uma diversidade biológica. • Efetivamente, a constatação de que a composição genética dos seres humanos é igual nas diferentes regiões do mundo põe em causa o conceito da raça. • É possível encontrar maiores diferenças genéticas entre as duas pessoas que vivam no mesmo país do que entre um africano e um europeu do Norte.
  • 37. • Enquanto pertencentes à espécie humana, todos temos um cérebro, que apresenta as características e funcionalidades comuns. Mas a estrutura do istema nervoso central não é igual em todos os indivíduos. • A hereditariedade específica assegura um conjunto de características comuns que nos tornam humanos. Já a hereditariedade individual assegura-nos que somos únicos. • O desenvolvimento desde o embrião envolve uma progressiva diferenciação. • Ao contráio de outras espécies, em que o programa genético não dá lugar à variabilidade, nos seres humanos o programa genético não define de forma determinada o indivíduo; é um conjunto de instruções que favorecem a variação individual. • O processo de desenvolvimento quem ocorre em contexto social aprofunda as diferenças que a hereditariedade já se encarrega de assegurar.
  • 38. Cultura • Sistema que tanto nos seus aspectos simbólicos como materiais constitui o ambiente de protecção do indivíduo na sua relação com o mundo, sendo capaz de o transformar e de se transformar. • Cultura é a forma como o ser humano se adapta ao meio, o modo como o transforma e transmite às gerações seguintes. A cultura distingue o ser humano dos outros animais.
  • 39. Factores fundamentais no processo da humanização (tornar-se humano)  Predisposições genéticas para a sociabilidade O ser humano é conhecido por ter características genéticas próprias: • A sua prematuridade - faz uma criança estar totalmente sujeita ao domínio dos seus progenitores, pois era muito provável não conseguir sobreviver. • Neotenia - dá ao ser capacidades de se alterar a nível físico e psicológico até á sua morte.
  • 40. • Quando o ser humano nasce, este vem dotado de faculdades reflexas, como por exemplo o reflexo da sucção, da pressão ou de caminhar. Construirá mecanismos de interagir com o meio e muito particularmente com o contexto social (sobretudo familiar). • A constituição natural do bebé tem grandes competências, contudo só se irão desenvolver se estiverem em contacto com a sociedade.
  • 41.  Importância do meio social na determinação do ser humano • O homem é um animal gregário assim como certos animais, ou seja, faz a sua vida com a socialização com o outro. • Há assim razões para pensar que os recém-nascidos (humanos) têm uma predisposição inata para conseguir estar em sociedade. Esta característica de viver em sociedade tem por base um conjunto de competências que funcionam para comunicarmos com o outro.
  • 42. Entre elas, contam-se as competências: • Perceptivas – A criança nasce provida de órgãos sensoriais que a tornam apta a captar o mundo, mediante a discriminação de estímulos visuais, auditivos, tácteis, olfativos,…; • Cerebrais- Estrutura nervosa que permite a aprendizagem, memorização e a recuperação da informação. Este processo é acompanhado por uma correlação de uma rede complexa neurónios; • Simbólicas- É sobretudo na linguagem que se geram os processos de aprendizagem e de relação com os outros, e assim, com esta, as sociedades se organizam; • Relacionais- Há indicadores de que o recém-nascido é levado a estabelecer elos afetivos com os que o rodeiam. Cabe assim o lugar mais importante à imagem materna, pois é a pessoa que a alimenta, cuida e dá maior afeto.
  • 43. Crianças selvagens • Quando falamos em crianças selvagens, referimo-nos a crianças abandonadas muito cedo onde são “criadas” por animais selvagens. • Estas crianças não têm qualquer tipo de contacto com uma cultura ou com outras pessoas. Assemelham-se aos animais com quem convivem a maior parte da sua vida, terão sempre os mesmos hábitos e comportamentos animalescos se não forem resgatadas a tempo por nenhum ser humano que as ajude. • É de salientar que estas mesmas crianças são conhecidas por terem cicatrizes, marcas físicas e mentais, isto só demonstra a grande debilidade que o ser humano tem e assim notar que este depende quase por completo dos outros e de contactos físicos e pessoais.
  • 44. • Deste modo, não se pode entender estas crianças pois não têm reações humanas normais. Por não saberem falar e não serem sensíveis à linguagem do homem, será uma grande dificuldade entendermo-las pois na maior parte dos casos só emitem sons e não possuem nenhum tipo de emoção como chorar ou rir. • Umas das suas grandes dificuldades é dominar as emoções, como os seres não racionais, não caminham de forma ereta, e é muito difícil conseguirem estabelecer uma relação com outro ser não familiarizado com eles.
  • 45. • Deste modo, não se pode entender estas crianças pois não têm reações humanas normais. Por não saberem falar e não serem sensíveis à linguagem do homem, será uma grande dificuldade entendermo-las pois na maior parte dos casos só emitem sons e não possuem nenhum tipo de emoção como chorar ou rir. • Umas das suas grandes dificuldades é dominar as emoções, como os seres não racionais, não caminham de forma ereta, e é muito difícil conseguirem estabelecer uma relação com outro ser não familiarizado com eles.
  • 46. Victor de Aveyron • Em setembro de 1799, um menino com cerca de 12 anos foi encontrado perto da floresta de Aveyron, sul da França. Estava sozinho, sem roupa, deslocava-se utilizando quatro apoios e não falava uma palavra. Aparentemente, fora abandonado pelos pais e cresceu sozinho na floresta. O menino, a quem lhe deram o nome de Victor, foi levado para Paris, onde ficou aos cuidados do médico Jean-Marc-Gaspar Itard. Durante cinco anos o Dr. Itard dedicou-se a ensinar Victor a falar, a ler e a comportar-se como um ser humano, mas os seus esforços foram em vão. Pouco progresso foi conseguido durante esse tempo. Victor nunca falou e apenas aprendeu a ler somente uma palavra (leite).
  • 47. Socialização • O modo de colocação de um sujeito desde que nasce até que morre nos quadros sociais de uma sociedade chama-se socialização. A educação do ser humano é assim um processo de socialização contínua. • A socialização é feita, por exemplo, pela integração de uma criança na família que a concebeu ou adotou. É no meio desta família que ela aprende uma linguagem e se integra na estrutura social (cultural, política, económica) que a família faz parte. • É neste sistema de socialização, que onde para além do grupo familiar, entram diversos outros grupos, como os da escola, o grupo de amigos, a equipa onde trabalha, etc. • A socialização estimula nas pessoas a aprendizagem de um conjunto de padrões culturais e comportamentais, produto de sentimentos e atitudes comuns. Estes traços gerais de conduta fazem de uma maneira geral as características de um país ou conjunto de países: a personalidade-base.
  • 48.  Tipos de socialização: • Socialização primária: acontece sobretudo durante a infância e a adolescência e tem como finalidade a aprendizagem de um conjunto de hábitos necessários para a integração nas mais diversas situações da vida quotidiana. (Ex. aquisição de hábitos de alimentação, habituação no domínio da linguagem) • Socialização secundária: sistema de acolhimento de novas posturas e novas condutas que facultam aos adultos continuar a viver adaptados na comunidade; acontece no resultado de alterações significantes na condição social das pessoas (Ex. entrada no mundo do trabalho, mudança de estado civil).
  • 49. Cultura • O que torna o Ser Humano em uma pessoa é a cultura. A cultura é a totalidade de aprendizagens feitas pelos seres humanos para se integrarem ao meio, sejam por exemplo, objetos, linguagens, modos de pensamento e de comportamento, leis, crenças, tradições ou hábitos. O ser humano é um produto da cultura, um animal artificial. • O ser humano não se limita a interiorizar a cultura de uma dada sociedade, ele tem igualmente a capacidade de a modificar.
  • 50.  Cultura por oposição à natureza A integração numa cultura leva cada criança a adotar um comportamento que substitui, pouco a pouco, uma natureza dada por uma natureza adquirida. «Natureza dada» Determinada biologicamente: hereditária, inata Comportamento espontâneo, resultante das necessidades biológicas; «Natureza adquirida» Determinada culturalmente: aprendida no contacto social Comportamento normativo, ditado por padrões culturais
  • 51. • Sem processos culturais a vida resumir-se-ia à defesa contra predadores e à procura de alimentos: aproximar-se-ia do estilo de vida dos «macacos». • A cultura abrange um conjunto de aspetos que caracterizam cada sociedade (tradições, crenças, regras, costumes, formas de comunicação, técnicas, atitudes, sentimentos…) e um conjunto de aprendizagens do indivíduo sob a influência social. A cultura abrange: • Processos materiais (fabrico de utensílios, artesanato, indústria, habitação…). • Relações sociais (formas de convívio, grupos sociais, instituições, formações políticas…). • Aspetos mentais: teorias, formas de sentir, pensar e comunicar (mentalidades, religião, linguagem, superstições, sistema de valores).
  • 52. Padrões de cultura • Formas coletivas de comportamentos que permitem aos seres humanos confrontar a sua conduta e prever a conduta dos outros. O facto de as comunidades obedecerem a padrões culturais contribui para homogeneizar as pessoas dentro de uma cultura, diferenciando-as das pessoas de outras culturas. Cada cultura tem um enquadramento geográfico, social e histórico próprio, e consequentemente, os membros que lhe pertencem apresentam formas de conduta específicas. Sem padrões culturais, as relações entre os seres humanos seriam caóticas, porque seriam totalmente imprevisíveis.
  • 53. • É necessário ter os padrões culturais em conta quando observamos os sentidos que as pessoas e os grupos atribuem a determinadas atividades, comportamentos e objetos. O significado que estes têm depende do contexto cultural em que são vividos e experimentados pelos sujeitos. • Os padrões levam o indivíduo a agir, mais ou menos espontânea e inconscientemente, de acordo com determinas das regras.
  • 54. • Exemplos: “Imagine esta cena – está a visitar uma casa com a possibilidade de a vir a comprar, e ao abrir a porta de uma casa de banho, vê uma mulher sentada nua numa banheira. Como espera que reaja a mulher surpreendida? Uma mulher britânica ou americana cobriria os seios com uma mão e os órgãos genitais com a outra, enquanto uma sueca cobriria apenas os genitais. Uma mulher muçulmana cobriria o rosto, uma mulher Samatra cobriria os joelhos e uma nativa de Samoa apenas o umbigo.”
  • 55. Diversidade cultural • Aquilo que trazemos escrito no nosso código genético não é suficiente para crescermos como humanos. • Alguns dos nossos órgãos mais complexos, como o cérebro, dependem de informação eu não esta contida em si mesmos, dependem as oportunidades que têm para aprender. • Sem a cultura, sem as possibilidades de desenvolvimento que nos proporciona crescermos num contexto cultural particular, seríamos seres incompletos. • É em contextos socioculturais muito variados que se desenvolve a capacidade de criar e de transformar subjacente ao processo de adaptação, a partir de interações com os outros e com os diferentes ambientes e situações de aprender.
  • 56. • Tornamo-nos humanos num meio que já possui em si estrutura e conteúdo, que possui outras pessoas organizadas em sociedade e que possui formas culturais de ser e de viver. • O processo de integração numa sociedade e cultura particular faz com que a diversidade cultural se traduza em formas distintas de estar, de pensar, de ser e de nos comportarmos. • Todos somos seres diferentes e semelhantes. Não só diferem os nossos corpos, como o que neles se inscreve à medida que crescemos num determinado lugar ou numa determinada comunidade com as suas culturas específicas. É mais fácil percebermos semelhanças relativamente àqueles que partilham connosco a sua vivência cultural. • Os outros são diferentes, no que fazem, no que usam, na forma como pensam. As culturas comunicam com os seus membros e com os seus membros e com outras culturas, transformando-se mutuamente.
  • 57. • A cultura tem um impacto muito poderoso naquilo que somos. Compreender a forma como nascer, crescer e participar em diferentes culturas é fundamental para que possamos perceber e refletir sobre a realidade, sobre o quão os outros e o que somos nós.
  • 58. Diversidade individual • A cultura tem um papel importante, mas não determina aquilo que somos. • No encontro entre cultura e biologia, o ser humano, autónomo e capaz de se auto organizar, inscreve-se enquanto singular. • Cada um ordena a sua experiência e organiza os significados daquilo que lhe acontece, tornando-se um ser diferente e particular. • Construir a sua história pessoal implica encontrar significado para o que se vai sucedendo, para a maneira como acontece… Ao fazê-lo, cada pessoa torna parte de si, utiliza e recria não só o seu corpo e o seu cérebro, mas também o seu património cultural e as suas aprendizagens e vivências sociais.
  • 59. • A partir de uma constituição que é sempre biológica e cultural, emergem configurações únicas feitas de dados à partida, mas também de escolhas e ações. • É necessário estarmos abertos a ver e a escutar as múltiplas diferenças dos outros; é necessário fazer o esforço de conhecer e compreender não só a nossa, ,as também as suas perspetivas.
  • 60. Relações precoces • A vocação social expressa-se após o nascimento nas relações que o bebé estabelece com a mãe e com os adultos. Estas relações e as que vamos desenvolvendo ao longo da vida explicam o que pensamos, sentimos e aprendemos. • Estas vão ter um papel fundamental na construção de relações com os outros e na construção do eu psicológico.
  • 61. Imaturidade do bebé • Quando nasce, o ser humano é imaturo. • Torna-se dependente dos adultos para se alimentar, para ser protegido, para sobreviver. • Precisa de cuidados dispensados nos primeiros anos de vida para sobreviver psíquica e fisicamente.
  • 62. Competências básicas do bebé • Os novos meios de investigação e os novos dados que se obtiveram, motivaram um acréscimo do interesse dos psicólogos sobre as competências do bebé. • Abandonou-se a ideia de que o bebé era um ser passivo nos primeiros tempos de vida; constatou-se que apresenta um conjunto de capacidades e competências que estimulam os que o rodeiam para satisfazer as suas necessidades. • As observações e as experiências desenvolvidas nos últimos anos mostraram que as capacidades dos bebés, a capacidade para comunicar, são muito superiores às que se imaginavam.
  • 63. Competências para comunicar • A comunicação entre o bebé e as figuras parentais faz-se através de um conjunto de trocas e sinais que manifestam as suas necessidades e estado emocional. • A qualidade da relação depende da capacidade dos cuidadores responderem adequadamente aos estados emocionais do bebé. A este processo chama-se regulação mútua, o processo através do qual o bebé e os progenitores comunicam estados emocionais e respondem de modo adequado.
  • 64. • O bebé não é um ser passivo que se limita a receber os cuidados dos adultos; é um sujeito ativo. Emite sinais daquilo que pretende e que responde, com agrado ou desagrado, ao tratamento disponibilizado. • O bebé influencia o modo como os adultos dispensam os cuidados de que necessita.
  • 65. O sorriso • O sorriso é uma das formas de comunicação de desencadeia confiança e afeto reforçando os esforços dos adultos para satisfazer o bebé. • O primeiro sorriso ocorre de modo espontâneo, efeito da ativiade do sistema nervoso central. Estes sorrisos são automáticos, reflexos e involuntários. Manifesta-se como meio de comunicação intencional do bebé, que sorri não apenas para a mãe, mas para os rostos humanos que se lhe apresentam. • O sorriso reforça as relações positivas do adulto, favorecendo a sua repetição. È um comportamento intencional que mantém a comunicação com aqueles que tratam do bebé.
  • 66. O choro • O choro é o meio mais eficaz pra manifestar uma necessidade ou um mal- estar. • Existem vários tipos de choro com as situações que o motivam. Distinguem- se quatro padrões de choro: choro básico de fome, choro de raiva, choro de frustração e choro de dor. • Os adultos em geral, e os pais em particular, reconhecem a sua especificidade e o seu significado, permitindo-lhes responder às solicitações do bebé.
  • 67. As expressões faciais • A tristeza, o medo, a alegria, a raiva, a surpresa, são emoções que se podem manifestar através de expressões faciais. • Têm um valor comunicacional porque transmitem uma mensagem que tem a expectativa de uma resposta.
  • 68. As vocalizações • Os bebés emitem sons vocais como resposta às vocalizações dos adultos. • Estas emissões vocais produzidas entre os 3 e os 6 meses caracterizam- se por cadeias de sílabas repetitivas. Estão presentes também em crianças que nasceram surdas. • Os bebés estão, portanto, dotados de um conjuntos de estratégias e competências que lhes permitem enviar sinais para os adultos que, por sua vez, estão predispostos a responder-lhe.
  • 69. Competências básicas da mãe • A regulação mútua envolve p bebé e os progenitores numa interação em que ambos procuram responder de forma adequada. Uma intereção equilibrada exige que a mãe interprete adequadamente os sinais emitidos pelo bebé e que responda de forma apropriada. • Entre o nascimento e os 18 meses o bebé mantém uma relação privilegiada com a mãe, que joga entre a confiança e a desconfiança. Se a mãe reponde positivamente às solicitações do bebé, existe segurança. Se, pelo contrário, ã mãe não responder positivamente , podem desenvolver-se sentimentos de desconfiança.
  • 70. • A sensibilidade e a disponibilidade da mãe face às necessidades do bebé e o prazer mútuo nas interações que se estabelecem propiciam um sentimento interno de segurança, que é gerador de uma confiança básica que permite ao bébé encarar o mundo de forma positiva. • O papel da mãe tem sido objeto de vários estudos e interpretações, reconhecendo-se a importância da qualidade dessa relação no desenvolvimento da personalidade, da autoconfiança, as interações sociais futuras. • Um dos aspetos mais marcantes dessa relação é a comunicação.
  • 71. • A relação continente-conteúdo constitui um espaço de pensamento e de comunicação entre a mãe e o bebé. • O bebé vivencia medos, emoções, receios, angústia; é o que designa por conteúdo. • A mãe poderá constituir o continente, isto é, ser a depositária dos sentimentos contraditórios vividos pelo seu filho. • Uma mãe continente reage às necessidades do bebé dando acolhimento à angústia e à ansiedade do filho. A boa mãe comunica eficazmente. Reage às necessidades do bebé, transformando inquietação em segurança, desconforto em bem-estar • A identificação do bebé com essa mãe continente estrutura uma relação de harmonia essencial para o equilíbrio psicológico presente e futuro.
  • 72. Importância das fantasias da mãe face ao bebé • A relação da mãe com o bebé inicia-se quando a mulher tem conhecimento da sua gravidez. • As fantasias são um conjunto de suposições sobre o sexo do bebé, com quem será parecido, e fazem com que muitas mulheres falem com o bebé. • Constrói-se um vínculo a um bebé imaginário que se ajustará ao bebé real. • Os discursos entre os futuros pais dirigidos ao bebé que está na barriga, constituem elementos fundamentais para relação a estabelecer com o bebé depois do nascimento.
  • 73. Vinculação e equilíbrio psicológico • O inacabamento do bebé humano torna as relações precoces essenciais para a sua sobrevivência e desenvolvimento. • Ao estudares as competências básicas do bebé e da mãe, ficou patente a riqueza e complexidade das relações que se estabelecem desde o nascimento.
  • 74. A estrutura da relação do bebé com a mãe • A prematuridade do recém-nascido disponibiliza-o para o estabelecimento de relações precoces com quem lhe propicia cuidados parentais. • Predispõem-no para o desenvolvimento de competências relacionais com quem dele cuida sob forma de vinculação.
  • 75. A importância da relação de vinculação • As primeiras fases de vida são decisivas para o desenvolvimento de uma criança. • As relações que estabelece com o mundo que a rodeia , designadamente através dos pais, asseguram-lhe as condições para a sua sobrevivência e desenvolvimento, por exemplo, o alimento, o abrigo, o conforto, a segurança…
  • 76. Jonh Bowlby (Teoria da vinculação) • A primeira teoria consistente acerca da vinculação precoce é proposta por John Bowlby. • Para este psicanalista, a necessidade de vinculação, ou seja, a necessidade de estabelecimento de contacto e de laços emocionais entre o bebé e a mãe, e/ou outras pessoas próximas, é um fenómeno biologicamente determinado. • A necessidade de vinculação não é fruto da aprendizagem, mas uma necessidade básica do mesmo tipo que a alimentação e a sexualidade.
  • 77. Relações precoces • A necessidade inata de estabelecer laços não é exclusivamente do ser humano. Sabemos hoje que muitas espécies demonstram comportamentos paternais e que as crias se encontram instintivamente programadas para seguir, tocar, chamar e esconder-se atrás das mães.
  • 78.
  • 79. • Ligada ao conceito de vinculação, temos as figuras de vinculação, e temos como exemplo, a mãe o pai, irmãos mais velhos, avós e até mesmo educadoras… • É sabido que as crianças estabelecem hierarquias de preferência entre estas figuras. • A existência e diversidade de figuras de vinculação facilita a aprendizagem da criança por observação, constitui, portanto, um enriquecimento e um factor de segurança
  • 80. • No entanto, é necessário que haja qualidade da relação de vinculação, isto é, a relação deve ser contínua e as figuras de vinculação deverão estar disponíveis adaptando-se aos ritmos e necessidades afectivas da criança (carícias, compreensão, comunicação, companhia e atenção). • A relação de vinculação é uma construção progressiva: a aptidão inata é modelada no decorrer da interacção com o meio social.
  • 81. Vinculação e Equilíbrio Psicológico • O processo de vinculação tem uma importância fundamental no desenvolvimento físico e psicológico do bebé. • A maneira como a mãe interpreta e responde às necessidades orgânicas e os estados emocionais do seu filho, vão influenciar o bebé não apenas naquele momento mas também no futuro, sendo muito importante a vinculação na constituição psicológica do bebé.
  • 82. • Os modelos de representação de si próprio e da mãe, através dos quais o bebé percebe o seu universo, influenciam as suas percepções e conduzem as suas acções. • Uma vinculação securizante corresponderá a uma melhor regulação emocional, ou seja, vai favorecer a confiança, a capacidade de ultrapassar as dificuldades, em se sentir bem consigo mesmo e com os outros, desempenhando assim o papel de regulador emocional, designadamente face ao stress. • Vai permitir uma gestão mais autónoma dos conflitos que fazem parte do crescimento psicológico. No entanto, esta vinculação não tem um carácter determinista; no desenvolvimento psicossocial da criança há muitos outros factores em jogo ao longo da vida.
  • 83. BION: “A boa mãe comunica poeticamente com o seu bebé” • É a partir do modelo continente-conteúdo que Bion explica a relação mãe- bebé. • Este modelo constitui um espaço de pensamento e de comunicação entre a mãe e o bebé. • O bebé vivencia medos e angústias (conteúdo) que a mãe enquanto depositária acolhe os sentimentos contraditórios vividos pelo filho, e devolve-lhe segurança, bem-estar e conforto fazendo sentir-se amado e compreendido, fundamental ao equilíbrio psicológico.
  • 84. BOWLBY: “As relações precoces do bebé” • As investigações de Bowlby destinaram-se a analisar as relações entre as perturbações de comportamento e a história da infância. • Esta análise permitiu concluir que a vinculação é uma necessidade básica (como a fome e sede) que tem de ser satisfeita de forma a criar relações de proximidade e afectividade com os outros, obtendo-se o sentimento de protecção e de segurança. • Critica-se a Bowlby o facto deste ter centrado as suas investigações no papel da mãe.
  • 85. AINSWORTH: “A importância das primeiras vinculações” e a experiência “situação estranha” • A psicóloga Mary Ainsworth aprofundou o estudo da relação de vinculação e distingui três tipos de vinculação: vinculação segura( a mais positiva e a que influencia mais a criança e que consiste no facto de quando a mãe sai da sala , a criança chora, mas quando a mãe regressa a criança deixa de chorar); a vinculação evitante (a criança fica indiferente à ausência da mãe); vinculação ambivalente/resistente (o bebé mostra ansiedade antes da mãe sair e perturba-se quando esta sai da sala, ficando hesitante quando ela volta, ora se aproxima, ora se afasta).
  • 86. • Os estudos desta psicóloga mostraram a importância das primeiras vinculações; a sua qualidade influencia as relações que a criança vai estabelecer no futuro. • A principal crítica apontada ao estudo desta psicóloga foi o facto de não ter tido em conta condicionantes de ordem cultural. A vinculação securizante favorece aos seres humanos a confiança em si próprios, autonomia e a construção da identidade. • É um regulador emocional, sobretudo em relação às situações de stress.
  • 87. Da Díade à Tríade • A relação do bebé com o pai caracteriza-se pela passagem da díade (relação mãe bebé) à tríade (relação mãe-bebé-pai). O tom de voz do pai, o seu toque, também contribui para o desenvolvimento psicológico do bebé. • O modelo de identificação masculina é fundamental para os rapazes e raparigas, influenciando as suas futuras relações. Por outro lado, a relação do bebé com o pai é igualmente positiva para este último, contribuindo para o seu desenvolvimento pessoal, estando em causa o que se designa por “socialização dos pais”, já que a comunicação ao possuir um carácter bidireccional é de reconhecer a acção do bebé sobre o pai.
  • 88. Vinculação e equilíbrio psicológico • domínio afectivo: • regulação das emoções: A imagem que cada indivíduo irá ter de si próprio, a relação com o corpo, a construção da sua afectividade e sociabilidade dependem dos primeiros vínculos no desenvolvimento fisiológico e psicológico. • sexualidade: as tensões e inibições excessivas resultam de um desequilíbrio experienciado ao nível das relações precoces. Estas afectarão o modo como vivenciará a sua intimidade/sensualidade e, logo, a sua saúde física e mental. • inter-relações sociais: Uma vinculação secularizante, positiva, favorece uma confiança em si mesmo e a capacidade de ultrapassar os obstáculos e as situações conflituantes que se lhe deparem. Enquanto regulador emocional, a vinculação permite a construção de relações positivas com os outros. A gestão dos conflitos, a auto-estima, , a capacidade de resistir ás adversidades e, logo, o crescimento psicológico aumentará o grau de confiança em si e nos outros, permitindo a construção de interacções gratificantes.
  • 89. • domínio conativo: entendido como uma disposição interna para a acção, traduz-se no desejo, vontade, esforço ou intenção dirigida para a exploração do meio. • autonomia: este desejo de se afastar das figuras de vinculação a partir do interesse pelas actividades exploratórias, não conduzirá a uma relação de insegurança, ante a expectativa adquirida pela vinculação securizante, de que a protecção se manterá, podendo facilmente regressar face a uma possível insegurança/ameaça.. • individuação: dependerá igualmente da vinculação, na medida em que a confiança e segurança proporcionadas pela relação de vinculação proporcionarão a disponibilidade para a afirmação da identidade. O processo que torna cada indivíduo único, resulta da capacidade de se distinguir e de se afirmar como um outro, tal processo será construído em relação, nomeadamente ao nível da vinculação. A relação de proximidade, afecto de construção de uma segurança proporciona igualmente a capacidade de cada um se tornar “indivíduo”.
  • 90. Consequências das perturbações nas relações precoces • Tal como referiu Harlow, face à ausência de vinculação, as fêmeas de macaco que eram inseminadas artificialmente não tinham qualquer ligação aos filhos, o que implicava que a privação de convívio precoce daria lugar a danos sociais e emocionais no decorrer do desenvolvimento posterior. • Poder-se-á, contudo, referir uma inversão da situação, os primatas foram misturados com macacos jovens e em pouco tempo começaram a responder às brincadeiras, e as fêmeas que trataram mal os filhos na 1ª ninhada, já não o fizeram nas seguintes e mostravam-se mais receptivas aos machos. • Assim, crianças que foram transferidas para orfanatos em que lhes davam carinho e atenção melhoraram significativamente no âmbito intelectual e social acentuando progressos nos índices de inteligência