1. Relato do Evento do Pibid
Paulo Ricardo Ulrich (UERGS;PIBID/CAPES)
Orientadora: Profª Dra. Cristina Rolim Wolffenbüttel(UERGS;PIBID/CAPES)
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul - UERGS
Em março de 2013 a Uergs, em Montenegro/RS, sediou o 1º Encontro
Interinstitucional Pibid/Uergs – 2º Encontro Institucional Pibid/Uergs e 3º Seminário
Arte Educação na Uergs. Na ocasião reuniu durante três dias alunos e professores
da várias unidades do estado. O tema do evento foi a “Iniciação à Docência e
Interdisciplinaridade” e a programação contou com mostra de pôsteres e
comunicações orais, além de palestras, oficinas e apresentações artísticas.
Durante o encontro foram discutidos diversos pontos sobre educação.
Mereceu destaque, para mim, a comunicação oral: Carinho de pais: uma exigência a
mais para a escola? Na ocasião ocorreu um debate muito interessante a respeito da
falta de interesse por parte dos professores.
As bolsistas do projeto Pibid da Uergs de São Luiz Gonzaga apresentaram
sua pesquisa sobre afetividade na escola. Durante as arguições uma aluna de outra
unidade aproveitou a ocasião para questioná-las, argumentando se não era uma
pretensão estudantes de pedagogia discorrerem sobre afetividade. Segundo ela este
seria um papel dos pais ou psicólogos.
Seguindo a Dra. Cristina Rolim Wolffenbüttel declarou sobre a interpretação
da visão de Paulo Freire sobre amor. Educar com amor também é dar limites. O
professor Carlos Mödinger disse que amor não é apenas aquela coisa bonita,
também é tensão, o diferente e o inusitado.
Johann Heinrich Pestalozzi, a este respeito, comparava o professor imagem e
semelhança de um jardineiro o qual deveria cuidar e dar condições para a planta se
desenvolver. O foco deste educador era no amor e na afetividade
(http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/pestalozzi-307416.shtml, 2013).
Já Wilhelm Reich afirmou que: "A vida brota a partir de milhares de fontes
vibrantes, entrega-se a todos que a agarram, recusa-se a ser expressa em frases
tediosas, aceita apenas ações transparentes, palavras verdadeiras e o prazer do
amor " (REICH, 1994).
2. Pode-se perceber através destes referenciais, que o amor não pode ser
restringido, apenas, aos pais e psicólogos. Somente através dele é que é possível
ensinar com uma intenção verdadeira, e entrar em empatia com outro ser humano.
Um segundo aspecto do encontro do Pibid foi o relato sobre a falta de
desinteresse do docente. O publicitário Ricardo Jordão Magalhães escreveu seu
ponto de vista a respeito desta problemática. “É triste ver que muita gente trabalha
duro hoje, para um dia se aposentar e fazer o que gosta. Como se o trabalho fosse
uma prisão terrível, e a semana um hiato entre os dias mais importantes: o final de
semana. O Trabalho deve ser o maior legado que você vai deixar para trás ao lado
da sua Família. Aquele que não consegue ver um propósito no trabalho que faz além
de ganhar dinheiro para pagar as contas no final do mês vai sofrer de um enorme
vazio na alma que vai aumentar mais e mais até explodir” (MAGALHÃES, 2013).
Fortin (2007), ao tratar do pensamento de Edgar Morin, explica que o “ser
humano é um ser extraordinariamente complexo, que une dialogicamente
(recursivamente) em si vários componentes e contém sempre contradição,
ambigüidade, incerteza” (p.189). Esse pensamento também pode definir e traçar a
função da profissão de ser um educador.
De outra forma este panorama mostra o resultado de uma grande mudança
que mostra uma nova posição da escola e dos professores diante o educar. Acerca
deste paradigma Alarcão e Tavares (2001, p.) esclarecem: “O paradigma pós-
moderno caracteriza-se por ser um paradigma de transição. Ao lado da concepção
anterior de um sujeito que adquire conhecimento, que é ensinado e que aprende,
começa a emergir a de um sujeito como construtor do conhecimento”.
Elucidando um pouco mais a questão, Magalhães complementa:
A era industrial está desaparecendo - lentamente para alguns,
rapidamente para outros. As escolas parecem obsoletas porque
foram construídas para formar pessoas para reproduzir coisas e não
para criar coisas. O horário de trabalho parece obsoleto porque foi
feita para trabalhar como uma máquina e não para pensar. A era
industrial era sobre padronização para aumentar a produtividade, e
não sobre criatividade para aumentar a diversidade. (MAGALHÃES,
2013).
Todos estes pontos podem definir e separar os vários aspectos motivacionais
pelo qual o professor ingressou na sua docência. No entanto a vontade verdadeira
3. vem somente quando ele tem a disposição de experimentar estes conflitos inerentes
a seu ofício e ser resiliente.
Estas questões discutidas neste artigo e levantadas no encontro me
provocaram a seguinte pergunta: Até que ponto as motivações e crenças do
educador podem determinar, refletir ou limitar a sua prática em sala de aula.
Michel Foucault disse que: "Existem momentos na vida onde a questão de
saber se se pode pensar diferentemente do que se pensa, e perceber
diferentemente do que se vê, é indispensável para continuar a olhar ou a refletir”.
(FOUCAULT, 1998, p.13).
O fato é que há muito tempo a educação é discutida por pensadores e que
por trás do trabalho do professor em sala de aula, estão séculos de reflexões sobre
o ofício de educar.
Mesmo os profissionais que não conhecem a obra de determinados
pensadores, trabalham sob sua influência, na forma como suas idéias foram
incorporadas à prática pedagógica. E todos estes conhecimentos devem ser
ferramentas importantes para o professor gerenciar de uma melhor forma sua aula.
REFERÊNCIAS
ALARCÃO, Isabel. Paradigmas de formação e investigação no ensino superior para
o terceiro milênio. In. ALARCÃO, Isabel; TAVARES, José (Org). Escola reflexiva e
nova racionalidade.Porto Alegre: ARTMED, 2001.
FORTIN, Robin. Compreender a complexidade: introdução ao Método de Edgar
Morin. Lisboa: Instituto Piaget, 2007.
FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade Vol. 2 (O uso dos prazeres). Trad.
Maria Thereza da Costa Albuquerque. 8ª ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1998.
http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/pestalozzi-307416.shtml>.
Acesso em 26 de março de 2013.
MAGALHÃES, Ricardo Jordão. O propósito do trabalho. Disponível em:
<http://www.bizrevolution.com.br/bizrevolution/2013/02/o-prop%C3%B3sito-do-
trabalho-.html>. Acesso em 26 de março de 2013.
____. A era industrial. Disponível em:<
https://www.facebook.com/BizRevolution/posts/482029038509408> Acesso em 26
de março de 2013.
REICH, Wilhelm (1939). Beyond psychology. New York: Ed. Farrar, Straus and
Giroux, 1994.