PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
O julgamento das almas na Barca do Inferno
1. Auto da Barca do Inferno
Questões de Diálogos 9, Porto Editora
Introdução – p. 89 – 91
Educação literária
1.
Este auto foi escrito em homenagem à Rainha D. Leonor (em 1517) e foi representadoperante D.
Manuel I.
Gil Vicente explicaque,nomomentoem que morremos,nosencontramosperante umrioque temos
que atravessar. É uma referência ao mito de Caronte.
No cenário estão duas barcas: uma vai para o Paraíso, a outra para o Inferno.
“CARONTE – Caronte é um génio do mundo infernal.Éa ele que incumbea tarefa de passar asalmas através dos
pântanos do Aqueronte para a outra margem do rio dos mortos. Em paga, os mortos são obrigados a dar -lhe um
óbolo. Era por isso que havia o costume de pôr uma moeda na boca dos cadáveres no momento em que eram
sepultados. Caronte é representado como um velho muito feio, de barba hirsuta e inteiramente grisalha, com um
manto andrajoso e um chapéu redondo. Dirige a barca fúnebre, mas não rema. São as almas que desempenham
este ofício. Mostra-se tirânico e brutal para com elas, como um verdadeiro déspota. [...] Nos frescos dos túmulos
etruscos, Caronte aparece sob a forma de um demónio alado,com serpentes entre os cabelos e um grande malho
na mão. Isso leva-nos a supor queo Caronte etrusco é, na realidade, o “demónio da morte”, aquele que mata quem
está a morrer e o arrasta para o mundo subterrâneo.”
(Pierre Grimal, Dicionário da Mitologia Grega e Romana, 2.ª ed., Ed. Difel)
2. Alegorias:
o cais onde se encontram as barcas: o fim da vida terrena e o local de passagem para a outra vida;
as barcas: o caminho que conduz ao Céu (salvação) ou ao Inferno (perdição);
o Diabo: a condenação dos vícios (o mal, o castigo);
o Anjo: a recompensa das virtudes (o bem, o prémio).
Oralidade
Vídeo - Grandes Livros, Auto da Barca do Inferno (Companhia de Ideias) – encontra-se aqui (05/10/2014):
http://vimeo.com/51449281
http://ensina.rtp.pt/artigo/auto-da-barca-do-inferno-de-gil-vicente/
Nota: as respostas referem-se a um excerto.
1.1. A. b.; B. a.; C. b.; D. b.; E. a.; F. b. (de salientarque oJudeunãoembarca emnenhumadasbarcas – vai
a reboque daBarca do Inferno,poisnemo AnjonemoDiabo o aceitama bordo).
1.2. a. Fidalgo:foi tiranoe desprezouopovo.
b. Onzeneiro:emprestavadinheiroatroco de jurosexcessivos.
c. Sapateiro:roubouo povo.
d. Frade:foi mulherengo.
e. Alcoviteira:vendeuraparigas.
f. Judeu:nãoestádispostoa abandonara sua fé.
g. Juize Procurador:perverteramasleis.
2.1. Muitas das críticas de Gil Vicente são atuais: a tirania, a cobiça, a mentira, a injustiça, a corrupção são
vícios de onteme de hoje.Os objetosda crítica vicentinae os tipossociaisretratadosno Auto da Barca
do Inferno encontram-se,aindahoje,umpoucoportodoo lado. Vejamos algunsexemplos:oOnzeneiro,
que emprestavadinheiroe quepediaodobroouotriplode volta,nãopoderásercomparadocomaatual
Banca, os seus sistemas de créditose os juros aplicados? A Alcoviteira,com as suas meninas, não pode
serhoje comparada com osdonosde bordéise comtodosaquelesque ganhamavidacom a exploração
e gestão da prostituição? O Procurador e o Corregedor, que atuam não de acordo com uma justiça de
regrasdefinidas e claras, massegundoosseusprincípiose interessesparticulares,nãopoderãosercom-
parados com o sistema judicial dos nossos dias, onde a justiça é muitas vezes difícil de conseguir e é,
sobretudo, muito lenta?