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Auto da Barca do Inferno
Questões de Diálogos 9, Porto Editora
Cena 8 (Judeu) – p. 125 – 128
Educação literária e Leitura
1. Andar com o credo na boca – O credo é, na religião católica, a principal oração de manifestação de fé.
Quando D. João III estabeleceu, entre nós, a Inquisição e esta iniciou a perseguição aos Judeus, muito
deles decoraram o credo e, renegando a sua fé, ao menos episodicamente, se em perigo de serem
presos, logo se apressavam a recitar o credo, com a intenção de convencerem os esbirros ou os juízes
de que professavam a religião cristã. Alguns assim se livraram do cárcere.
E daí o sentido da expressão: “estar com muito medo ou em situação de perigo eminente”.
Orlando Neves, Dicionário de Expressões Correntes, 2.ª ed., Ed. Notícias, 2000
2.1. Ao contrário das outras personagens, o Judeu solicita ao Diabo o embarque no seu batel, oferecendo-
lhe até dinheiro em troca (v. 570 “Passai-me por meu dinheiro.” e vv.576-577 “Eis aqui quatro testões, /
e mais se vos pagará.”).
Por sua vez, o Diabo, que rejubila de cada vez que chega uma nova personagem, mostra desagrado com
a entrada do Judeu. Note-se que, mais à frente (vv. 602-603), é o próprio Diabo a sugerir ao Judeu que
tente a sua sorte na barca do Anjo (“Judeu, lá te passarão, / porque vão mais despejados.”).
2.2. A sua forte ligação ao dinheiro.
3.1. Esta recusa demonstra o claro apego do Judeu à sua religião, simbolizada pelo bode. Mesmo depois de
o Diabo ter dito que o bode era um “escusado passageiro”, o Judeu insiste em levar o animal consigo.
Nota: A propósito desta questão, poderá explicar-se aos alunos o sen- tido da expressão “bode
expiatório”: “A expressão “bode expiatório” tem a sua origem no ritual judeu do Livro dos Levíticos,
em que Aarão ao pôr as mãos sobre a cabeça de um bode transmite a este animal todos os pecados
do povo de Israel. A expressão “bode expiatório” faz hoje parte da nossa linguagem comum e é
aplicada em qualquer situação em que um inocente é responsabilizado por uma culpa que não tem.”
in Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012. [Consult. 04-11-2012]
4. O Parvo desempenha o papel de acusador. Insinua que o Judeu roubou o bode, acusa-o de profanar as
sepulturas cristãs e de não respeitar a abstinência e o jejum cristão (vv. 598-609).
5.1. Esta situação, à semelhança da forma como o Judeu é tratado em toda a cena, explica-se pelas
circunstâncias que os cristãos-novos viviam em Portugal: sendo excluídos da sociedade regular, é lógico
para a mentalidade da época que tenham dificuldade em serem aceites até na sociedade dos
condenados. Por isso, o Judeu e o seu bode são levados a reboque, sendo a personagem colocada num
plano inferior ao de todos os outros condenados.
5.2. O Judeu sabe, à partida, qual será o seu destino: se, em vida, nunca foi aceite pelos cristãos, nunca
poderia ter entrada na barca da Glória. Além disso, com essa atitude, o Judeu mos- tra que nunca deixará
de professar a sua religião.
6.1. Só gozando de grande prestígio na corte, Gil Vicente poderia atrever-se a fazer declarações como as que
aqui estão relatadas e que contrariavam, em tudo, a mentalidade da época.
Curiosidades:
 a simbologia do bode.
 o sentido e a origem de “bode expia- tório” (informação que pode ser fornecida aos elementos do
grupo).

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Auto da Barca do Inferno - Cena 8 com o Judeu

  • 1. Auto da Barca do Inferno Questões de Diálogos 9, Porto Editora Cena 8 (Judeu) – p. 125 – 128 Educação literária e Leitura 1. Andar com o credo na boca – O credo é, na religião católica, a principal oração de manifestação de fé. Quando D. João III estabeleceu, entre nós, a Inquisição e esta iniciou a perseguição aos Judeus, muito deles decoraram o credo e, renegando a sua fé, ao menos episodicamente, se em perigo de serem presos, logo se apressavam a recitar o credo, com a intenção de convencerem os esbirros ou os juízes de que professavam a religião cristã. Alguns assim se livraram do cárcere. E daí o sentido da expressão: “estar com muito medo ou em situação de perigo eminente”. Orlando Neves, Dicionário de Expressões Correntes, 2.ª ed., Ed. Notícias, 2000 2.1. Ao contrário das outras personagens, o Judeu solicita ao Diabo o embarque no seu batel, oferecendo- lhe até dinheiro em troca (v. 570 “Passai-me por meu dinheiro.” e vv.576-577 “Eis aqui quatro testões, / e mais se vos pagará.”). Por sua vez, o Diabo, que rejubila de cada vez que chega uma nova personagem, mostra desagrado com a entrada do Judeu. Note-se que, mais à frente (vv. 602-603), é o próprio Diabo a sugerir ao Judeu que tente a sua sorte na barca do Anjo (“Judeu, lá te passarão, / porque vão mais despejados.”). 2.2. A sua forte ligação ao dinheiro. 3.1. Esta recusa demonstra o claro apego do Judeu à sua religião, simbolizada pelo bode. Mesmo depois de o Diabo ter dito que o bode era um “escusado passageiro”, o Judeu insiste em levar o animal consigo. Nota: A propósito desta questão, poderá explicar-se aos alunos o sen- tido da expressão “bode expiatório”: “A expressão “bode expiatório” tem a sua origem no ritual judeu do Livro dos Levíticos, em que Aarão ao pôr as mãos sobre a cabeça de um bode transmite a este animal todos os pecados do povo de Israel. A expressão “bode expiatório” faz hoje parte da nossa linguagem comum e é aplicada em qualquer situação em que um inocente é responsabilizado por uma culpa que não tem.” in Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012. [Consult. 04-11-2012] 4. O Parvo desempenha o papel de acusador. Insinua que o Judeu roubou o bode, acusa-o de profanar as sepulturas cristãs e de não respeitar a abstinência e o jejum cristão (vv. 598-609). 5.1. Esta situação, à semelhança da forma como o Judeu é tratado em toda a cena, explica-se pelas circunstâncias que os cristãos-novos viviam em Portugal: sendo excluídos da sociedade regular, é lógico para a mentalidade da época que tenham dificuldade em serem aceites até na sociedade dos condenados. Por isso, o Judeu e o seu bode são levados a reboque, sendo a personagem colocada num plano inferior ao de todos os outros condenados. 5.2. O Judeu sabe, à partida, qual será o seu destino: se, em vida, nunca foi aceite pelos cristãos, nunca poderia ter entrada na barca da Glória. Além disso, com essa atitude, o Judeu mos- tra que nunca deixará de professar a sua religião. 6.1. Só gozando de grande prestígio na corte, Gil Vicente poderia atrever-se a fazer declarações como as que aqui estão relatadas e que contrariavam, em tudo, a mentalidade da época. Curiosidades:  a simbologia do bode.  o sentido e a origem de “bode expia- tório” (informação que pode ser fornecida aos elementos do grupo).