1) A bioquímica se originou da química orgânica e da aplicação desta ao estudo das funções dos seres vivos.
2) O termo "bioquímica" surgiu no início do século XX para descrever a investigação das reações químicas e enzimas nos seres vivos.
3) Hans Krebs descobriu o ciclo do ácido cítrico em 1937, explicando o metabolismo celular da glicose, e recebeu o Prêmio Nobel de Medicina em 1953 por esta descoberta fundamental.
1. Na origem da bioquímica distinguem-se duas fases: a constituição da
química orgânica, por um lado, e a sua aplicação ao estudo das funções dos
seres vivos -química fisiológica-, por outro.
O termo "bioquímica", dado por Hope-Seyler, tomou seu atual sentido
nas primeiras décadas do século XX, como uma área centrada na
investigação das reações químicas que têm lugar nos seres vivos e das
enzimas que as regulam. Um conceito fundamental na bioquímica é o de
metabolismo, que foi elaborado ao longo do século XIX, com os supostos e
métodos da química fisiológica, como um conjunto das reações químicas que
se produzem no organismo, construindo moléculas maiores a partir de outras
menores (que denominamos, anabolismo) e as decompondo em outras mais
pequenas (ou catabolismo).
Hans Adolf Krebs (1900-1981)
Nasceu em 1900 na cidade alemã de Hildesheim e realizou seus
estudos de medicina em diversas universidades: Göttingen, Friburgo, Munich
e Berlim. Entre 1926 e 1930 trabalhou no Kaiser Wilhelm Institut junto a
Otto Warburg. Ali já se sentiu interessado no problema que propunha
desconhecer as diferentes etapas pelas que ocorria o processo de oxidação
dos hidratos de carbono no interior das células.
Em 1932 na Universidade de Friburgo descobriu junto com o também
bioquímico Kurt Henseleit, uma série de reações químicas que hoje
conhecemos com o nome de ciclo "da uréia". A amônia obtida da degradação
dos aminoácidos é muito tóxica para o sistema nervoso, e os animais a
excretam de formas diferentes. A maioria dos vertebrados excreta uréia
(ureotélicos).
No homem este processo realiza-se no fígado, consome energia e
produz-se em parte no citosol e parte na mitocôndria dos hepatócitos.
Sendo filho de médico judio, Krebs foi obrigado a abandonar a Alemanha
nazista em 1933. Foi então quando emigrou a Inglaterra com uma ajuda da
Fundação Rockefeller para trabalhar em Cambridge com Frederick Gowland
Hopkins.
No ano 1935 transladou-se a Sheffield onde continuou seu trabalho
científico com Edward Mellamby. Ali foi nomeado professor e diretor do
Departamento de Bioquímica, e começou seus trabalhos sobre o
metabolismo celular. Foi esse ano quando a equipe do laboratório de Szent-
2. Gyorgyi iniciaram os estudos sobre as qualidades do músculo para o estudo
das reações oxidativas.
O grupo de Krebs, dois anos mais tarde, descobriu a ação
catalizadora do citrato. De forma imediata seguiram outros estudos entre
eles os de Martius e Knoop que conduziram ao conhecimento definitivo do
chamado ”Ciclo do ácido cítrico” ou “Ciclo de Krebs”. Foi Fritz Albert
Lipmann quem, com seu estudo sobre a coenzima A, completou o
conhecimento do mencionado ciclo. Ambos, Krebs e Lipmann, receberam por
seu labor o prêmio Nobel de fisiologia e medicina em 1953.
No metabolismo dos hidratos de carbono, para a obtenção de energia
a partir de glucose, uma das etapas é a descarboxilação oxidativa do
piruvato para formar acetil Coenzima A (acetil-CoA). A seguir, o grupo
acetilo do acetil CoA se oxida completamente a ácido carbônico, através do
este ciclo (ciclo de Krebs). É esta a rota oxidativa final da glucose e da
maioria de combustíveis metabólicos. Consta de oito reações catalisadas
enzimaticamente e ocorre na matriz mitocondrial.
Há vários trabalhos do próprio Krebs dedicados ao tema, entre os que
destacam o que leva por título The tri-carboxylic acid cicle, que foi
publicado nas Harvey Lectures (Série XLIV, 165-99; 1948); e o que assinou
com Hans L. Kornberg: "A survey of the energy transformations in living
matter" (Ergebnisse der Physiologie, 49, 212-298, 1957). Este último
trabalho publicou-o estando já na Universidade de Oxford, onde
permaneceu entre os anos 1954 e 1967. Nesta etapa trabalhou também no
estudo dos estados vitamínicos deficitarios . A Royal Society concedeu-lhe
a Copley Medal em 1961. Morreu nesta cidade em 1981, ano de publicação
de sua Reminiscences and Reflections, que escreveu com Anne Martin.
José L. Fresquet. Instituto de Historia de la Ciencia y Documentación
(Universidad de Valencia-CSIC). Marzo, 2001.
Bibliografía
—Holmes, F.L. (1991), Hans Krebs : The Formation of a Scientific Life
1900-1933, (Monographs in the History and Philosophy of Biology).
—Holmes, F. L.(1993), Hans Krebs: Architect of Intermediary Metabolism
,1933-1937.