1. O documento discute a indisciplina na educação infantil e fatores que podem gerá-la, como falta de limites, tolerância à frustração e necessidade de atenção.
2. É essencial que a escola estabeleça regras de convivência social e ajude as crianças a desenvolver autocontrole e autodisciplina.
3. A pesquisa irá investigar como o professor de uma creche em Petrolina minimiza a indisciplina e quais fatores a geram, por meio de entrevistas com a professora e coordenadora
PROJETO INDISCIPLINA NA EDUCAÇÃO INFANTIL - justificativa
1. 1 JUSTIFICATIVA
Esse projetonasceuda necessidade de investigarsobre otemaindisciplina,poisé umdos
temasatuaisque maispreocupamos professorese todososenvolvidosnoprocessode ensino.
Alémde transformar– se emdesordem, aindisciplina dificultaarelaçãocomo professor,
alunoe aprendizageme pode apresentarsériascomplicaçõesnodesenvolvimentocognitivo,
moral e social.
Assim,pormeiodogerenciamentonaEducaçãoInfantil pode-se resguardarque todosos
alunosestejamativamente envolvidosnastarefas.Deste modooprofessorprevine as
questõesque desestabilizamadisciplinadasalaantesque elasocorram.O professortorna-se
proativoe deixade serreativo.É necessárioque acriança inicie oseuconvíviocomregras.
É interessante que,aoproporumaatividade,oprofessorjátenhapreparadoomaterial e o
ambiente emque trabalharácomo grupo.Alémdisso,temque pensarotempode duração
das atividades.Eaconvivêncianecessitadoestabelecimentode algumasregras.
Por meiodadisciplina,acriançacomunica-se consigomesmae como mundo,aceitaa
existênciadosoutros,estabelece relaçõessociaisconstrói conhecimentos,desenvolve
integralmente.A salade aulaé e sempre foi umespaçoque expressacontinuidadedavida,
reflexodoentorno.Se assimnãofor,nãoserá salade aula verdadeira,nãopermitiráque o
alunocontextualize emsuaexistênciaossaberesque ali aprende.(ANTUNES,2005).
Diante disso,gerouaseguinte problemática,Comoresolveroproblemadaindisciplinanasala
de aula?
É essencial que se restaure adisciplinaemsalade aula,que se faça desse valorumobjetivoa
se perseguir,nãopara que a salase isole dasociedade e tambémnãoparaque a aulado
professorfique maisconfortável,masantesparaque ali ao menosse aprendacomo tentar
modificarocaos urbanoque o desrespeitosocial precipitou.(ANTUNES,2005)
O alunoindisciplinadoé aquele cujasaçõesrompemcomasregras da escola,mastambém
aquele que nãoestádesenvolvendosuasprópriaspossibilidadescognitivas,atitudinaise
morais.(GARCIA,1999).
Então, o alunodisciplinadoteráumbomrendimentonaaprendizageme nocomportamento
ético,ouseja, autocontrole,hábitosde obediência,controle damente e docaráter,que
contribuiráparao convívioemsociedade.
Contudo,transformara disciplinaemum“valor”.Istoé, fazercom que sejavistacomouma
qualidade humana,imprescindível àconvivênciaé fundamentalparaas boasrelações
interpessoais.Este projetoé relevantesocialmente porqueoportunizarámaiorreflexãono
contextodaescolae cientificamente possibilitarácompreendermelhoroprocessode
indisciplinaalémde superarlacunassobre otemaestudado.
Este projetoserárealizadonacreche turma do pré I no CMEI – João PauloI,localizadonaRua
13 S/N do bairro Joãode Deus.Envolvendoasdisciplinasde Português,Matemática,Ciênciase
Artescom duração de quinze diasserãocolhidasasinformaçõescomaprofessoradasala
investigadae acoordenadoradainstituição.
3. Que fatoresque gerama indisciplinanumaturmado pré I da educaçãoinfantil,numacreche
emPetrolina?
3.1 QUESTÕES NORTEADORAS
Que atitudesdocentessãousadasparamelhoriacomportamental dosalunos?
O que deve fazera escolapara desenvolverregras naconvivência?
Que atividadessãomaisimportantesparadesenvolveraconcentraçãoe criatividade das
crianças?
4 DISCURSSÃOTEÓRICA
A Educação Infantil é onível educacional que,é parte integrante daEducaçãoBásica doPaís
destinadaatodas as criançasde zeroa cinco anosde idade.Noentanto,este nível de ensino
nemsempre ocupouumespaçorelevante naformaçãoda criança,como nos diasde hoje.Seu
surgimentoocorreulentamentee foi,durante oséculoXIX,mediante significativas
contribuiçõesteóricase dasmudançaspolíticase econômicasdaépoca,que se iniciouseu
desenvolvimento.
É nestafase que a criança aumentasuasrelaçõessociaise adquire noçõesde convivênciacom
o coletivo.Começatambémadesenvolverasnoções de valores,de justiçae de moralidade,e
a aprimorar seudesenvolvimentoaprendizagem, motore cognitivo.Nestaprimeiraetapada
Educação Básica,onde as crianças estãono iníciode seudesenvolvimentosocial,asnoçõesde
disciplinajácomeçamaser expostase osatos de indisciplinajácomeçama aparecer.
(OLIVEIRA,2010)
A indisciplinanaetapada Educação Infantil é demonstradade formasbemparticulare
4. diferente dasque ocorrememidadesmaisavançadas.Portanto,aocontráriodoque alguns
possampensar,elajáexiste desde que acriançaentra na escolae virauma das maiores
preocupaçãodosprofessoresdestaetapa,que estãofocadosnaestimulaçãodo
desenvolvimentodacriançacomo um todoe na educaçãopara a cidadania.
Karline Berger(1977, p. 103) complementa,que “algumascriançasdesde que começama
freqüentaraescola,jádemonstramalgumtipode indisciplina”.Entãocaberiaao professor
destaetapacriar possibilidadesdacriançase desenvolverparaa vidaem sociedade,
independente dohistóricofamiliarde cadauma delas.
Assimcomoemqualqueroutrolugar,o espaçoda Educação Infantil tambémapresenta
diferentesdemonstraçõesde indisciplinae que sópodemserpercebidasse forconsideradoo
contextoemque elasocorrem.Osentendimentossobre aindisciplina,segundoVergés(2003,
p. 31) variam,poisdependemdavivênciafamiliarde cadacriança, doscostumes,dacrença e
da culturaem que a criança estáinserida,assimcomopodemdependerdostraçosde
personalidadede cadauma,das fasesdodesenvolvimentoemque estápassandoe,também,
da influênciadoprofessor,daescolae dametodologiade ensinoutilizada.Háumavariedade
de causas e sentidosportrásdas demonstraçõesde indisciplinaescolare,identificá-lasé o
primeiropasso parainibi-las.
O importante é identificaroque envolveumatode indisciplinaparamelhorcompreendê-loe
defini-lo,destacandose suamanifestaçãose tratade umaquestãopessoal dacriança, familiar,
relacional ouescolar.Vergése Sana(2009, p. 35) sugerem:
O que devemosentenderé que nenhumalunonasce indisciplinado;ele se tornaindisciplinado
emdeterminadassituações,dependendodosentidodaindisciplinaparaele naquele
momento,comváriosfatoresque possamlevá-loaagirdessaforma.
Na Educação Infantil,de umamaneirageral,osatosindisciplinadosenvolvemaintolerânciaà
frustração,a necessidade de atenção,oegocentrismo –aindacaracterístico da faixaetáriaem
que se encontramas crianças, o desinteressepelaaula,aexclusãododiferente,afaltade
limitesdefinidose afalta de orientaçãoe consistêncianoambiente familiardacriança.
(ESTRELA,1992). Outro aspectocomumente envolvidonasexpressõesde indisciplina,nesta
fase,se refere aodesenvolvimentodoesquemacorporal que emalgumascriançasaindanão
estácompleto,assim,aindaapresentaumcomportamentocomunicativodevidoàfaltade
coordenaçãomotorafina,principalmente.Nestescasos,ascrianças sãoidentificadascomo
“estabanadas”,pisamnospé das outras,gostamde brincarde luta,exigindocontatofísico,
atingemosoutroscom peças de jogos,abraçam com força,podendomachucaro colegae
podem,até mesmo,seridentificadascomoagressivas.
Nosoutros casos,o aparecimentode indisciplinademonstraumacondição de aborrecimento,
como já citado,pode serde ordemfamiliar,pessoal,relacional ouescolar,reveladocomo
desinteresse,desatenção,resistência,desrespeitoe faltade empatia.Dessaformapercebe-se
que não é apenaso contextofamiliaroupessoal que determinaaocorrênciadosatos de
indisciplinaemsalade aula,comotambém, a própriasalade aula,o professor,ametodologia
de ensinoe a relaçãopedagógicapodemdesencadearaindisciplinaescolar.Segundokarline
Berger(1977, p. 20), quandoa aulanão estáinteressante e atraente paraascrianças,elas
perdemointeresse ouficamdesmotivadas,oque aslevaa agirde formaindisciplinadapara
demonstrarque estãoinsatisfeitacomalgumacoisa.
5. As demonstraçõesde aborrecimentoque envolvemosatos de indisciplinanascriançasda
Educação Infantil podemsercaracterizadaspormorder,beliscaroubaternocolega,brincarde
luta,destruiromaterial escolar,conversarenquantoaprofessoraououtrocolegaestá
falando,apresentarumcomportamentodesafiador,fazendocaretasourespondendomal à
professorae nãofazera atividade propostaemsalade aula,se recusandoouresistindoa
participar.
É válidodestacarque a agitação motoraé uma característica própriaao comportamentodas
crianças nestafaixade idade que precisambrincarse movimentare criarpara extravasara
energia.A movimentaçãoe obarulhopodemseresperado.Neste sentido,Vergés(2003, p.32)
afirmaque:
a criança que questiona,perguntae se movimentaemsalade aula,não pode ser considerada
indisciplinada,porque naconstruçãodoconhecimento,acriançaprecisabuscar as alternativas
para encontraro melhorcaminhopara aprender.Agora,aquele alunoque nãotemlimites,
não respeitaaopiniãoe ossentimentosdoscolegas,esse sim, é umalunoque pode ser
consideradoindisciplinado.
Os momentosde brincadeirase jogos,noparquinhoouemsalade aulaconstituem,
facilmente,umcampode observaçãodas manifestaçõesde indisciplina,poisexpressõesde
intolerânciaàfrustraçãoe desrespeitosãocomunsnestesambientesnaEducaçãoInfantil,
onde as crianças aindaestãodesenvolvendosuasnoçõesde moralidade.Ascriançasque não
têmlimitesestabelecidose nãorespeitamoscolegas,aprofessorae asregras,e brincadeiras,
elasfreqüentemente apresentamcomportamentosindisciplinados.Cabe aescolae ao
professortransmitirosvalorese promoveraaprendizagemdasregrasde convivênciasocial,a
auto-regulageme aautodisciplina.LaTaille dizque “ascriançasprecisamaderirasregras que
implicamemvalorese formasde conduta.”Em outraspalavras,o pensadoremconsideração
estavadizendoque aeducaçãodeve começardesde osseusprimeirosanostrabalhando,
temasconcernentesaoassunto.Éum meiode diminuirlánafrente osmaus comportamentos
dos alunos.
As brincadeiraspodemlevaroacontecimentode conflitos,de desrespeitoaoscolegase a
agressividade.Essademonstraçãode intolerânciae frustraçãoque envolve oatoindisciplinado
implica,entre outrosfatores,arelaçãoque a criança temcom as regras,ou seja,a não relação
que a criança tem desenvolvidacomamoral.
A indisciplinamanifestadanessesmomentos,alémde perturbaroambiente e asrelaçõesem
salade aula,prejudicaodesenvolvimentoe oprocessode aprendizagem daprópriacriança.
Estas crianças exigemmaioratençãoe estímuloparaque possamse desenvolvermoralmente
e,conseqüentemente,socialmente.Ocampode relaçõessociaisque aEducação Infantil
propicia,nasatividades,brincadeiras,lanche e higiene, recreiooueducaçãofísica,constitui o
ambiente que acriança necessitaparadesenvolvertodasassuascompetênciase aprendera
convivercomo coletivo.Parte deste desenvolvimentoestáodesenvolvimentomoral,que
envolve oprocessode conscientizaçãodasregrasna criança e que,conduzas crianças à
autonomiae à autodisciplina,fazcomque as manifestaçõesde indisciplinase tornemcadavez
maisimprováveis.5METODOLOGIA
6. O trabalhoseráfeitopormeiode uma abordagemqualitativa,propondoentendercomo
resolveroproblemadaindisciplinanodesenvolvimentocognitivodascriançasnaeducação
infantil,nacreche – JoãoPaulol,e entenderavivenciadoprofessoremrelaçãoaisso.
A pesquisaserárealizadanacreche turmado pré I no CMEI – João Paulo I,localizadonaRua 13
S/N do bairroJoão de Deusem PetrolinaPernambuco,serãoinvestigadaaprofessorae a
coordenadorapedagógica,paraidentificarcomose processaa indisciplinanaeducaçãoinfantil
e que fatoresgerama indisciplina.
Para a realizaçãoda pesquisaseráutilizadoométodoqualitativo,sendoque essetipode
abordagemé essencial aopesquisador,poispropiciaumainterpretaçãomelhordosdados.
SegundoRodrigues(2006),é utilizadaparainvestigarproblemasembeneficiode sua
complexidade.Assimessetipoé caracterizadopelaconstruçãodoconhecimentoapartirde
hipótesese interpretaçõesque opesquisadorconstrói.
O projetoempregaráaentrevistanãoestruturadae observaçãonãoparticipante,bemcomoo
uso doquestionário.Para acoletade algunsdadospara o trabalho,a pesquisadoraobservará
os sujeitosdessealvo,pois´´a observaçãoconsiste emumatécnicade coletade dados a partir
da observaçãoe do registro,de formadireta,dofenômenooufatoestudado``.(BARROS;
LENFELD, 2010)
Justifica–se aescolhade entrevistaporserum meioemque o pesquisadorobtéminformações
maiscompletase detalhadas.A entrevistaé umatécnicautilizadaparaobterinformaçõespor
meiode uma conversaorientadacomo entrevistadoe deve atenderaum objetivo
predeterminado.Oquestionáriotambémé uminstrumentode coletade dados.Constituído
por uma listade questõesrelacionadascomoproblemade pesquisa,oquestionáriodeve ser
aplicadoa um númerodeterminadode informantes.(BARROS;LENFELD,2000).
O estudotambémcontarácom o diáriode campo, que é importante,poisé oregistrode fatos
observadosatravésde observações.(BARROS;LENFELD,2000). O trabalhoserá direcionado
aos alunosdaeducação infantil,professore coordenador.
Os dadosserãoanalisadosapartir de observaçãoemsala de aulae entrevistacomoprofessor
e coordenador,estabelecendo-se umconfrontocomasleiturasrealizadassobre otema.
10. IMPRESSÃOX
ENTREGA FINAL
X
REFERÊNCIAS
ANTUNES,Celso.A Arte de Comunicar,.EditoraVozes.SãoPaulo.2005;
BARROS,Cridil JesusdaSilveira;LENFELDE,Neide Aparecidade Souza.Fundamentosde
metodologiacientifica.2.ed.emp.SãoPaulo:Macron Books,2000.
DE LA TAILLE, Yves.A indisciplinae osentimentode vergonha.In:AQUINO,JúlioGroppa(Org.).
Indisciplinanaescola:alternativasteóricase práticas.14. ed.São Paulo:Summus,1996. p. 9 –
24.
ESTRELA, Maria Teresa.Relaçãopedagógica,disciplinae indisciplinanaaula.3. ed.Porto:
Porto,1992.
GARCIA,Joe.Indisciplinanaescola:umareflexãosobre adimensãopreventiva.Revista
Paranaense de Desenvolvimento,Curitiba,n.95, p. 101 – 108. Jan/Abrde 1999.
KARLIN,Muriel Schoenbrun;BERGER,Regina.Comolidarcomo alunoproblema.traduçaode
Ana Cecíliade CarvalhoGontijoBeloHorizonte,interlivros,1977.
OLIVEIRA,Zilmade MoraesRamos.Educação Infantil:fundamentose métodos.5.ed.São
Paulo:Cortez,2010.
RODRIGUES, Auvode Jesus.Metodologiacientifica.SãoPaulo:Avercampy2006.
VERGÉS, Maritza Rolimde Moura; SANA,Marli Aparecida.Limitese indisciplinanaeducação
infantil.2.ed.Campinas:Alínea,2009.
VERGÉS, Maritza Rolimde Moura. Ossentidosdaindisciplinanaeducaçãoinfantil,2003.
Trabalhode Conclusãode Curso (Pedagogia)–Faculdade de CiênciasHumanas,Letrase Artes,
Universidade TuiutidoParaná,Curitiba,2003.
11. INDISCIPLINA NA EDUCAÇÃOINFANTIL
Serrinha
2013
CRESCENCIANA JUNQUEIRA SANTOS
INDISCIPLINA NA EDUCAÇÃOINFANTIL
ArtigocientíficoapresentadoaoInstitutoPróSaber,comorequisitoparcial obrigatóriopara
conclusãodo cursode PósGraduação em Educação infantil.
Orientador:WagnerReis
12. Serrinha
2013
SUMÁRIO
RESUMO:
Com base nasmetodologiasaplicadasnoensinoda EducaçãoInfantil,discutiu-seideiasque se
consideremimportantesparacompreendersituaçõesde indisciplinacomagressividade em
crianças nestafase da educação.Comosuporte teórico,otrabalhofoi embasadoemRego,
Carvalho,Camargo,Cardoso,Winnicott,Içami Tiba.Oestudoda origemdaindisciplinae de
suas formasde manifestaçãonaprimeirainfânciapode nosfornecerelementosimportantes
para a compreensãodessetemade modoaentendercomoessamudançade comportamento
iniciae se transformaem indisciplina.Porassimser,percebe-se que umestudoprofundo
dessesfenômenospodeauxiliarpais,professorese gestoresaentenderemoselementosque
levamà práticada indisciplinae encontrarsoluçõesparaasmesmas.
13. Será feitaumaentrevistasemi-estruturadaestabelecendoquestões/temasque devemser
colocadasaos participantescomoinstrumentoque permite entraremcontatocomas posições
singularesde cadaindivíduoe deverãosersomadosaoutrosindíciossobre o Fenômeno
estudado.Paratal entrevista serãoutilizadosdoistiposde questionáriosaseremaplicadosna
Creche CriançaFelizI,Praça AgripinoMacedo,S/N,Centro,Teofilândia - BA que atende
crianças na faixaetáriade doisa seisanosde idade.Divisãodosquestionários:QuestionárioI –
Paisou responsáveisde alunose QuestionárioII –Professores.Éválidosalientarque todo
trabalhofoi precedidode autorizaçãosolicitadapreviamente aCoordenaçãodaCreche citada
acima e das professorasde cadauma das turmas envolvidas,bemcomo,foi realizadoum
contato com ospais dascrianças selecionadasparaa participaçãodelese dosfilhosnareferida
pesquisa.Atravésdosdadoslevantadosnapesquisafoi fácil verificarque existe uma
conformidade entre afamíliae ocomportamentodessascrianças.Asmaisindisciplinadassão
exatamente asque nãoencontramemcasa a segurançanecessáriaparaa formaçãoda
personalidadee nafaltadessasegurança,a criança manifestarebeldiaemsalade aulacomo
formade chamar a atençãodos professores,vistoque emcasaelanão encontraapoioe
orientaçãonecessáriaparaa formaçãode suaeducação comocidadão.Já a criançaque vive
emum ambiente saudávelonde é amparadae recebe total apoioeorientaçãodafamília,
torna-se umacriança tranquilae disciplinada. Considerandoque afunçãoda InstituiçãoInfantil
é de promoverodesenvolvimentointegral dascriançasemparceriacom a família,observamos
durante essapesquisaque,aCreche nãopossui pessoal habilitadoparalidarcomessareferida
adversidade que permeiamasInstituiçõesde EducaçãoInfantil.Sendoassim,decidi fazermeu
artigoseguindoessalinha,pretendendocomesse estudobuscarestratégias,de intervenção
educativa,que possibilite aessascrianças,experiênciaspromotorasdascapacidadese
habilidadesemcomplementaçãoaação das famílias,buscandosempre respeitara
particularidade de cadaumadelas.
Palavrachave:Indisciplina;EducaçãoInfantil;Creche;Família;
INTRODUÇÃO
Ao nospreocuparmoscomo fator indisciplinanaeducaçãoinfantil,períodoemque acriança
se encontraem processode formação,estaremostrabalhandonaconstruçãodopróprio
sujeito,envolvendovalorese oprópriocaráternecessárioparao seudesenvolvimento
integral.Poressarazão tentaremoscompreender, sentir,fazere repartiresse processode
formação.Há umditadochinêsque diz,“se doishomensvemandandoporuma estrada,cada
um carregandoum pãoe, ao se encontrarem, elestrocamospães,cada homemvai embora
14. com um; porém,se doishomensvieremandandoporumaestrada,cada um carregandouma
ideiae,aose encontrarem,elestrocamasideias,cadahomemvai emboracom duas”.Quem
sabe é esse mesmoosentidodonossofazer:repartirideiasparatodosterempão...(CORTELA,
1998, p.159).
O presente estudotevecomoobjetivoidentificare compreenderosdiferentestiposde
indisciplinaapresentadosporcriançasde uma referidacreche paraintervirde formabenéfica.
Temosconsciênciade que asatitudesdodocente nasala de aula e dos paisou responsáveis
emcasa poderãointerferirde formapositivaounegativanoprocessocognitivoe afetivoda
criança e para comprovaro que está sendodito,realizou-se umapesquisade campoemuma
creche da zona urbanana cidade de Teofilândia-BA,que tevecomoobjetivoespecífico:1-
Analisara históriade vidae os diferentescomportamentosapresentadospelascriançasna
referidacreche e emseuambiente familiar,sejamelesobserváveisdiretamente ouinferidosa
partir de gestos,posturacorporal ou outrasformasde linguagem.2- Conheceradinâmica
familiarde umacriança consideradaindisciplinadae de outraconsideradadisciplinada.3-
Buscar compreenderquaisaspectosinfluenciouessacriançaamanifestaraindisciplina.4-
Contribuiresclarecendoosmotivospelosquaisosprofessorestemsidoalvode atosagressivos
dos alunose ao mesmotempotentarintervirmostrandocaminhosparaque se possacorrigir
esse tipode comportamento.
Durante a pesquisa,buscou-se teóricosque se aprofundaramaotemaindisciplina.Afinal oque
vema ser indisciplina?SegundooDicionárioAurélio –‘procedimento,atoouditocontrárioà
disciplina,desobediência,rebelião’.
O conceitode indisciplina,nãoé uniforme e nemuniversal.Elase relacionacomoconjuntode
valorese experiênciasque variamaolongodahistória,entre asdiferençasculturaise numa
mesmasociedade,nasdiversasclassessociais.“Noplanoindividual,apalavraindisciplinapode
ter diferentessentidosque dependerãodasvivênciasde cadasujeitoe docontextoemque
foramaplicados.”(REGO,1996, p.84).
Os traços de cada ser humanoestãovinculadosaoaprendizadodoseugrupocultural.Diante
disso,é possível afirmarque ocomportamentoindisciplinadodoindivíduodependeráde sua
históriae das característicassociaisemque estáinserido.Oserhumanovai adquirindoa
indisciplinaatravésdasinfluênciasque recebenodecorrerdoseudesenvolvimentoemseu
âmbitofamiliarounoespaçoescolar.De acordo com o sociólogofrancêsFrançoisDubet
(1997), “a disciplinaé conquistadatodososdias,é precisosempre lembrarasregrasdo jogo,
cada vezé precisoreinteressá-los,cadavezé precisoameaçar,cada vezé preciso
recompensar”.Issonosfazanalisaro quantoé importante orespeitoàsregrasdentrode uma
instituiçãoparaque seufuncionamentosejapositivo.SegundoIçami Tiba(1996) adisciplina
escolaré como um conjuntode regrasque devemserobedecidastantopelosfuncionários
quantopelospaise alunospara que o aprendizadoescolartenhaêxito.Portanto,adisciplina
escolaré uma qualidade de relacionamentohumanoentre ocorpodocente e osalunosem
uma salade aula.
15. DESENVOLVIMENTO
A indisciplinarepresentaumagrande ameaçaà desobediênciaàsregrasestabelecidas.A
famíliatransmite valoresàscriançase a escolatransmite conhecimentohistórico,científico,
social e moral.As crianças que noseu seiofamiliarnãosãoamadas e nãocompartilham
valores,consequentemente serãoalunoscomproblemasafetivose se sentirãodesprotegidos,
com dificuldadede manterrelaçõessociaispositivascomosoutros.Carvalho,(1996, p.138),
relataa importânciade criar formasprópriasde enfrentaroscasos de indisciplina.De acordo
com Rego(1996) os chamadospaisautoritáriosvalorizamaobediênciacomnormase regras,
semse preocuparem explicaràscriançasos motivosdasameaças,dos castigose das
imposições’.A importânciaque aeducaçãofamiliartemsobre oindivíduo,dopontode vista
cognitivo,afetivoe moral é muitogrande,porém, as influênciasque caracterizarãoosjovens
ao longode seudesenvolvimentonãoserãosomente asvivenciadasnasuafamília,mas
tambémas aprendizagensdosdiferentescontextossociais,comonaescola.Sendoassim,uma
relaçãoentre professorese alunosbaseadanocontrole excessivo,daameaça,da puniçãoou
tolerânciapermissiva,provocaráreaçõesdiversas.ParaRego(1996), a escolae os educadores
precisamadequaras suasexigênciasàspossibilidadese necessidadesdosalunos.Devemdar
condiçõesparaque os alunosconstruame interiorizemosvalorese asposturasconsideradas
corretasna nossacultura(atitudesde solidariedade,cooperação,respeitoaoscolegase
professores).De acordocom Rego(1996), oseducadoresprecisamsercoerentesentresua
condutae a que esperadosalunos,poisé atravésda imitaçãodosvaloresexternosque a
criança aprende sernormal.
DonaldWoodsWinnicott,psiquiatrainfantil,apresentasuaconcepçãode criança normal:
Uma criança normal se tema confiançado pai e da mãe,usa de todosos meiospossíveispara
se impor.Com o passardo tempo,põe à provao seupoderde desintegrar,destruir,assustar,
cansar, manobrar,consumire apropriar-se.Tudooque levaas pessoasaostribunais(ouaos
manicômios,poucoimportaocaso) temo seu equivalentenormal nainfância,narelaçãoda
criança com seuprópriolar.Se o lar consegue suportartudoque a criança pode fazerpara
desorganizá-lo,elasossegae vai brincar;mas primeiroosnegócios,ostestestemque ser
feitose,especialmente,se acriança tiveralgumadúvidaquantoàestabilidadeda
instituiçãoparental e dolar(que paramim é muitomaisdo que a casa). Antesde maisnada,a
criança precisaestarconsciente de umquadrode referênciase quisersentir-selivree ser
capaz de brincar, de fazerseusprópriosdesenhos,serumacriança irresponsável.(WINNICOTT,
1946, p.121)
Winnicottdizo quantoé importante oambiente familiarparaumperfeitodesenvolvimento
psicológicodacriança,pois,possibilitamumsentimentode segurançae de amparoe somente
16. desse modoa criança vai se sentira vontade porque pormaisque elafantasie seumundo,o
ambiente se manteráestável.Todavia,quandoissonãoocorre,acriança vai se tornar
indisciplinadae arrediaemoutrosambientes,nomeiode outraspessoasparatentar
encontrarum quadrode referência:
Ao constatarque o quadro de referênciase desfez,eladeixade se sentirlivre.Torna-se
angustiadae,se temalgumaesperança,trata de procurar um quadrode referênciaforadolar.
A criança cujolar não lhe ofereceuumsentimentode segurançabuscaforade casa às quatro
paredes;aindatemesperançae recorre aos avôs,tiose tias, amigosdafamília,escola.Procura
uma estabilidade externasemaqual poderáenlouquecer.Fornecidaemtempooportuno,essa
estabilidade poderátercrescidonacriança como os ossosemseucorpo, de modoque,
gradualmente,nodecorrerdosprimeirosmesese anosdevida,teráavançadoda dependência
e da necessidade de sercuidada,paraa independência.Éfrequente acriançaobteremsuas
relaçõese na escolao que lhe faltouemseuprópriolar.(WINNICOTT,1946, p. 121)
Essa citação reforçao motivoque levaumacriança a apresentarumcomportamentohostil.
Winnicottvê issocomouma formade comunicaçãoda realidade interiordessascrianças,que
assimagempor desespero,tentandoencontrarosentimentode segurançaque nãoencontrou
emseular. Winnicottcitaoutro pontoque ressaltoaimportânciadoambiente familiarparaa
criança:
De fato,é a partirdas coisasaparentemente pequenasque ocorremnolare emtorno dele
que a criança tece tudo que uma imaginaçãofértil pode tecer.Ovastomundoé um excelente
lugarpara osadultosbuscaremuma fugapara o tédiomas,geralmente,ascriançasnãosabem
o que sejao tédioe podemtertodosos sentimentosde que sãocapazesentre asquatro
paredesde seuquarto, emsua própriacasa, ou apenasa algunsminutosdaporta da rua. O
mundoserámais importante e satisfatóriose forcrescendo,paracada indivíduo,apartirda
porta de casa, ou do quintal dosfundos...Sim, aimaginaçãode umacriançapode encontrar
amplocampo de atividade nopequenomundode atividadede seuprópriolare da rua em
frente;e,de fato,é a segurançareal propiciadapelolarque liberaacriança para brincar e
desfrutarde outrasmaneirasde suahabilidade paraenriqueceromundosaídode suaprópria
cabeça.(WINNICOTT,1945, p. 54)
Issonos fazver o quantoà criança se sente aceitae seguraquandoconsegue experimentar
suas outrashabilidadesde imaginaçãoe criaçãoe assimampliarseuconhecimentodomundo
e de si mesma.Os paistêma função de dar amor, carinhoe limitessemagredi-las:
Às vezes,aagressãose manifestaplenamente e se consome,ouprecisade alguémpara
enfrentá-lae fazeralgoque impeçaosdanos que elapoderiacausar.Outrasvezesosimpulsos
agressivosse manifestamabertamente,masaparecemsoba formade algum tipode oposto...
As aparênciaspodemvariar,masexistemdenominadorescomunsnosproblemashumanos.
Pode serque uma criança tendapara a agressividade e outradificilmenterevele qualquer
sintomade agressividade,desde oprincípio,emboraambastenhamomesmoproblema.
Acontece simplesmenteque essascriançasestãolidandode maneirasdistintascomsuas
cargas de impulsosagressivos.(WINNICOTT,1964, p. 97)
Ao analisarmosoque dizo psiquiatrainfantil,podemosafirmarque adisciplinaouindisciplina
depende dopontode vistade quemanalisaasituação,depende docontextoe dossujeitos
envolvidos.Porém, alunose sociedade nãopodemesquecerque afinalidade principal da
escolaé a preparaçãopara o exercícioda cidadaniae para seremcidadãos,precisade
conhecimento,respeitopeloespaçopúblico,ética,normase relaçõesinterpessoais.Paulo
Freire diz:“(...) bomsenso.Autoridade nãopode serentendidacomoautoritarismo”(FREIRE,
1996, p.14). O professorprecisaperceberemcertasocasiõesospontosfalhosdoalunoe ao
invésde reprimi-lo,temque ajudá-locomhumildade e tolerância.Temossentimentos,desejos
17. e necessidadese,essessentimentosprecisamserrespeitadostantopeloeducadorquanto
peloeducando,poisamaneiracomonos relacionamosé que mostraosresultadosdessa
relação.SegundoFreire:
O professorautoritário,oprofessorlicencioso, oprofessorcompetente,sério,oprofessor
incompetente,irresponsável,oprofessoramorosodavidae dasgentes,oprofessormal
amado,sempre comraiva do mundoe das pessoas,frio,burocrático,racionalista,nenhum
dessespassapelosalunossemdeixar suamarca.(FREIRE,1996, p. 73)
O professortrazdentrodele todasua históriade vidae desconhece totalmenteavidado
aluno.SegundoCharlot:
Um educadornão é apenasumacriança de tal família,nãoé apenaso membrode um grupo
sóciocultural.Ele é tambémsujeitocomumahistóriapessoal e escolar.Éum alunoque
encontrouna escolataisprofessorestaisamigos,taisaulas,e que teve surpresasboase más.É
uma criança que cujospaisdisseramque oque se aprende naescolaé muitoimportante para
a vida,ou ao contrário,que não serve paranada. É umacriança que temmuitosirmãosou
irmãsou não, que sãobemsucedidonaescolaou não,e o que pode ajudara criança ou não, ...
(CHARLOT,2002. p.28)
Ao refletirmosnoque disse Charlot,todoeducador precisareversuaspráticaspedagógicas.A
busca de especializaçãoparaatuar na Educação Infantil é muitoimportante paratentar
amenizaralgunsproblemasde indisciplinaemsalade aula.Içami Tiba(1996) diz que os
grandesresponsáveispelaeducaçãodos jovens,afamíliae a escola,nãoestão sabendo
cumpriro seupapel.O que se observahoje é a falênciadaautoridade dospaisemcasa, do
professornasala de aulae do orientadornaescola.ParaIçami,tanto os fatoresexternos
quantoos internospodem influenciarnocomportamentode umacriança.Dependendodo
mimoe do trato, a criança pode ser maisoumenosindisciplinada.Todacriançaao sair do seio
familiar,entraemummundototalmente diferente e emvirtude disso,oprofissionalda
educação,o professor,deve serético,humilde,conhecedorde seuslimites.Içami Tibafaz
referênciaàgeraçãode paisque confundemautoridadecomautoritarismoe optampornão
colocar limitesnosfilhos:“Cabe ospaisdelegaraofilhotarefasque ele jáé capazde cumprir.
O que ele aprendeué dele.A mãe deveriaficarorgulhosapeloseucrescimento,emvezde se
sentirlesadapornão sermaisútil.”(TIBA,1996, p.35). É porissoque os paisnunca devem
fazertudopelofilho,bastaajudá-loaté opontoemque ele consigarealizarsuastarefas
sozinhosparaadquirirauto-confiançae elevarsuaauto-estima.Içami tambémcita:“Nenhuma
criança nasce folgada,elaaprende aser.A indolênciaconstantenãoé natural.Resultada
dificuldadede realizarseusdesejos.A criança sópode ser consideradafolgadaquando
conhece as suasresponsabilidadese nãoascumpre”.(TIBA,1996, p.37).A partir do momento
que os paisnão impõemlimitese regras,ofilhotorna-se folgado:“Ofilhotorna-se folgado
porque deixoude fazeroque é capaz e precisaexecutar,e a mãe torna-se umasufocada
porque precisadar tarefasque nãolhe cabemmais,alémde muitasoutras atividades”.(TIBA,
1996, p.39).
Hoje emdia,os paisestãopermitindoperderaprópriaautoridade.Costuma-se ouvirmuitos
paisse queixaremque osfilhosqueremaqualquercustoumdeterminadoobjeto,e ospais
que acostumarama fazertodosos gostosdo filho,sempremovidoporumadesculpa,acaba
cedendoaoscaprichosdo filhomimando-o.Atualmente,coma perdada autoridade paterna,
os filhosé que se tornamimplacáveiscomospais.Quandoo pai tentaimporuma disciplina,
negandoalgopara o filhoacostumadoater de tudo,este vê o pai comoum empecilhoe tenta
eliminá-lo.Tibarelataque:
18. “Nessasúltimasdécadas,amulher emancipou-see ganhoudestaque sócioeconômico,
profissionale cultural,masnamaioriaoinstintomaternoaindafalamaisaltodoque todas as
suas conquistas.Emvirtude desse instintoé que aindahoje asmulheresse sentemtão
culpadaspor ficaremlonge dosfilhos.”(TIBA,1996, p. 40)
Os pais,cada vezmaisausentesdosfilhosdevidoàjornadade trabalhoouseparações,estão
causandoa desestruturaçãodasfamíliase assim, se sentemculpados.Esse sentimentode
culpalevaos paisa fazeremmimostentandoamenizarasituação,e issoobrigao educadorà
capacitar-se,buscarhabilidadese principalmente gostarde serprofessorparalhe darcom
esse tipode comportamento.A criançajá vemde casa com seusmimos,todofolgado,
totalmente cheiosde vontade.SegundoRossini (2001),“crianças gostamde professoresque
lhe dêemlimites”.Éprecisoque oprofissionaldaeducaçãoestabeleçaregras,faça
combinadosadotemumpadrãobásicode atitudesperante asindisciplinasmaiscomuns.
Quandoum alunonãocumpre os combinados,ultrapassamoslimites,elenãoestá
simplesmentedesrespeitandoumprofessoremparticular,masasnormas da escola.Assim
cabe ao professoratuarcom competênciaprofissional e coerência,sentindo-seresponsáveis
peloque ocorre ao seuredor e os paistêma grande responsabilidade de estácientede tudo
que se passa com o filhonaunidade escolar.Masa realidade é totalmentediferente,pois,os
paistrabalhammuitoe têm menostempoparadedicarà educaçãodosfilhose queremque a
escolaassumaa função que deveriaserdeles:ade passar para a criança os valoreséticose de
comportamentobásicos.
Com o propósitode buscarformase métodosque possamajudara amenizaresse tipode
comportamentode formasaudável,devemosreforçarqual aprincipal funçãodasinstituições
de educação infantil:Ascriançasde zeroa seisanosde idade têmnecessidadesespecíficasde
cuidados,cabendoaosseusresponsáveisproporcionarsituaçõesque lhesauxiliemaadquirir
capacidadesmotoras(sentar,andar,controlaros esfíncteres‘músculoscircularesque aperta
as cavidadesaque corresponde’)psíquicas,(falar,pensar) e sociais(estabelecerrelaçõescom
outras pessoas).Essasinstituiçõesde EducaçãoInfantil sãoreconhecidasnaConstituição
Federal de 1988 e dispõe seusobjetivose normasde funcionamentodisciplinadopelaLei de
Diretrizese Base daEducação Nacional.Segundoseuartigo4º:“O deverdoestadocom a
educaçãoescolarpúblicaseráefetivadomedianteagarantiade:[...];IV – Atendimento
gratuitoemcrechese pré-escolasàscriançasde zeroa seisanosde idade”.(LDBEN nº
9394/96. Art. 04).
Quantosua finalidade,ofertae formade avaliaçãoforamdefinidasdaseguinte forma:
Art. 29. A Educação Infantil primeiraetapadaeducaçãobásica,tem como finalidade o
desenvolvimentointegral dacriançaaté seisanosde idade,emseusaspectos
físico,psicológico,intelectual e social complementandoaaçãoda famíliae da comunidade.
Art. 30. A Educação Infantil seráoferecidaem:
I- crechesouentidadesequivalentes,paracriançasde até seisanosde idade;
II- pré-escolas,paracriançasde quatro a seisanosde idade.
Art. 31. Na Educação Infantil aavaliaçãofar-se-ámedianteacompanhamentoe registrodoseu
desenvolvimento,semoobjetivode promoção,mesmoparaoacessoao ensinofundamental.
Conforme oque nos diza LDBEN, os profissionaisdaáreadevemestárevendocomfrequência
suas práticaspedagógicas,tercomoobjetivomaior,propiciarumatendimentode qualidade,
socializare nortearo trabalhoeducativocriandoestratégiasque melhoremascondiçõesde
19. trabalhojá que as mãesentregamseusfilhosnascrechesconfiandonasboascondiçõese
cuidadosemque os mesmosirãoreceber.Issonoslevaaacreditaro quanto é importante o
planejamentodasatividadesaseremdesenvolvidasnainstituição.Regochamaatençãoaisso:
O comportamentoindisciplinadoestádiretamenterelacionadoàineficiênciadaprática
pedagógicadesenvolvida:propostascurricularesproblemáticase metodologiasque
subestimamacapacidade doaluno(assuntospoucointeressantesoufáceisdemais),[ ...],
constante usode sançõese ameaçasvisandoao silênciodaclasse,poucodiálogoetc.Isso
apontaque em toda indisciplinaexiste umarazãoque precisaserinvestigada.(REGO,1996, p.
100)
É muitoimportante inovar,criar,buscarincessantemente meiosparanãodeixaroaluno
ansioso.Uma dasformasde inovaçãoé a inclusãode jogosnoplanejamentodacreche.
Vejamosoque nosdizFreire:
Professoresrealmente preocupadoscomodesenvolvimentodascaracterísticashumanas,ao
invésde tentaremeliminarocarátercompetitivodosjogos,deveriamprocurarcompreendê-lo
e utilizá-loparavalorizarasrelações.Creiosermaiseducativoreconheceraimportânciado
vencidoe dovencedordo que nunca competir.(FREIRE,1997, p. 153).
A inserçãode jogosnasaulas de educaçãoinfantil é umaformade fazercom que o aluno
trabalhe o corpoe a cabeça, podendosercooperativooucompetitivo,poisapesardosjogos
cooperativospossuíreminúmeras vantagens,nãopode,simplesmente,deixarde ladoosjogos
com caráter competitivo,poisse elesforemtrabalhadosde maneiraadequada,acriança
incorpora,igualmente,valoresimportantesparaavida,como a importânciadovencedore do
vencido,acooperaçãoentre os colegase o respeitoparacom todososjogadores.
O professordeve ofereceremseuplanejamentooportunidadesparaestimulartodosos
sentidosdacriança,principalmente otato,que transmite segurança,Carvalhoe Rubiano
(1994) dizque “à medidaque característicasfísicasdoambiente convidamaotoque,aumenta
a sensaçãode segurança,permitindoácriançaexploraroespaçomaisprontamente.”A
ludicidade é umadasmaneirasde se explorarossentidosdascrianças.Ferreiradiz:
Brincar é um dos meiosde realizare agirno mundo,nãounicamente paraas criançasse
prepararempara ele,mas,usando-ocomoumrecursocomunicativo,paraparticiparemda
vidaquotidianapelasversõesdarealidadeque sãofeitasnainteraçãosocial,dandosignificado
às ações.Brincar é parte integrante davidasocial e é umprocessointerpretativocomuma
texturacomplexa,onde fazerrealidaderequernegociaçãodosignificado,conduzidopelo
corpo e pelalinguagem.”( FERREIRA,2004, p. 84)
Toda criança usa a brincadeiracomoprincipal modode ação.Elas não fazemdistinçãoentre
brincar e levara sério,nãoconsegue separaro real do imaginárioe acabamutilizando-as
naturalmente.
Ao considerarpertinentesessasreflexões,relatam-seosresultadosobtidosnaentrevistasemi-
estruturadaque permitiurefletirsobre ahistóriade vidade doisalunosemseuambiente
familiare naInstituiçãode Educação Infantil (CrecheCriançaFelizI,Praça AgripinoMacedo,
S/N,Centro,Teofilândia–BA) que atende criançasnafaixaetáriade doisa seisanosde idade,
no qual os paisou responsáveisdosreferidosalunosresponderamaumdeterminado
questionárioe doisprofessoresresponderamaoutrotipode questionário.
É válidosalientarque todotrabalhofoi precedidodeautorizaçãosolicitadaprimeiramente a
Coordenaçãoda Creche.Ademais,antesde cadaum dosprocedimentos,foi solicitadaa
autorizaçãodas professorasde cadauma das turmasenvolvidasbemcomofoi realizadoum
contato com ospais dascrianças selecionadasparaa participaçãodelese dosfilhosnareferida
pesquisa.
20. Indisciplinade JoãoPaulo:comportamento(relaçõesnoambientefamiliare nacreche).
A mãe de JoãoPaulo,apesarde manterum contatofrequente comofilho,estáenvolvidaem
um ambiente de alcoolismoe de agressividade comomarido.O pai de JoãoPaulorepresenta
uma ameaçaconstante,onde palavrõesfazemparte dovocabuláriodessafamília.A mãe tem
trêsfilhose Joãoé o segundo.Testemunhade constantesbrigasdospais,que utilizavam
armas frias,Joãojá relatoudetalhesdessasbrigasnacreche.Em virtude dessatotal faltade
estruturafamiliar,omesmochegouaopontode ameaçar matar a própriamãe caso elanão
desse oque ele queria.
Sabemosque para obterdisciplinaemqualquerambienteemque vivemosdevemosfalarde
respeitoe cadapessoavemjuntocom sua vidaintelectual,afetivae religiosaumavidamoral e
João,aos cinco anosde idade,nãoestá tendoesse direitoe,porconta disso,se tornouuma
criança excessivamente inquieta,agitadae indisciplinada,que se destacadogrupopela
dificuldadede aceitare cumpriras normasda creche devidoa vivênciae experiênciade
suacasa. Ele nãoconsegue produziroesperadoparasua idade,e issorepresentaumdesafio
constante para professorese gestoresdacreche.Suaidade cronológica(aque fornece uma
estimativaaproximadadonível de desenvolvimentodoindivíduo,que pode sermais
precisamente determinadoporoutrosmeios,taiscomoidade óssea,dental,sexual e motora)
não condizcom a estruturacognitivaprévia.OmodocomoJoão exploravaosobjetos,a
curiosidade diante de situaçõesnovasnãoindicavamumdesenvolvimentocognitivo
adequado,suainabilidade socialcomprometiatodasessasqualidades.Joãonãoconseguia
dominaros conhecimentosescolaresde reconhecimentode cores,de letrase números.Além
de todosessesproblemas,JoãoPauloapresentavasériostranstornos;nãoconseguiacontrolar
os esfíncteres:faziaxixi naroupa,sujavasuacueca de côco, não tinhanoção algumade
higiene e o piordeleseraa constante evacuaçãode fezescomum odorinsuportável.No
decorrerdessapesquisaaprofessoradescobriuque Joãofaziaasnecessidadesnacueca
porque a mãe não deixavautilizarosanitárioe mandavaos filhosfazerasnecessidades
fisiológicasnomatagal que tinhapróximodaresidênciae assim, nacreche,Joãose sentia
amedrontadonomomentode evacuare com medoacabava defecandonacueca.Esse
constrangimentodeixava-oaborrecidoporque oscolegasriame issoo irritavalevando-aa
cometerváriosatosdeindisciplina.
AtravésdosdispositivoslegaisdaLDBEN e de algunsestudiososdaáreacomo Carvalhoe
Rubiano,(1994) e Faria,(1999) evidenciamaimportânciadasInstituiçõesde EducaçãoInfantil
promoveremodesenvolvimentointegral peladuplafunçãode cuidare educar.O cuidarno
sentidomaisamplodeve serpensadocomoanecessidadede acrescentarnoprojeto
pedagógicodascrechesaçõesdirecionadotantoparaa satisfaçãodas necessidadesfisiológicas
e de higiene quantoparaodesenvolvimentopsicológicoe emocional dascriançase para tanto
é precisoque essainstituiçãoincremente atividadesde “cuidado”paraassegurar-lheum
melhordesenvolvimento.Deve-sepensarematividadesde promoçãoe socialização.
Analisandoasidéiasde Winnicottquantoàtendênciaanti-social,aindisciplinade JoãoPaulo
mostra comoele sempre buscachamar a atençãona creche já que em casa ele nãoencontraa
segurançae a aceitaçãonecessáriasparatranquilizá-loe é precisoque osresponsáveis
possuamfirmezae tranquilidade aomesmotempo,paraproporcionaràscriançasatividades
rotineirascapazesde transmitirsegurança,sentimentode confiançabásicatãofundamental
nas atividadescotidianas.
Disciplinade Tatiane:comportamento(relaçõesnoambiente familiare nacreche).
Tatiane é uma criança modelonacreche.Sua obediência,suaeducação,seucompromissoe
seucontrole nosmovimentose nafalareforçamoconceitode alunadisciplinada.Noentanto,
emcasa elase mostravauma meninaextrovertida,agitadae direta.Elase encaixanaidéiade
21. Winnicottquantoà criança “normal”que provoca,manobra tentandose impor.
Tatiane interagiae se relacionavabemcoma turma, cumpriaos combinados,contavasuas
façanhasde final de semana,inventavahistórias, repartiaosbrinquedose sempre estavacom
suas atividadesde casaemdia.
A reflexãosobre adisciplinade Tatiane nacreche e seucomportamentoemcasa reforçao
entendimentode que acriançadeve estáinseridaemumambiente saudável que lhe
proporcione maiorsatisfaçãoe lhe dê limites:“Parachegarà birra, a mãe foi uma
indisciplinada:proibiue deu,proibiue deu.Desrespeitousuasproibições,ensinandoseufilho
a fazero mesmo:desrespeitá-la.”(TIBA,1996, p.38). ComoTatiane sempre encontrouem
casa um ambiente equilibrado,ondeasregraseramsempre cumpridase o lazerum direito
dela,nãofoi difícil paraTatiane se adequaraoscombinadosdacreche.A mãe de Tatiane relata
que nunca deixouafilhaditarasregras, sempre teve autoridadeparacoma mesmae
concediasempre odireitode sercriançaalegre e feliz.SegundoIçami Tiba:
Quandoos paisse submetemaoscaprichosdo filho,eleficacaprichosotambémemrelaçãoàs
outras pessoas.Seupensamentopode sertraduzidoassim:Se até meuspaisque podem
mandar emmimnão mandam,quemsãovocêsparamandar emmim?Sentem-se então,o
poderosodacasa. (TIBA,1996, p.58)
Precisamosestánospoliciandoquantoeducadores,pois,ascriançascopiamo comportamento
dos adultos;
Filhosfolgadose internamente insegurosforade casapodemse submetertimidamente ao
primeiroque lhescolocarumlimite,umamigoouprofessor,porincapacidade de se defender.
Entretanto,comoas crianças usam tudoa seufavor,às vezesacontece oinverso:emcasa se
submeteme descontamdepoisnaescola.(TIBA,1996,p.59)
Ao refletirmossobre avidadessasduascrianças,observa-se oquantoé importante se
conhecera realidade dosalunose comoé importante se colocarnas atividadesinfantis
brincadeirasde faz-de-contae jogoslúdicosparase garantirum desenvolvimentopsicológico
saudável.Vygotsky(1984) consideraas experiênciassociaiscomoumelementoque influencia
tanto na maturaçãoe aprimoramentododesenvolvimentoemocional quantono
desenvolvimentointelectual.
22. CONSIDERAÇÕESFINAIS
Com isso,aorealizaresse trabalho,gostariade apresentarminhaavaliaçãoemrelaçãoaoque
dizos teóricosque me ajudarama escreveresse artigosobre aIndisciplinanaEducação
Infantil.Rego(1996, p.100) defendeque “ocomportamentoindisciplinadoestádiretamente
relacionadoàineficiênciadapráticapedagógicadesenvolvida:propostascurriculares
problemáticas[...],constante usode sançõese ameaças,etc.”(REGO,1996, p. 100); Içami Tiba
(1996) argumentaa disciplinaescolaré umconjuntode regras que devemserobedecidas
tanto pelosprofessoresquantopelosalunosparaque oaprendizadoescolartenhaêxito.
Freire nosdiz:“O professortemque entender,emcertasocasiões,pontosfalhosdoaluno.Ao
invés de reprimi-lo,temque ajudá-locomhumildade e tolerância.”(FREIRE,1996). Os
estudiososlevam-nosaentenderaimportânciadasinteraçõessociaiscomofonte de
desenvolvimentoe transformaçãosocial.Osproblemasestudadosindicamque ainfânciaé um
períodopeculiar,e porissodeve serdefinidoatravésdavivênciade cadacriança. De acordo
com os teóricosacima,ficouconstatadoque osprofessoresdevembuscarinovação,
habilidades,capacitação.Vejamosoque nosdizFreire:
Professoresque ministram umaboaaula,umaaula que faça sucessoentre osalunose pronto;
trata-se de uma preparaçãopara a vida,de dar a elescondiçõesde tornarem-secidadãos
autônomos,oferecerconhecimentosque se incorporemàvida,possibilitando-osseremlivres,
decidindo de acordocoma suaprópria consciência,ouseja,educaré maisque transmitir
conteúdos,é ensinaraviver(FREIRE,2005, p. 06).
Freire noslevaa verque o professordeve demonstrarsegurançanaquiloque estáfazendo,
para ser respeitadoporseusalunosdesdeoprimeirodiade aulae paraissofaz-se necessário
um bomplanejamento,ambiente adequado,estrutura,materialdidáticosuficiente e criação
de normas que possamsercumpridascom eficiência.
Não bastaapenaso professorestáinteressadonaboadisciplinae nobomandamentodo
aluno,mas,toda a creche juntamente coma família.É na salade aula que se ajuda a construir
futuroscidadãoscom personalidade,onde vãoaprenderalimitarseusinstintosque são
impulsivose necessitamde correçãodesde a primeirainfância,acomeçarpelafamília.
Ao levarospaisa participarde encontros,palestras,reuniõese trocade experiênciascom
outrospais,elessairãofortalecidose sentirãoque nãoestãosozinhosnessaluta.É
exatamente aíque entraa importânciadoGestor.Ele precisatermuitacriatividade,iniciativa,
bomhumor,respeitohumanoe disciplinaparaconscientizarospaisàfrequentarema
instituiçãoque ofilhoestuda,comoobjetivode participarde eventosque osauxiliarãoa
superare resolveralgunsproblemasde indisciplinaemseuambiente familiar.
Tendonesse artigoinformaçõessobre ocomportamentode duascriançasdiferentesemseu
ambiente familiare nacreche,ficareforçadaa necessidade de integraçãoentre famíliae
instituiçãono que se refere àgarantiade vínculosde qualidade.Paraissoé precisoque se
criempolíticaspúblicasconcretase urgentesparaauxiliare organizarmelhoraatuação e
aintegraçãodessasinstituições.
Vimosque oestudoda indisciplinae suasdiferentes formasde manifestaçãonaprimeira
infâncianosfornecemelementosimportantesparaauxiliarpais,professorese gestoresa
encontrarsoluçõesparaas mesmas.Destacoa necessidade dasociedade e doestadoagirem
de modo a subsidiaraatuação dessasinstituiçõesmelhorandooprocessopedagógico,criando
cursos profissionalizantese estabelecendomedidasconcretasparaapoiaras famíliase
melhorara qualidade de vidadaspessoas.
23. Por fim,recomendamosoaprofundamentode estudossobre aindisciplinanaEducação
Infantil que poderãotrazernovosolhares,comnovasabordagense que essespossamservir
como alavancapropulsorade novasreflexõesparaessaquestãopolêmica,nãocomofórmula
mágica,mas, que sejaquestionada,provadae quemsabe,aprovada,jáque omeuobjetivoé
identificare compreenderosdiferentestiposde indisciplinaapresentadospelascriançasdas
crechespara intervirde formabenéfica.
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1 INTRODUÇÃO
Com reflexõessobre aindisciplinanaeducaçãoinfantil,buscamosdiscutirsobre anecessidade
de ampliaçãoda visãocriticaem relaçãoà indisciplina,alémde atentarparaa questãodo
papel daescola,paise da relaçãoprofessor-alunonestaestabelecida.
A escolasofre reflexosdomeioemque estáinserida.Oproblemadisciplinaré,
frequentemente,repercussãodosconflitosdafamíliae domeiosocial envolvente.
As pessoasque rodeiamoaluno,maispropriamente aspessoasde família,influemmuitono
seucomportamento,poisacriança nasce no seiodesta,sendo,portanto,ospaisosprimeiros
educadores. A extraordináriainfluênciadosque quotidianamentetratamcomos alunos
reflete-se emmuitosdosatospraticadosporeles.A ação da Famíliacomeça desde oberço,
muitoantesda ação da Escola.Sendoa importânciada ação familiarnatarefaeducativa
reconhecidapelaEscola,impõe-seumaíntimacolaboração,que deverásignificaraajuda
mútuana consecuçãodo ideal educativo.
Para uma educaçãoidealmenteconstruída,adisciplinadeveriaserconseqüênciavoluntáriada
escolhalivre e,comoconsequênciadadisciplina,aliberdadedeveriaenriquecer-se de
possibilidades,nãosendoantagônicososdoisprincípiosde liberdade e de disciplina.
O climada aula deve serde liberdade e de tolerância,de modoapermitirque osalunos
tomemconsciênciadosseusvalorese ajamemsintoniacomeles.A autonomiaconduzà
autodisciplina,nãosignificando,noentanto,que oprofessortenhaumaatitude de
indiferença,oude apatiaperante osalunos.Pelocontrário,assuasatitudes,embora
25. democráticas,devemserfirmes.
Nosnossosdias,cada vezé maisdifícil estabeleceradisciplinae fazê-larespeitar.Comoefeito
da evoluçãodascondiçõesgeraisde vida,emtodososmeios,ascrianças tornaram-se mais
independentes,menosdispostasaobedeceràautoridade dosadultos.
Hoje,vive-senumasociedadeemque aunidade familiarse encontradesgastada,semque o
lar possaofereceraconchego,umavezque ospais,graças às deslocaçõesparao empregoe às
longasjornadasde trabalhoque lhesasseguramasubsistência,deixamde estarpresentesnos
momentosmaisdifíceis.
Este tema é,semdúvida,demasiadovasto.Tendoemconsideraçãoasua amplitude,serão
tratadas apenasalgumasvertentes,nãonumaperspectivade metade chegadade
conhecimentosdefinitivos,masde pontode partida para outras abordagensinterativasdoato
educativo.Comoaindisciplinaconstitui,atualmente,unsdosproblemasmaisgravesque a
Escola enfrenta,nãopodiamdeixarde serreferidos,também, osefeitosnegativosque ela
produzemrelação aosdocentes.
Portanto,o objetivoque orase propõe opresente trabalhoseráidentificarconcepçõesde
disciplinae comoprofessores,paise alunosasincorporamnoseucotidiano.
Para tanto,tivemoscomobase os estudosde Groppa(1996) e de Estrela(1994), nosquais,
atravésda abordagemqualitativa,procuramosdemonstrarasváriaspossibilidadesde
entendimentosobre otemaproposto,alémde discutiraquestãoda disciplinae daindisciplina
como elementopertencente aoprocessoeducativo,e porissomesmo,fomentador deste.
O presente trabalhoconstade Introdução,naqual apresentamosotema,a justificativae os
objetivosdapesquisa.
Capítulo1. A Trajetóriada Pesquisa(justificativa)
Capitulo2.Indisciplinaescolar,noqual desenvolvemosreflexõesacercadosváriosaspectos
emque pode ser consideradaaindisciplinae adisciplina,alémdosefeitossobre osdocentes.
Capitulo3.Onde falada diferençaentre autoridade e autoritarismonapráticado docente e
tambémdopapel da escolae da relaçãoprofessor-aluno.
Capitulo4.Referencial teórico(A ParticipaçãodospaisnaEd. Escolar)
CAPITULOI – A TRAJETÓRIA DA PESQUISA
1.1 JUSTIFICATIVA
Historicamente,aescolae a família,tal qual as conhecemoshoje,sãoinstituiçõesque surgem,
com o adventodamodernidade, ambasdestinadasaocuidadoe educaçãodascrianças e
jovens.Naverdade,àescolacoube a funçãode educar a juventude namedidaemque o
tempoe a competênciadafamíliaeramconsideradosescassosparao cumprimentode tal
tarefa.Os saberesdiversose especializados,necessários,àformaçãodasnovasgerações,
demandavamcadavezmaisao longodo tempo,umespaçoprópriodedicadoaotrabalhode
apresentaçãoe sistematizaçãode conhecimentosdessanatureza,diferente,portanto,daquele
organizadopelafamília.
No Brasil,aescola,como instituiçãodistintadafamília,construiu-seaospoucos,àscustas das
pressõescientíficase doscostumescaracterísticosde uma vidamais
urbana.Aproximadamente doisséculos,sinalizaramparaanecessidade de umaorganização
voltadaà formaçãofísica, moral e mental dosindivíduos;missãoessaimpossívelparao âmbito
doméstico.
Esse modeloesteve aserviço,sobretudodurante oséculoXIX,damoldagemdaselites
intelectuaisnacionais.A escolaeraprofundamente diferente dafamíliae,ofereciaàformação
26. das crianças e dos jovensauma educaçãoda qual nenhumaoutrainstituiçãopoderiase
ocupar. OsprimórdiosdaRepública,naondadosmovimentossociais,políticose culturaisque
marcaram a época,impuseramanecessidade de modernizarasociedade e colocara Nação
nos trilhosdocrescimento,exigindoentãoumoutromodeloe umamaiorabrangênciadaação
educacional.
Assim,comopodemosobservar,adiscussãosobre aparticipaçãoda famíliana vidaescolarde
seusfilhosnão é recente.Hádécadasque se vemrefletindosobre comoenvolverafamília,
promovera co-responsabilidadee torná-laparte doprocessoeducativo.Semdúvida,tal
aproximaçãotrata-se de umadifícil tarefa,isto,emfunçãodasinseguranças,incertezase da
faltade esclarecimentosobre oprocessoeducacional,suaslimitações,bemcomosua
abrangência.
Comporuma parceriaentre escolae famíliapressupõe de ambasaspartes,a compreensãode
que a relaçãofamília-escoladevese manifestarde formaque ospais não responsabilizem
somente àescolaa educaçãode seusfilhose,poroutrolado,a escolanão pode eximir-sede
serco-responsável noprocessoformativodoaluno.
A presente pesquisajustifica-se pelanecessidadede contribuirnoprocessoensino-
aprendizagemdacriançade zero a seisanosda Educação Infantil,e porentendermosque a
parceriaentre a famíliae a escolaé de suma importânciaparao sucessono desenvolvimento
intelectual,moral e naformação doindivíduonessafaixaetária.
Os paradigmasde interpretaçãoe de gestãodasrealidadessociaisdefendemmodelos
sistêmicosnumaperspectivade integraçãofuncional emque aflexibilidade,amudançae o
conflitosãoelementosque devemsercoagidos.Neste sentido,alémdoestudodasestruturas
e dasfunçõesda famíliae da escola,havemosde considerar,também,astransformaçõesque
estãoocorrendona sociedade moderna,nassuasinstituiçõese conforme osquadrossociais
que estãoinstáveis,daídecorrentesque exigemumacompreensãodinâmicae respostasmais
articuladas.
1.2 EDUCAÇÃOINFANTIL
As preocupaçõescoma educaçãoinfantil nãoé umfato recente,desde oiniciodascivilizações
que elatemseupapel na formaçãodo indivíduo.Oque mudoufoi a maneirade pensaressa
educação.
Na Gréciaantiga, o conhecimentoeratransmitidocomoobjetivode elevaçãointelectual,
porémcom o passar dotempoe muitosdesgastesnastécnicaseducacionais,levarama
educaçãoa serresumidaatransmissãode conhecimentos,e acessível apenasásclasses
abastadas.Porémcom a criação da escolapública(séc.XVI) inspiradanasidéiasalemãs,
tornou-se maisacessível áquase todos,porémaeducaçãoainda nãoera de muita qualidade.
O progressoalcançadoempoucosanos noscuidadose educação das crianças,pode ser
atribuídomaisa umdespertarde consciênciadoque á evoluçãodascondiçõesde vida.Nãofoi
apenaso progressodevidoahigieneinfantil que se desenvolveuemespecial naúltimadécada
do séculoXVIII,apersonalidade daprópriacriançamanifestou-sesobnovosaspectos,
assumindoamaisalta importância,comofrisaMONTESSORI(1980):"Não é a criança física
,masa psíquicaque poderádar ao aperfeiçoamentohumanoumimpulsodominante e
poderoso."A concepçãode educaçãoinfantil implantadanoséculoXVIII,foi de suma
importânciaparaa criança ,poissegundooeducadore fundadordosjardins-de-infânciao
alemãoFROEBEL (1782-1852) ,a infânciaé a fase maisimportante e decisivanaformaçãode
pessoas,e comparava-asa umaplanta emsua fase de formação,exigindocuidadosperiódicos
para que cresça de maneirasaudável .Astécnicasutilizadasaté hoje emEducaçãoInfantil
27. devemmuitoaFroebel ,poisparaele,asbrincadeirassãoosprimeirosrecursosnocaminhoda
aprendizagem.
É no períodopré-escolar,que ascrianças têma oportunidade de trabalharcomconteúdos
adequadosparasua idade,sendomanipuladosde formacorretaparaseremabsorvidospor
elas,trabalharcom atividadeslúdicas,de formacomque estacontribuacom seu
desenvolvimento,auxiliandocoma construçãodo conhecimento,e assim, naformaçãoda
criança, pois,jáse sabe ,que acriança não aprende apenascomatividadesformaise
sistematizadas.
A socializaçãoé outracontribuiçãofornecidapelaEducaçãoInfantil,poisdepoisdafamília,o
primeirocontato que a criança tem,é comum grupoestanhoe acontece nascrechese pré–
escolas,oportunizando-asexploraronovo.
Enfim,a Educação Infantil temumpapel umpapel significativonomundoinfantil,pois
apresentaráatividadesque iramauxiliarnoseudesenvolvimentosocial,cultural,psíquico,
motor sensorial e cognitivo,construindooaprendizadoatravésdasexperiênciasvivenciadas
pelacriança.
1.3 A EDUCAÇÃOINFANTILCOMODIREITO DA CRIANÇA
As significativasmudançasocorridas,noâmbitolegal,social e educacional,determinando
novasdiretrizese parâmetrosnoatendimentoácriançasde 0 á 3 anos de idade promoverama
necessidadede reordenamentonaestruturafuncional e organizacional dessasinstituições,e
principalmente naquelasvoltadasparaoatendimentode criançasvulnerabilizadaspela
situaçãopelasituaçãode pobreza,abrangendoalémdaassistênciasocial ,alcançara
educação.
Estas mudançasse deram nãoapenaspor movimentossociaisorganizados,maspela
promulgaçãoda ConstituiçãoFederal de1988(CF/98),naqual a criança é reconhecidaemsua
cidadania,e portantocomo sujeitode direitos.
A CF/88 em seuartigo208-IV determinaque "odeverdoEstadocom a educaçãoás crianças
de 0 á 6 anos seráefetivadomediantegarantiade atendimentoemcrechese pré-escola."
Por sua vez,oEstatuto da Criançae do Adolescente,em1990 retificouque é deverdoEstado
assegurar..atendimentoemcrechese pré-escolaáscriançasde zeroa seisanosde
idade..(ECA,art54-IV).
A lei nº394, de 20 de dezembrode 1996 ,Lei de Diretrizese Bases(LDB),emseuartigo4°-
VI,confirmou,maisumavez,que oatendimentogratuitoemcrechese pré-escolaé deverdo
Estado.Deixouclarotambémque oatendimentoaestafaixaetáriaestásoba incumbênciados
municípios(art.11-V),determinandoque todasasinstituiçõesde EducaçãoInfantil ,publicase
privadas,estejaminseridasnosistemade ensino.Comoparte integrantedaprimeiraetapada
educaçãobásica,aEducação Infantil foi divididaemcreche(zeroatrêsanos) e pré-
escola(quatro áseisanos),conforme artigo31-Ida LDB/96.
CAPÍTULOII – FATORESCONDICIONANTESDA DISCIPLINA/INDISCIPLINA
São múltiplososfatoresque condicionamadisciplina,tantonoespaçosalade aula,como no
espaçoEscola.
SegundoDomingues(1995),podemconsiderar-sefatoresestruturais(escolaridadeobrigatória,
númerode alunosporturma, currículosescolarese autoridade doprofessor),fatoressociais
(representaçõessociais,subculturasdocentese discentes,e poderesdosprofessorese dos
alunos) e fatorespessoais(objetivosindividuais,estilosde ensinoe estratégiasde
28. aprendizagem).
2.1 INDISCIPLINA ESCOLAR
Neste momento,discorremosacercadasdiscussõesemtornodosconflitosque permeiama
educaçãoformal e dasvárias tentativasde se estabelecer,ouaindade se encontraras causas
dos distúrbiosnoprocessode aprendizagem,é que propomos,comeste trabalho,confrontar
idéiasque têmcomofiocondutora questãoda indisciplinanasalade aula,sobpensamentos
advindosdoprocessoeducativocomoumtodo.
É a partirda ótica panorâmicade Groppa (1996), a problemáticageradapelaindisciplinana
escolaesuasrelaçõescomosaspectosformadoresdohomem, taiscomoos psicológicos,
sociológicos,filosóficos,políticose éticos,que desenvolvemosnossa pesquisa.
Indisciplinaé sempre comportamentoimpróprio(desobediência,desrespeitoou
agressividade),sejanafamíliaquandoumacriançafaz algode perigoso,se elaforagredidaao
invésde orientadapode se tornaragressivae expressarsuarevoltaemformade
indisciplina.Noesporte háregrasmasse elasforemmal aplicadastambémpoderágerar
indisciplina.Omesmoocorre naescola,quandoasregrasde convívionãosão bemelaborada
se esclarecidas:ocorre aindisciplina.PoiscomodizFREIRE(1998): "Disciplinaprontanão
existe,é precisoque todosossujeitosenvolvidosnoprocessoeducacional (pais,alunose
escolas) participemdaconstruçãodosistemade disciplina".
Numpaís que prima peladesorganização,pelodesrespeitoatodoe qualquertipode ordem
ou norma,que coloca interessesde algumaspessoasougruposminoritáriospoderososacima
de valoreshumanosde dignidade,respeitoe solidariedade,disciplinaré nãosó uma proposta
temerária,comoumgrande desafio.
A escolavemestruturadacomuma série de regras,diferentesdadisciplinadafamília,e
querendoenquadrartodosnessaregra.A escolatomaadisciplinacomoregrae não como
objetivoeducacional,comodeveria.
De acordocom o pesquisador,oexcessode indisciplinanaescolasugere que ainstituiçãonão
estácumprindoseupapel."Asescolasde hoje se dizempreocupadascoma formaçãocidadã
dos alunose propõemoensinode regrasdeconvivênciasocial.Porisso,aindisciplinaouo
excessodelademonstrafracassonoseutrabalhode socialização",argumenta.A indisciplina
afetaa vidaescolarporque perturbaa relaçãopedagógica,impactandonegativamente o
aprendizadodosalunos.SegundoCampos,existempesquisasque demonstramque osalunos
de periferiasãomaisafetadosporesse distúrbionarelaçãode aprendizado."Issoé maisuma
barreira,que se soma às outrasque a gente jáconhece",conclui.
A indisciplinaemcriançasemidade pré-escolarpode ocorrertambémpelofatode aaulaser
mal planejadaounão planejada,tendoemvistaque nessaidadeasatividadesescolares
devemserdiversificadase de curto tempo,poisacriança.
2.2 OS VÁRIOSASPECTOSDA INDISCIPLINA
De acordocom os estudosde Groppa (1996), a problemáticageradapelaindisciplinanaescola
estárelacionadacoma interpretaçãoe administraçãodoato indisciplinado.Éopontoem que
o educador,(porsentira substituiçãodaautoridade pelaperplexidade),se perde e iniciaa
busca por soluçõesimediatistas,umavezque alinhadivisóriaentre aindisciplinae a violência
é muitotênue.
Desse modo,é sobas consideraçõesde Yvese de La Taille,que encontramossubsídiosou
argumentos,paratratar dosproblemasrelacionadosàaprendizagem, (consideradosna
29. maioriadasvezessobuma visãosimplista)àluzde uma ótica emque estão inseridosmaisque
as questõesescolarese sãoconsideradososaspectosouelementosformadoresdohomem.
Assim,aindisciplinapassaaser discutidasobdimensõeshumanasemque nãocabemmais
julgamentos,rótulosoujustificativasculposas,e simquestionamentos,reflexõese aampliação
do conhecimentoacercadohomemcontemporâneo,dadisciplina,daaprendizageme do
espaçoe da identidadeocupadoshoje pelaescola.
Para La Taille (1996),trata-se de estenderaindisciplinaàarticulaçãode váriasdimensõesem
que não cabemmaisa normatizaçãodotemaapenasà questãomoral,aoseureducionismo
psicológicosobumúnicoviés,assimcomoa indiferençapelacomplexidade que compõe.Sob
tal pensamento,oautordiscorre que
[...] Se entendemospordisciplinacomportamentosregidosporumconjuntode normas,a
indisciplinapoderáse traduzirde duasformas:1) a revoltacontraestasnormas; 2) o
desconhecimentodelas.Noprimeirocaso,aindisciplinatraduz-seporumaformade
desobediênciainsolente;nosegundo, pelocaosdoscomportamentos,peladesorganização
das relações.(LA TAILLE1996, p.10)
Sob taisconsiderações,é tecidaalinhade pensamentonaqual oautor observaque o
desconhecimentodasnormas,osconflitoscomportamentaise oestremecimentodasrelações,
atualmente revelamoquadroemque se encontraa educaçãobrasileira.
Assim,oautor utiliza-sedotextode Yvese de La Taille,paraquestionarporque ascrianças
não obedecemnemaospaise nemaos professorese porque elasnãotêmlimites.
Tal questionamentotambémé feitoporEstrela(1994), sobo pensamentode que oproblema
da disciplinanaaulae na escolaé um problemade prevençãoe é a nível de prevenção,e não
da correção que a pesquisatemavançadoe tambémfornecidomaterialimportante paraa
reflexãoe açãodosdocentes.
Desse modo,a autora consideraque,aescolaenquantosistemaabertoemconstante
interaçãocom o meiosofre reflexode todososconflitosexistentes,comoporexemplo:
turmas numerosas,escolassuperlotadas,nível de remuneraçãobaixodosdocentes,oque
afasta doensinoosmaiscapazes,númeroelevadode alunosoriundosde meios
economicamentedegradados.
No entanto,amanutençãoda disciplinaconstituiumapreocupaçãode todasas épocas,a vida
do professortemsido sempre amarguradapelaindisciplinadascriançasque perturbam
‘ordeminstituídaparaseuprópriobem’.
Para Estrela(1994), é importante que tenhamosumainterpretaçãofuncional daindisciplina,
que nos permitafazerdistinçãoentre indisciplinanaescola e outras formasde indisciplina
social e nesse sentido,aautorapontuaque a indisciplinaescolarnãodeve,portanto,
confundir-se comdelinqüência.
Groppa (1996) argumentaque a disciplinapode serentendidacomocondiçãonecessáriapara
arrancar o homemde suacondiçãonatural selvageme nessaperspectiva,apermanência
quietanasala de aula,serviriapara ensinaracriança a controlar seusimpulsose afetose não
para o bom funcionamentodaescola,jáque a questãoorganizacional daescolanãodepende
cem porcento docomportamentodoalunoe simda interaçãodeste como funcionamentode
suas políticasinternas.Nestecaso,existeumfocodispensadomuitomaisaospreceitosmorais
da disciplina,doque areal dimensãoemque estase insere,umavezque estetemanãose
encerrano contextoescolar,aocontrário,este é apenasumreflexodasituaçãosocial vigente.
2.3 – EFEITOSDA INDISCIPLINA SOBREOPROFESSOR
30. A indisciplinaproduzefeitosnegativosnoaproveitamentoescolare nasocializaçãodosalunos.
Estesefeitosnegativosexercem-setambémsobre oprofessor,provocandonele desgaste físico
e psicológico,ansiedade,fadiga,tensão,perdade eficáciaeducativa,diminuiçãode auto-
estima,sentimentode frustraçãoe desânimoe "stress".Este conjunto de fatorespodelevar,
emúltimocaso,ao abandonoda profissão(Estrela,1992).
Estesaspectosnegativosatingem,sobretudoosprofessoresmenosexperientese menos
preparadospedagogicamente.
CAPITULOIII - AUTORIDADEE AUTORITARISMONA PRATICA DOCENTE
Muitas vezesacriança se depara com umaaula mal planejadaounão planejada,com
conteúdosincoerentescomsuaidade e/ourealidade social daturma,e reage a issocom a
indisciplina,e osprofessorespassamausar seucargo de autoridade,emformade
autoritarismo,parainibir-los.
A autoridade porparte do professoré fundamentalparacontrolara disciplina,poiscomo
defende FREIRE(1989):"A criança entregue aelamesma,dificilmentese disciplinará".Todavia,
ele tambémprega,que estaautoridade nãodeve se daremforma de autoritarismo,pelo
contrario,oprofessortemque respeitarascaracterísticas sócio-culturaisdosalunos.
Há uma necessidade de autoridade,poissemessanãose fazeducação; o alunoprecisadela,
sejapara se orientar,sejapara poderopor-se (oconflitocomaautoridade é normal,
especialmentenoadolescente),noprocessode constituiçãode suapersonalidade.Oque se
critica é o autoritarismo,que é a negaçãoda verdadeiraautoridade,poisse baseiana
coisificação,nadomesticação dooutro.
A autoridade se definesempreemcontextoshistóricosconcretos.Eo primeirogrande desafio
para o resgate da autoridade doprofessoré a necessidade de ressignificaroespaçoescolar,
ganhar clarezasobre qual é de fatoo papel daescolahoje, porque serájustamenteneste
espaçosocial que o professordeveráexercersuaautoridade,que obviamentecareceráde
sentidose a própriainstituiçãonãoconseguirjustificarsuaexistência.Umsegundodesafioé o
professorconseguirse refazer,se reconstruirdepoisdesteturbilhãotodoaque foi - e ainda
está- submetido.
3.1 O PAPELDA ESCOLA E A RELAÇÃOPROFESSOR-ALUNO
Ao abordara questãodopapel daescolana sociedade e sobre aresponsabilidadedestaem
relaçãoà criação de espaçosque proporcionamoexercíciodacidadania,La Taille (1996),
considerao‘olharadmirador’dosdiasde hoje,noqual o homempós-modernoage de acordo
com a relaçãovergonha-sociedade,(jásofre astiraniasdaintimidadee seuinteresse diz
respeitoàsua personalidade, aseusafetos),parasituaro que ele denominade declíniodo
Homem-Público.
Nesse sentido,discorre sobre asconseqüênciasmorais,que estassãonaturaisa este processo
do declínio,(nãoque ohomemsejaimoral),porémconsideraque suaaçãomoral fica
relutante emassumircertosvaloresque estariamcontradizendosuabuscadeprazer,oque lhe
seriamaisautêntico.
Remetendotaisconsideraçõesàindisciplinaemsalade aulaLa Taille,(1996),desenvolve seus
pensamentossobidéiade que “Todamoral pede disciplina,mastodadisciplinanãoé moral.”
E desse modolançao seguinte questionamento:“Oque há de moral empermanecerem
silênciohorasafio,ouem fazerfila?”La Taille (1999, p.19).
Nessaperspectiva,oautorenfatizaconsideraaimportânciae a necessidade doexamedas
31. razõesde ser das normasimpostase doscomportamentosesperadossoboângulodo
enfraquecimentodarelaçãovergonha-moral,daatençãodadasomente aoque é particular,do
direcionamentodasmotivaçõesdoserhumanoaodesejo,davergonhade servelhoe parecer
joveme da desvalorizaçãodoestudoe dainstrução.
Groppa (1999, p.23), defende umalinhade pensamentocomplexaemque “[...] paraser
cidadãos,sãonecessáriossólidosconhecimentos,memórias,respeitopeloespaçopúblico, um
conjuntomínimode normasde relaçõesinterpessoais,e diálogofrancoentre olhareséticos.
Não há democraciase houvercompletodesprezopelaopiniãopública.”
Tambémas consideraçõesde Estrela(1994),vêmde encontroà concepçãohumanistade que
é a partir de relaçõesreaisque oindivíduopode aprenderalidarcom as maisdiversas
situaçõese considerandoaescolacomoum espaçoonde intencionalmente conhecimentoe
culturasão exercitados,pode-selidarcomaindisciplinae construirumnovopadrão de
disciplina.
Nestestermos,cadaescola,cadasala de aula,é um espaçohistórico-pedagógico;apesardas
modificaçõesprofundasque aescolasofreunaépocacontemporânea,existemnela,ainda,
herançasdo magistrocentrismotradicionalemque oprofessoré o donodo saber,que
resistemàmudançasdos tempose dasvontades.
Para Groppa (1996), o pontode vistapsicológicoentende o‘reconhecimentodaautoridade’
externaque é anteriorà escolarização,daíporque a queixadoseducadoressobre a
inexistência, nosujeitodanoçãode autoridade e aindaque há de se pensara estruturaescolar
juntamente comafamiliar,poissãoduasdimensõesque se articulam.
Desse modo,a educaçãonão é responsabilidadeintegral daescola,e sim, umdoseixosque
compõe todoprocesso.Entretanto,narelaçãoprofessor-aluno,que aindaexiste,percebe-sea
ênfase ànormatizaçãoindividual,esvaziandoaescolade seuobjetivomaior,que é otrabalho
de recriação do legadocultural,oque fazcom que gaste-se muitomaisenergiae tempocoma
questãodisciplinadoradoque com a tarefaepistêmicafundamental.
No entanto,parao autor, investirnumasedimentaçãomoral doalunoexigiriaumanova
posiçãoconsensual dosenvolvidossobre estainfra-estruturapsíquicae istonãoexiste.Assim,
a tarefa doprofessor,aocontrário,é bemdefinidae dizrespeitoaoconhecimentoacumulado.
De acordocom os estudosaqui apresentados,procuramosatentarparaa questãodadisciplina
e da indisciplinaemseussentidosmaisamplos,de modoque nãopairasse aidéiade visão
reducionistaentre ume outrotema.Buscamos,ainda,deixarimplícitasreflexõesacercado
papel daescolae da importânciadarelaçãoeducador-aluno,paraque afunçãodaescolase
cumpra.
Fica clara,portanto,que a indisciplinaháque servistocomo umfenômenoprópriodohomem
contemporâneoe dasimplicaçõesadvindasde seumeiosocial.
A grande questão,é que,quandose trata de observara indisciplinanocontextoescolar,mais
precisamente nasalade aula,entramemconfrontoa ótica da escola,(pautadaemuma
educaçãotradicional,que temoautoritarismocomobase),aeducaçãodemocrática
(defendidaporváriosestudiosos)e oalunoreal,freqüentadordaescolae que é frutoda
sociedade contemporâneae porissomesmo,comanseios democráticos,libertadores,
autônomos.
Desse modo,oque deve sermudadoneste conflito,é óticapelaqual adisciplinae a
indisciplinasãoobservadas.
Há então,que se ampliarasvisões,osconhecimentos,asconsiderações,osestudose as
relações,paraque professores,alunose cidadãospossaminter-relacionarem-se emuma
escolareal,comvaloresreais,e que cumpra seureal papel que é o de fornecerespaçosde
culturae de vidapara que o alunoque de lá saia,estejaprontoparapraticar a cidadania
32. apreendidadocontextoescolar.
Nessaperspectiva,e de acordocomos autoresaqui abordados,a indisciplinadeixaráde sero
motivodasdoresde cabeça dos educadores,paraatuar comoagente revolucionadore
construtordos váriosconhecimentosque oindivíduonecessitaparaviveremcomunidade e
emcomunhãoconsigoe com osoutros.
CAPÍTULOIV - A PARTICIPAÇÃODOSPAISNA EDUCAÇÃOESCOLAR(REFERENCIALTEÓRICO)
A escolapode serpensadacomoo meiodocaminhoentre a famíliae asociedade.
Neste delicadolugar,tantoafamíliaquantoà sociedade lançamolharese exigênciasàescola.
No que se refere àfamília,é necessáriodizerque ahistoriografiabrasileiranoslevaaconcluir
que não existe um“modelode família”e simumainfinidade de modelosfamiliares, com
traços emcomum,mas tambémguardandosingularidades.Épossível dizerque cadafamília
possui umaidentidade própria,trata-se naverdade,comoafirmamváriosautores,de um
agrupamentohumanoemconstante evolução,constituídocomointuitobásicode provera
subsistênciade seusintegrantese protegê-los.
Estão presentesdessamaneira,sentimentospertinentesaocotidianode qualquer
agrupamentocomoamor, ódio,ciúme,inveja,entre outros.Emrelaçãoàs expectativasda
famíliacom relaçãoà escolacom seusfilhosencontram-se váriasfantasiasfamiliarescomoo
desejode que ainstituiçãoescolar“eduque”ofilhonaquiloque afamílianãose julgacapaz,
como,por exemplo,limite e sexualidade;e que ele sejapreparadoparaobterêxito
profissionale financeiroviade regraingressandoemumaboauniversidade.
A sociedade procuraterna escolaumainstituiçãonormativaque trate de transmitiracultura,
incluindoalémdosconteúdosacadêmicos,oselementoséticose estruturais.Éapartir daí que
se constrói o currículo manifesto(escritoemseusestatutos)e ocurrículo latente (odia-a-dia).
(Outeiral apudSiqueira,2002, p.01).
Embora bemdelimitadasasdiferençasentre casae escola,passou-se abuscarmais o apoio
desta,entendendo-seaeficáciadaação normalizadoradaescolasobre crianças e jovens
quandorespaldadaspeloconhecimentoe aquiescênciadafamília.A despeitodisso,reservava-
se à escola,24 os direitossobre oconhecimentocientíficoacercadas áreasdisciplinares,como
tambémsobre aquelesque diziamrespeitoaosprocessosde aprendizagemdascriançase
adolescentes,conhecimentosestesinformadospelabiologia,psicologiae ciênciassociais
preservandoaescola,destaforma,seulugarde autoridade nogerenciamentodasquestões
pedagógico- educacionais.
Hoje vivemosumoutrotempo,bemmaiscomplexo,diversoe inquietantedoque háalgumas
décadas,a escolaenfrenta,alémdodesafiofrente aodomíniodoconhecimento,em
permanente mudança,tambémodesafiodarelaçãocomseusalunos,sejamelescrianças
pequenasoujovens.
Semdúvidaesse contextoé perspassadoporquestõesde diferentesnaturezas,entre asquais
os dilemasdodesempenhocurricularaserpropostona contemporaneidade,osimpassesda
escolhadosencaminhamentosmetodológicosmaisadequadosasrelaçõesde ensino,os
limitese possibilidadesdamanutençãode umarelaçãoprofessoralunocomqualidadee a
famíliaé consideradapeçachave nesse momentode crise.
Ao ladoda família,aescolapermanece sendoumespaçode formaçãoque deve,paratanto,
repensara suaação formadora,preocupando-se emformarseuseducadoresparaque os
mesmosreúnamrecursosque ospermitamlidarcomos conflitosinerentesaocotidiano
33. escolar.É, portanto,na escola,refletindosobre oque há para serensinadoàscriançassobre a
metodologiaque pode tornarmaiscoesaaação do conjuntodocente,que aescolapoderá
encontrarsaídas legítimasàsuperaçãodos problemasmoraise éticosque assolamoseudia-a-
dia.Nesse sentido,semabdicardolugarreservadoaoensinoformal,é precisoque osespaços
destinadosàformaçãodoseducadoresnointeriordaescoladêem, também, prioridade à
reflexãopolítico-filosóficasobre ossentidose possibilidadesdaação educacional paraque se
possa,destafeita,recuperarouconstituirumnovoideárioparaa escola.
A escolanãoé a única instânciade formaçãode cidadania.Mas,o desenvolvimentodos
indivíduose dasociedade depende cadavezmaisdaqualidade e daigualdade de
oportunidadeseducativas.Formarcidadãosnaperspectivaaqui delineadasupõe Instituições
onde se possaresgatar a subjetividade interrelacionadacomadimensãosocial doserhumano,
emque a produçãoe comunicaçãodoconhecimentoocorramatravésde práticas
participativase criativas.
Trata-se de uma instituiçãodasociedade naqual a criança atua efetivamente comosujeito
individuale social.Éum espaçoconcretoe fundamentalparaa formaçãode significadose para
o exercíciodacidadania:na medidaemque possibilitaaaprendizagemde participaçãocrítica
e criativa,contribui paraformarcidadãosque atuemna articulaçãoentre o Estadoe a
sociedade civil.Paraa família,oensinoquantomaisindividualizado,melhorparaseufilho,
poisnessaconjeturavai havera peculiaridadede melhorajudá-lose adestacá-lo.As
preocupaçõestransitam,portantonoâmbitodoprivado.Este enfoque maissocialdoque
individual,carregaobjetivoséticos,poisaescoladeve serumespaçode valorizaçãotantoda
informação,comoda formaçãode seusalunos,dentrode umaestruturacoletiva.
A escolacomoinstituiçãobuscaatravésde seuensino,que seusalunospossamassumira
responsabilidade poreste mundo,comodizArendt(apudCastro,2002):
Ultrapassaos desejosindividuaise estaresponsabilidadesó poderáadvir,atravésdo
enlaçamentoentre conhecimento,e ação,entre osabere as atitudes,entre osinteresses
individuaise sociais.A escola,comoum novomodelo,iráampliaromundodosalunos,
convidando-osaolharsuasexperiênciascomumaoutralente,que nãoa familiar,oque
alteraráos significadosjáconhecidos.A escolapúblicatemmaisfortemente,então,a
responsabilidade daapresentaçãode conceitose conteúdosherdadosde nossacultura,pois
muitascrianças sóterão acessoa estaherança, atravésde sua passagempelaescola,que deve
então,abrircaminhosde acessoà culturade maneiraigualitáriaparatodose neste sentido,
lutarcontra os privilégiosde umaclasse social.Todoeducadorenquantomediadordovínculo
entre alunoe a cultura, entre a escolae a família,estámergulhadose comprometidosnesta
rede de interessesdosdominantese dosdominados.(p.01).
Existemescolasque trabalhamvisivelmente noobjetivode reproduçãodosvalorese
ideologiasdominantes,outrastemumaposição maiscrítica,mas todas assumemposições
políticas,poisa escolhadosconteúdosaseremensinados,oestiloe ométododeste ensino,
suas regras,sua maneirade avaliar,de receberafamíliaetc.,traduzemosobjetivosdas
instituições,deixandoclarasas opçõese desvelandoseusinteressesmaisespecíficos.
Partindode um levantamentodahistóriadaparticipaçãodafamíliana educaçãovimosque os
interessesdasfamíliasforamacolhidosmaisfortemente naescolabrasileira,apartirdas
décadasde 60/70, atravésdo movimentode RenovaçãoPedagógica,que abriuumagrande
lacunapara a entradade um olharmais psicológiconoâmbitoescolar,ampliandoaatenção
com cada criança, suasescolhase desejos,seutempode aprenderentre tantos.
Enfrentamos,porém, conflitosdecorrentesdasituaçãovivida,poispassamosde umvalor
34. centradono conteúdoe no educador,paraum valorcentradona criança e emseuprocessode
aprender.Odesafiodasescolashoje é sairdosextremos,buscandovalorizartantoa
informação, comoa formação,tanto no educadorcomono educando,tantoo métodocomo
os conhecimentosacumulados,resgatandoaimportânciadogrupona construçãode conceitos
e valores.Conforme esclareceCampos(1983):
A palavrafamília,nasociedade ocidental contemporâneatemaindaparaa maioriadas
pessoas,conotaçãoaltamente impregnadaparaa maioriadaspessoas,conotaçãoaltamente
impregnadade carga afetiva.Osapologistasdoambientedafamíliacomoideal paraa
educaçãodos filhos,geralmente evidenciamo calormaternoe o amor como contribuiçãopara
o estabelecimentodoeloafetivomãe-filho,inexistentenocasode criançasinstitucionalizadas.
Um dos representantesdestepontode vistafoi Bowlby.(p.19).
A complexidade doprocessode socializaçãoé evidentee torna-se bastante expressivadentro
do processoensino-aprendizagematravésde aspectosdotipo:imitação,identificaçãoe mais
um conjuntode característicasdeterminadaspelocontextofamiliar,que irãointeragirno
desenvolvimentodacriançadentroda instituiçãoescolar.
De umamaneirageral,sobre a relaçãofamíliae educação,afirmaNérici (1972)
A educaçãodeve orientaraformação dohomempara ele podersero que é da melhorforma
possível,semmistificações,semdeformações,emsentidode aceitaçãosocial.
Assim,aação educativadeve incidirsobre arealidade pessoal doeducando,tendoemvista
explicitarsuaspossibilidades,emfunçãodasautênticasnecessidadesdaspessoase da
sociedade (...).A influênciadaFamília,noentanto,é básica e fundamental noprocesso
educativodoimaturoe nenhumaoutrainstituiçãoestáemcondiçõesde substituí-la.(...) A
educaçãopara ser autêntica,temde descerà individualização,àapreensãodaessência
humanade cada educando,embuscade suas fraquezase temores,de suasfortalezase
aspirações.(...) Oprocessoeducativodeveconduziràresponsabilidade,liberdade,críticae
participação.Educar,não como sinônimode instruir,masde formar,de terconsciênciade
seusprópriosatos.“De modogeral,instruiré dizeroque uma coisaé, e educar e dar o sentido
moral e social dousodestacoisa”.(p.12).
Por outrolado,Connel (1995) faz umaabordagememque visualizaafamíliadentrodeste
parâmetrosugerindoque arelaçãoentre professorese paisdeve serentendidacomouma
relaçãode classes.Assim,ospaisda classe dominante vêemosprofessorescomoseusagentes
pagos:capazese especialistas.Assim,esclarece Connel (1995):
A escolasecundáriaé fortementedeterminadapelomodocomoage seudiretor. Eisto
tambémé verdadeiroparaa escolaparticular,masacho que pelarazão de o diretorda escola
particularprestarcontas a um curador ou diretoria,existe maispressãosobre ele paraobter
resultadosdoque o diretordaescolasecundáriaestadual que prestacontasauma Secretaria
de Educação. A escolaparticularproduziráemmédiamelhoresdiretoresporquese estesnão
realizaremserãodespedidosouaescolairá decairmuitorapidamente.(p.126).
Entretanto,Freire (2000) evidenciaque ensinarexige compreenderque aeducaçãoé uma
formade intervençãonomundo,umatomadade posição,umadecisão,porvezes,até uma
ruptura com o passadoe o presente.Paraeste renomadopesquisadore educador,asclasses
dominantesenxergamaeducaçãocomoimobilizadorae ocultadorade verdades.
35. A educaçãoé umaforma de se intervirnomundo,dentrodestalinhade pensamentode Freire
(2000), que falade educaçãocomo intervenção.Ele se refere amudançasreaisnasociedade,
no campoda economia,dasrelaçõeshumanas, dapropriedade,dodireitoaotrabalho,aterra,
a educação,a saúde,comreferênciaàsituaçãonoBrasil e noutrospaísesda AméricaLatina.
Quantomaiscriticamente aliberdade assumaolimite necessário,tantomaisautoridade ela
tem.Eticamente falando,paracontinuarlutandoemseunome,destaformase posiciona
Freire (2000):
Gostaria umavezmais de deixarbemexpressooquantoapostona liberdade,oquantome
parece fundamental que elaexerciteassumindodecisões.(...).A liberdade amadurece no
confrontocom outrasliberdades,nadefesade seusdireitosemface daautoridade dospais,
do professore doEstado.(p.119).
Castro (2002) emrecente artigo:OCaos Institucional e aCrise da Modernidade se referemà
faltade parâmetrosquantoao papel que a escoladeve assumiremumasociedade em
permanente mudançae,emconformidadeaisto,que sentidodeveassumirapráticadocente,
quandoa própriaprodução e veiculaçãodoconhecimento,assumemformascadavezmais
fragmentáveise,muitasvezes,dissociadasde qualquersignificaçãoética,social e cultural?
Hoje,assistimosaoaprofundamentodadesagregaçãosocial que impede aconstituiçãode
qualquerconsensosobre osprincípiose valoresque deveriamregerasrelaçõesentre os
sujeitose instituições sociais,dificultandoadefiniçãode qual deve sere comodeve serforjado
nossoprojetode escolae sociedade.
(...) Otipode escolae conhecimentoque se fundacomocapitalismo,legitima-seemum
modelode arquiteturasocial voltadaàsatisfaçãodosdireitosintelectuaisde umaelite
econômica,amparadaemsólidacomposiçãofamiliarque,aprincípio,pode fornecerolastro
moral,éticoe civilizacional,necessáriosaobomdesempenhode todosaquelesque a
freqüentam.Hoje,contudo,asituaçãoé outra. A sociedade pós-industrial alterou,
significativamente,suamaneirade operare produzirmercadorias,conhecimentose valores,
afetandodiretamente aescola,afetandoseuseixosparadigmáticos,tantonoque se refere à
sua organizaçãofuncional,curricular e metodológica,quantoaosprincípioséticose
participativosque sustentamsuapráticacotidiana.Este panoramadificultaadefiniçãode
rumos,a fimde que se possadeterminarasmetasa serematingidaspelaescolanocampodos
saberes,mas,também,nocampoda participaçãodos diversossegmentosque acompõem,
principalmente dospais.( Castro,2000. p.01).
Atravessamosumaautênticasocializaçãodivergente.Vivemosnumasociedade pluralista,em
que grupossociaisdistintosdefendemmodelosde educaçãoopostos,emque se dáprioridade
a valoresdiferentese até contraditórios.Ouseja,aunidade racionalistarepresentadaporum
modelounitáriode escolaestáemcrise,emfunçãodaascensãode um paradigmaeducacional
que não pode maiscolocarpara debaixo dotapete,adiversidade sócio-cultural como
elementocentral dosconflitosque marcamaescolanosdias de hoje.
Toda estamovimentaçãonoplanosocial produzrupturasna formacomo historicamente,
algumasinstituiçõesse organizamparagerarconhecimento,condicionarhábitose impor
comportamento.Destas,asmaisafetadasforam, comcerteza,a famíliae a escola.Nãoé por
outra razão que hoje essasduasinstituiçõesse vêemcompelidasaumaaproximaçãoque,até
a algunsanos atrás,não seriapossível ou mesmodesejável.
Tradicionalmente aescolaolhouparaa famíliacom certa desconfiançae,quandonãoteve
36. alternativa,apenassuportouaparticipaçãodospaisna condiçãode ouvintescomportadosdos
relatosporelesproduzidos,acercadatrajetóriadisciplinare pedagógicadosalunos.
Raramente essaparticipaçãosuperouoslimitesde açãobeneficente,envolvendo-se coma
parte organizacional doprojetocurriculardaescola.Para a escola,a famíliafoi e é o locusde
construçãode moralidade,base indispensável paraagarantia do projetomoralizadore
civilizacional representadopelaescola.
A famíliafezdaescola,sobretudonaetapaque antecedeuamassificaçãodoprocesso
institucional,umainstituiçãoaserviçodamonopolizaçãodocapital cultural nasmãosde uma
elite econômicareproduzindo,noplanoeducativo,asdesigualdadesdocamposocial.
Assistimosaumareviravoltaneste cenáriodecorrentedacrise dosmodelosforjadospela
modernidade.Omodelode famílianuclearpredominante até meadosdadécadade 50 deu
lugara novasformasde representaçãoe organizaçãoparental comreflexosdiretosnoque
concerne às relaçõesentre paise filhos.Cresceu,vertiginosamente,onúmerode separações
entre casais,o que temprovocadoa perda de referênciasético-moraisparaumaparte
significativade jovense crianças.
Alémdisso,acrescente presençadamulhernomercadode trabalhoe sua maior
independênciadarepresentaçãode mulhervoltadaàvidadomésticae àeducação da prole
resultaramemcerta lacunacom relaçãoao desenvolvimentoafetivo,social e educacional das
novasgerações.Para completareste cenário,asmudançastecnológicasque prometiamuma
maiordisponibilidade de tempoparaque os indivíduosse dedicassemasi mesmose aos
outros,revelaram-sefalsas;otrabalhoe a velocidade cotidianasófizeramafastaraspessoas
do convíviocomunitário,isolando-as,cadavezmaise,conseqüentemente,
descompromissando-asdasresponsabilidadespúblicas,dentre asquais,destaca-seaformação
da juventude.
Os estudosrealizados,emváriospaíses,nasúltimastrêsdécadas,mostraramque,quandoos
paisse envolvemnaeducaçãodosfilhos,elesobtêmmelhoraproveitamentoescolar.De todas
as variáveisestudadas,oenvolvimentodospaisnoprocessoeducativofoi aque obteve maior
impacto,estandoesse impactopresente emtodososgrupossociaise culturais.
Quandofalamosemcolaboraçãoda escolacom os pais,estamosafalar de muitascoisas.
Desde logo,acomunicaçãoentre o professore os paisdosalunosaparece à cabeça,
constituindoaformamaisvulgare maisantigade colaboração.
Muitosprofessoresnãovãoalémdessapráticae,muitasvezes,limitam-seaseros
mensageirosdasmásnotícias.Talvez,porissomuitospaisolhemparaa escolacom um misto
de receio e de preocupação,porque sósãochamados peloprofessorquandoosfilhosrevelam
problemasde aprendizagemoude indisciplina.Mashá outrasformasde colaboração.Por
exemplo,oapoiosocial epsicológicoque aescolapode daraos alunose respectivasfamílias
atravésdos serviçosde apoiosocial escolare dosserviçosde psicologiae orientação
vocacional.Paramuitasfamíliasnolimiardapobreza,estaé a únicaforma de colaboração
conhecida.
As famíliasdaclasse médiasempre praticaramumaoutra forma de colaboração:o apoioao
estudo,emcasa.Essas famíliasapóiamosfilhosnarealizaçãodostrabalhosde casa e no
estudorecorrendo,muitasvezes,aprofessoresparticulares.Nosjardinsde infânciae nas
escolasdoensinobásico,começaa sercomum à participaçãodospaisem atividades
escolares:festas,comemoraçõese visitasde estudo.Algumasdestasformasde colaboração
têmefeitosexpressivosnamelhoriadoaproveitamentoescolardosalunos,aumentaa
motivaçãodosalunosno estudo,ajudaaque os paiscompreendammelhoroesforçodos
professores.Melhoraaimagemsocial daescola,reforçao prestígioprofissional dos
professores,ajudaospaisaseremmelhorespais.Damesmaforma,estimulaosprofessoresa
37. seremmelhoresprofessores.
Não há umaúnica maneiracorretade envolverospais.Asescolasdevemprocuraroferecer
um menuque se adapte as características e necessidadesde umacomunidade educativacada
vezmaisheterogênea.A intensidade docontatoé importante e deve incluirreuniõesgerais e
o recursoà comunicaçãoescrita,mas,sobretudoosencontrosessesagentes(escolae família).
Intensidade e diversidadeparecemserascaracterísticasmaismarcantes dosprogramas
eficazes.
Nada é piorpara o bemestare desenvolvimentodascriançase dosjovensdoque a ausência
de referênciassegurase aprivaçãodo contato continuadoe duradourocomadultos
significativos.
Quandoos pais,por motivosrelacionadoscomomercadode trabalhoe o afastamentodo
local de trabalhoda sua área de habitação, não dispõemde tempoparaestarcom os filhos,
deixando,porisso,de tomaras refeiçõesemcomum, ascrianças e os jovenssãoobrigadosa
cresceremcoma ausênciade referênciasculturaisseguras.Essaausênciade referênciasfaz
aumentara necessidade de osprofessorescriaremprogramasque aproximemasescolasdas
famílias,contribuindoparaa recriaçãode pequenascomunidadesde apoioaosalunosque
sejamumapresençaforte na vidadeles.
Quandoos valoresdaescolacoincidemcomosvaloresda família, quandonãohá rupturas
culturais,aaprendizagemocorre commaisfacilidade.Nascomunidadeshomogêneas,emque
os professorespartilhamosmesmosvalores,linguageme padrõesculturaisdospaisdos
alunos,estágarantidaa continuidade entreaescolae a família.Contudo,sãocadavezmais as
escolascompopulaçõesestudantisheterogêneas,nasquaisosprofessorese ospaistêmraízes
culturaisdiferentes,provocando,nosalunos,dificuldadesde adaptação.
Se tivermospresente amaneiracomoosalunosaprendem, torna-se evidenteàimportânciada
continuidade cultural entre aescolae as famílias.Oalunoaprende assimilandoainformação
pelaexperiênciadiretacompessoase objetos,ouseja,professores,pais,colegas,livros,
programasde televisãoe Internet.Essainformaçãoéincorporadanassuasestruturasmentais,
modificando-as,tornando-asmaiscomplexase abrangentes.Éo desejode adquirirsentido,de
tentarcompreender,que levaoalunoaaprender.
Quantomaisrico e variadoforo seu mundofamiliar,maisoportunidadesoalunoteráde
adquiririnformaçãorelevante.Osalunosmovem-se paraoestágiocognitivoque lhesestá
maispróximo,quandoreconhecemque háumadiscrepânciaentre oque experenciame o
sentidoque estãoadar as novas informações. Masograu de discrepâncianãodeve sernem
muitoelevadonemmuitoreduzido.Perante situaçõesmoderadamentediscrepantes,oaluno
reorganizaa sua estruturamental,quandodescobertasacercadodesequilíbriocognitivo,é a
necessidadedoproblemaserapropriadoacapacidade dacriança para resolvê-lo.
As afirmaçõesanterioresajudam-nosacompreenderoque acontece a umalunoque chega a
uma escolaque lhe oferece umcurrículosemcontinuidadescomasua cultura familiar.
Diferençasde linguagem,de proximidade e de distânciaentre pessoas,de formasde
tratamentoe de regrasde comportamentotornammaisdifícil que oalunosejacapazde
aplicaras suas experiênciase conhecimentospassadosàsnovasaprendizagensescolares.
Confrontadoscomgrandesdescontinuidadesentre acasae a escola,incapazesde
compreenderemaculturaescolare de aplicaremassuas experiênciaspassadasaosnovos
contextos,essesalunospodemrejeitarouignorara nova informação.Quandoissoacontece,
estãocriadas as condiçõesparaque o alunorejeite aculturaescolar.Essarejeição
podeassumirváriasformas:indisciplina,violência,abandono,passividade e resignação.Seja
qual for a forma assumidapelarejeição,ossinaisdessarejeiçãodevemserinterpretadospelo
professor,cabendolhe traçarum planode ação que incluaa comunicaçãocom os pais.
38. O envolvimentodospaisnasescolasproduzefeitospositivostantonospaiscomonos
professores,nasescolase nascomunidadeslocais.Ospaisque colaboramhabitualmente com
a escolaficammaismotivadosparase envolverememprocessosde atualizaçãoe reconversão
profissionale melhoramasuaauto-estimacomopais.
O envolvimentofamiliartraz,também, benefíciosaosprofessoresque,regrageral,sentem
que o seutrabalhoé apreciado pelospaise se esforçamparaque o grau de satisfaçãodospais
sejagrande.A escolatambémganha porque passaa disporde maisrecursoscomunitários
para desempenharassuasfunções,nomeadamente comacontribuiçãodospaisna realização
de atividadesde complementocurricular.
Quandoa escolase aproximadas famílias,registra-se umapressãopositivanosentidode os
programaseducativosresponderemàsnecessidadesdosváriospúblicosescolares.As
comunidadeslocaistambémganhamporque oenvolvimento familiarfazparte domovimento
cívico maisgeral de participaçãona vidadas comunidades,sendo,porvezes,uma
oportunidade paraospaisinterviremnosdestinosdassuascomunidadese desenvolverem
competênciasde cidadania.
Restoupara a escolaa responsabilidadede estabeleceraordemneste caose,como não lhe é
possível reorganizaroquadrofamiliar,resta-lheabrirmaisportaspara tentaruma parceria
educativacomos pais,de modoque possa instituirumanovaestabilidade,que tragade volta,
à escola,a legitimidadeque acrise da modernidade lheretirou.
Semdúvidaque este estudofazparte de uma novaetapanas relaçõesescola/família,emque
os papéisserãoreconstituídossobnovasbaseséticas,políticase culturais.
4.1 CONTEXTUALIZANDOHISTORICAMENTE
Ao longodahistóriabrasileiraafamíliaveiopassandoportransformaçõesimportantesque se
relacionadiretamente comocontextosócio-econômico-políticodopaís.
O Brasil - Colônia,marcadopelotrabalhoescravoe pelaproduçãorural para a exportação,
identifica-seummodelode famíliatradicional extensae patriarcal,noqual os casamentos
baseavam-se eminteresseseconômicos,que àmulher,eradestinadaacastidade,afidelidade
e a subserviência.Aosfilhos,consideradosextensãodopatrimôniodopatriarca.Aonascer
dificilmenteexperimentavamosabordoaconchegoe da proteçãomaterna,poiseram
amamentadose cuidadospelasamasde leite.
A partirdas últimasdécadasdoséculoXIX,identifica-se umnovomodelode família.A
Proclamaçãoda República,ofimdotrabalhoescravo,as novaspráticas de sociabilidade como
iníciodo processode industrialização,urbanizaçãoe modernizaçãodopaísconstituemterreno
fértil paraproliferaçãodomodelode famílianuclearburguesa,origináriodaEuropa.Trata-se
de uma famíliaconstituídaporpai,mães e poucosfilhos.Ohomemcontinuadetentorda
autoridade e "rei"doespaçopúblico;enquantoamulherassume umanovaposição:"rainhado
lar","rainha doespaçoprivadoda casa". Desde cedo,a meninaé educadapara desempenhar
seupapel de mãe e esposa,zelarpelaeducaçãodosfilhose peloscuidadoscomo lar.
No âmbitolegal,aConstituiçãoBrasileirade 1988, aborda a questãodafamílianos artigos
5º, 7º, 201º, 208º e 226º a 230º, trazendoalgumasinovações(artigo226) como umnovo
conceitode família:uniãoestável entre ohomeme amulher(§3º) e a comunidade formada
por qualquerdospaise seusdescendentes(§4º).E aindareconhece que:''osdireitose
deveresreferentesàsociedade conjugalsãoexercidosigualmente pelohomeme pelamulher''
(§ 5º).
Nosúltimosvinte anos,váriasmudançasocorridasnoplanosócio-político-econômico
relacionadasaoprocessode globalizaçãodaeconomiacapitalistavêminterferindona