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A educação que temos, a educação que queremos
Autor: José Gimeno Sacristán
In: A Educação no século XXI : os desafios do futuro imediato, editora Artmed
Introdução:
O futuro a partir do Presente
“Sem utopia não há educação”.
“Um aspecto essencial da educação é ser projeto”.
“Embora a educação se nutra da cultura conquistada, e seja por isso
reprodutora, ela encontra seu sentido mais moderno como projeto enquanto tem
capacidade de fazer aflorar homens e mulheres e sociedades melhores ...”
Com estas afirmações, José Gimeno Sacristán, inicia as reflexões
apresentadas neste artigo restaurando a idéia de educação como meio de
transcendência do presente. Desta forma o projeto educativo justifica-se no
reconhecimento das insatisfações do real e na projeção de suas realizações num
futuro ideal. Assim, segundo o autor, quando nos questionamos sobre qual projeto
temos para a educação, na verdade nos perguntamos quais são nossas
insatisfações hoje ?
A construção de um projeto para a educação que “deveria ter sido feita”
Da mesma forma podemos dizer que o modelo educacional que temos hoje
atende as necessidades de dois séculos atrás, que tinha por objetivo (utópico
naquele momento) oferecer educação para todos. Citando Kant, Sacristan nos
apresenta os parâmetros deste projeto iluminista :
“Pela educação homens e mulheres serão:
a) Disciplinados. Disciplinar é tentar impedir que a animalidade estenda-se
à humanidade...a disciplina é meramente a submissão da barbárie.
b) Cultivados. A cultura compreende a ilustração e o ensino...
c) É preciso que o homem e a mulher também sejam prudentes, que se
adaptem à sociedade... à civilidade.
d) É preciso dar atenção à moralização. O homem e a mulher não só
devem ser hábeis para todos os fins, mas também devem ter um critério
conforme o qual só escolham o que for bom.”
Com estes pensamentos o autor nos situa em relação ao projeto inicial para
o qual a educação foi criada nos moldes do iluminismo , definindo homem e
mulher como “cidadãos”, e não apenas como “mentes ilustradas”.
É a fé na racionalidade como justificativa da superioridade da humanidade
e de sua capacidade “civilisatória”. A utopia do renascimento supõe considerar
que homens e mulheres ilustrados , quer dizer educados, cultos e disciplinados,
nos moldes descritos, assumem qualidades que operam uma sociedade
democrática. Por isso, o objetivo de difundir a educação para todos. A escola é
entendida aqui como uma ferramenta para o progresso.
O desenvolvimento desta tese educacional iluminista propõe ainda que há
que se desenvolver uma atitude positiva para o aprender: o que a pedagogia
moderna irá compreender como aprendizagem significativa. Assim educação é
entendida como “viver a cultura” e não a como erudição.
Em suas base renascentista, a educação estava ligada à esperança de
ascensão, de surgimento de uma sociedade aberta e móvel, com a substituição
da hierarquia determinada pela origem social por outra estabelecida pelo binômio
educação-profissão.
Esta proposição estaria fundamentada no surgimento de uma concepção de
homem como um ser em construção e não mais determinado ao nascer. É
importante ressaltar, que esta idéia que hoje nos parece senso comum, é
extremamente original no mundo renascentista e possibilita um novo entendimento
das relações interpessoais, da organização da sociedade e do papel da educação
escolar neste contexto.
Sacristán identifica e descreve três níveis de atuação da escola na
formação do cidadão:
1. na configuração das subjetividades individuais: no entendimento de si mesmo
que cada indivíduo constrõe a partir de um saber;
2. nas relações interpessoais: produzindo um código de atuação interpessoais
3. na construção das relações sociais: como um critério de ordenação social em
relação à atuação política, a estruturação das classes sociais, o
desenvolvimento e a distribuição da riqueza.
Para Sacristán, é a partir deste quadro, onde função da educação se
formula, que se explica o “reconhecimento da educação no século XX como um
direito universal do homem e da mulher, e particularmente da criança, um
componente da cidadania plena”. A cultura, como acesso à educação ilustrada
dignifica o ser humano, na medida em que através da escolarização o cidadão
exerce seu direito de acesso à livre expressão, à participação política, o direito ao
trabalho nas profissões modernas , e toda a qualidade de vida proporcionada por
estes condicionantes.
A partir deste resgate filosófico, José Gimeno Sacristán reconstrói a
pertinência do projeto educacional iluminista no mundo atual, passando a buscar
uma validade singular para a escola no mundo moderno.
Os eixos de um projeto ainda válido para o futuro
 A leitura e a escrita
“A linguagem e a educação são inseparáveis”. Sacristán identifica no
domínio da linguagem a capacidade de participar da reconstrução da sociedade
a partir do desenvolvimento do pensamento abstrato, crítico e reflexivo. Para ao
autor, o exercício da leitura potencializa o indivíduo ampliando sua consciência.
Sobretudo diante das novas tecnologias computacionais que mudaram os
suportes mas valorizaram ainda mais as competências da alfabetização, saber ler
e escrever é o passaporte para participar deste novo contexto de comunicação .
“Ler muito, fazê-lo reflexivamente, entrelaçar leituras, entrar irrestritamente
no mundo escrito e Ter prazer com tudo isto são e continuarão sendo um desafio
para a educação formal. E o alicerce para a educação permanente. Os meio estão
aí, o acesso à eles depende das políticas educativas e culturais, da formação dos
professores, e dos métodos pedagógicos.”
 Acervo cultural acumulado
Para Sacristán a herança cultural, compreendida como a ciência, a
tecnologia, o conhecimento social, as artes, a literatura..., permanecem como base
para a educação formal. Em suas proposições, “educar para” só se realiza
“educando à partir de”.
 Educação que nos situe no presente diante do que nos rodeia.
As instituições educativas precisam voltar suas temáticas de estudo para os
problemas da vida cotidiana, próxima , estabelecendo uma conexão entre o
conhecer e o transformar. Tornar os indivíduos conscientes dos condicionantes
concretos de sua sobrevivência só amplia sua autonomia.
 Educação que nos possibilite enriquecer o recebido
Este princípio evidência o significado do diálogo na aprendizagem. Tanto
quanto a informação, o valor do debate , do contraste de pareceres tem sua
relevância. Também se refere à busca pela apropriação significativa do saber.
Deste ponto surgem algumas orientações:
1. Manter e estimular, a partir das primeiras experiências de aprendizagem a
liberdade, o valor da expressão de cada um, e da autonomia dos sujeitos;
2. Garantir um clima de abertura para o intercâmbio das subjetividades;
3. Entender a aprendizagem como participação, o que pressupõe um método de
construção de conhecimento;
4. Manter uma concepção não-dogmática diante do acervo de conteúdos .
Para o autor estas quatro características são fundamentais para a
educação moderna.
 A escola não pode ser substituída
As quatro características acima descritas garantem a singularidade da
Educação escolar. Para o autor a escola e o professor podem ser substituídos em
seu trabalho de informadores , mas não nas suas funções de formadores de
identidades autônomas e críticas.
 A educação como direito universal
“Na prática este direito significa dispor de instituições em quantidade
suficiente e de qualidade aceitável.” Só a educação pública pode garantir os
princípios de igualdade e solidariedade embutidos neste princípio.
Educar para o futuro sem projeto para a educação: de volta à modernidade
Depois de restabelecer os fundamentos da educação em sua origem ,
Sacristán passa a analisar as condições reais dos valores que cercam a
educação na modernidade .
Muito diferente dos tempos renascentistas, a pós-modernidade não produz
mais utopias universais. Ao contrário , o autor constata que “chegamos ao final do
século XX um tanto cansados, desorientados e desarmados de idéias-força e de
ideais impulsionadores”. Reflete-se na educação a diminuição das esperanças em
relação ao valor da escolaridade .
Sacristán salienta que a partir da década de 70, a crítica em relação à
escola recaiu sobre a incapacidade dos meios educacionais acompanharem tanto
as necessidades dos jovens e suas críticas ao autoritarismo de suas práticas,
quanto a evolução do conhecimento.
Do mesmo modo ouve desencanto quanto às promessas de mobilidade
social através da escolarização , agravadas com as crises de desemprego de
espectro planetário.
Dos intelectuais a escola sofreu acusações quanto à imposição de um
“monoculturalismo “ ligado aos padrões “colonizadores” , ignorando a riqueza de
realidades particulares. Sem falar na crítica marxista que identifica no sistema
escolar a reprodução dos meios de controle das classes dominantes através do
Estado.
Somos obrigados a evidenciar que “a educação construída no guarda-
chuva da modernidade está longe de ser libertadora” como nas teses que a
formularam”.
Todas estas insatisfações obscurecem a formulação de políticas
educativas, a projeção da qualidade escolar, o planejamento de formação dos
professores, a revisão dos currículos, a proposição de métodos educativos, as
propostas de participação dos pais e da comunidade na educação .
Para Sacristán, “os modelos de sociedade anti-utópicos das duas últimas
décadas do século XX, embora profundamente ideológicos, minaram bastante os
pressupostos do projeto moderno de educação”.
Assim, o autor questiona se há espaço para pedirmos algum projeto
educacional nas condições da pós-modernidade, ou se ainda faz sentido a
manutenção do projeto iluminista. E responde:
“Em nosso ponto de vista... necessitamos de algo a que nos agarrar;
pensamos que aquele projeto continua tendo força, embora se tenha deformado e
tenha sido mal-interpretado. O que precisamos é reconstruir o legado moderno
considerando as condições novas ...”
Para Sacristán o problema das instituições escolares reside no fato de não
terem cumprido adequadamente o programa do projeto iluminista que ainda teria
sua força porque oferece uma formação básica de qualidade, capacita para seguir
aprendendo, proporciona iniciativa e capacidade de adaptação a situações
cambiantes e ainda sugere formas prazerosas de ocupar o tempo livre,
capacitações que a vida pós-moderna impõem como necessidades
imprescindíveis.

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Sacristan, jose g., a educacao que temos

  • 1. A educação que temos, a educação que queremos Autor: José Gimeno Sacristán In: A Educação no século XXI : os desafios do futuro imediato, editora Artmed Introdução: O futuro a partir do Presente “Sem utopia não há educação”. “Um aspecto essencial da educação é ser projeto”. “Embora a educação se nutra da cultura conquistada, e seja por isso reprodutora, ela encontra seu sentido mais moderno como projeto enquanto tem capacidade de fazer aflorar homens e mulheres e sociedades melhores ...” Com estas afirmações, José Gimeno Sacristán, inicia as reflexões apresentadas neste artigo restaurando a idéia de educação como meio de transcendência do presente. Desta forma o projeto educativo justifica-se no reconhecimento das insatisfações do real e na projeção de suas realizações num futuro ideal. Assim, segundo o autor, quando nos questionamos sobre qual projeto temos para a educação, na verdade nos perguntamos quais são nossas insatisfações hoje ? A construção de um projeto para a educação que “deveria ter sido feita” Da mesma forma podemos dizer que o modelo educacional que temos hoje atende as necessidades de dois séculos atrás, que tinha por objetivo (utópico naquele momento) oferecer educação para todos. Citando Kant, Sacristan nos apresenta os parâmetros deste projeto iluminista : “Pela educação homens e mulheres serão: a) Disciplinados. Disciplinar é tentar impedir que a animalidade estenda-se à humanidade...a disciplina é meramente a submissão da barbárie. b) Cultivados. A cultura compreende a ilustração e o ensino... c) É preciso que o homem e a mulher também sejam prudentes, que se adaptem à sociedade... à civilidade. d) É preciso dar atenção à moralização. O homem e a mulher não só devem ser hábeis para todos os fins, mas também devem ter um critério conforme o qual só escolham o que for bom.” Com estes pensamentos o autor nos situa em relação ao projeto inicial para o qual a educação foi criada nos moldes do iluminismo , definindo homem e mulher como “cidadãos”, e não apenas como “mentes ilustradas”. É a fé na racionalidade como justificativa da superioridade da humanidade e de sua capacidade “civilisatória”. A utopia do renascimento supõe considerar que homens e mulheres ilustrados , quer dizer educados, cultos e disciplinados,
  • 2. nos moldes descritos, assumem qualidades que operam uma sociedade democrática. Por isso, o objetivo de difundir a educação para todos. A escola é entendida aqui como uma ferramenta para o progresso. O desenvolvimento desta tese educacional iluminista propõe ainda que há que se desenvolver uma atitude positiva para o aprender: o que a pedagogia moderna irá compreender como aprendizagem significativa. Assim educação é entendida como “viver a cultura” e não a como erudição. Em suas base renascentista, a educação estava ligada à esperança de ascensão, de surgimento de uma sociedade aberta e móvel, com a substituição da hierarquia determinada pela origem social por outra estabelecida pelo binômio educação-profissão. Esta proposição estaria fundamentada no surgimento de uma concepção de homem como um ser em construção e não mais determinado ao nascer. É importante ressaltar, que esta idéia que hoje nos parece senso comum, é extremamente original no mundo renascentista e possibilita um novo entendimento das relações interpessoais, da organização da sociedade e do papel da educação escolar neste contexto. Sacristán identifica e descreve três níveis de atuação da escola na formação do cidadão: 1. na configuração das subjetividades individuais: no entendimento de si mesmo que cada indivíduo constrõe a partir de um saber; 2. nas relações interpessoais: produzindo um código de atuação interpessoais 3. na construção das relações sociais: como um critério de ordenação social em relação à atuação política, a estruturação das classes sociais, o desenvolvimento e a distribuição da riqueza. Para Sacristán, é a partir deste quadro, onde função da educação se formula, que se explica o “reconhecimento da educação no século XX como um direito universal do homem e da mulher, e particularmente da criança, um componente da cidadania plena”. A cultura, como acesso à educação ilustrada dignifica o ser humano, na medida em que através da escolarização o cidadão exerce seu direito de acesso à livre expressão, à participação política, o direito ao trabalho nas profissões modernas , e toda a qualidade de vida proporcionada por estes condicionantes. A partir deste resgate filosófico, José Gimeno Sacristán reconstrói a pertinência do projeto educacional iluminista no mundo atual, passando a buscar uma validade singular para a escola no mundo moderno. Os eixos de um projeto ainda válido para o futuro  A leitura e a escrita “A linguagem e a educação são inseparáveis”. Sacristán identifica no domínio da linguagem a capacidade de participar da reconstrução da sociedade a partir do desenvolvimento do pensamento abstrato, crítico e reflexivo. Para ao autor, o exercício da leitura potencializa o indivíduo ampliando sua consciência. Sobretudo diante das novas tecnologias computacionais que mudaram os suportes mas valorizaram ainda mais as competências da alfabetização, saber ler e escrever é o passaporte para participar deste novo contexto de comunicação .
  • 3. “Ler muito, fazê-lo reflexivamente, entrelaçar leituras, entrar irrestritamente no mundo escrito e Ter prazer com tudo isto são e continuarão sendo um desafio para a educação formal. E o alicerce para a educação permanente. Os meio estão aí, o acesso à eles depende das políticas educativas e culturais, da formação dos professores, e dos métodos pedagógicos.”  Acervo cultural acumulado Para Sacristán a herança cultural, compreendida como a ciência, a tecnologia, o conhecimento social, as artes, a literatura..., permanecem como base para a educação formal. Em suas proposições, “educar para” só se realiza “educando à partir de”.  Educação que nos situe no presente diante do que nos rodeia. As instituições educativas precisam voltar suas temáticas de estudo para os problemas da vida cotidiana, próxima , estabelecendo uma conexão entre o conhecer e o transformar. Tornar os indivíduos conscientes dos condicionantes concretos de sua sobrevivência só amplia sua autonomia.  Educação que nos possibilite enriquecer o recebido Este princípio evidência o significado do diálogo na aprendizagem. Tanto quanto a informação, o valor do debate , do contraste de pareceres tem sua relevância. Também se refere à busca pela apropriação significativa do saber. Deste ponto surgem algumas orientações: 1. Manter e estimular, a partir das primeiras experiências de aprendizagem a liberdade, o valor da expressão de cada um, e da autonomia dos sujeitos; 2. Garantir um clima de abertura para o intercâmbio das subjetividades; 3. Entender a aprendizagem como participação, o que pressupõe um método de construção de conhecimento; 4. Manter uma concepção não-dogmática diante do acervo de conteúdos . Para o autor estas quatro características são fundamentais para a educação moderna.  A escola não pode ser substituída As quatro características acima descritas garantem a singularidade da Educação escolar. Para o autor a escola e o professor podem ser substituídos em seu trabalho de informadores , mas não nas suas funções de formadores de identidades autônomas e críticas.  A educação como direito universal “Na prática este direito significa dispor de instituições em quantidade suficiente e de qualidade aceitável.” Só a educação pública pode garantir os princípios de igualdade e solidariedade embutidos neste princípio.
  • 4. Educar para o futuro sem projeto para a educação: de volta à modernidade Depois de restabelecer os fundamentos da educação em sua origem , Sacristán passa a analisar as condições reais dos valores que cercam a educação na modernidade . Muito diferente dos tempos renascentistas, a pós-modernidade não produz mais utopias universais. Ao contrário , o autor constata que “chegamos ao final do século XX um tanto cansados, desorientados e desarmados de idéias-força e de ideais impulsionadores”. Reflete-se na educação a diminuição das esperanças em relação ao valor da escolaridade . Sacristán salienta que a partir da década de 70, a crítica em relação à escola recaiu sobre a incapacidade dos meios educacionais acompanharem tanto as necessidades dos jovens e suas críticas ao autoritarismo de suas práticas, quanto a evolução do conhecimento. Do mesmo modo ouve desencanto quanto às promessas de mobilidade social através da escolarização , agravadas com as crises de desemprego de espectro planetário. Dos intelectuais a escola sofreu acusações quanto à imposição de um “monoculturalismo “ ligado aos padrões “colonizadores” , ignorando a riqueza de realidades particulares. Sem falar na crítica marxista que identifica no sistema escolar a reprodução dos meios de controle das classes dominantes através do Estado. Somos obrigados a evidenciar que “a educação construída no guarda- chuva da modernidade está longe de ser libertadora” como nas teses que a formularam”. Todas estas insatisfações obscurecem a formulação de políticas educativas, a projeção da qualidade escolar, o planejamento de formação dos professores, a revisão dos currículos, a proposição de métodos educativos, as propostas de participação dos pais e da comunidade na educação . Para Sacristán, “os modelos de sociedade anti-utópicos das duas últimas décadas do século XX, embora profundamente ideológicos, minaram bastante os pressupostos do projeto moderno de educação”. Assim, o autor questiona se há espaço para pedirmos algum projeto educacional nas condições da pós-modernidade, ou se ainda faz sentido a manutenção do projeto iluminista. E responde: “Em nosso ponto de vista... necessitamos de algo a que nos agarrar; pensamos que aquele projeto continua tendo força, embora se tenha deformado e tenha sido mal-interpretado. O que precisamos é reconstruir o legado moderno considerando as condições novas ...” Para Sacristán o problema das instituições escolares reside no fato de não terem cumprido adequadamente o programa do projeto iluminista que ainda teria sua força porque oferece uma formação básica de qualidade, capacita para seguir aprendendo, proporciona iniciativa e capacidade de adaptação a situações cambiantes e ainda sugere formas prazerosas de ocupar o tempo livre, capacitações que a vida pós-moderna impõem como necessidades imprescindíveis.