O ano da morte de Ricardo Reis é um romance de José Saramago publicado em 1984 que narra o regresso do heterónimo de Fernando Pessoa, Ricardo Reis, a Lisboa no final de 1935. O romance mistura ficção e fatos históricos do início do regime do Estado Novo em Portugal através das observações e comentários de Reis sobre os acontecimentos políticos e sociais do país naquele período.
2. Imagem da peça
O ano da morte de Ricardo Reis,
encenada pel’A Barraca.
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3. O ano da morte de Ricardo Reis
1936
Romance ficcional com traços
de romance histórico
Romance de
Saramago
publicado
em 1984
Obra construída a partir do
princípio da intertextualidade
(relação entre textos)
Personagem principal
Heterónimo
de Fernando Pessoa
Reis é o poeta
«de espécie cética»,
em cujos versos surgem
princípios estoicos
e epicuristas
Diálogo com Fernando
Pessoa (e outros autores)
Destino do protagonista
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4. O ano da morte de Ricardo Reis
Saramago parte
dos dados biográficos
de Ricardo Reis e conta
a história do regresso
do heterónimo
a Lisboa, no fim de 1935
Criados por Pessoa
Em Lisboa, Reis
instala-se no
Hotel Bragança
Reis exilara-se
no Brasil em 1919,
por razões políticas
Arrendará casa mais tarde
Recebe visitas de
Pessoa, o «morto
que já não lê»
Lídia Marcenda
A criada
de hotel
A jovem
de boas famílias,
que sofre
de paralisia no
braço esquerdo
No Hotel Bragança,
conhece duas figuras
femininas opostas,
com nomes que
surgem nas suas odes
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6. 1936
Reis regressa a Lisboa
no final de 1935
Primeiros tempos
de ditadura em Portugal
Estado Novo
O ano da morte de Ricardo Reis
O mundo está em
mudança
A ação do romance
decorre na cidade
de Lisboa, no fim
de 1935 e ao longo
do ano de 1936
Como são introduzidas
informações históricas
no romance?
As personagens
são afetadas pelos
acontecimentos
históricos
Ricardo Reis lê
regularmente jornais
Ouve-se rádio
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8. Imagem da peça O ano da morte de Ricardo Reis, encenada pel’A Barraca.8
9. Estrutura d’O ano da morte de Ricardo Reis
Sequência de
acontecimentos
relatados por
ordem cronológica
Sequência
cronológica
linear
Narração dos
acontecimentos
interrompida
por comentários
e observações
do narrador
Digressões
«[…] eu não me vejo a usar um narrador que seja ele próprio unilinear, que
conte e que narre unilinearmente aquilo que, digamos, tem a dizer.»
José Saramago em entrevista (Revista Vértice, 1989).
Discurso do narrador
interrompido por outros discursos
Textos dos jornais
e da rádio da época —
visão crítica
do discurso oficial
(idealizado) da época
Outros textos literários —
intertextualidade
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10. «[...] um homem não vai menos
perdido por caminhar em linha reta»
«[…] o pior mal é não poder o homem
estar no horizonte que vê […]»
«verdadeira prisão é aceitar estar preso»
José Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis
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11. «[…] fala-se em digressão sempre que a dinâmica da narrativa é
interrompida para que o narrador formule asserções, comentários,
ou reflexões, normalmente de teor genérico e transcendendo
o concreto dos eventos relatados.»
Carlos Reis e Ana Cristina Lopes, Dicionário de narratologia
A digressão no romance
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12. O narrador interpreta e comenta
os acontecimentos que narra
Narração marcada pela subjetividade
A digressão no romance
• O narrador rejeita uma posição
distante e passiva em relação aos
primeiros anos do Estado Novo
• O protagonista Ricardo Reis
comenta a realidade política,
mas é dominado pela passividade
contemplativa
«e se é verdade que
na ocasião se faz o ladrão,
também se pode fazer
a revolução»
Referência à Revolução
do 25 de Abril de 1974 —
subversão da ordem
cronológica linear
«verdadeira
prisão é aceitar
estar preso»
«homem que se diz tão
despegado do mundo»
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