O documento descreve o Modernismo em Portugal entre 1910-1940, dividido em três fases: a primeira geração do Orfismo liderada por Fernando Pessoa e sua técnica da heteronímia; a segunda geração do Presencismo com foco na introspecção; e a terceira geração do Neorrealismo caracterizada pela denúncia de questões sociais.
2. Orfeu - Revista considerada o marco inicial do
Modernismo em Portugal
Foi idealizada por Fernando Pessoa e Ronald
Carvalho (brasileiro)
3. Três fases:
Primeira geração: Orfismo
Segunda geração: Presencismo
Terceira geração: Neorrealismo
4. Primeira geração: Orfismo
Ousadia e irreverência
Orfeu surgiu em 1915. Manteve os princípios do
Futurismo de Marinetti.
Texto com construção inovadora (sintaxe)
Escandaliza os conservadores
Ausência de métrica
Desprezo pelo uso da razão
Valorização do subconsciente
5. Fernando Pessoa: o poeta de múltiplas faces
Utiliza um recurso inovador: a heteronímia
(Nome falso, outro nome, que representa outra
pessoa criada pelo artista)
Ele escreve como:
Ele mesmo
Alberto Caeiro
Álvaro de Campos
Ricardo Reis
6. Épico Mensagem
Ortônimo Cancioneiro Fernando Pessoa –
Poemas Franceses Literato
Lírico
Poemas Ingleses
Traduções
Textos em Prosa
Ricardo Reis – o médico -
Odes
Clássico
Álvaro de Campos - o
Heterônimos Poesias engenheiro –
Ficções de Moderno/Revolucionário
Interlúdio
Inter-ludus O Guardador de
Rebanhos Alberto Caeiro – o homem
O Pastor Amoroso do campo
Poemas Inconjuntos
7. Sistema heteronímico/ abarcar o mundo
pólo da + objetividade - sensação
ALBERTO CAEIRO
presente/simplicidade/cultura
elementar/campo.
RICARDO REIS
passado/classicizante/cultura
humanística/formal
ÁLVARO DE CAMPOS
presente/cidade//conflitos
modernos, crises
pólo da + subjetividade - pensar
8. O próprio Fernando Pessoa escreveu:
Criei em mim várias personalidades. Crio personalidades
constantemente. Cada sonho meu é imediatamente, logo ao
aparecer sonhado, encarnado numa outra pessoa, que passa a
sonhá-lo, e eu não. [...] Sou a cena viva onde passam vários
atores representando várias peças. (Desassossego)
10. Os três heterônimos (Alberto
Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de
Campos) e “O Menino da sua Mãe"
Desenho a esferográfica de Almada
Negreiros
11. Alberto Caeiro
Pretenso mestre dos outros heterônimos. Caeiro
pretende surgir-nos como um homem de visão
ingênua, instintiva, gostosamente entregue à
infinita variedade do espetáculo das sensações,
principalmente visuais, por hipótese desfrutáveis
por um rural clássico reinventado.
12. Álvaro dos Campos
Engenheiro naval "franzino e civilizado", o mais
fecundo e versátil heterônimo de Fernando Pessoa,
é também o mais nervoso e emotivo, que por
vezes vai até à histeria.
Álvaro de Campos é o futurista da exaltação da energia , da
velocidade e da força da civilização mecânica do futuro,
patentes na "Ode Triunfal".
É o sensacionalista que pretende "sentir tudo de todas as
maneiras", ultrapassar a fragmentaridade numa "histeria de
sensações".
13. Poema em Linha Reta
.....
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
14. Ricardo Reis
De formação clássica, "pagão por caráter", segue
Caeiro no amor da vida rústica, junto da natureza.
Mas, enquanto o Mestre, menos culto e complicado é (ou
pretende ser) um homem franco, alegre.
Reis é um ressentido que sofre e vive o drama da
transitoriedade doendo-lhe o desprezo dos deuses. Afligem-no
a imagem antecipada da Morte e a dureza do Fado.
15. Outros autores
Almada Negreiros – artista eclético
Mário de Sá-Carneiro – conflito interior
16. Segunda geração: presencismo
Revista Presença: apregoava a libertação do
academicismo e a prática de uma arte mais original.
Introspecção
A arte deveria expressar o individual em lugar do
coletivo e o psicológico e o intuitivo deveria estar acima
do racional.
17. Representantes
José Régio
Tema recorrente em suas obras: o conflito entre Deus e
o homem.
João Gaspar Simões
Divulgou os autores da primeira geração, levando o
público a uma maior compreensão deles.
18. Terceira geração: Neorrealismo
Características:
expor questões sociais preocupantes, como a injustiça, a
luta de classes e os conflitos gerados pelos sistemas de
governo vigentes.
O texto neorrealista português apresenta alguma
semelhança com a literatura brasileira no que diz respeito
à denúncia das injustiças sociais.
19. Autores
Alves Redol
Obra: Gaibéus: retrata a situação dos camponeses
nos arrozais.
Ferreira de Castro
Viveu no Brasil. Trabalhou nos seringais na Amazônia,
em condições de semiescravidão.
Obra mais importante: A selva
20. Jorge de Sena
Viveu situações de conflito geradas pela Guerra Civil
Espanhola. Ele refletiu em seus poemas o trauma eu
marcou a sua infância.
Morou no Brasil e depois nos EUA. Seus escritos são
marcados pelo desassossego de um mundo em constante
turbulência.
Obras mais importantes: O indesejado (1945) e As
evidências (poema, 1955)