2. Biografia
• Murilo Mendes (1901-1975) nasceu em Juiz de
Fora, Minas Gerais, onde fez os estudos
secundários. Foi bancário, inspetor de ensino e
funcionário da Justiça, antes de se mudar para
Europa, em 1953. Ali trabalhou como professor
de literatura brasileira, lecionando em vários
países, como: Bélgica, Holanda, Itália, Espanha e
Portugal, nos quais conheceu artistas de quase
todo o mundo. Não gostava de pertencer a
grupos fechados, e por isso era um franco
atirador, que seguia apenas uma lógica interna, e
experimentava com as diversas tendências .
3. • Visto no Brasil como escritor difícil. O
estranhamento que sua poesia provoca deve-se à
linguagem fragmentada, às imagens insólitas, à visão
messiânica do mundo e à simbologia própria.
• Considerado por alguns como o principal
representante da poesia surrealista no Brasil, Murilo
Mendes é autor de uma obra que está longe de
poder receber uma classificação taxativa . Ela é o
resultado das múltiplas experiências pelas quais o
autor passou: o cristianismo, o surrealismo, a poesia
social, o neobarroquismo e o experimentalismo
linguístico.
4.
5. Principais Características de
suas obras
• Murilo Mendes iniciou-se na literatura escrevendo
nas revistas modernistas Terra Roxa, Outras
Terras e Antropofagia.
• Sua obra de estreia foi Poemas, publicada em 1930:
a dilaceração do eu em conflito, a presença
constante de metáforas e símbolos, a inclinação para
o surrealismo e os contrastes entre abstrato e
concreto, lucidez e delírio, realidade e mito.
• Em 1930, Murilo escreveu a obra Bumba-meu
poeta, publicada em 1959: tomou contato com o
marxismo, que demonstra solidariedade para com a
base operaria.
6. • Em 1932, publicou História do Brasil: uma obra de fundo
nacionalista, que retrata nossa história sob um ponto de
vista ufanista-irônico.
• Logo depois foi publicada a obra Visionário: em que se
observa muitas sugestões surrealistas, em meio a uma
acentuada atmosfera onírica.
• Tempo e Eternidade (1935) marca a conversão de Murilo
Mendes ao catolicismo. Nesse livro, os elementos
humorísticos diminuem e os valores visuais do texto são
acentuados. Foi escrito em colaboração com o
poeta Jorge de Lima. Cria, assim, um conceito particular
de religiosidade, unido à arte e a um senso prático da
vida, erotismo, democracia e socialismo. Tem como
exemplo este poema:
7. Filiação
Eu sou da raça do Eterno.
Fui criado no princípio
E desdobrado em muitas gerações
Através do espaço e do tempo.
Sinto-me acima das bandeiras,
Tropeçando em cabeças de chefes.
Caminho no mar, na terra e no ar.
Eu sou da raça do Eterno,
Do amor que unirá todos os homens:
Vinde a mim, órfãos da poesia,
Choremos sobre o mundo mutilado.
8. • Em 1954, foi publicada a obra Contemplação de Ouro
Preto, em que Murilo Mendes alterou sua linguagem e
suas preocupações, reportando-se às velhas cidades
mineiras e sua atmosfera.
• Em suas ultimas obras Siciliana, Tempo Espanhol,
Convergência são frequentes os neologismos, a
exploração dos sinais gráficos e do espaço da página, a
construção assintática, a oposição fonético-semântica e
outros procedimentos de pesquisa linguística. Por
exemplo:
Astronave
Astroneve
Astronive
Astronovo
Astronuvem
Astronável
9. Obras de Murilo Mendes
• Poemas, 1930
• História do Brasil, 1932
• Tempo e Eternidade, 1935 (em
colaboração com Jorge de Lima)
• A Poesia em Pânico, 1938
• O Visionário, 1941
• As Metamorfoses, 1944
• O Discípulo de Emaús, prosa,
1944
• Mundo Enigma, 1945
• Poesia Liberdade, 1947
• Janela do Caos, 1948
• Contemplação de Ouro Preto,
1954
• Poesias, 1959
• Tempo Espanhol, 1959
• Poliedro, 1962
• Idade do Serrote, memórias,
1968
• Convergência, 1972
• Retrato Relâmpago, 1973
• Ipotesi, 1977
• A Invenção do Finito, 2002,
póstuma
• Janelas Verdes, 2003, póstuma
10. Obra principal: A poesia em Pânico
Poema Espiritual
Eu me sinto um fragmento de Deus
Como sou um resto de raiz
Um pouco de água dos mares
O braço desgarrado de uma constelação.
A matéria pensa por ordem de Deus,
Transforma-se e evolui por ordem de Deus.
A matéria variada e bela
É uma das formas visíveis do invisível.
Cristo, dos filhos do homem és o perfeito.
Na Igreja há pernas, seios, ventres e cabelos
Em toda a parte, até nos altares.
Há grandes forças de matéria na terra no mar e no ar
Que se entrelaçam e se casam reproduzindo
Mil versões dos pensamentos divinos.
A matéria é forte e absoluta, sem ela não há poesia.