2. ARCADISMO
marcos literários
1768 1836
Obras,
Cláudio
Manuel
da
Costa
Suspiros
poé-cos
e
saudades,
G.
de
Magalhães
livro
de
sonetos
à
moda
camoniana
obra
pouco
consistente
perfeição
formal
e
temá9ca
neoclássica
seu
valor
é
mais
histórico
do
que
literário
[bucolismo,
fugere
urbem,
aurea
mediocritas...]
na9vismo,
religiosidade,
subje9vismo
3. ETIMOLOGIA
literatura colonial
arcadismo
A
arcádia
era
uma
região
montanhosa
onde
habitavam
deuses
e
pastores,
que
celebravam
constantemente
o
amor
e
prazer
e
cul9vavam
o
ideal
de
vida
simples
e
natural.
neoclassicismo
O
ambiente
árcade
[grego]
foi
resgatado
primeiramente
pelos
escritores
do
Classicismo
renascen9sta
e
depois
pelos
poetas
do
século
XVIII
[Neoclassicismo].
4. ASPECTOS FORMAIS
arcadismo
vocabulário simples;
frases na ordem direta;
poucas figuras de linguagem;
preferência pelo metro decassílabo e por formas clássicas.
5. ASPECTOS TEMÁTICOS
arcadismo
pastoralismo;
bucolismo;
aurea mediocritas;
fugere urbem;
locus amoenus;
mito do bom selvagem;
carpe diem;
convencionalismo amoroso;
influência da mitologia greco-latina.
6. TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA
lirismo e participação
LIVROS
MARÍLIA DE DIRCEU CARTAS CHILENAS
[lirismo amoroso] [lirismo social]
poemas
líricos
que
celebram
a
amada
e
o
amor
poema
saOrico
estruturado
em
13
cartas
notações
biográficas
Cri9lo
envia
as
cartas
a
seu
amigo
Doroteu
[namoro,
prisão,
degredo]
c/
a
métrica
semelhante
à
da
epopeia,
as
Cartas
segue
as
convenções
poé9cas
do
Arcadismo
cri9cam
os
desmandos
do
Fanfarrão
Minésio
8. FRAGMENTO DE CARTAS CHILENAS
Tomás Antônio Gonzaga
Soberbo
e
louco
chefe,
que
proveito
Tiraste
em
gastar
em
frias
festas
Imenso
cabedal,
que
o
bom
Senado
Devia
consumir
em
coisas
santas?
Suspiram
pobres
amas
e
padecem
Crianças
inocentes,
e
tu
podes
Com
rosto
enxuto
ver
tamanhos
males?
Embora!
Sacrifica
ao
próprio
gosto
As
fortunas
dos
povos
que
governas;
Virá
dia
em
que
mão
robusta
e
santa,
Depois
de
cas9gar-‐nos
se
condoa
E
lance
na
fogueira
as
varas
torpes.
Então
rirão
aqueles
que
choraram,
Então
talvez
que
chores,
mas
debalde,
Que
suspiros
e
prantos
nada
lucram
A
quem
os
guarda
para
muito
tarde.
GONZAGA,
Tomás
Antônio.
Cartas
chilenas.
São
Paulo:
Á9ca,
1996.
sá9ra:
referência
crí9ca
ao
contexto
histórico
de
fins
do
século
XVIII
apesar
do
tom
contestatório,
não
se
ques9ona
o
pacto
colonial
[versos
11
e
12]
10. MARÍLIA DE DIRCEU: PARTE I
o lirismo amoroso de Tomás Antônio Gonzaga
Tu,
Marília,
agora
vendo
Do
Amor
o
lindo
retrato
Con9go
estarás
dizendo
Que
é
este
o
retrato
teu.
Sim,
Marília,
a
cópia
é
tua,
Que
Cupido
é
Deus
suposto:
Se
há
Cupido,
é
só
teu
rosto
Que
ele
foi
quem
me
venceu.
poeta
cheio
de
esperanças
fazendo
projetos
conjugais
convencionalismo
amoroso,
presença
da
mitologia,
bucolismo;
sen9mentos
enquadrados
nas
convenções
mitológicas
árcades.
forma:
oitavas
com
versos
heptassílabos
11. MARÍLIA DE DIRCEU: PARTE I
o lirismo amoroso de Tomás Antônio Gonzaga
Os
teus
olhos
espalham
luz
divina,
A
quem
a
luz
do
Sol
em
vão
se
atreve;
Papoula,
ou
rosa
delicada,
e
fina,
Te
cobre
as
faces,
que
são
cor
de
neve.
Os
teus
cabelos
são
uns
fios
d'ouro;
Teu
lindo
corpo
bálsamos
vapora.
Ah!
não,
não
fez
o
Céu,
gen9l
Pastora,
Para
glória
de
Amor
igual
tesouro.
Graças,
Marília
bela,
Graças
à
minha
Estrela!
engajamento
no
convencionalismo
amoroso
árcade
Marília,
morena
de
cabelos
negros,
é
apresentada
segundo
padrões
esté9cos
europeus
[a
amada
aparece
nívea,
de
cabelos
longos
e
loiros]
forma:
decima
com
decassílabos
e
hexassílabos.
12. MARÍLIA DE DIRCEU: PARTE I
o lirismo amoroso de Tomás Antônio Gonzaga
Já
viste,
minha
Marília,
Avezinhas,
que
não
façam
Os
seus
ninhos
no
verão?
Aquelas,
com
quem
se
enlaçam,
Não
vão
cantar-‐lhes
defronte
De
mole
pouso,
em
que
estão?
Todos
amam:
só
Marília
Desta
Lei
da
Natureza
Queria
ter
isenção?
Se
os
peixes,
Marília,
geram
As
grandes
Deusas
do
Céu
Desiste,
Marília
bela,
Nos
bravos
mares,
e
rios,
Sentem
a
seta
9rana
De
uma
queixa
sustentada
Tudo
efeitos
de
Amor
são.
Da
amorosa
inclinação.
Só
na
al9va
opinião.
Amam
os
brutos
ímpios,
Diana,
com
ser
Diana,
Esta
chama
é
inspirada
A
serpente
venenosa,
Não
se
abrasa,
não
suspira
Pelo
Céu;
pois
nela
assenta
A
onça,
o
9gre,
o
leão.
Pelo
amor
de
Endimião?
A
nossa
conservação.
Todos
amam:
só
Marília
Todos
amam:
só
Marília
Todos
amam:
só
Marília
Desta
Lei
da
Natureza
Desta
Lei
da
Natureza
Desta
Lei
da
Natureza
Queria
ter
isenção?
Queria
ter
isenção?
Não
deve
ter
isenção.
forma:
ausência
de
figuras
–
linguagem
clara,
límpida
e
direta
conteúdo:
por
intermédio
de
imagens
delicadas,
extraídas
da
natureza,
o
poeta
fala
de
seu
amor
13. MARÍLIA DE DIRCEU: PARTE I
o lirismo amoroso de Tomás Antônio Gonzaga
Eu,
Marília,
não
sou
algum
vaqueiro,
Eu
vi
meu
semblante
numa
fonte,
Que
viva
de
guardar
alheio
gado;
Dos
anos
inda
não
está
cortado:
De
tosco
trato,
d expressões
grosseiro,
Os
Pastores,
que
habitam
este
monte,
Dos
frios
gelos,
e
dos
sóis
queimado,
Respeitam
o
poder
do
meu
cajado:
Tenho
próprio
casal,
e
nele
assisto;
Com
tal
destreza
toco
a
sanfoninha,
Dá-‐me
vinho,
legume,
fruta,
azeite;
Que
inveja
até
me
tem
o
próprio
Alceste:
Das
brancas
ovelhinhas
9ro
o
leite,
Ao
som
dela
conserto
a
voz
celeste;
E
mais
as
finas
lãs,
de
que
me
visto.
Nem
canto
letra,
que
não
seja
minha.
Graças,
Marília
bela,
Graças,
Marília
bela,
Graças
à
minha
Estrela!
Graças
à
minha
Estrela!
engajamento
no
convencionalismo
amoroso
árcade
pastoralismo,
bucolismo,
carpe
diem
forma:
decima
com
decassílabos
e
hexassílabos.
15. MARÍLIA DE DIRCEU: PARTE II
o lirismo amoroso de Tomás Antônio Gonzaga
Tu,
Marília,
se
ouvires
Que
diante
de
teu
rosto
aflito
O
meu
nome
se
ultraja
Co'o
suspeito
delito,
Dize
severa,
assim,
em
meu
abono:
Não
toma
as
armas
contra
um
certo
justo
Alma
digna
de
um
trono.
dias
na
masmorra:
longe
da
pastora
amada,
o
locutor
curte
a
amargura
afastamento
da
amada,
co9diano
terrível
da
prisão
[fusão
do
lírico
com
o
biográfico]
16. MARÍLIA DE DIRCEU: PARTE II
o lirismo amoroso de Tomás Antônio Gonzaga
Deixo
a
cama
ao
romper
d'alva;
O
meio
dia
tem
dado
E
cabelo
inda
flutua
Pelas
costas
desgrenhado.
Não
tenho
valor,
não
tenho
Nem
para
de
mim
cuidar.
Vem
um
tabuleiro
entrando
De
vários
manjares
cheio.
Põe-‐se
na
mesa
a
toalha
E
eu
pensa9vo
passeio.
De
todo,
o
comer
esfria
Sem
nele
poder
tocar.
dias
na
masmorra:
longe
da
pastora
amada,
o
locutor
curte
a
amargura
afastamento
da
amada,
co9diano
terrível
da
prisão
[fusão
do
lírico
com
o
biográfico]
17. MARÍLIA DE DIRCEU: PARTE II
o lirismo amoroso de Tomás Antônio Gonzaga
Assim
vivia...
Hoje
os
suspiros
O
canto
mudo;
Assim,
Marília,
Se
acaba
tudo.
diante
da
impossibilidade
de
se
ter
a
amada,
surge
a
melancolia
sen9mentos
pré-‐român9cos:
melancolia,
saudade,
tristeza
18. MARÍLIA DE DIRCEU: PARTE II
o lirismo amoroso de Tomás Antônio Gonzaga
A
quanto
chega
A
pena
forte!
Pesa-‐me
a
vida,
Desejo
a
morte,
A
Jove
acuso,
Maldigo
a
sorte,
Trato
a
Cupido
Por
um
traidor.
Eu
já
não
sofro
A
viva
dor.
diante
da
impossibilidade
de
se
ter
a
amada,
surge
a
melancolia
paradoxo:
sen9mentalismo
pré-‐român9co
x
convenção
mitológica
árcade.
19. MARÍLIA DE DIRCEU: PARTE II
o lirismo amoroso de Tomás Antônio Gonzaga
Ah!
minha
Bela;
se
a
Fortuna
volta,
Se
o
bem,
que
já
perdi,
alcanço,
e
provo;
Por
essas
brancas
mãos,
por
essa
faces
Te
juro
renascer
um
homem
novo;
Romper
a
nuvem,
que
os
meus
olhos
cerra,
Amar
no
Céu
a
Jove,
e
a
9
na
terra.
diante
da
impossibilidade
de
se
ter
a
amada,
surge
a
melancolia
paradoxo:
sen9mentalismo
pré-‐român9co
x
convenção
mitológica
árcade.
21. MARÍLIA DE DIRCEU: PARTE III
o lirismo amoroso de Tomás Antônio Gonzaga
Tu
não
verás,
Marília,
cem
ca9vos
Verás
em
cima
da
espaçosa
mesa
Tirarem
o
cascalho,
e
a
rica,
terra,
Altos
volumes
de
enredados
feitos;
Ou
dos
cercos
dos
rios
caudalosos,
Ver-‐me-‐ás
folhear
os
grande
livros,
Ou
da
minada
serra.
E
decidir
os
pleitos.
Não
verás
separar
ao
hábil
negro
Enquanto
revolver
os
meus
consultos.
Do
pesado
esmeril
a
grossa
areia,
Tu
me
farás
gostosa
companhia,
E
já
brilharem
os
granetes
de
ouro
Lendo
os
fatos
da
sábia
mestra
história,
No
fundo
da
bateia.
E
os
cantos
da
poesia.
Não
verás
derrubar
os
virgens
matos;
Lerás
em
alta
voz
a
imagem
bela,
Queimar
as
capoeiras
ainda
novas;
Eu
vendo
que
lhe
dás
o
justo
apreço,
Servir
de
adubo
à
terra
a
fér9l
cinza;
Gostoso
tornarei
a
ler
de
novo
Lançar
os
grãos
nas
covas.
O
cansado
processo.
Não
verás
enrolar
negros
pacotes
Se
encontrares
louvada
uma
beleza,
Das
secas
folhas
do
cheiroso
fumo;
Marília,
não
lhe
invejes
a
ventura,
Nem
espremer
entre
as
dentadas
rodas
Que
tens
quem
leve
à
mais
remota
idade
Da
doce
cana
o
sumo.
A
tua
formosura.
no
exílio,
o
poeta
se
recorda
dos
dias
felizes
que
vivera
ao
lado
da
amada
volta
o
caráter
solar,
o9mista,
da
poesia
gonzagueana
forma:
a
estrutura
será
extremamente
irregular
[sonetos,
quadras,
liras...]
23. DESVIOS TEMÁTICOS
o lirismo amoroso de Tomás Antônio Gonzaga
Ornemos
nossas
testas
com
as
flores,
E
façamos
de
feno
um
brando
leito;
Prendamo-‐nos,
Marília,
em
laço
estreito,
Gozemos
do
prazer
de
sãos
Amores.
Sobre
as
nossas
cabeças,
Sem
que
o
possam
deter,
o
tempo
corre;
E
para
nós
o
tempo,
que
se
passa,
Também,
Marília,
morre.
desvio
sensual
o
amor
é
tratado
de
forma
direta,
contrariamente
ao
que
pregam
as
convenções
árcades