SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 78
O ARCADISMOO ARCADISMO
ARCADISMO
É UMA ESCOLA
LITERÁRIA SURGIDA
NA EUROPA NO
SÉCULO VXIII.
ORIGEM DO NOME ARCADISMO
O NOME ARCADISMO
PROVÉM DA PALAVRA
ARCÁDIA, REGIÃO BUCÓLICA
DA GRÉCIA, HABITADA POR
PASTORES E TIDA COMO
IDEAL DE INSPIRAÇÃO
POÉTICA.
A ARCÁDIA TEM RELEVO
MONTANHOSO E ERA
VISTA COMO UM
LUGAR ESPECIAL EM QUE
OS HABITANTES
ASSOCIAVAM O
TRABALHO À POESIA,
CANTANDO O PARAÍSO
RÚSTICO EM QUE VIVIAM.
Nicolau Poussin (1594-1665): Et in Arcadia ego.
O ARCADISMO É
TAMBÉM
CHAMADO DE
SETECENTISMO E
NEOCLASSICISMO.
SETECENTISMO
POR QUE OCORREU
NO SÉCULO XVIII.
(1700-1799)
NEOCLASSICISMO
PORQUE O ARCADISMO É
UMA VOLTA À
ANTIGUIDADE CLÁSSICA
GRECO-ROMANA,
PROPONDO-SE A EXPLORAR
A ESTÉTICA DESTA ÉPOCA E
TAMBÉM A DO
RENASCIMENTO, NO
SÉCULO XVI.
PERIODIZAÇÃO DA LITERATURA BRASILEIRA
MARCO INICIAL:
PUBLICAÇÃO DAS "OBRAS POÉTICAS",
DE CLÁUDIO MANUEL DA
COSTA.
MARCO FINAL:
PUBLICAÇÃO DO LIVRO DE POEMAS
SUSPIROS POÉTICOS E SAUDADES,
DE GONÇALVES DE MAGALHÃES, EM 1836.
(ROMANTISMO)
ANTROPOCENTRIS
MO
X
TEOCENTRISMO
HOMEM NÃO SABE
SE APROVEITA A
VIDA OU SE SEGUE A
DEUS.
AMBIENTE
SOMBRIO
EXESSO, EXAGERO
VIDA CAMPESTRE
RESTAURAÇÃO DO
EQUILÍBRIO
ANTIGUIDADE CLÁSSICA
ILUMINISMO
USO DA RAZÃO
APROVEITAR A VIDA
SENTIMENTOS UNIVERSAIS
CONTEXTO HISTÓRICO NA EUROPA E NA
AMÉRICA DO NORTE.
EM TODA EUROPA HAVIA INFLUÊNCIAS DO
PENSAMENTO ILUMINISTA
O ILUMINISMO
O ILUMINISMO OU ESCLARECIMENTO
FOI UM MOVIMENTO CULTURAL QUE
PROCUROU MOBILIZAR O PODER DA
RAZÃO.
“PENSO, LOGO EXISTO!” (RENNÉ DESCARTES)
O ILUMINISMO
DOMÍNIO DA RAZÃO SOBRE A VISÃO TEOCÊNTRICA;
ILUMINAR AS TREVAS EM QUE SE ENCONTRAVA A
SOCIEDADE.
O SÉCULO DAS LUZES
É A DENOMINAÇÃO QUE SE DEU AO SÉCULO XVIII PELA
POSTURA MENTAL DE OPOSIÇÃO AO OBSCURANTISMO DO
SÉCULO ANTERIOR E PELA ADOÇÃO DO PROGRESSO, DO
SABER, DA CIÊNCIA E DA RAZÃO COMO FUNDAMENTOS
DO BEM-ESTAR SOCIAL.
PENSADORES ILUMINISTASPENSADORES ILUMINISTAS
INFLUENTESINFLUENTES
JOHN LOCKE:
VOLTAIRE:
LIBERDADE DO PENSAMENTO
JEAN-JACQUES ROUSSEAU
ESTADO DEMOCRÁTICO/IGUALDADE.
MONTESQUIEU:
DIVISÃO DO PODER EM EXECUTIVO, LEGISLATIVO
E JUDICIÁRIO.
A REVOLUÇÃO FRANCESA
Revolução Francesa é o nome dado ao conjunto de acontecimentos que, entre 5 de maio de 1789 e 9 de novembro de 1791,
alteraram o quadro político e social da França. Ela começa com a convocação dos Estados Gerais e a Queda da Bastilha e se
encerra com o golpe de estado do 18 de brumário de Napoleão Bonaparte.
O ILUMINISMO FOI MAIS
INTENSO NA FRANÇA,
ONDE INFLUENCIOU A
REVOLUÇÃO FRANCESA
ATRAVÉS DE SEU LEMA:
LIBERDADE, IGUALDADE E
FRATERNIDADE.
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL.
A Revolução Industrial consistiu em um conjunto de mudanças tecnológicas com profundo impacto no processo produtivo em
nível econômico e social. Iniciada no Reino Unido em meados do século XVIII, expandiu-se pelo mundo a partir do século XIX.
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL.
PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA DAS
13 COLÔNIAS INGLESAS
(INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA).
4 de julho de 1776
CONTEXTO HISTÓRICO NO BRASIL.
NO BRASIL, VIVE-SE O MOMENTO DA EXPLORAÇÃO
DE MINÉRIOS, PRINCIPALMENTE DO OURO, EM
MINAS GERAIS (MINERAÇÃO)
VILA RICA, ATUAL OURO PRETO, ERA A REGIÃO DE
ONDE MAIS SE EXTRAÍA OURO.
• VILA RICA, ATUAL OURO PRETO.
INTERIOR DE IGREJA EM OURO PRETO.
O Brasil sofria com os abusos políticos e com a
cobrança de altas taxas e impostos.Os
brasileiros que encontravam ouro deviam
pagar o quinto, ou seja, vinte por cento de todo
ouro encontrado acabava nos cofres
portugueses.
INCONFIDÊNCIA MINEIRA
Inconfidência significa a falta de 
fidelidade ou lealdade para com alguém, 
principalmente com o Estado ou com um 
representante de uma soberania.
INCONFIDÊNCIA MINEIRA
A Inconfidência Mineira, também referida como Conjuração Mineira, foi uma tentativa de revolta de natureza
separatista ocorrida na então capitania de Minas Gerais contra o domínio português.
LÍDER DA INCONFIDÊNCIA:
JOAQUIM JOSÉ DA SILVA XAVIER
(TIRADENTES)
O HEROI QUE SONHOU COM A
LIBERDADE
OS INCONFIDENTES
O grupo, liderado pelo alferes Joaquim José da Silva Xavier, era formado pelos poetas Tomas Antonio Gonzaga e Cláudio Manuel
da Costa, o dono de mina Inácio de Alvarenga, o padre Rolim, entre outros representantes da elite mineira.
OBJETIVOS DOS INCONFIDENTES
OBTER A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
EM RELAÇÃO A PORTUGAL.
IMPLANTAR UMA REPÚBLICA
NO BRASIL.
OS INCONFIDENTES
CHEGARAM A DEFINIR ATÉ
MESMO UMA NOVA
BANDEIRA PARA O BRASIL.
ELA SERIA COMPOSTA POR
UM TRIANGULO
VERMELHO NUM FUNDO
BRANCO, COM A
INSCRIÇÃO EM LATIM:
LIBERTAS QUAE SERA
TAMEN (LIBERDADE AINDA
QUE TARDIA).
OS INCONFIDENTES
HAVIAM MARCADO O
DIA DO MOVIMENTO
PARA UMA DATA EM
QUE A DERRAMA SERIA
EXECUTADA. DESTA
FORMA, PODERIAM
CONTAR COM O APOIO
DE PARTE DA
POPULAÇÃO QUE
ESTARIA REVOLTADA.
A DERRAMA
Imposto cobrado para complementar os débitos que os mineradores acumulavam junto à Coroa Portuguesa.
Considerado abusivo, esse imposto tinha muita rejeição pelos mineradores. Era uma prática opressora e injusta, onde em uma
data específica divulgado por Portugal, cada região de exploração deveria entregar para a metrópole portuguesa cerca de 1.500
quilos de ouro por ano. Caso não alcançassem este objetivo mínimo, soldados da Coroa portuguesa invadiam todas as casas
daquela comunidade e recolhiam os bens das famílias até cumprir o valor devido.
PORÉM, UM DOS
INCONFIDENTES,
JOAQUIM SILVÉRIO DOS
REIS, DELATOU O
MOVIMENTO PARA AS
AUTORIDADES
PORTUGUESAS, EM
TROCA DO PERDÃO DE
SUAS DÍVIDAS COM A
COROA.
TODOS OS INCONFIDENTES FORAM PRESOS, ENVIADOS PARA A CAPITAL (RIO
DE JANEIRO) E ACUSADOS PELO CRIME DE INFIDELIDADE AO REI. ALGUNS
INCONFIDENTES GANHARAM COMO PUNIÇÃO O DEGREDO PARA A ÁFRICA E
OUTROS UMA PENA DE PRISÃO. PORÉM, TIRADENTES, APÓS ASSUMIR A
LIDERANÇA DO MOVIMENTO, FOI CONDENADO A FORCA EM PRAÇA PÚBLICA.
EM 21 DE ABRIL DE 1792,
TIRADENTES PERCORREU O
TRAJETO, CHEGANDO À
CADEIA PÚBLICA DA REGIÃO,
FOI ENFORCADO APÓS A
LEITURA DE SUA SENTENÇA
CONDENATÓRIA.
ALÉM DE ENFORCADO, TIRADENTES FOI
DECAPITADO E ESQUARTEJADO, SUA
CABEÇA EXPOSTA EM VILA RICA E AS
PARTES DE SEU CORPO DEPENDURADAS
EM POSTES AO LONGO DO CAMINHO
NOVO, QUE ELE TANTAS VEZES
PERCORREU. SEUS BENS FORAM
CONFISCADOS E SUA MEMÓRIA
DECLARADA INFAME.
CARACTERÍSTICAS
DO
ARCADISMO
RETOMADA DOS LEMAS LATINOS:
• FUGERE URBEM: FUGA DA CIDADE. AFIRMAÇÃO DAS
QUALIDADES DA VIDA NO CAMPO. VOLTARAM-SE PARA A
NATUREZA.
• LOCUS AMOENUS: (LUGAR AMENO) – FUGIR DA AGITAÇÃO DOS
CENTROS URBANOS, VALORIZAÇÃO DAS COISAS COTIDIANAS,
SIMPLES, FOCALIZADAS PELA RAZÃO E PELO BOM SENSO.
LOCUS AMOENUS
• AUREA MEDIOCRITAS: CARACTERIZAÇÃO DE UM
LUGAR AMENO, ONDE OS AMANTES SE ENCONTRAM PARA
DESFRUTAR DOS PRAZERES DA NATUREZA.
AUREA MEDIOCRITAS
• CARPE DIEM: (APROVEITE O DIA) – APROVEITAR O TEMPO
PRESENTE;TRATA DA PASSAGEM DO TEMPO COMO ALGO QUE
TRAZ A VELHICE, A FRAGILIDADE E A MORTE, TORNANDO
IMPERATIVO APROVEITAR O MOMENTO PRESENTE DE MODO
INTENSO.
.
• INUTILIA TRUNCAT: ELIMINAÇÃO DOS EXCESSOS, CORTEM-SE AS
INUTILIDADES – LINGUAGEM SIMPLES E OBJETIVA.
Se me viras com teus olhos
Nesta masmorra metido,
De mil ideias funestas,
E cuidados combatido,
Qual seria, ó minha Bela,
Qual seria o teu pesar?
À força da dor cedera,
E nem estaria vivo,
Se o menino Deus vendado,
Extremoso, e compassivo,
Com o nome de Marília
INUTILIA TRUNCAT
1) PASTORALISMO
O poeta do Arcadismo imagina-se, na
hora de produzir poemas, um “pastor de
ovelhas”. É de supor que um pastor não
disponha de linguagem sofisticada. Daí a
ideia de simplicidade no escrever. O
próprio tema da poesia converge para
assuntos bucólicos, amorosos, com
riachos, campinas, fontes, rebanho,
ovelhas, cajado. A própria condição de
amar e ser feliz é condicionada à
convivência campestre.
Arcadismo: características
PREFERÊNCIA PELA CULTURA CLÁSSICA:
BUSCA DE RESTAURAÇÃO DOS IDEAIS DE
SOBRIEDADE E EQUILÍBRIO DA
ANTIGUIDADE CLÁSSICA EM
CONTRAPOSIÇÃO AOS EXCESSOS DO
PERÍODO ANTERIOR, O BARROCO.
(É conhecido como Antiguidade Clássica o longo período histórico onde as
civilizações grega e romana se destacaram de modo excepcional em meio a
qualquer outra sociedade nos mais variados aspectos do desenvolvimento
humano. Início: séculos VII-VIII a.C. Já o seu final localiza-se entre 300 a 600).
Arcadismo: características
ADOÇÃO DE PSEUDÔNIMOS PASTORIS.
A ARCÁDIA, MORADA DOS PASTORES,
REPRESENTAVA O LUGAR IDEAL PARA A
OBTENÇÃO DO EQUILÍBRIO E DA
SABEDORIA. É POR ESSE MOTIVO QUE
MUITAS VEZES OS POETAS ÁRCADES SE
AUTODENOMINAVAM PASTORES E
ADOTAVAM PSEUDÔNIMOS GREGOS E
LATINOS.
Arcadismo: características
BUSCA DA SIMPLICIDADE
A fórmula básica do Arcadismo
pode ser representada assim:
Verdade = Razão = Simplicidade
Arcadismo: características
IMITAÇÃO DA NATUREZA
Ao contrário do Barroco, que é urbano, há no
Arcadismo um retorno à ordem natural. Como
na literatura clássica, a natureza adquire um
sentido de simplicidade, harmonia e verdade.
O bucolismo (integração serena entre o
indivíduo e a paisagem física) torna-se um
imperativo social, e os neoclássicos retornam
às fontes da antiguidade que definiam a
poesia como cópia da natureza.
Arcadismo: características
AUSÊNCIA DE SUBJETIVIDADE
O escritor árcade não anda com o
próprio eu. Adota uma forma pastoril:
Cláudio Manuel da Costa é Glauceste
Satúrnio, Tomás Antônio Gonzaga é
Dirceu, Silva Alvarenga é Alcino
Palmireno, Basílio da Gama é Termindo
Sipílio. Quando o poeta declara seu amor
à pastora, o faz de uma maneira elegante
e discreta, exatamente porque as regras
desse jogo exigem o respeito à etiqueta
afetiva.
Arcadismo: características
PRINCIPAIS AUTORES DO
ARCADISMO BRASILEIRO
Arcadismo no Brasil: Autores
CLÁUDIO MANUEL DA COSTA (1729 - 1789)
Nasceu em Mariana, filho de um rico minerador
português. Estudou com os jesuítas no Rio de
Janeiro e formou-se em Direito na cidade de
Coimbra. Voltando para o Brasil, estabeleceu-se
em Vila Rica, exercendo a advocacia. Ocupou
altos cargos na máquina burocrática colonial.
Quando foi preso por suposta participação na
Inconfidência, pela qual manifestara vagas
simpatias, era um dos homens mais ricos e
poderosos da província. Deprimido e
amedrontado, acabou suicidando-se na prisão.
Obras: Obras poéticas (1768), Vila Rica (1839)
Quem chora ausente aquela formosura
por Cláudio Manuel da Costa
Quem chora ausente aquela formosura,
Em que seu maior gosto deposita,
Que bem pode gozar, que sorte, ou dita,
Que não seja funesta, triste, e escura!
A apagar os incêndios da loucura
Nos braços da esperança Amor me incita:
Mas se era a que perdi, glória infinita,
Outra igual que esperança me assegura!
Já de tanto delírio me despeço;
Porque o meu precipício encaminhado
Pela mão deste engano reconheço.
Triste! A quanto chegou meu duro fado!
Se de um fingido bem não faço apreço,
Que alívio posso dar a meu cuidado!
TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA (1744-1810)
Vida: Filho de um magistrado brasileiro, nasceu, no
entanto, em Porto, Portugal. A família retornou ao Brasil
quando o menino contava sete anos. Aqui estudou com
os jesuítas, na cidade da Bahia. Com dezessete anos foi
para Coimbra estudar Direito. Por algum tempo exerceu
a profissão de advogado em terras portuguesas, mas
em 1782 foi nomeado Ouvidor de Vila Rica, capital de
Minas Gerais. Ocupou altos cargos jurídicos e em 1787
tratou casamento com Maria Joaquina Dorotéia de
Seixas, a futura Marília dos poemas. Ele tinha mais de
quarenta anos e ela era pouco mais do que uma
adolescente. A detenção (será?) pelo envolvimento na
Conjuração Mineira impediu o enlace. Ficou preso três
anos numa prisão no Rio de Janeiro e depois foi
condenado a dez anos de degredo em Moçambique.
Lá se casou com a filha de um rico traficante de
escravos e voltou a ocupar postos importantes na
burocracia portuguesa. Morreu na África em 1810.
Obras: Marília de Dirceu (Parte I - 1792; Parte II -
1799; Parte III - 1812), Cartas Chilenas (1845)
Arcadismo no Brasil: Autores
Arcadismo no Brasil: Autores
Escreveu uma das obras líricas mais
estimadas e lidas no país:
Marília de Dirceu.
As vinte e três liras iniciais de Marília
de Dirceu são autobiográficas dentro
dos limites que as regras árcades
impõem à confissão pessoal. Assim
um pastor (que é o poeta) celebra, em
tom moderadamente apaixonado, as
graças da pastora Marília, que
conquistou o seu coração.
Tu, Marília, agora vendo
Do Amor o lindo retrato
Contigo estarás dizendo
Que é este o retrato teu.
Sim, Marília, a cópia é tua,
Que Cupido é Deus suposto:
Se há Cupido, é só teu rosto
Que ele foi quem me venceu.
O Desejo da Vida Comum
Na verdade, o pastor Dirceu é um pacato funcionário público que
sonha com a tranquilidade do matrimônio, alheio a qualquer
sobressalto, certo de que a domesticidade gratificará Marília. Por isso,
ele trata de ressaltar a estabilidade de sua situação econômica:
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
Que viva de guardar alheio gado;
De tosco trato, de expressões grosseiro,
Dos frios gelos, e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal* e nele assisto;
Dá-me vinho, legume, frutas, azeite.
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
E mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
Desvios Sensuais
Estando ligado às concepções rígidas do Arcadismo, Tomás Antônio
Gonzaga tende à generalização insossa dos sentimentos e ao amor
comedido e discreto. Mas há vários momentos, em Marília de Dirceu,
que indicam um desejo de confidência e onde aparecem atrevimentos
eróticos surpreendentes. São momentos de emoção genuína: o poeta
lembra que o tempo passa, que com os anos os corpos se
entorpecem, e convoca Marília para o "carpe diem" renascentista:
Ornemos nossas testas com as flores,
E façamos de feno um brando leito;
Prendamo-nos, Marília, em laço estreito,
Gozemos do prazer de sãos Amores.
Sobre as nossas cabeças,
Sem que o possam deter, o tempo corre;
E para nós o tempo, que se passa,
Também, Marília, morre.
Arcadismo no Brasil: Autores
Cartas chilenas
Sob o pseudônimo de Critilo, Tomás Antônio
Gonzaga ironiza nas Cartas chilenas a
prepotência e os desmandos do governador
Luís da Cunha Meneses, apelidado no texto de
Fanfarrão Minésio.
Ainda há algumas dúvidas a respeito da autoria
desta obra satírica, mas todos os indícios
apontam para o autor de Marília de Dirceu. O
que já se tornou consenso é o caráter pessoal
dos ataques, não havendo nenhuma insinuação
nativista ou desejo de sublevação
revolucionária nos mesmos.
Amigo Doroteu, prezado amigo,
Abre os olhos, boceja, estende os braços
E limpa das pestanas carregadas
O pegajoso humor, que o sono ajunta.
Critilo, o teu Critilo é quem te chama;
Ergue a cabeça da engomada fronha,
Acorda, se ouvir queres coisas raras.
"Que coisas ( tu dirás ), que coisas podes
Contar que valham tanto, quanto vale
Dormir a noite fria em mole cama,
Quando salta a saraiva nos telhados
E quando o sudoeste e outros ventos
Movem dos troncos os frondosos ramos?"
É doce este descanso, não to nego.
ALVARENGA PEIXOTO (1743-1792)
VIDA: FOI UM ADVOGADO E POETA BRASILEIRO. FOI
DETIDO E JULGADO POR PARTICIPAR DA
INCONFIDÊNCIA MINEIRA, TENDO SIDO CONDENADO
AO DEGREDO PERPÉTUO NA ÁFRICA. FREQUENTAVA A
ENTÃO VILA RICA. DEIXOU A MAGISTRATURA,
OCUPANDO-SE DA LAVOURA E MINERAÇÃO NA
REGIÃO DO SUL DE MINAS GERAIS. NOME ÁRCADE:
ALCINDO PALMIRENO
OBRAS: DONA BÁRBARA HELIODORA, POESIA A MARIA
IFIGÊNIA, POESIA, 1793 ESTELA E NIZE, POESIA EU NÃO
LASTIMO O PRÓXIMO PERIGO, POESIA EU VI A LINDA
JÔNIA, POESIA SONHO POÉTICO, POESIA
Arcadismo no Brasil: Autores
No cárcere, escreveu "Bárbara Bela", onde exaltava a dor da distância da
mulher:
"Bárbara Bela
Do norte estrela
Que o meu destino
Sabe guiar
De ti ausente
Triste somente
As horas passo
A suspirar
Pôr entre as penhas
De incultas brenhas
Cansa-me a vista
De te buscar
Porém não vejo
Mais te desejo,
Sem esperança
De te encontrar
Eu também queria
A noite e o dia
Contigo pode passar
Mas orgulhosa
Sorte invejosa,
D’esta fortuna
Me quer privar
Tu, Entre os braços,
Temos abraços
Da filha amada
Pode gozar,
Priva-me da estrela
De ti e D’ela
Busca dou modos
De me matar!".

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados (20)

Barroco no Brasil
Barroco no BrasilBarroco no Brasil
Barroco no Brasil
 
Barroco aula
Barroco aulaBarroco aula
Barroco aula
 
Simbolismo
SimbolismoSimbolismo
Simbolismo
 
Arcadismo[1]..
Arcadismo[1]..Arcadismo[1]..
Arcadismo[1]..
 
Trovadorismo
TrovadorismoTrovadorismo
Trovadorismo
 
Gêneros literários
Gêneros literáriosGêneros literários
Gêneros literários
 
Classicismo
ClassicismoClassicismo
Classicismo
 
Arcadismo
ArcadismoArcadismo
Arcadismo
 
O barroco
O barrocoO barroco
O barroco
 
O Realismo
O RealismoO Realismo
O Realismo
 
Literatura brasileira
Literatura brasileiraLiteratura brasileira
Literatura brasileira
 
Arcadismo no Brasil
Arcadismo no BrasilArcadismo no Brasil
Arcadismo no Brasil
 
Romantismo no Brasil
Romantismo no BrasilRomantismo no Brasil
Romantismo no Brasil
 
Parnasianismo
ParnasianismoParnasianismo
Parnasianismo
 
Romantismo - aula
Romantismo - aulaRomantismo - aula
Romantismo - aula
 
Romantismo prosa
Romantismo prosaRomantismo prosa
Romantismo prosa
 
Parnasianismo brasileiro
Parnasianismo brasileiroParnasianismo brasileiro
Parnasianismo brasileiro
 
Slide introdução à literatura
Slide introdução à literaturaSlide introdução à literatura
Slide introdução à literatura
 
Trovadorismo I
Trovadorismo ITrovadorismo I
Trovadorismo I
 
Simbolismo
SimbolismoSimbolismo
Simbolismo
 

Semelhante a O Arcadismo: a escola literária da simplicidade e da razão

Semelhante a O Arcadismo: a escola literária da simplicidade e da razão (20)

aula Arcadismo.ppt
aula Arcadismo.pptaula Arcadismo.ppt
aula Arcadismo.ppt
 
Arcadismo (Contexto Histórico, Arte, Literatura)
Arcadismo (Contexto Histórico, Arte, Literatura)Arcadismo (Contexto Histórico, Arte, Literatura)
Arcadismo (Contexto Histórico, Arte, Literatura)
 
Arcadismo
ArcadismoArcadismo
Arcadismo
 
Arcadismo
ArcadismoArcadismo
Arcadismo
 
arcadismo-140117180813-phpapp01.pdf
arcadismo-140117180813-phpapp01.pdfarcadismo-140117180813-phpapp01.pdf
arcadismo-140117180813-phpapp01.pdf
 
Arcadismo
ArcadismoArcadismo
Arcadismo
 
O arcadismo
O arcadismoO arcadismo
O arcadismo
 
Revisão Ciências Humanas Professora Juliana
Revisão Ciências Humanas Professora JulianaRevisão Ciências Humanas Professora Juliana
Revisão Ciências Humanas Professora Juliana
 
Arcadismo
ArcadismoArcadismo
Arcadismo
 
Mineração - Século XVIII
Mineração - Século XVIIIMineração - Século XVIII
Mineração - Século XVIII
 
Arcadismo
ArcadismoArcadismo
Arcadismo
 
Arcadismo
ArcadismoArcadismo
Arcadismo
 
Literatura arcadismo
Literatura  arcadismoLiteratura  arcadismo
Literatura arcadismo
 
Arcadismo - Estilo Iluminista
Arcadismo - Estilo IluministaArcadismo - Estilo Iluminista
Arcadismo - Estilo Iluminista
 
Arcadismo em portugal
Arcadismo em portugalArcadismo em portugal
Arcadismo em portugal
 
Expansão marítima européia
Expansão marítima européiaExpansão marítima européia
Expansão marítima européia
 
HISTÓRIA DO BRASIL COLONIAL: AULA EM SLIDES SOBRE A HISTÓRIA DO BRASIL COLÔNIA.
HISTÓRIA DO BRASIL COLONIAL: AULA EM SLIDES SOBRE A HISTÓRIA DO BRASIL COLÔNIA.HISTÓRIA DO BRASIL COLONIAL: AULA EM SLIDES SOBRE A HISTÓRIA DO BRASIL COLÔNIA.
HISTÓRIA DO BRASIL COLONIAL: AULA EM SLIDES SOBRE A HISTÓRIA DO BRASIL COLÔNIA.
 
BRASIL COLONIA.pdf
BRASIL COLONIA.pdfBRASIL COLONIA.pdf
BRASIL COLONIA.pdf
 
Arcadismo I
Arcadismo IArcadismo I
Arcadismo I
 
Arcadismo 111020131556-phpapp02
Arcadismo 111020131556-phpapp02Arcadismo 111020131556-phpapp02
Arcadismo 111020131556-phpapp02
 

Mais de Elizabeth Vicente da Silva (10)

Aula sobre crase
Aula sobre crase Aula sobre crase
Aula sobre crase
 
VOCATIVO 6º ANO
VOCATIVO 6º ANOVOCATIVO 6º ANO
VOCATIVO 6º ANO
 
Literatura de informação
Literatura de informaçãoLiteratura de informação
Literatura de informação
 
CRASE
CRASECRASE
CRASE
 
Aula sobre a história da língua portuguesa
Aula sobre a história da língua portuguesaAula sobre a história da língua portuguesa
Aula sobre a história da língua portuguesa
 
Elementos da comunicação
Elementos da comunicaçãoElementos da comunicação
Elementos da comunicação
 
Elementos da comunicação
Elementos da comunicaçãoElementos da comunicação
Elementos da comunicação
 
Miguel De Cervantes
Miguel De CervantesMiguel De Cervantes
Miguel De Cervantes
 
El Barroco Del Nuevo Mundo
El Barroco Del Nuevo MundoEl Barroco Del Nuevo Mundo
El Barroco Del Nuevo Mundo
 
El Barroco Del Nuevo Mundo
El Barroco Del Nuevo MundoEl Barroco Del Nuevo Mundo
El Barroco Del Nuevo Mundo
 

Último

421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdfLeloIurk1
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfLeloIurk1
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...IsabelPereira2010
 
AULA DE CARIOLOGIA TSB introdução tudo sobre
AULA DE CARIOLOGIA TSB introdução tudo sobreAULA DE CARIOLOGIA TSB introdução tudo sobre
AULA DE CARIOLOGIA TSB introdução tudo sobremaryalouhannedelimao
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfHELENO FAVACHO
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdfLeloIurk1
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.Mary Alvarenga
 
Introdução a Caminhada do Interior......
Introdução a Caminhada do Interior......Introdução a Caminhada do Interior......
Introdução a Caminhada do Interior......suporte24hcamin
 
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéisines09cachapa
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?AnabelaGuerreiro7
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãIlda Bicacro
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfTutor de matemática Ícaro
 
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfPROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfHELENO FAVACHO
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesFabianeMartins35
 
3-Livro-Festa-no-céu-Angela-Lago.pdf-·-versão-1.pdf
3-Livro-Festa-no-céu-Angela-Lago.pdf-·-versão-1.pdf3-Livro-Festa-no-céu-Angela-Lago.pdf-·-versão-1.pdf
3-Livro-Festa-no-céu-Angela-Lago.pdf-·-versão-1.pdfBlendaLima1
 
BNCC Geografia.docx objeto de conhecimento
BNCC Geografia.docx objeto de conhecimentoBNCC Geografia.docx objeto de conhecimento
BNCC Geografia.docx objeto de conhecimentoGentil Eronides
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...azulassessoria9
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelGilber Rubim Rangel
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 

Último (20)

421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
 
AULA DE CARIOLOGIA TSB introdução tudo sobre
AULA DE CARIOLOGIA TSB introdução tudo sobreAULA DE CARIOLOGIA TSB introdução tudo sobre
AULA DE CARIOLOGIA TSB introdução tudo sobre
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
 
Introdução a Caminhada do Interior......
Introdução a Caminhada do Interior......Introdução a Caminhada do Interior......
Introdução a Caminhada do Interior......
 
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
 
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfPROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
 
3-Livro-Festa-no-céu-Angela-Lago.pdf-·-versão-1.pdf
3-Livro-Festa-no-céu-Angela-Lago.pdf-·-versão-1.pdf3-Livro-Festa-no-céu-Angela-Lago.pdf-·-versão-1.pdf
3-Livro-Festa-no-céu-Angela-Lago.pdf-·-versão-1.pdf
 
BNCC Geografia.docx objeto de conhecimento
BNCC Geografia.docx objeto de conhecimentoBNCC Geografia.docx objeto de conhecimento
BNCC Geografia.docx objeto de conhecimento
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 

O Arcadismo: a escola literária da simplicidade e da razão

  • 2. ARCADISMO É UMA ESCOLA LITERÁRIA SURGIDA NA EUROPA NO SÉCULO VXIII.
  • 3. ORIGEM DO NOME ARCADISMO O NOME ARCADISMO PROVÉM DA PALAVRA ARCÁDIA, REGIÃO BUCÓLICA DA GRÉCIA, HABITADA POR PASTORES E TIDA COMO IDEAL DE INSPIRAÇÃO POÉTICA.
  • 4. A ARCÁDIA TEM RELEVO MONTANHOSO E ERA VISTA COMO UM LUGAR ESPECIAL EM QUE OS HABITANTES ASSOCIAVAM O TRABALHO À POESIA, CANTANDO O PARAÍSO RÚSTICO EM QUE VIVIAM.
  • 5. Nicolau Poussin (1594-1665): Et in Arcadia ego.
  • 6. O ARCADISMO É TAMBÉM CHAMADO DE SETECENTISMO E NEOCLASSICISMO.
  • 7. SETECENTISMO POR QUE OCORREU NO SÉCULO XVIII. (1700-1799)
  • 8. NEOCLASSICISMO PORQUE O ARCADISMO É UMA VOLTA À ANTIGUIDADE CLÁSSICA GRECO-ROMANA, PROPONDO-SE A EXPLORAR A ESTÉTICA DESTA ÉPOCA E TAMBÉM A DO RENASCIMENTO, NO SÉCULO XVI.
  • 9.
  • 10.
  • 12. MARCO INICIAL: PUBLICAÇÃO DAS "OBRAS POÉTICAS", DE CLÁUDIO MANUEL DA COSTA.
  • 13. MARCO FINAL: PUBLICAÇÃO DO LIVRO DE POEMAS SUSPIROS POÉTICOS E SAUDADES, DE GONÇALVES DE MAGALHÃES, EM 1836. (ROMANTISMO)
  • 14.
  • 15. ANTROPOCENTRIS MO X TEOCENTRISMO HOMEM NÃO SABE SE APROVEITA A VIDA OU SE SEGUE A DEUS. AMBIENTE SOMBRIO EXESSO, EXAGERO VIDA CAMPESTRE RESTAURAÇÃO DO EQUILÍBRIO ANTIGUIDADE CLÁSSICA ILUMINISMO USO DA RAZÃO APROVEITAR A VIDA SENTIMENTOS UNIVERSAIS
  • 16. CONTEXTO HISTÓRICO NA EUROPA E NA AMÉRICA DO NORTE.
  • 17. EM TODA EUROPA HAVIA INFLUÊNCIAS DO PENSAMENTO ILUMINISTA
  • 18. O ILUMINISMO O ILUMINISMO OU ESCLARECIMENTO FOI UM MOVIMENTO CULTURAL QUE PROCUROU MOBILIZAR O PODER DA RAZÃO.
  • 19. “PENSO, LOGO EXISTO!” (RENNÉ DESCARTES)
  • 20. O ILUMINISMO DOMÍNIO DA RAZÃO SOBRE A VISÃO TEOCÊNTRICA; ILUMINAR AS TREVAS EM QUE SE ENCONTRAVA A SOCIEDADE.
  • 21. O SÉCULO DAS LUZES É A DENOMINAÇÃO QUE SE DEU AO SÉCULO XVIII PELA POSTURA MENTAL DE OPOSIÇÃO AO OBSCURANTISMO DO SÉCULO ANTERIOR E PELA ADOÇÃO DO PROGRESSO, DO SABER, DA CIÊNCIA E DA RAZÃO COMO FUNDAMENTOS DO BEM-ESTAR SOCIAL.
  • 26. MONTESQUIEU: DIVISÃO DO PODER EM EXECUTIVO, LEGISLATIVO E JUDICIÁRIO.
  • 27. A REVOLUÇÃO FRANCESA Revolução Francesa é o nome dado ao conjunto de acontecimentos que, entre 5 de maio de 1789 e 9 de novembro de 1791, alteraram o quadro político e social da França. Ela começa com a convocação dos Estados Gerais e a Queda da Bastilha e se encerra com o golpe de estado do 18 de brumário de Napoleão Bonaparte. O ILUMINISMO FOI MAIS INTENSO NA FRANÇA, ONDE INFLUENCIOU A REVOLUÇÃO FRANCESA ATRAVÉS DE SEU LEMA: LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE.
  • 28. REVOLUÇÃO INDUSTRIAL. A Revolução Industrial consistiu em um conjunto de mudanças tecnológicas com profundo impacto no processo produtivo em nível econômico e social. Iniciada no Reino Unido em meados do século XVIII, expandiu-se pelo mundo a partir do século XIX.
  • 30. PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA DAS 13 COLÔNIAS INGLESAS (INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA). 4 de julho de 1776
  • 31.
  • 33. NO BRASIL, VIVE-SE O MOMENTO DA EXPLORAÇÃO DE MINÉRIOS, PRINCIPALMENTE DO OURO, EM MINAS GERAIS (MINERAÇÃO)
  • 34. VILA RICA, ATUAL OURO PRETO, ERA A REGIÃO DE ONDE MAIS SE EXTRAÍA OURO.
  • 35. • VILA RICA, ATUAL OURO PRETO.
  • 36. INTERIOR DE IGREJA EM OURO PRETO.
  • 37. O Brasil sofria com os abusos políticos e com a cobrança de altas taxas e impostos.Os brasileiros que encontravam ouro deviam pagar o quinto, ou seja, vinte por cento de todo ouro encontrado acabava nos cofres portugueses.
  • 39. INCONFIDÊNCIA MINEIRA A Inconfidência Mineira, também referida como Conjuração Mineira, foi uma tentativa de revolta de natureza separatista ocorrida na então capitania de Minas Gerais contra o domínio português.
  • 40. LÍDER DA INCONFIDÊNCIA: JOAQUIM JOSÉ DA SILVA XAVIER (TIRADENTES) O HEROI QUE SONHOU COM A LIBERDADE
  • 41. OS INCONFIDENTES O grupo, liderado pelo alferes Joaquim José da Silva Xavier, era formado pelos poetas Tomas Antonio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa, o dono de mina Inácio de Alvarenga, o padre Rolim, entre outros representantes da elite mineira.
  • 43. OBTER A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL EM RELAÇÃO A PORTUGAL.
  • 45. OS INCONFIDENTES CHEGARAM A DEFINIR ATÉ MESMO UMA NOVA BANDEIRA PARA O BRASIL. ELA SERIA COMPOSTA POR UM TRIANGULO VERMELHO NUM FUNDO BRANCO, COM A INSCRIÇÃO EM LATIM: LIBERTAS QUAE SERA TAMEN (LIBERDADE AINDA QUE TARDIA).
  • 46. OS INCONFIDENTES HAVIAM MARCADO O DIA DO MOVIMENTO PARA UMA DATA EM QUE A DERRAMA SERIA EXECUTADA. DESTA FORMA, PODERIAM CONTAR COM O APOIO DE PARTE DA POPULAÇÃO QUE ESTARIA REVOLTADA.
  • 47. A DERRAMA Imposto cobrado para complementar os débitos que os mineradores acumulavam junto à Coroa Portuguesa. Considerado abusivo, esse imposto tinha muita rejeição pelos mineradores. Era uma prática opressora e injusta, onde em uma data específica divulgado por Portugal, cada região de exploração deveria entregar para a metrópole portuguesa cerca de 1.500 quilos de ouro por ano. Caso não alcançassem este objetivo mínimo, soldados da Coroa portuguesa invadiam todas as casas daquela comunidade e recolhiam os bens das famílias até cumprir o valor devido.
  • 48. PORÉM, UM DOS INCONFIDENTES, JOAQUIM SILVÉRIO DOS REIS, DELATOU O MOVIMENTO PARA AS AUTORIDADES PORTUGUESAS, EM TROCA DO PERDÃO DE SUAS DÍVIDAS COM A COROA.
  • 49. TODOS OS INCONFIDENTES FORAM PRESOS, ENVIADOS PARA A CAPITAL (RIO DE JANEIRO) E ACUSADOS PELO CRIME DE INFIDELIDADE AO REI. ALGUNS INCONFIDENTES GANHARAM COMO PUNIÇÃO O DEGREDO PARA A ÁFRICA E OUTROS UMA PENA DE PRISÃO. PORÉM, TIRADENTES, APÓS ASSUMIR A LIDERANÇA DO MOVIMENTO, FOI CONDENADO A FORCA EM PRAÇA PÚBLICA.
  • 50. EM 21 DE ABRIL DE 1792, TIRADENTES PERCORREU O TRAJETO, CHEGANDO À CADEIA PÚBLICA DA REGIÃO, FOI ENFORCADO APÓS A LEITURA DE SUA SENTENÇA CONDENATÓRIA.
  • 51. ALÉM DE ENFORCADO, TIRADENTES FOI DECAPITADO E ESQUARTEJADO, SUA CABEÇA EXPOSTA EM VILA RICA E AS PARTES DE SEU CORPO DEPENDURADAS EM POSTES AO LONGO DO CAMINHO NOVO, QUE ELE TANTAS VEZES PERCORREU. SEUS BENS FORAM CONFISCADOS E SUA MEMÓRIA DECLARADA INFAME.
  • 52.
  • 54. RETOMADA DOS LEMAS LATINOS:
  • 55. • FUGERE URBEM: FUGA DA CIDADE. AFIRMAÇÃO DAS QUALIDADES DA VIDA NO CAMPO. VOLTARAM-SE PARA A NATUREZA.
  • 56. • LOCUS AMOENUS: (LUGAR AMENO) – FUGIR DA AGITAÇÃO DOS CENTROS URBANOS, VALORIZAÇÃO DAS COISAS COTIDIANAS, SIMPLES, FOCALIZADAS PELA RAZÃO E PELO BOM SENSO. LOCUS AMOENUS
  • 57. • AUREA MEDIOCRITAS: CARACTERIZAÇÃO DE UM LUGAR AMENO, ONDE OS AMANTES SE ENCONTRAM PARA DESFRUTAR DOS PRAZERES DA NATUREZA. AUREA MEDIOCRITAS
  • 58. • CARPE DIEM: (APROVEITE O DIA) – APROVEITAR O TEMPO PRESENTE;TRATA DA PASSAGEM DO TEMPO COMO ALGO QUE TRAZ A VELHICE, A FRAGILIDADE E A MORTE, TORNANDO IMPERATIVO APROVEITAR O MOMENTO PRESENTE DE MODO INTENSO.
  • 59. . • INUTILIA TRUNCAT: ELIMINAÇÃO DOS EXCESSOS, CORTEM-SE AS INUTILIDADES – LINGUAGEM SIMPLES E OBJETIVA. Se me viras com teus olhos Nesta masmorra metido, De mil ideias funestas, E cuidados combatido, Qual seria, ó minha Bela, Qual seria o teu pesar? À força da dor cedera, E nem estaria vivo, Se o menino Deus vendado, Extremoso, e compassivo, Com o nome de Marília INUTILIA TRUNCAT
  • 60.
  • 61. 1) PASTORALISMO O poeta do Arcadismo imagina-se, na hora de produzir poemas, um “pastor de ovelhas”. É de supor que um pastor não disponha de linguagem sofisticada. Daí a ideia de simplicidade no escrever. O próprio tema da poesia converge para assuntos bucólicos, amorosos, com riachos, campinas, fontes, rebanho, ovelhas, cajado. A própria condição de amar e ser feliz é condicionada à convivência campestre. Arcadismo: características
  • 62. PREFERÊNCIA PELA CULTURA CLÁSSICA: BUSCA DE RESTAURAÇÃO DOS IDEAIS DE SOBRIEDADE E EQUILÍBRIO DA ANTIGUIDADE CLÁSSICA EM CONTRAPOSIÇÃO AOS EXCESSOS DO PERÍODO ANTERIOR, O BARROCO. (É conhecido como Antiguidade Clássica o longo período histórico onde as civilizações grega e romana se destacaram de modo excepcional em meio a qualquer outra sociedade nos mais variados aspectos do desenvolvimento humano. Início: séculos VII-VIII a.C. Já o seu final localiza-se entre 300 a 600). Arcadismo: características
  • 63. ADOÇÃO DE PSEUDÔNIMOS PASTORIS. A ARCÁDIA, MORADA DOS PASTORES, REPRESENTAVA O LUGAR IDEAL PARA A OBTENÇÃO DO EQUILÍBRIO E DA SABEDORIA. É POR ESSE MOTIVO QUE MUITAS VEZES OS POETAS ÁRCADES SE AUTODENOMINAVAM PASTORES E ADOTAVAM PSEUDÔNIMOS GREGOS E LATINOS. Arcadismo: características
  • 64. BUSCA DA SIMPLICIDADE A fórmula básica do Arcadismo pode ser representada assim: Verdade = Razão = Simplicidade Arcadismo: características
  • 65. IMITAÇÃO DA NATUREZA Ao contrário do Barroco, que é urbano, há no Arcadismo um retorno à ordem natural. Como na literatura clássica, a natureza adquire um sentido de simplicidade, harmonia e verdade. O bucolismo (integração serena entre o indivíduo e a paisagem física) torna-se um imperativo social, e os neoclássicos retornam às fontes da antiguidade que definiam a poesia como cópia da natureza. Arcadismo: características
  • 66. AUSÊNCIA DE SUBJETIVIDADE O escritor árcade não anda com o próprio eu. Adota uma forma pastoril: Cláudio Manuel da Costa é Glauceste Satúrnio, Tomás Antônio Gonzaga é Dirceu, Silva Alvarenga é Alcino Palmireno, Basílio da Gama é Termindo Sipílio. Quando o poeta declara seu amor à pastora, o faz de uma maneira elegante e discreta, exatamente porque as regras desse jogo exigem o respeito à etiqueta afetiva. Arcadismo: características
  • 68. Arcadismo no Brasil: Autores CLÁUDIO MANUEL DA COSTA (1729 - 1789) Nasceu em Mariana, filho de um rico minerador português. Estudou com os jesuítas no Rio de Janeiro e formou-se em Direito na cidade de Coimbra. Voltando para o Brasil, estabeleceu-se em Vila Rica, exercendo a advocacia. Ocupou altos cargos na máquina burocrática colonial. Quando foi preso por suposta participação na Inconfidência, pela qual manifestara vagas simpatias, era um dos homens mais ricos e poderosos da província. Deprimido e amedrontado, acabou suicidando-se na prisão. Obras: Obras poéticas (1768), Vila Rica (1839)
  • 69. Quem chora ausente aquela formosura por Cláudio Manuel da Costa Quem chora ausente aquela formosura, Em que seu maior gosto deposita, Que bem pode gozar, que sorte, ou dita, Que não seja funesta, triste, e escura! A apagar os incêndios da loucura Nos braços da esperança Amor me incita: Mas se era a que perdi, glória infinita, Outra igual que esperança me assegura! Já de tanto delírio me despeço; Porque o meu precipício encaminhado Pela mão deste engano reconheço. Triste! A quanto chegou meu duro fado! Se de um fingido bem não faço apreço, Que alívio posso dar a meu cuidado!
  • 70. TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA (1744-1810) Vida: Filho de um magistrado brasileiro, nasceu, no entanto, em Porto, Portugal. A família retornou ao Brasil quando o menino contava sete anos. Aqui estudou com os jesuítas, na cidade da Bahia. Com dezessete anos foi para Coimbra estudar Direito. Por algum tempo exerceu a profissão de advogado em terras portuguesas, mas em 1782 foi nomeado Ouvidor de Vila Rica, capital de Minas Gerais. Ocupou altos cargos jurídicos e em 1787 tratou casamento com Maria Joaquina Dorotéia de Seixas, a futura Marília dos poemas. Ele tinha mais de quarenta anos e ela era pouco mais do que uma adolescente. A detenção (será?) pelo envolvimento na Conjuração Mineira impediu o enlace. Ficou preso três anos numa prisão no Rio de Janeiro e depois foi condenado a dez anos de degredo em Moçambique. Lá se casou com a filha de um rico traficante de escravos e voltou a ocupar postos importantes na burocracia portuguesa. Morreu na África em 1810. Obras: Marília de Dirceu (Parte I - 1792; Parte II - 1799; Parte III - 1812), Cartas Chilenas (1845) Arcadismo no Brasil: Autores
  • 71. Arcadismo no Brasil: Autores Escreveu uma das obras líricas mais estimadas e lidas no país: Marília de Dirceu. As vinte e três liras iniciais de Marília de Dirceu são autobiográficas dentro dos limites que as regras árcades impõem à confissão pessoal. Assim um pastor (que é o poeta) celebra, em tom moderadamente apaixonado, as graças da pastora Marília, que conquistou o seu coração.
  • 72. Tu, Marília, agora vendo Do Amor o lindo retrato Contigo estarás dizendo Que é este o retrato teu. Sim, Marília, a cópia é tua, Que Cupido é Deus suposto: Se há Cupido, é só teu rosto Que ele foi quem me venceu.
  • 73. O Desejo da Vida Comum Na verdade, o pastor Dirceu é um pacato funcionário público que sonha com a tranquilidade do matrimônio, alheio a qualquer sobressalto, certo de que a domesticidade gratificará Marília. Por isso, ele trata de ressaltar a estabilidade de sua situação econômica: Eu, Marília, não sou algum vaqueiro, Que viva de guardar alheio gado; De tosco trato, de expressões grosseiro, Dos frios gelos, e dos sóis queimado. Tenho próprio casal* e nele assisto; Dá-me vinho, legume, frutas, azeite. Das brancas ovelhinhas tiro o leite, E mais as finas lãs, de que me visto. Graças, Marília bela, Graças à minha Estrela!
  • 74. Desvios Sensuais Estando ligado às concepções rígidas do Arcadismo, Tomás Antônio Gonzaga tende à generalização insossa dos sentimentos e ao amor comedido e discreto. Mas há vários momentos, em Marília de Dirceu, que indicam um desejo de confidência e onde aparecem atrevimentos eróticos surpreendentes. São momentos de emoção genuína: o poeta lembra que o tempo passa, que com os anos os corpos se entorpecem, e convoca Marília para o "carpe diem" renascentista: Ornemos nossas testas com as flores, E façamos de feno um brando leito; Prendamo-nos, Marília, em laço estreito, Gozemos do prazer de sãos Amores. Sobre as nossas cabeças, Sem que o possam deter, o tempo corre; E para nós o tempo, que se passa, Também, Marília, morre.
  • 75. Arcadismo no Brasil: Autores Cartas chilenas Sob o pseudônimo de Critilo, Tomás Antônio Gonzaga ironiza nas Cartas chilenas a prepotência e os desmandos do governador Luís da Cunha Meneses, apelidado no texto de Fanfarrão Minésio. Ainda há algumas dúvidas a respeito da autoria desta obra satírica, mas todos os indícios apontam para o autor de Marília de Dirceu. O que já se tornou consenso é o caráter pessoal dos ataques, não havendo nenhuma insinuação nativista ou desejo de sublevação revolucionária nos mesmos.
  • 76. Amigo Doroteu, prezado amigo, Abre os olhos, boceja, estende os braços E limpa das pestanas carregadas O pegajoso humor, que o sono ajunta. Critilo, o teu Critilo é quem te chama; Ergue a cabeça da engomada fronha, Acorda, se ouvir queres coisas raras. "Que coisas ( tu dirás ), que coisas podes Contar que valham tanto, quanto vale Dormir a noite fria em mole cama, Quando salta a saraiva nos telhados E quando o sudoeste e outros ventos Movem dos troncos os frondosos ramos?" É doce este descanso, não to nego.
  • 77. ALVARENGA PEIXOTO (1743-1792) VIDA: FOI UM ADVOGADO E POETA BRASILEIRO. FOI DETIDO E JULGADO POR PARTICIPAR DA INCONFIDÊNCIA MINEIRA, TENDO SIDO CONDENADO AO DEGREDO PERPÉTUO NA ÁFRICA. FREQUENTAVA A ENTÃO VILA RICA. DEIXOU A MAGISTRATURA, OCUPANDO-SE DA LAVOURA E MINERAÇÃO NA REGIÃO DO SUL DE MINAS GERAIS. NOME ÁRCADE: ALCINDO PALMIRENO OBRAS: DONA BÁRBARA HELIODORA, POESIA A MARIA IFIGÊNIA, POESIA, 1793 ESTELA E NIZE, POESIA EU NÃO LASTIMO O PRÓXIMO PERIGO, POESIA EU VI A LINDA JÔNIA, POESIA SONHO POÉTICO, POESIA Arcadismo no Brasil: Autores
  • 78. No cárcere, escreveu "Bárbara Bela", onde exaltava a dor da distância da mulher: "Bárbara Bela Do norte estrela Que o meu destino Sabe guiar De ti ausente Triste somente As horas passo A suspirar Pôr entre as penhas De incultas brenhas Cansa-me a vista De te buscar Porém não vejo Mais te desejo, Sem esperança De te encontrar Eu também queria A noite e o dia Contigo pode passar Mas orgulhosa Sorte invejosa, D’esta fortuna Me quer privar Tu, Entre os braços, Temos abraços Da filha amada Pode gozar, Priva-me da estrela De ti e D’ela Busca dou modos De me matar!".