2. Séc. XVII
BARROCO
Séc. XIX
ROMANTISMO
Friso cronológico
IDADE
MÉDIA
Séc. XV-XVI
RENASCIMENTO REALISMO
Séc. XX
MODERNISMO
Fernando Pessoa
1888-1935
Fernando Pessoa | Poesia dos heterónimos.
3. O poeta
“bucólico”
O poeta
“clássico”
O poeta da
modernidade
O primado
das
sensações
A consciência e
encenação da
mortalidade
Sujeito, consciência
e tempo
Nostalgia da infância
Alberto
Caeiro
Ricardo
Reis
Álvaro
de Campos
O FINGIMENTO ARTÍSTICO
Ortónimo: teorizador do fingimento artístico
REFLEXÃO EXISTENCIAL
Fernando Pessoa | Poesia dos heterónimos.
4. Ricardo Reis
Álvaro de Campos
Alberto Caeiro
Fernando Pessoa | Poesia dos heterónimos.
Linguagem e estilo
Em síntese
5. Alberto
Caeiro ❶ Mestre de Fernando Pessoa e dos heterónimos
Campos e Reis; é a partir dos seus ensinamentos que
os heterónimos tecem os seus discursos.
❷ Poeta bucólico, estabelece uma ligação com um
tempo anterior, recuperando a unidade perdida com
a natureza e dando atenção à “eterna novidade do
mundo”.
❸ Criador do sensacionismo, é o poeta dos
sentidos, que recusa a intelectualização das
emoções, advogando a primazia das sensações (e em
especial do ver).
❹ Defensor do objetivismo e do concreto, a sua
poesia pode ser entendida como uma interpretação
do mundo em que se opera uma substituição do
pensamento pelas sensações.
Temáticas
6. • “O luar através dos altos ramos”
• “Sou um guardador de rebanhos”
• “O meu olhar é nítido como um girassol”
• “Como quem num dia de verão abre a porta de casa”
• “Se, depois de eu morrer…”
• “Quando vier a primavera”
Alberto
Caeiro ❶ Utilização do verso livre, reproduzindo um estilo
coloquial e popular.
❷ Para reproduzir este estilo coloquial, utiliza uma
linguagem simples e aparentemente pobre, com
simetrias, comparações e metáforas pouco
complexas.
❸ Preferência por frases coordenadas em
detrimento de frases subordinadas.
Linguagem e estilo
Alguns poemas
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7. Ricardo
Reis ❶ Advoga a intelectualização das emoções.
Procura uma ordem interior através das correntes
filosóficas clássicas do Estoicismo e do Epicurismo.
❷ Consciente da efemeridade da vida e da
iminência da morte, encena a própria mortalidade.
❸ Canta o regresso do neopaganismo, com a
apropriação do espaço sagrado pelos deuses.
❹ Resvala, num período mais tardio da sua
poética, num niilismo existencial que procura
afastar.
Temáticas
8. Ricardo
Reis
Temáticas
Epicurismo: tem como ideais o Fatalismo (o
poeta conforma-se com a morte inevitável), a
vivência moderada dos prazeres da vida (carpe
diem) e a fuga da dor.
Estoicismo: tem como ideais o domínio das
paixões e a aceitação da ordem natural das
coisas, através da ausência das emoções ou do
excesso por elas suscitado.
9. • “Quando, Lídia, vier o nosso outono”
• “Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio”
• “Prefiro rosas, meu amor, à pátria”
• “As rosas amo dos jardins de Adónis”
• “Antes de nós nos mesmos arvoredos”
• “Ponho na altiva mente o fixo esforço”
Ricardo
Reis ❶ Uso de formas clássicas, como as odes de tipo horaciano.
❷ Estilo rigoroso, com linguagem elevada e disciplina
métrica e rimática – estrofes regulares (decassílabos
alternados ou não com hexassílabos) em verso branco.
❸ Linguagem de inspiração clássica (léxico e sintaxe
alatinados).
❹ Submissão da forma ao conteúdo (se o pensamento for
elevado, a forma será igualmente elevada).
Linguagem e estilo
Alguns poemas
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10. Álvaro de
Campos
Temáticas
❶ O poeta da modernidade –
indisciplinado por natureza, este
heterónimo pessoano é a manifestação do
desejo de cosmopolitismo do Modernismo
português e do Futurismo. Por isso, canta a
modernidade e a máquina. Através de um
canto arrebatado, exalta como matéria
épica a civilização industrial e da técnica, da
força, da violência e do excesso, querendo
“sentir tudo de todas as maneiras”.
Ex.: “Ode triunfal”
11. ❷ Depois da fase sensacionista, passa por
uma fase metafísica em que, incapaz de se
deslumbrar pela sensação, sente uma
frustração que lhe provoca as insónias de
ser. É a fase em que revela uma angústia
existencial, o tédio e a fragmentação do
sujeito. Tal como o ortónimo, sente dor de
pensar, angústia pelo tempo que passa e a
nostalgia da infância.
Ex.: “Aniversário”
“Depus a máscara…”
“Na casa defronte de mim e dos meus
sonhos”
Álvaro de
Campos
Temáticas
12. Álvaro de
Campos ❶ Tendência para o
emprego do verso solto.
❷ Vertigem da palavra –
que se traduz numa
gradação da linguagem.
❸ Uso de onomatopeias,
aliterações e outros recursos
fonéticos.
❹ Recurso a grafismos
expressivos e pontuação
emotiva.
Linguagem e estilo
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14. RECURSOS EXPRESSIVOS
Repetição intencional do mesmo som consonântico em
palavras próximas, conferindo ao texto determinados
efeitos sonoros, rítmicos e de sentido.
“Em febre e olhando os motores
[como a uma Natureza
[tropical – Grandes trópicos
humanos de ferro e fogo e força”
Álvaro de Campos, “Ode Triunfal”
A aliteração dos sons “f”, “r” e
“t” realça a robustez , a
energia o vigor que das
máquinas, sugerindo o ritmo
alucinante da sociedade
moderna e acentuando o
arrebatamento do canto do
sujeito poético.
Aliteração
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15. Repetição de uma palavra ou expressão em início de frases ou
versos sucessivos com o objetivo de intensificar a ideia
expressa.
“Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco,
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui – ai, meu Deus!, o que só hoje
[sei que fui…
A que distância!….”
Álvaro de Campos, “Ode Triunfal”
A anáfora
(“O que fui”) marca
remete para o tempo
passado, acentuando a
nostalgia da infância e
a saudade do passado
longínquo, para sempre
perdido.
Anáfora
RECURSOS EXPRESSIVOS
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16. Alteração da ordem comum das palavras (ex.: ocorrência
do complemento direto antes do verbo ou do
complemento do nome antes do nome), para criar efeitos
rítmicos, rimáticos e de sentido.
“Prefiro rosas, meu amor, à pátria,
E antes magnólias amo
Que a glória e a virtude.”
Ricardo Reis
As anástrofes colocam em
realce o vocativo “meu amor”
e a expressão “magnólias
amo”, acentuando o tom de
conversação e a importância e
o simbolismo das “magnólias”
(mundo natural vs. valores
sociais).
Anástrofe
RECURSOS EXPRESSIVOS
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17. Interpelação de um destinatário, que pode ser (ou não)
humano, real ou fictício, presente ou ausente, através do
vocativo.
“Quando, Lídia,
[vier o nosso outono”
Ricardo Reis
A apóstrofe realça o tom
de conversação com Lídia,
a figura feminina que se
assume frequentemente
como interlocutora e
amada do sujeito poético.
Apóstrofe
RECURSOS EXPRESSIVOS
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18. Apresentação ou listagem sucessiva de elementos
relacionados entre si e, geralmente, da mesma
classe gramatical, de forma a intensificar uma ideia.
“Ó fábricas, ó laboratórios,
[ó music-halls, ó Luna-Parks,
Ó couraçados, ó pontes,
[ó docas flutuantes –.”
Álvaro de Campos, “Ode Triunfal”
A enumeração
sugere o fascínio do
sujeito poético
perante a sociedade
moderna, marcando
o seu espírito épico
e o arrebatamento
do seu canto.
Enumeração
RECURSOS EXPRESSIVOS
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19. Apresentação de determinadas palavras ou conceitos de
forma crescente ou decrescente.
“Rasgar-me todo,
[abrir-me completamente,
[tornar-me passento
A todos os perfumes de óleos […]”
Álvaro de Campos, “Ode Triunfal”
A gradação sugere a
progressiva euforia
do sujeito poético ao
exprimir a sua
pretensão de
sentir tudo, num
misto de volúpia e
vertigem.
Gradação
RECURSOS EXPRESSIVOS
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20. Utilização de um termo para designar algo diferente daquilo
que designa habitualmente, a partir de elementos que são
comuns a esse termo e ao que ele refere.
“(Pensar é estar doente
[dos olhos)”
Alberto Caeiro
Através da metáfora, o sujeito
poético acentua a recusa do
pensar, ato que associa à
incapacidade de fruição do
mundo (realidade exterior)
captado pelos sentidos.
Metáfora
RECURSOS EXPRESSIVOS
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21. Atribuição de características humanas (pensamentos,
sentimentos, ações) a seres inanimados, a animais ou a
entidades abstratas.
“Para, meu coração!
Não penses!
[Deixa o pensar na cabeça!”
Álvaro de Campos
O sujeito poético
interpela o seu “coração”,
personificando-o e
acentuando o sofrimento
causado pela consciência e
pela dor de pensar.
Personificação
RECURSOS EXPRESSIVOS
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22. Imitação de um som (ruído de um objeto ou de um
fenómeno da natureza, som emitido por um animal…)
“Ó rodas, ó engrenagens,
[r-r-r-r-r-r-r eterno!”
Álvaro de Campos, “Ode Triunfal”
A onomatopeia imita o
ruído causado pelas
máquinas, acentuando o
ritmo, a energia e a força da
civilização industrial.
Onomatopeia
RECURSOS EXPRESSIVOS
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23. Em síntese
O fingimento artístico
– Alberto Caeiro, o poeta “bucólico”
– Ricardo Reis, o poeta “clássico”
– Álvaro de Campos, o poeta da modernidade
Reflexão existencial
– Alberto Caeiro: o primado das sensações
– Ricardo Reis: a consciência e a encenação da mortalidade
– Álvaro de Campos: sujeito, consciência e tempo; nostalgia da infância.
O imaginário épico (Álvaro de Campos)
– matéria épica: a exaltação do Moderno
– o arrebatamento do canto
Linguagem, estilo e estrutura
– formas poéticas e formas estróficas, métrica e rima
– recursos expressivos: aliteração, anáfora, anástrofe, apóstrofe, enumeração, a
gradação, metáfora e personificação
– onomatopeia
–
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