1) O documento discute a docência universitária e as contribuições e desafios da cultura digital, mobilidade e ubiquidade.
2) Ele propõe que a incorporação destes elementos da cultura digital pode enriquecer os processos formativos de professores e alunos, desde que adotada uma perspectiva dialógica e autoral.
3) No entanto, também alerta para os riscos da racionalidade instrumental que pode destituir a autoria dos sujeitos no uso dos dispositivos móveis.
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
Versão correta - Docência universitária e cultura digital: contribuições e desafios da mobilidade e da ubiquidade
1. DOCÊNCIA UNIVERSITÁRIA E CULTURA DIGITAL:
CONTRIBUIÇÕES E DESAFIOS DA MOBILIDADE E DA UBIQUIDADE
Lucila Pesce - UNIFESP
SIMPÓSIO EIXO V
Didática online na pedagogia universitária: saberes didáticos em mobilidade
Didática(s) entre diálogos, insurgências e políticas:
tensões e perspectivas na relação entre Educação, Comunicação e Tecnologia
2. Contexto:
Desdobramentos
para a docência
Incorporação da
cultura digital
Mobilidade e
ubiquidade
Muitas práticas sociais contemporâneas se desenvolvem
mediadas por dispositivos e interfaces digitais, em especial
os dispositivos móveis.
4. Formação para a docência universitária
Conhecimento profissional docente
De natureza composicional: construída na incorporação de
conhecimentos pedagógicos ao ensino de conteúdos
específicos.
Capacidade analítica: no decurso da prática reflexiva.
De natureza mobilizadora e interrogativa.
Capacidade meta-analítica, que demanda distanciamento e
autocrítica exercidos na prática reflexiva, com
contribuição de conhecimentos específicos ao saber
docente, tanto de conteúdo como didático-pedagógico.
Comunicabilidade e circulação: hoje, comunicação móvel e
ubíqua; circulação num híbrido entre o suporte analógico e
digital.
Roldão (2007)
5. Formação para a docência universitária
Construção social do magistério:
“Ter um ofício significa orgulho, satisfação pessoal, afirmação e defesa
de uma identidade individual e coletiva”.
(ARROYO, 2000, p. 21)
No magistério superior:
Docência em segundo plano, em relação ao exercício de uma
determinada carreira (médico, advogado, juiz, promotor, engenheiro,
arquiteto, psicólogo...) e em relação à carreira de pesquisador.
Os PPG brasileiros - modelo americano e o alemão, que priorizam a
pesquisa sobre o ensino (PIMENTA e ANASTACIOU, 2005).
6. Notório saber
na área de
especialidade
Dimensão da
Pesquisa
Frágil formação para
o exercício da
docência
Formação para a docência universitária
Cunha (2009), Pimenta e Anastasiou (2005),
Melo e Campos (2019), Bolzan e Isaia (2006)
Carência de ações institucionais
voltadas à formação pedagógica dos
docentes universitários
Lei 12.772 (BRASIL, 2012)
Inciso V - artigo 24: cabe às universidades e institutos federais de ensino
superior trabalhar a dimensão pedagógica dos docentes universitários.
Mas isso não cobre a totalidade das IES
8. Pedagogia universitária no
Brasil
(desde década de 1990)
Crescente
protagonismo dos
estudantes
universitários
Espaços inovadores de
aprendizagem
Apoio das TDIC
Atitude de
abertura à
formação
permanente
Gaeta e Masetto (2019)
Formação para a docência universitária
9. Bolzan e Isaia (2006):
Fecundidade das ações compartilhadas, no âmbito da formação
pedagógica do docente universitário.
Múltiplos modos de se estabelecer processos formativos em direção
à professoralidade.
Pesce (2020):
A incorporação da mobilidade e da ubiquidade proporcionadas pela
cultura digital pode se constituir em um dos elementos a integrar a
esse perene processo formativo para o exercício da docência
universitária.
Formação para a docência universitária
10. O LEITOR IMERSIVO E UBÍQUO - SANTAELLA
Leitor Imersivo
• Está no espaço informacional.
• Perambula e se detém em telas e programas de leitura.
• Navega em um universo de signos disponíveis.
• Cognitivamente está sempre em estado de prontidão.
• Conecta-se entre vários nós e nexos com roteiros multilineares, multissequenciais e labirínticos
(ele ajuda a construir isso).
• Interage com os nós entre os textos, imagens, músicas.
• É livre para estabelecer sua ordem informacional.
Leitor Ubíquo
• Com a transformação do ciberespaço surge um quarto tipo de leitor o leitor ubíquo.
• Acesso às informações, novos ambientes de conexão e compartilhamento.
• Expansão inclusiva do perfil cognitivo do leitores que o precederam.
O leitor ubíquo tem trazido demanda por mudança na educação
11. UBÍQUO
onipresente
por toda parte, em
qualquer lugar.
LEITOR UBÍQUO
mobilidade do seu corpo
no espaço urbano e das
operações mentais, a
partir das interações
em rede.
LEITOR UBÍQUO
conjuga traços do leitor
movente (nos espaços
urbanos, por exemplo) e
do leitor imersivo (no
ciberespaço)
GRUPOS SOCIAIS
ubiquidade e
colaboração, em tempo
real
AMBIVALÊNCIA
estado inédito de
prontidão e
concentração dispersa
Cultura digital, mobilidade e ubiquidade
Santaella (2014); Policarpo e Santaella (2018)
12. Uso instrumental
dos dispositivos móveis em rede
Acesso às informações
pelos artefatos culturais digitais
Cultura digital, mobilidade e ubiquidade
Concentração dispersa:
instância social historicamente mediada pelo excesso
de consumo de estímulos audiovisuais
(ZUIN e ZUIN, 2019)
Crescente vigilância e controle
informacionais
Novos modos de resistência
13. Contextos culturais e
tecnologias móveis
locativas
Mobilidade cibercultural:
contribuições para os
processos formativos –
diálogo com a literatura
científica e com os
cotidianos
Práticas sociais no
interstício entre
ciberespaço e
cidades
Santos (2015)
Cultura digital, mobilidade e ubiquidade
Relevância dos espaços intersticiais (urbano e ciberespaço) para a
educação (formal e não formal) dos sujeitos sociais
contemporâneos
(BRUNO e PESCE, 2015)
Museus como espaços multirreferenciais de aprendizagem, que
integram as redes educativas das cidades
(SANTOS, SARTI e SANTOS, 2019)
14. Cultura digital, mobilidade e ubiquidade
ALERTA:
“Se não mudarmos o paradigma educacional e comunicacional,
a web 2.0 e a mobilidade ubíqua acabarão servindo para
reafirmar o que já se faz” (SANTOS, 2015, p. 144).
Contribuições da cultura digital
para a docência universitária
Potência da perspectiva
dialógica de Freire
15. Bruno e Pesce (2015)
Ações formativas colegiadas e mediadas por tecnologias
digitais e em rede podem acrescentar aos processos
formativos
Alerta: agenda neoliberal das ações formativas voltadas
à racionalidade instrumental dos dispositivos em rede.
Freire: linguagem como instância fundamental à
constituição dos sujeitos sociais.
Docência universitária em tempos de cultura digital:
a fecundidade da perspectiva dialógica freireana
17. INVESTIGAÇÃO TEMÁTICA
TEMATIZAÇÃO DO CONHECIMENTO
Docente universitário e estudantes em um processo
formativo autoral
Professores e estudantes: uso autoral dos dispositivos
móveis em rede
Trazer para o processo formativo informações e
vivências emanadas da zona intersticial entre o espaço
urbano e as infovias digitais
Pesce (2020)
Docência universitária em tempos de cultura digital:
a fecundidade da perspectiva dialógica freireana
18. Convergência corporativa
Convergência alternativa
Educação bancária
Alinhada ao status quo
Uso instrumental dos artefatos culturais digitais
Emancipação e conscientização
Uso crítico dos artefatos culturais digitais
Cotidiano (e a linguagem nele veiculada) como telos
condutor da emancipação humana
Identidades em meio às relações dialógicas
Docência universitária em tempos de cultura digital:
a fecundidade da perspectiva dialógica freireana
X
Pesce (2020)
19. Dimensão autoral e
emancipadora
Da formação do professor
universitário
Racionalidade instrumental - destitui de autoria
estudantes e professores.
Ambivalência dos dispositivos móveis em rede
Perspectiva dialógica (freireana) e autoral -
contribuições aos processos formativos de docentes
e estudantes
Proposição dialógica freireana - horizontalidade entre formador e
formando (PESCE, BRUNO, HESSEL, 2019)
Não a cursos e programas de
formação docente prescritivos, com
ou sem integração da cultura digital
à prática docente
Docência universitária em tempos de cultura digital:
a fecundidade da perspectiva dialógica freireana
Pesce (2020)
20. Processos
formativos
Mobilidade e a
ubiquidade da
cultura digital
Em favor de
processos
autorais e
dialógicos
Docência universitária em tempos de cultura digital:
a fecundidade da perspectiva dialógica freireana
Pesce (2020)
21. Um convite à discussão
DOCÊNCIA UNIVERSITÁRIA
Desafios aos processos formativos
Atuais práticas sociais – muitas delas por meio dos
dispositivos e interfaces digitais
Dispositivos móveis – mobilidade e ubiquidade
Contribuições e riscos da cultura digital, a depender do
enfoque
Pesce (2020)
22. Premissas dos processos formativos
Instrumental Dialógica e Autoral
Perspectiva
funcionalista
De caráter impositivo
Conformes às demandas
mercantis
Acento único nos
conteúdos de ensino
Processos formativos
aligeirados e
planificados
Perspectiva culturalista
De caráter dialógico
Aproximação dos
sujeitos sociais: acolhida
Refundamentadas
Emancipadoras
Empoderadoras
Um convite à discussão
Pesce (2020)
23. A premissa
dialógica
e autoral nos
processos
formativos
Práticas educacionais conformes às
demandas mercantis
Reprodução
Reconstrução
Práticas educacionais ressignificadas, empoderadoras e emancipadoras
Um convite à discussão
Pesce (2020)
26. E HOJE? - PANDEMIA - COVID-19
Professores
Estudantes
Ações educacionais remotas
Em todos os níveis e modalidades de educação – no nosso caso: ensino superior
Análise crítica da racionalidade subjacente ao “ensino remoto”
Fecundidade da premissa dialógica de Paulo Freire.
Um convite à discussão
27. TECENDO A MANHÃ
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.
Publicado no livro “A educação pela pedra” (1966).
In: MELO NETO, João Cabral de. Obra completa: volume único. Org. Marly
de Oliveira. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. p.345. Biblioteca luso-
brasileira. Série brasileira.
João Cabral de Melo Neto
Poeta e diplomata brasileira
Recife (1920) – RJ (1999)
28. Referências
ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. (1947). Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Trad. G. A. de Almeida. RJ: Jorge
Zahar, 1985.
ARROYO, Miguel G. Ofício de mestre: imagens e auto-imagens. 8ª. ed. Petrópolis: Vozes, 2000.
BOLZAN, Doris P. V.; ISAIA, Silvia M. de A. Aprendizagem docente na educação superior: construções e tessituras da professoralidade.
Educação. Porto Alegre – RS, ano XXIX, n. 3 (60), p. 489-501, Set./Dez. 2006. Disponível em:
http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faced/article/viewFile/489/358 Acesso: 21/01/2020.
BRUNO, Adriana R.; PESCE, Lucila. DocênciaS na/com a contemporaneidade: experiências (trans)formadoras em meio à cultura digital e em
rede. Perspectiva (UFSC), v. 33, p. 589-611, 2015. Disponível em: https://doi.org/10.5007/2175-795X.2015v33n2p589 Acesso: 21/01/2020.
CUNHA, Antônio G. Dicionário etimológico da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1999.
CUNHA, Maria Isabel da. O lugar da formação do professor universitário: o espaço da pós-graduação em educação em questão. Revista Diálogo
Educacional, Curitiba, v. 9, n. 26, p. 81-90, jan./abr. 2009.
FREIRE, Paulo. (1968). Pedagogia do oprimido. 33ª. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002.
______. (1969). Extensão ou comunicação? 7ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.
MASETTO, Marcos T.; GAETA, Maria Cecília D. Trajetória da Pedagogia Universitária e Formação de Professores para o Ensino Superior o
Brasil. Revista em Aberto - INEP, v. 32, p. 45-57, 2019. Disponível em: http://dx.doi.org/10.24109/2176-6673.emaberto.32i106.4434 Acesso:
21/01/2020.
MELO, Geovana Ferreira; CAMPOS, Vanessa T. B. Pedagogia universitária: por uma política institucional de desenvolvimento docente. Cadernos
de Pesquisa, São Paulo, v. 49, n. 173, p. 44-63, jul./set. 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1590/198053145897 Acesso: 21/01/2020.
PIMENTA, Selma G.; ANASTASIOU, Lea das Graças C. Docência no ensino superior. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2005.
PESCE, Lucila. Formação online de educadores sob enfoque dialógico: da racionalidade instrumental à racionalidade comunicativa. Revista
Quaestio (UNISO), v. 12, p. 25-61, jul. 2010.
Disponível em: http://periodicos.uniso.br/ojs/index.php/quaestio/article/view/177/177 Acesso: 21/01/2020.
PESCE, Lucila. Docência universitária e cultura digital: contribuições e desafios da mobilidade e da ubiquidade. In: CRUZ, G. B. da et al. (orgs.).
Didática(s) entre diálogos, insurgências e políticas. Petrópolis, RJ: FAPERJ, CNPq, CAPES, DP et al., 2020. p. 792-809. Disponível em:
https://www.amazon.com.br/dp/B08LZMQFZY Acesso: 04/11/2020.
PESCE, Lucila; BRUNO, Adriana Rocha; HESSEL, Ana Maria Di Grado. A premissa dialógica como elemento fundante da formação de educadores:
um intertexto entre Freire, Morin e Latour. Educere et Educare, v. 13, p. 08-24, 2018. Disponível em:
http://dx.doi.org/10.17648/educare.v13i28.18871 Acesso: 21/01/2020.
29. Referências
POLICARPO, Clayton; SANTAELLA, Lucia. A estética do conhecimento nas redes digitais. Dialogia, v. 28, p. 29-45, 2018. Disponível em:
https://doi.org/10.5585/dialogia.N28.8455 Acesso: 21/01/2020.
ROLDÃO, Maria do C. Função docente: natureza e construção do conhecimento profissional. Revista Brasileira de Educação, v. 12, n. 34, p. 94-
103, 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v12n34/a08v1234.pdf Acesso: 21/01/2020.
SANTAELLA, Lucia. Aprendizagem ubíqua no contexto da educação aberta. Revista Tempos e Espaços em Educação, v. 14, p. 15-22, 2014.
Disponível em:
https://doi.org/10.20952/revtee.v0i0.3446 Acesso: 21/01/2020.
SANTOS, Edmea. A mobilidade cibercultural: cotidianos na interface educação e
comunicação. Em Aberto, Brasília, v. 28, n. 94, p. 134-145, 2015.
Disponível em: http://dx.doi.org/10.24109/2176-6673.emaberto.28i94.1675 Acesso: 21/01/2020.
SANTOS, Edmea; MARTI, Frieda; SANTOS, Rosemary dos. O museu como espaço multirreferencial de aprendizagem: rastros de aprendizagens
ubíquas na cibercultura. Revista Observatório, v. 5, p. 182-201, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2019v5n1p182
Acesso: 21/01/2020.
ZUIN, Antonio A. S.; ZUIN, Vânia G. A Indústria Cultural na era da tela onipresente. Cadernos de Pesquisa: pensamento educacional
(CURITIBA. ONLINE), v. 14, p. 89-104, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.35168/2175-2613 Acesso: 21/01/2020.
Legislação
BRASIL (2012). Presidência da República. LEI Nº 12.772, DE 28 DE DEZEMBRO DE 2012. Dispõe sobre a estruturação do Plano de
Carreiras e Cargos de Magistério Federal; sobre a Carreira do Magistério Superior, de que trata a Lei nº 7.596, de 10 de abril de 1987; sobre o
Plano de Carreira e Cargos de Magistério do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico e sobre o Plano de Carreiras de Magistério do Ensino Básico
Federal, de que trata a Lei nº 11.784, de 22 de setembro de 2008; sobre a contratação de professores substitutos, visitantes e estrangeiros
[...] e dá outras providências.