Fundamentos ontológicos e epistemológicos da aprendizagem online em tempos de pandemia
1.
2. COVID-19
Ações educacionais remotas
Em todos os níveis e modalidades de educação
Análise crítica da racionalidade subjacente ao “ensino remoto”
Premissa dialógica: Habermas, Freire, Bakhtin, Morin.
PROFESSORES/AS
ESTUDANTES
3. Ação comunicativa habermasiana
AÇÃO ESTRATÉGICA
AÇÃO COMUNICATIVA
X
• Pautada na lógica instrumental
• Voltada aos fins de sucesso, controle e dominação
• Atenta ao mundo da vida, às questões intersubjetivas.
• Voltada à emancipação
• Compromissada com a descolonização do mundo da vida dos
professores e estudantes
4. Ação comunicativa habermasiana
• Descolonização do mundo da vida (Lebenswelt) – vida social
dialógica, ética e emancipadora
• Sujeitos sociais buscam entendimento mútuo na fala e nas
ações intersubjetivas
• Linguagem
• medium regulador do entendimento mútuo
• forma de ação social
• Busca de consenso
• argumento
• problematização
• em contexto intersubjetivo (argumentos livres de coação)
• em contexto provisório (aberto a novos níveis de compreensão e entendimento)
5. Empoderamento e interação dialógica freireana
• Cosmovisão dialética e dialógica
• Premissa – utopia inerente ao projeto social emancipador
• Da concretude histórica dos excluídos, à problematização do mundo
• Interação dialógica
• Crítica
• Transformadora
• Aberta à alteridade e ao novo
• Constituição mútua dos sujeitos sociais
• Relações sociais solidárias e emancipadoras
6. Habermas / Freire – um intertexto
HABERMAS FREIRE
Educação Instância social em que são engendradas relações
dialéticas (reprodução e reconstrução)
Mídia Tensão: humanização x coisificação do homem
Reconstrução
social
Da subjetividade para a intersubjetividade
Denúncia da
dominação
social
Razão instrumental
(pensamento estratégico)
Educação bancária
(anti dialógica)
Busca de
superação
Razão comunicativa Educação libertadora
7. Habermas / Freire – um intertexto
FREIRE HABERMAS
Relação pedagógica
na interação
dialógica
Unidade da razão comunicativa, no
entendimento mútuo
Temas geradores e
humanização
Projeto de reconstrução social
reabilitador do mundo da vida
8. Habermas / Freire – um intertexto
FREIRE HABERMAS
Horizontalidade Pela interação
dialógica, a ação
social
Pelo agir comunicativo, o entendimento
mútuo
Devir História como
possibilidade
Inconclusão
humana
Modernidade como projeto inacabado
Linguagem
como prática
social
Interação
dialógica
Agir comunicativo
Intertexto e contradições, nos processos educacionais
Subsídios à refundamentação das ações educacionais
9. A premissa dialógica
nos processos formativos
Práticas educacionais conformes às demandas mercantis
Reprodução
(não dialógico)
Reconstrução
(dialógico)
Práticas educacionais ressignificadas, empoderadoras e
emancipadoras
10. Ações educacionais
Instrumentais Comunicativas
Perspectiva funcionalista
De caráter impositivo
Conformes às demandas
mercantis
Acento único nos conteúdos
de ensino
Processos formativos
aligeirados e planificados
Perspectiva culturalista
De caráter dialógico
Aproximação dos sujeitos
sociais: acolhida
Refundamentadas
Emancipadoras
Empoderadoras
A premissa dialógica
nos processos formativos
11. Morin e a Complexidade
Pensamento complexo transcende a lógica
linearizada e reducionista, a qual é caracterizada
pela maneira excludente e fragmentada de
explicar o real.
A via da complexidade explica o ser humano
imerso na rede de relações sociais, construindo-se
e construindo a sociedade permanente, em
movimentos dialógicos, que se perpetuam
circularmente em fluxos retroativos/recursivos.
12. No pensamento complexo: as contradições não são excludentes
entre si, mas são reconhecidas como duas polaridades Yin e Yang
complementares (masculino e feminino, razão e emoção, sujeito
e objeto)
No pensamento linear: os opostos se excluem.
• Na dialética hegeliana: tese, antítese e síntese (reconcilia os
paradoxos).
• Na dialógica: os opostos são reconhecidos e se mantêm em
permanente diálogo.
Princípio Dialógico
14. Autopoiese ou autopoiesis
(do grego auto "próprio", poiesis "criação")
É um termo criado na década de 1970 pelos biólogos e filósofos
chilenos Humberto Maturana e Francisco Varela para designar a
capacidade dos seres vivos de produzirem a si próprios.
.
Os seres vivos se caracterizam por produzirem-se
continuamente a si mesmos.
Têm uma organização autopoiética.
Autopoiese
15. Autopoiese ou autopoiesis
A conservação da autopoiese de um ser vivo ao seu meio são condições sistêmicas
para a vida.
Portanto, um sistema vivo, como sistema autônomo está constantemente se
autoproduzindo, autorregulando, e sempre mantendo interações com o meio, onde
este apenas desencadeia no ser vivo mudanças determinadas em sua própria
estrutura, e não por um agente externo.
Autopoiese
16. A dimensão autopoiética (Maturana e Varela, 1995, 1997)
• Todo ser vivo está em intercâmbio constante com
o ambiente.
• É paradoxalmente dependente e autônomo.
• É dependente do ambiente no qual vive, pois
precisa se adaptar criativamente para nele
sobreviver.
• É autônomo porque se organiza sozinho, em
ciclos contínuos, ou seja, em interações cognitivas
recorrentes.
Autonomia e Dependência
17. O ser vivo não pode ser controlado, apenas
perturbado.
As mudanças não ocorrem por imposições, mas de
dentro para fora.
O ser vivo e o meio em que vivem estão em
congruência pois ambos se modificam pela ação
interativa.
Congruência
18. O mundo em que vivemos é o que construímos a
partir de nossas percepções, e é nossa estrutura que
permite essas percepções.
Nosso mundo é a nossa visão de mundo.
Se a realidade que percebemos depende da nossa
estrutura — que é individual —, existem tantas
realidades quantas pessoas percebedoras.
Percepções
19. O sistema vivo e o meio em que ele vive se
modificam de forma congruente.
O meio produz mudanças na estrutura dos sistemas,
que por sua vez agem sobre ele, alterando-o, numa
relação circular.
Quando um organismo influencia outro, este replica
influindo sobre o primeiro. Ou seja, desenvolve
uma conduta compensatória.
Acoplamento estrutural
20. Os seres vivos são sistemas autônomos, que
determinam o seu comportamento a partir de seus
próprios referenciais,
isto é, a partir de como interpretam as influências
que recebem do meio.
Se tal não acontecesse, seriam sistemas sujeitados,
obedientes a determinações vindas de fora.
Sujeitos
21. Conclusões provisórias...
porque históricas
• Atividades educacionais desenvolvidas em
caráter remoto, em tempos de pandemia: não
cabe refutar, mas ampliar a compreensão
crítica sobre tais ações.
• Distância geográfica e não simbólica.
• Distância temporal (atividades assíncronas) e
não descompasso entre as temporalidades
cronológica e kairológica.
22. Conclusões provisórias...
porque históricas
EDUCACÃO EM TEMPOS DE PANDEMIA
Na denúncia da vertente
mercadológica, a
resistência
Na proposta da vertente
dialógica, o desejo de
superação
Nos movimentos de resistência e
superação, a busca de um projeto
educacional emancipador
23. Profa. Dra. Ana Maria Di Grado Hessel
PUC-SP – PPG TIDD
digrado@uol.com.br
Profa. Dra. Lucila Pesce
Unifesp - PPGE
lucila.pesce@unifesp.br
Referência:
PESCE, Lucila; HESSEL, Ana Maria Di Grado. Fundamentos
ontológicos e epistemológicos da aprendizagem on-line . Educação
e Cultura Contemporânea. v. 16, n. 43, 2019, p. 11-29.
OBRIGADA!