A peça A Pele do Lobo, de Artur Azevedo, é uma comédia de costumes que satiriza os funcionários públicos e a burocracia do Rio de Janeiro do século XIX através da história de Cardoso, um subdelegado impaciente que tem que ouvir reclamações de cidadãos durante horas. A obra critica os costumes da época e apresenta personagens que representam diferentes classes sociais da capital brasileira.
3. O Autor
• Em suas obras, Artur Azevedo abordou assuntos do
cotidiano da vida carioca e dos hábitos da capital.
• Os namoros, as infidelidades conjugais, as relações de
família ou de amizade, as cerimônias festivas ou
fúnebres, tudo o que se passava nas ruas ou nas casas
lhe forneceu assunto para as histórias.
• No teatro foi o continuador de Martins Pena e de
França Júnior.
• Em suas comédias temos um documentário sobre a
evolução da então capital brasileira ( Rio de Janeiro).
4. Análise do Texto
• ESPAÇO: Rio de Janeiro, sala da casa de
Cardoso: a casa da autoridade é uma
repartição pública.
• GÊNERO: Dramático (comédia): Drama, em
grego, significa "ação".
– Pertencem ao gênero dramático os textos, em
poesia ou prosa, feitos para serem representados,
encenados, dramatizados.
5. Gênero
• O gênero dramático compreende as seguintes
modalidades:
– Tragédia: é a representação de um fato funesto,
triste, suscetível de provocar compaixão e terror
(catarse). Aristóteles afirmava que a tragédia era
"uma representação de uma ação grave, de alguma
extensão e completa, em linguagem figurada, com
atores agindo, não narrando, inspirando dó e terror".
– Comédia: é a representação de um fato inspirado na
vida cotidiana, no sentimento comum, de riso fácil,
em geral criticando os costumes. Os temas são leves e
alegres.
6. Estrutura e Tempo
• ESTRUTURA: peça em um ato e dez cenas.
• TEMPO: atualidade (1875).
– Cronológico: quando começa a primeira cena,
Cardoso e Amália já estavam prontos para sair há
duas horas e dois minutos. Quando termina a última
cena, já eram três horas e quinze minutos de espera.
– Psicológico: a marcação sistemática dos minutos
indica que cada minuto consistia em um período
insuportável de espera, quando era eles que tinham
que ouvir as partes; por outro lado, parecia que o
tempo passava muito depressa, acentuando o atraso
dos dois.
7. Personagens
• PERSONAGENS:
• Cardoso: subdelegado, que pediu o cargo, visando conseguir, após
a morte de um colega, galgar um cargo superior. É impaciente e
não suporta receber as queixas das pessoas. Representa o
funcionário público que não atua de acordo com as necessidades e
obrigações de seu cargo e, quando o faz, é de má vontade.
• Amália: esposa de Cardoso, atormenta-o com horários rígidos,
acusa-o por ter aceito o cargo e sugere que o abandone.
• Apolinário: cidadão do povo, criador de galinhas, uma parte.
Representa o indivíduo de pouca escolaridade, humilde, bajulador e
enrolado.Faz-se de tonto, mas impõe sua presença pela
subserviência.
8. • Perdigão: Compadre de Cardoso. Vem reclamar o
atraso dos padrinhos.
• Jerônimo: Outra parte, o acusado que se
transforma em vítima. Trata mal o bem público,
reclama da burocracia e impõe-se pela força.
Termina preso.
• Manuel Maria, Vitorino e Compadre:
testemunhas.
• Uma parte.
• Dois soldados de polícia: agentes que aparecem
para restabelecer a ordem.
9. Características da peça e Temática
• A peça A pele do lobo apresenta a trilogia da
unidade: unidade de ação, de tempo e de espaço,
o que significa que todo o drama ocorre em um
único espaço cênico, em um único tempo
determinado e os fatos se sucedem em função de
uma única ação.
• Artur Azevedo, em A pele do lobo, censura alguns
aspectos da sociedade carioca do século XIX, com
um texto que, respeitando-se os elementos
particulares da época, mantém uma temática
bastante atual.
10. Título
• O título da obra, A pele do lobo, relacionado à
frase de Amália, Quem não quiser ser lobo,
não lhe vista a pele, retrata bem o tema
abordado, ou seja, aquele que não quer
passar horas ouvindo as partes de denúncia
ou de defesa em um processo, que não quiser
chegar tarde aos eventos – ou mesmo perdê-
los, que não quiser perder a hora de comer,
dormir ou levantar, que não se candidate ao
cargo de subdelegado
11. Objetivos da Peça
• A comédia de costumes caracteriza-se pela
criação de tipos e situações de época, com uma
sutil Sátira Social.
• Proporciona uma análise dos comportamentos
humanos e dos costumes num determinado
contexto social, tratando frequentemente de
amores ilícitos, da violação de certas normas de
conduta, ou de qualquer outro assunto, sempre
subordinados a uma atmosfera cômica.
12. Desenvolvimento da Trama
• A trama desenvolve-se a partir dos códigos
sociais existentes, ou da sua ausência, na
sociedade retratada.
• As principais preocupações dos personagens são
a vida amorosa, o dinheiro e o desejo de
ascensão social.
• O tom é predominantemente satírico, espirituoso
e cômico, oscilando entre o diálogo vivo e cheio
de ironia e uma linguagem às vezes conivente
com a amoralidade dos costumes.
13. Comédia de Costumes
• A comédia de costumes é o gênero mais característico
do Teatro brasileiro.
• O escritor francês Molière é considerado o criador da
comédia de costumes.
• No Brasil, o principal representante, e pioneiro do
gênero, é Martins Pena, que caracterizou com bom
humor as graças e desventuras da sociedade brasileira.
• Arthur Azevedo, autor muito popular e que retratou os
costumes da sociedade brasileira do final da
Monarquia e início da República, foi o consolidador do
gênero introduzido por Martins Pena.