Este documento apresenta um curso de capacitação para educadores sobre desenvolvimento humano com 23 seções. Cada seção aborda um tópico como o que é desenvolvimento humano, competências básicas, família e escola, e inclui vídeos complementares. O curso tem como objetivo discutir temas importantes para a educação e formação humana de modo a promover maior igualdade e justiça social no Brasil.
3. 1 – Conteúdo Programático
1 – Conteúdo Programático
2 – Introdução
3 – O que é Desenvolvimento Humano
3.1 – IDH e IDHM (vídeo)
4 – Desenvolvimento Humano no Brasil
4.1 – Assunto Antigo, mas o problema continua atual (vídeo)
5 – O Potencial do Ser Humano
6 – Conteúdos da Educação
6.1 – Conhecimentos
6.2 – Valores
6.3 – Atitudes
6.4 - Habilidades6.5 – O Processo Educativo
7 – As Competências Básicas
7.1 – Celso Antunes: Os Quatro Pilares da Educação (vídeo)
8 – Competências Pessoais (Aprender a Ser)
8.1 – Rubem Alves: Aprender a Ser (vídeo)
9 – Competências Relacionais (Aprender a Conviver)
4. 9.1 – Rubem Alves: Aprender a Conviver (vídeo)
9.2 – Aprendizagens Básicas para o convívio interpessoal e
social
9.3 – A Fábula do Porco Espinho (vídeo)
10 – Competências Produtivas (Aprender a Fazer)
10.1 – Rubem Alves: Aprender a Fazer (vídeo)
11 – Competências Cognitivas (Aprender a Conhecer)
11.1 – Rubem Alves: Aprender a Aprender (vídeo)
12 – Que Tipo de Homem Queremos Formar?
12.1 – Luiz Carlos Prates: O Poder da Educação (vídeo)
13 – Protagonismo Juvenil
13.1 – Adolescentes Protagonistas (vídeo)
13.2 – Estruturando ações de Protagonismo Juvenil
13.3 – Protagonismo Juvenil e Resolução de Problemas (vídeo)
14 – O Papel do Educador
14.1 – Fazendo a Própria História (vídeo)
14.2 – As Perguntas Básicas
15 – Currículo e Desenvolvimento Human0
15.1 – Trabalhando as Diferenças (vídeo)
5. 15.2 – Desenvolvimento e Aprendizagens Escolares
15.3 – Rubem Alves: O Papel do Professor (vídeo)
16 – Paulo Freire: UM Precursor
16.1 – Paulo Freire: Teoria da Libertação (vídeo)
17 – Família e Escola: Contexto de Desenvolvimento Humano
17.1 – Mário Sérgio Cortella: Família e Escola (vídeo)
18 – Família e Desenvolvimento Humano
18.1 – Marco Evangelista: Os Dez Tipos de Família para o
Direito (vídeo)
18.2 – Júlio Furtado: O Papel dos Pais (vídeo)
19 – Escola e Desenvolvimento Humano
19.1 – Qualidade de Ensino: O Ponto Fraco no IDH Brasileiro
20 – As Relações Família- Escola
20.1 – Ana Inoue: O Papel da Escola Nesta Busca (vídeo)
20.2 – Necessidades e Barreiras
20.3 – Vasco Moretto: O Projeto Político Pedagógico (vídeo)
21 – Desafios e perspectivas
21.1 – Desafios da Educação (vídeo)
22 – Os Sete Códigos da Modernidade
6. 22.1 – Bernardo Toro: As Escolas que dão Certo (vídeo)
23 – Considerações Finais
23.1 – Encerramento (vídeo)
24 – Referências Bibliográficas
7. 2 - Introdução
O mundo contemporâneo apresenta
múltiplos desafios à educação, que surge
como um trunfo indispensável para a
humanidade, na construção de ideais de
paz, liberdade e justiça social. Esta, torna-
se, de modo cada vez mais necessário,
uma via que conduz a um desenvolvimento
humano mais harmonioso, autêntico, de
modo a fazer recuar a pobreza, a exclusão
social, as incompreensões, as opressões.
8. Procure fazer o curso tranquilamente,
sem preocupar-se com o tempo que
levará para concluí-lo.
É imprescindível assistir a todos os
vídeos, tanto os que estão inseridos
diretamente no curso, como os que
serão exibidos através de links. Eles
fazem parte do conteúdo do curso, não
são apenas um complemento.
Seja bem vindo e bom curso para você!
9. 3 – O que é
Desenvolvimento Humano
Desenvolvimento humano é o processo de
ampliação das liberdades das pessoas,
com relação às suas capacidades e as
oportunidades a seu dispor, para que elas
possam escolher a vida que desejam ter.
O processo de expansão das liberdades
inclui as dinâmicas sociais, econômicas,
políticas e ambientais necessárias para
garantir uma variedade de oportunidades
para as pessoas, bem como o ambiente
propício para que cada uma exerça, na
plenitude, seu potencial.
10. O conceito de desenvolvimento humano,
bem como sua medida, o Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH), foram
apresentados em 1990, no primeiro
Relatório de Desenvolvimento Humano do
Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD), idealizado pelo
economista paquistanês Mahbub ul Haq, e
com a colaboração do economista Amartya
Sen.
11.
12. Assim, o desenvolvimento humano deve
ser centrado nas pessoas e na ampliação
do seu bem-estar, entendido não como o
acúmulo de riqueza e o aumento da renda,
mas como a ampliação do escopo das
escolhas e da capacidade e da liberdade
de escolher. Nesta abordagem, a renda e a
riqueza não são fins em si mesmas, mas
meios para que as pessoas possam viver a
vida que desejam.
13. 3.1 – IDH e IDHM (Vídeo)
Você sabe o que é desenvolvimento
humano? Clique no link:
https://www.youtube.com/watch?v=STe
mQeb5pas
14. 4 – Desenvolvimento Humano
no Brasil
O Brasil, país que geralmente está
entre as dez maiores economias do
mundo, apresenta um quadro de tal
modo desolador no que se refere às
desigualdades sociais, que o mantém
num vergonhoso octogésimo quinto
lugar em IHD - Índice de
Desenvolvimento Humano (Notícias
UOL, 26-03-2015). Este é formado por
três indicadores:
15. Expectativa de vida ao nascer;
O nível educacional (escolaridade);
A capacidade econômica (nível de
renda).
Mas não é simples como parece. Há muita
coisa envolvida em cada um desses três
itens, que você aprenderá no decorrer do
curso.
16. Infelizmente, somos uma sociedade
dividida entre cidadãos e subcidadãos.
Uma parte considerável da população
brasileira não tem condições de exercer
o direito de ter direito; que a
Constituição e as Leis “asseguram” às
pessoas em termos de direitos civis,
políticos, sociais, econômicos, culturais
e ambientais.
17. Um dos principais papéis reservados à
educação consiste em possibilitar ao ser
humano a capacidade de dominar seu
próprio desenvolvimento. Ela deve fazer com
que cada um tome o seu destino nas mãos e
contribua para o progresso da sociedade em
que vive, baseando o desenvolvimento na
participação responsável dos indivíduos e
das comunidades. Espera-se, por meio de
uma prática educativa, a mudança, ao longo
do tempo, desse quadro de desigualdade que
predomina na sociedade brasileira.
18. 4.1 –Assunto Antigo... Mas o
problema continua atual
(Vídeo)
A desigualdade social faz parte da
História do Brasil. Creio que a Educação
para o Desenvolvimento Humano Pode
ajudar a mudar essa situação, tornando
as pessoas protagonistas da própria
história. Clique no link:
https://www.youtube.com/watch?v=Rmr
7v5ylxuc
19. 5 – O Potencial do
Ser Humano
Cada ser humano nasce com um potencial
e tem o direito de desenvolvê-lo;
O potencial de uma pessoa pode ser
inibido ou estimulado pelo seu contexto.
Trata-se de uma realidade “virtual” que
pode concretizar-se na pessoa através da
educação;
Para desenvolver o seu potencial, o ser
humano precisa de oportunidades. As mais
importantes para o desenvolvimento
pessoal e social são as educativas;
20. As oportunidades educativas devem ser
capazes de satisfazer as necessidades
básicas de aprendizagem do ser
humano,as quais compreendem os
conteúdos e instrumentos da educação.
21. 6 – Conteúdos da
Educação Em todos os tempos e lugares os
conteúdos da educação são:
Os conhecimentos;
Os valores;
As atitudes;
As habilidades.
22. Em todas as culturas letradas, os
instrumentos da educação são:
A expressão oral;
A leitura;
A escrita;
O cálculo;
A resolução de
problemas.
23. 6.1 - Conhecimentos
Para compreender a si mesmo e ao mundo
de que é parte, para conviver com seus
semelhantes, para produzir os bens e
serviços necessários à vida, para participar
das decisões que dizem respeito ao bem
comum, para expressar-se das mais
diversas formas e para continuar
aprendendo, toda pessoa precisa ter um
conjunto de conhecimentos básicos e
imprescindíveis, que variam conforme
cada época e cada cultura.
24. 6.2 - Valores
Cada um de nós é o resultado das
oportunidades que teve e das decisões
que tomou ao longo da vida. Os valores
pesam no momento em que o ser
humano tem de decidir. Por isso, é
fundamental uma educação que
propicie ao educando vivenciar,
identificar e incorporar valores
estruturantes em sua formação.
25. 6.3 - Atitudes
As atitudes são fontes de atos. Nossos
atos frente às circunstâncias decorrem
de nossa atitude básica diante da vida,
ou seja, do nosso posicionamento
(visão + significação) diante de nós
mesmos e do mundo natural e humano
do qual somos parte.
26. 6.4 - Habilidades
Quando falamos de habilidade, estamos
nos referindo aos requisitos básicos
para se viver e trabalhar numa
sociedade moderna, ou seja, estamos
falando das habilidades básicas,
específicas e de gestão.
27. 6.5 – O Processo Educativo
É pela educação, ou seja, pelo
desenvolvimento do processo
educativo, que as possibilidades do
educando são transformadas em
competências, capacidades e
habilidades.
Educar é transformar potencialidades
em competências, em capacidades e
habilidades.
28. 7 – As Competências
Básicas
Com base nos quatro pilares da educação,
do Relatório Jacques Delors, as quatro
competências fundamentais são:
1 - Competência Pessoal (aprender a ser);
2 – Competência Relacional (aprender a
conviver);
3 – Competência Produtiva (aprender a
fazer);
4 – Competência Cognitiva (aprender a
conhecer).
29.
30.
31. 7.1 – Celso Antunes: Os Quatro
Pilares da Educação (vídeo)
Celso Antunes fala sobre os quatro
pilares da educação que devem ser
ensinados dentro da sala de aula.
Clique no link:
https://www.youtube.com/watch?v=IQF8
mVF3j84
32. 8 – Competências Pessoais
(Aprender a Ser)
Autoconsciência (compreender-se e
aceitar-se);
Autovalorização (atribuir-se uma
significação positiva);
Auto-estima (gostar de si mesmo,
apreciar-se);
Autoconceito (formar uma ideia precisa de
si mesmo);
Autoconfiança (apoiar-se, primeiro, em
suas próprias forças);
33. Autoprojeção (tornar-se um ser
autoproposto, ter projeto de vida);
Autotelia (estabelecer seus próprios fins,
encontrar seu sentido de vida);
Autonomia (reger-se por critérios próprios);
Autodeterminação (posicionar-se a partir
de seus próprios pontos de vista e
interesse);
Autopreservação (saber lidar com a
adversidade de forma resiliente);
Auto-realização (consciência de estar no
caminho certo e de não estar parado).
37. 2 – Competências Sociais:
Solidariedade
Espírito comunitário
Cidadania
Urbanidade
Patriotismo
Humanitarismo
Segundo Bernardo Toro, a convivência
entre os seres humanos, por não ser
natural, requer aprendizagens básicas, que
devem ser ensinadas, aprendidas e
desenvolvidas todos os dias. É uma tarefa
de toda a vida de uma pessoa e de uma
sociedade.
38. 9.1 – Rubem Alves:
Aprender a Conviver (vídeo)
39. 9.2 – Aprendizagens Básicas
para o Convívio Interpessoal e
Social
Aprender a não agredir o semelhante:
Aprender a valorizar a vida do outro como
a sua própria vida;
Aprender a não tratar o diferente como
inimigo;
Aprender a valorizar a diferença como uma
vantagem que nos permita compartilhar
outros modos de pensar, sentir e agir;
Aprender a saber buscar a unidade, mas
saber viver com a diversidade;
40. Aprender a ter no cuidado e na defesa da
vida o princípio de toda convivência;
Aprender a respeitar a vida íntima dos
outros;
Aprender a negociar conflitos de interesses
e a se opor à guerra, tornando-a um ato
inútil e impensado.
41. Aprender a comunicar-se:
A conversação em família é o primeiro
passo para alguém aprender a comunicar-
se;
A comunicação (verbal, gestual ou escrita)
é fundamental para uma convivência social
ampla, diversificada e sadia;
A convivência social requer aprender a
conversar;
Através da conversação podemos nos
expressar, compreender, esclarecer,
concordar, discordar e comprometer;
Conversando, aprendemos a resolver
conflitos pacificamente e a descobrir
caminhos e alternativas para viver melhor.
42. Aprender a interagir:
Abordar os outros com respeito e cortesia;
Saber ajudar e ser ajudado;
Aprender a respeitar os compromissos e
normas decididos em grupo;
Aprender a concordar e discordar sem
romper convivência;
Aprender a viver a intimidade, aprender a
cortejar e amar, respeitando os seus
sentimentos e os da outra pessoa;
Aprender a perceber a nós mesmos e aos
outros como pessoas;
Aprender o respeito aos direitos humanos
como base para construção de uma vida
digna para todos.
43. Aprender a decidir em grupo:
Aprender a decidir em grupo é saber que
os interesses das pessoas são variados;
Compreender que, para se chegar a um
acordo, é preciso negociar;
O compromisso com as decisões coletivas
deve ser sempre autêntico, verdadeiro;
Saber que uma decisão grupal deve
envolver na sua negociação todos aqueles
que por ela serão afetados.
44. Aprender a se cuidar:
Aprender o autocuidado exige:
Aprender a proteger e promover a própria
saúde e a de todos como um bem social;
Aprender a valorizar as normas de
segurança, evitando acidentes;
Aprender a reconhecer a cuidar do corpo
como forma de expressão do seu ser.
45. Aprender a cuidar do lugar em que
vivemos:
Aprender a perceber o Planeta Terra como
um ser vivo;
Aprender a cuidar do ar, das águas, das
matas, das reservas naturais e dos
animais, como riquezas comuns,
patrimônio da humanidade;
Aprender a cuidar dos espaços das
cidades: parques, praças, ruas,
monumentos e outros locais públicos;
Aprender a opor-se à produção de
resíduos que danificam o planeta e
destroem a vida (resíduos atômicos e
aqueles não biodegradáveis).
46. Valorizar o saber social:
Aprender a conhecer o significado,a
origem e o sentido das tradições e
costumes da sua gente e de outros;
Aprender como os diferentes grupos
sociais cuidaram e construíram suas
formas atuais de convivência;
Aprender a ouvir e entender as
experiências dos mais idosos;
Aprender a aproveitar as oportunidades
de conhecimento na escola e em todos
os outros espaços de saber social.
47. 9.3 – A Fábula do Porco-
Espinho
O autor da fábula é o filósofo alemão
Arthur Schopenhauer. Clique no link:
https://www.youtube.com/watch?v=r9nN
60aH9TU
48. 10 – Competências Produtivas
(Aprender a Fazer)
Trabalhar é praticar habilidades:
Habilidades Básicas;
Habilidades Específicas;
Habilidades de gestão.
49. Habilidades Básicas:
Entendidas como domínio funcional da
leitura, escrita e cálculo, no contexto do
cotidiano pessoal e profissional, além de
outros aspectos cognitivos e relacionais,
como raciocínio e abstração
necessários para se trabalhar e viver
numa sociedade moderna.
50. Habilidades Específicas:
Definidas como atitudes, conhecimentos
técnicos e competências demandadas
por profissões, serviços e ocupações no
mercado de trabalho, especialmente
tendo em vista os processos de
reestruturação produtiva em curso no
país.
51. Habilidades de Gestão:
Compreendidas como competências de
auto-gestão, co-gestão e heterogestão,
associativas e de empreendedorismo,
fundamentais para geração de trabalho
e renda.
53. 11 – Competências Cognitivas
(Aprender a Conhecer)
As competências cognitivas envolvem o
que se tem chamado de meta-cognição:
1- Aprender o aprender (autodidatismo)
2 – Ensinar o ensinar (didatismo)
3 – Conhecer o conhecer (construtivismo)
54. Aprender o Aprender
Aprender o aprender é o autodidatismo.
Na nova sociedade e na nova
economia, o homem volta a ser um
caçador. Só que, agora, não mais um
caçador de animais, como no alvorecer
de nossa história, mas um caçador de
conhecimentos ao longo de toda a sua
vida.
55. Ensinar o Ensinar
Ensinar o ensinar é o desenvolvimento
de habilidades didáticas. Na era do
conhecimento, os postos de chefia,
coordenação e liderança estarão cada
vez mais nas mãos daqueles que forem
capazes de repassar conhecimentos e
habilidades para seus colaboradores,
instigando-os a enriquecer seus
horizontes vitais e estimulando-os ao
desenvolvimento contínuo de seus
potenciais ao longo da vida.
56. Conhecer o Conhecer
Conhecer o conhecer é possibilitar ao
ser humano percorrer os caminhos da
construção do conhecimento, em vez
de, simplesmente, assimilá-lo “pronto”,
construído. Nesta perspectiva
construtivista, a didática torna-se uma
epistemologia sistematicamente
aplicada. Trata-se de preparar o ser
humano para produzir conhecimentos e
não apenas assimilá-los e aplicá-los.
57. A educação, segundo a LDB (Lei 99394/98
– Art. 1), abrange os processos formativos
que se desenvolvem na vida familiar, na
convivência humana, no trabalho, nas
instituições de ensino e pesquisa, em
movimentos sociais e organizações da
sociedade civil e nas manifestações
culturais. Portanto, uma educação voltada
para o Desenvolvimento Humano traz
implícita em seu conceito a exigência de
uma pedagogia social, ou seja, de uma
ação educativa que perpassa as diversas
esferas da vida de uma determinada
sociedade.
59. 12 – Que Tipo de Homem
Queremos Formar?
A LDB (Art. 2) busca viabilizar o
educando em três níveis:
1 – Como pessoa: “o pleno
desenvolvimento do educando”;
2 – Como cidadão: “seu preparo para o
exercício da cidadania”;
3 - Como profissional: “e sua
qualificação para o trabalho”.
60. Como Pessoa:
Através da educação para valores:
Criando espaços e condições para que
o educando possa vivenciar, identificar e
incorporar valores estruturantes. Valores
que valem. Valores que o preparem
para a autonomia, para a adoção de
bons critérios para a tomada de
decisões ao longo da vida.
61. Como Cidadão:
Através do Protagonismo Juvenil:
Criando espaços e condições para que
o jovem possa atuar como fonte de
liberdade (opção), iniciativa (ação) e
compromisso (responsabilidade),
posicionando-se – diante de problemas
reais na escola, na comunidade e na
vida social mais ampla – como parte da
solução, e não como parte do problema.
62. Como Profissional:
Através d Educação Profissional e da
Cultura da Trabalhabilidade:
Desenvolvendo as competências e
habilidades necessárias para o jovem
viabilizar-se num mundo do trabalho
transformado pela globalização dos
mercados, pela inovação tecnológica e
pelas novas formas de organização do
processo produtivo. Mais do que nunca,
ele precisará desenvolver sua
trabalhabilidade, como condição para
ingressar, permanecer e progredir num
mercado de trabalho em constante e cada
vez maior e mais acelerada mutação.
63.
64. 12.1 – Luiz Carlos Prates:
O Poder da Educação (vídeo)
Comentário espetacular. Clique no link:
https://www.youtube.com/watch?v=N4pI
BRZdD-8
66. O termo Protagonismo Juvenil,
enquanto modalidade de ação educativa
é a criação de espaços e condições
capazes de possibilitar aos jovens
envolverem-se em atividades
direcionadas à solução de problemas
reais, atuando como fonte de iniciativa,
liberdade e compromisso.
67. A participação autêntica se traduz para
o jovem num ganho de autonomia,
autoconfiança e autodeterminação
numa fase da vida em que ele se
procura e se experimenta, empenhado
que está na construção da sua
identidade pessoal e social, e no seu
projeto de vida.
68. 13.1 – Adolescentes
Protagonistas (vídeo)
Clique no link para conhecer uma
história de Protagonismo Juvenil:
https://www.youtube.com/watch?v=7iMv
KpAgybo
69. 13.2 – Estruturando Ações de
Protagonismo Juvenil
Além do compromisso ético, o que mais
deve pautar a ação do educador é um
vínculo claro da ação educativa com a
democracia, a solidariedade e a
participação.
As etapas presentes na estruturação de
qualquer ação de protagonismo são as
seguintes:
70. Iniciativa de ação:
Decidir se e o que deve ser feito diante
de uma determinada situação-problema.
Planejamento da ação:
Definir quem vai fazer o que, onde e
com que recursos.
Execução da ação:
Pôr em prática aquilo que se planejou.
71. Avaliação:
Verificar se os objetivos foram atingidos,
analisar o que deu certo, o que precisa
ser evitado e o que precisa ser
melhorado no desempenho do grupo.
Apropriação dos resultados:
Decidir coletivamente o que fazer com
os resultados, a quem atribuí-los e no
caso de resultados materiais e/ou
financeiros, como utilizá-los.
72. A partir da perspectiva apontada
anteriormente, o educador deve evitar
atitudes como:
A) Privar os jovens da participação na
decisão da ação a ser realizada;
B) Tentar vender para os jovens
decisões já tomadas pelos adultos, sem
dar-lhes opções de recusar ou propor
alternativas
C) Apresentar o problema, colher as
sugestões do grupo e, depois,decidir
sozinho o que fazer;
73. D) Deixar a decisão para o grupo, sem
procurar orientar e esclarecer quando
as dificuldades surgirem.
Os padrões de relacionamento mais
comuns entre adultos e adolescentes no
curso de uma ação protagônica são
caracterizados por três ações:
Dependência, Colaboração e
Autonomia.
74. Dependência
Os educadores assumem a direção das
ações, cabendo aos adolescentes
apenas segui-las e obedecê-las,
atuando sob sua tutela.
75. Colaboração
Educandos e educadores compartilham,
através de discussões, reflexões e
decisões partilhadas todas as etapas do
desenvolvimento de uma ação
protagônica.
76. Autonomia
Estágio avançado do protagonismo, no
qual os educandos já se desincumbem
de todas as etapas de uma ação
protagônica sem que seja necessário o
envolvimento dos educadores.
77. 13.3 – Protagonismo Juvenil e
Resolução de Problemas
(vídeo)
Vídeo que mostra como o jovem pode
contribuir com a sociedade. Mesmo com
pouco recurso, mas muita criatividade,
estudo e trabalho grandes coisas
podem ser feitas. Clique n o link:
https://www.youtube.com/watch?v=DY9
SZASzMVI
78. 14 – O Papel do Educador
Considerando-se os padrões de
relacionamento descrito, o papel do
educador diante dos jovens deve ter
como parâmetros as seguintes ações:
79. A) O educador deve ajudar os jovens a
identificar a situação-problema e
posicionar-se diante dela.
B) Empenhar-se no sentido de que o
grupo não desanime nem se desvie dos
objetivos propostos.
C) Favorecer o estabelecimento de
vínculos entre os membros do grupo,
fortalecendo a coesão grupal.
D) Motivar o grupo a avaliar
constantemente a ação e, quando
necessário, replanejá-la em conjunto.
80. E) Zelar permanentemente para que a
iniciativa dos jovens seja compreendida
e aceita por outros jovens e pelo mundo
adulto.
F) Cuidar pela manutenção de um clima
de entusiasmo e dedicação no interior
dos grupos.
G) Colaborar na avaliação das ações
desenvolvidas, ajudando os jovens a
introduzir os ajustes necessários.
81. Assim, chega-se ao perfil básico do
educador para atuar junto aos jovens
em ações do Protagonismo Juvenil:
82. A) Ter convicções sólidas a respeito da
importância da participação dos jovens
na solução de problemas reais na
escola e na comunidade.
B) Conhecer os elementos básicos da
dinâmica e do funcionamento dos
grupos.
C) Ter algum conhecimento sobre a
situação-problema a ser enfrentada.
83. D) ter alguma experiência como
participante ou animador de atividades
de trabalho em grupo.
E) Ser capaz de administrar as
oscilações de comportamento
frequentes entre os jovens: conflitos,
passividade, indiferença, agressividade
e destrutividade.
F) Ter controle sobre seus sentimentos
e reações.
84. G) Estar aberto para acolher e
compreender as manifestações verbais
e não verbais emitidas pelo grupo.
H) Demonstrar capacidade para
respeitar a dignidade, o dinamismo e a
identidade de cada um dos membros do
grupo.
85. É importante que os jovens participem
na elaboração de projetos de ações de
protagonismo, porque, ao fazê-lo de
forma democrática e participativa, a
equipe juvenil adquire mais confiança
em si mesma e na sua capacidade de
intervir construtivamente em seu
entorno social.
86. Dois cuidados devem ser tomados
antes de iniciar a ação planejada:
Em primeiro lugar, deve-se procurar
analisar a situação sobre a qual se quer
intervir, reunindo os dados e
informações disponíveis.
Em seguida, o projeto deve ser
explicado pelos próprios jovens a todos
aqueles que serão afetados pelas
atividades desenvolvidas.
87. 14.1 – Fazendo a Própria
História (vídeo)
Resgate da história de vida de crianças
e adolescentes abrigados. Clique no
link:
https://www.youtube.com/watch?v=FgB
qjw_2mqo
88. 14.2 – As Perguntas
Básicas
Seis perguntas básicas devem ser
claramente respondidas quando se
planeja uma ação protagônica:
O que pretendemos fazer?
Quando começará a ação a quanto
tempo será consumido na sua
realização?
Onde ocorrerão as atividades
planejadas?
89. Quem ficará responsável pelo que, em
cada etapa do trabalho a ser realizado?
Como as atividades serão organizadas
e encadeadas para se atingir o fim
previsto?
Quanto, em termos de recursos
materiais, financeiros e humanos, será
necessário para o desenvolvimento das
ações previstas?
90. 15 – Currículo e
Desenvolvimento Humano
Para refletir sobre currículo e
desenvolvimento humano, é necessário
recorrer a algumas áreas de conhecimento
além da psicologia. Os conhecimentos
oferecidos pelas neurociências,
antropologia, linguística e pelas artes são
imprescindíveis para responder aos
desafios de uma escola que promova a
formação humana de todos os educandos
e que também amplie a experiência
humana de seus educadores.
Por Elvira Souza Lima
91. Subjacente à elaboração do currículo,
está a concepção de ser humano e o
papel que se pretende que a escola
tenha em seu processo de
desenvolvimento. Não há, portanto,
currículo ingênuo: ele sempre implica
em uma opção e esta opção poderá ou
não ser favorável ao processo de
humanização.
92. Um currículo para a formação humana
precisa ser situado historicamente, uma
vez que os instrumentos culturais que
são utilizados na mediação do
desenvolvimento e na dinâmica das
funções psicológicas superiores se
modificam com o avanço tecnológico e
científico.
93. Esta perspectiva do tempo é
importante: novas áreas do
conhecimento vão se formando, por
desdobramento de áreas tradicionais do
currículo (por exemplo, a ecologia a
partir da biologia), ou são criadas como
resultado de novas práticas culturais,
internet e web, ou ainda pela
complexidade crescente do
conhecimento e da tecnologia.
94. Um currículo para a formação humana
introduz sempre novos conhecimentos,
não se limita aos conhecimentos
relacionados às vivências do aluno, às
realidades regionais, ou com base no
assim chamado conhecimento do
cotidiano. É importante alertar para a
diferença entre um currículo que parte do
cotidiano e aí se esgota e um currículo que
engloba em si mesmo não apenas a
aplicabilidade do conhecimento à realidade
cotidiana vivida por cada grupo social, mas
entende que conhecimento formal traz
outras dimensões ao desenvolvimento
humano, além do “uso prático”.
95. Há, portanto, uma diferença entre partir
ou utilizar metodologicamente a
experiência cultural do aluno como
caminho para ampliação da experiência
humana na escola e definir como
currículo a experiência cultural do aluno.
Um currículo para a formação humana é
aquele orientado para a inclusão de
todos ao acesso dos bens culturais e ao
conhecimento, está, assim, a serviço da
diversidade.
96. Entendemos diversidade na concepção
de que ela é a norma da espécie
humana: seres humanos são diversos
em suas experiências culturais, são
únicos em suas personalidades e são
diversos em suas formas de perceber o
mundo. Seres humanos apresentam,
também, diversidade biológica.
97. Algumas delas provocam impedimentos
de natureza distinta no processo de
desenvolvimento das pessoas, as
comumente chamadas de “portadoras
de necessidades especiais”. Como a
diversidade é hoje recebida na escola,
há a demanda, óbvia, por um currículo
que atenda a todo tipo de diversidade.
98. 15.1 – Trabalhando as
Diferenças (vídeo)
Maurício de Sousa &Turma da Mônica e
a "Educação Inclusiva“. Clique no link:
https://www.youtube.com/watch?v=nisv
NAzYjzU
99. 15.2 – Desenvolvimento e
Aprendizagens Escolares
Toda criança se desenvolve indo ou não
à escola. O que é do domínio do
desenvolvimento humano não deixa de
acontecer se a criança não for à escola,
ou se ela for e se encontrar em uma
situação de não aprendizagem. Assim, a
memória infantil, a função simbólica, a
percepção vão se desenvolver segundo
o caminho dado pela genética da
espécie.
100. Certas aprendizagens são da alçada do
desenvolvimento da espécie. Por
exemplo, a aprendizagem das figuras
geométricas, no nível da percepção, é
resultado da genética da espécie. Toda
criança vai desenvolver do 4° ao 7° ano
de vida, a representação gráfica das
figuras geométricas começando do
círculo passando para o quadrado e
triângulo até chegar às figuras mais
complexas (por exemplo, um quadrado
dividido em quatro quadrados menores).
101. Da mesma forma, a capacidade de
desenhar (em um suporte qualquer
como o papel, casca de árvore,
computador, areia etc.) as imagens
mentais formadas a partir da percepção
(com os cinco sentidos) e do movimento
é uma possibilidade dada pelo
desenvolvimento e não depende do
ensino escolar. O ser humano aprende
a distinguir as cores que estão em seu
meio, nomeá-las e utilizá-las na vida
cotidiana independentemente de ir à
escola.
102. O que não é do domínio do
desenvolvimento, precisa ser ensinado.
Apropriar-se da língua escrita, ler e
escrever, formar conceitos de história,
geografia, ecologia e de outras
matérias, desenvolver o pensamento
matemático, aprender a escrever
matematicamente uma operação, tudo
isto depende de ensino.
103. Portanto, na elaboração do currículo deve-
se considerar o que é do desenvolvimento
da espécie. Para promover o
desenvolvimento humano, a escola deveria
partir do que a criança desenvolve por si
mesma e propor novas aprendizagens que
façam uso destas manifestações da função
simbólica que são próprias da
espécie.Toda criança se desenvolve indo
ou não à escola. O que é do domínio do
desenvolvimento humano não deixa de
acontecer se a criança não for à escola, ou
se ela for e se encontrar em uma situação
de não aprendizagem.
104. Se essas aprendizagens – cores,
figuras geométricas, desenhos – são do
desenvolvimento humano, o que caberia
à escola? Utilizar estas aquisições para
se apropriar dos conhecimentos
escolares: utilizar as figuras
geométricas para medir, para contar,
para calcular área, para organizar
espaços, para aprender álgebra, para
desenvolver o pensamento espacial.
105. Trabalhar as cores em suas texturas,
em suas nuances possíveis, aprender
sobre a composição das cores: como se
forma o marrom? O laranja? O cinza?
Usar o desenho para o registro, para
desenvolver a percepção visual e tátil;
para desenvolver outros instrumentos
mentais como mapas, esquemas; para
criar situações de escrita como história
em quadrinhos.
106. Todas estas atividades dependem de
ensino. Elas desenvolvem o
pensamento espacial, formam a base
para conceitos científicos, criam
memórias que podem ser utilizadas no
desenvolvimento do pensamento
científico e do conhecimento estético,
criam possibilidades para o exercício da
imaginação.
107. A aquisição do conhecimento não é
fruto de discursos e intenções, mas sim
de um trabalho sistemático, adequado à
natureza biológica e cultural do
desenvolvimento humano. Currículo
envolve o conteúdo da área de
conhecimento e as atividades
necessárias para que o aluno se
aproprie desse conhecimento.
108. Aprender é uma atividade complexa que
exige do ser humano procedimentos
diferenciados segundo a natureza do
conhecimento. Para adquirir o
conhecimento formal, que é mais
elaborado do que os outros tipos de
conhecimento ao nível das relações e mais
abrangente ao nível dos conceitos
constituídos, o ser humano precisa realizar
formas de atividades específicas, próprias
do funcionamento cerebral (principalmente
a memória) e do desenvolvimento cultural.
O ensino destas atividades é função da
instituição escolar.
109. Um pressuposto básico da teoria
histórico-cultural do desenvolvimento
humano é que a pessoa, ao se apropriar
do conhecimento formal, assimila as
formas de atividade historicamente
constituídas que levaram à formulação
do conhecimento. Para utilizá-las, o
aluno precisa ter consciência delas, ou
seja, saber qual é a metodologia.
110. São assim integrantes do processo
educativo as atividades que
desenvolvem as funções psíquicas
elementares, como percepção,
memória, pensamento, que têm, cada
uma, sua lógica de desenvolvimento.
Por meio da prática pedagógica, essas
funções psíquicas elementares
transformam-se em funções psíquicas
superiores: a memória lógica, a
percepção categorial, o pensamento
verbal (Davidov, 1988).
111. De fato, segundo Wallon (1990), a
atividade espontânea da criança não é
suficiente para o processo de
aprendizagem do conhecimento formal,
pois este exige uma sistematização que
não brota da própria atividade da
criança.
112. Há, entre o que a criança faz sozinha,
partindo da sua própria intenção, e o
conhecimento a ser adquirido,
formalmente organizado, um percurso
que só poderá ser feito com a
intervenção dos indivíduos mais
experimentados da espécie. Inclui-se,
entre eles, evidentemente, o professor.
113. Com o papel historicamente definido de
socializador do conhecimento formal, o
professor deve ser incluído, juntamente
com o aluno, no centro da discussão
sobre o currículo. Cabem a ele tarefas
específicas, no sentido de constituir no
educando uma relação de curiosidade e
indagação com o saber, bem como
consolidar as formas de atividade que
levam à aprendizagem. Desenvolver no
aluno a atividade de estudo é parte
integrante e fundamental do processo
de ensino.
114. O ensino deve fornecer situações em
que se possibilite a formação de novas
categorias de pensamento e de novos
conceitos, a partir das informações e
experiências novas trazidas pelo
professor. Se este processo for bem
orientado, o aluno constituirá novos
conceitos que foram instigados pelo
novo conhecimento e pela forma como
foi conduzida a sua relação com ele.
115. É exatamente nesta forma de entrar em
relação com o conhecimento que se
insere a atividade de estudo. É por meio
do procedimento proposto ao educando
para agir e interagir com o conteúdo que
se cria esta relação. Este procedimento
não se constitui espontaneamente, no
ser humano, a partir de sua própria
condição biológica.
116. 15.3 – Rubem Alves:
O Papel do Professor (vídeo)
Rubem Alves acreditava que o papel do
professor é ensinar o aluno a pensar
provocando a curiosidade da criança ou
adolescente. Clique no link:
https://www.youtube.com/watch?v=_Os
YdePR1IU
117. 16 – Paulo Freire: Um
Precurssor
Para podermos entender a pedagogia de Paulo
Freire, antes de mais nada é importante que
localizemos a sua origem. Nordestino, desde cedo
se sente compromissado com o sofrimento, a
injustiça social e a miséria do seu povo. Surgiram
neste meio gigantes como Josué de Castro,
analisando o drama da Geopolítica da Fome,
Celso furtado, um dos criadores mundiais da
economia do desenvolvimento e outros nomes
diretamente vinculados ao drama da pobreza e da
exclusão. O próprio Gilberto Freyre colocou a
divisão social no centro das discussões.
Por Fátima Freire-Dowbor
118. Manter o povo privado de educação,
limitar o seu acesso à cultura formal, à
leitura e à escrita, foi elevado no
Nordeste ao nível de política sistemática
pelas tradicionais famílias que
controlavam a política e a economia.
Neste contexto, alfabetizar as classes
populares não era uma tarefa
meramente técnica. Constituía, desde o
início, uma atitude humanista de
solidarização, e uma atitude política de
desafio.
119. O famoso método de alfabetização que
leva o nome de Paulo Freire, surgiu no
final da década de 50, vinculado às
primeiras experiências dos círculos de
cultura, que eram vividos no interior do
Movimento de Cultura Popular do Recife,
conhecido como MCP. Os círculos de
cultura eram grupos compostos por
trabalhadores populares, que se reuniam
sob a coordenação de um educador, com o
objetivo de discutirem assuntos temáticos,
do interesse dos próprios trabalhadores,
cabendo ao educador-coordenador tratar a
temática trazida pelo grupo.
120. Freire descobre que é possível acrescentar
aos temas apresentados pelos grupos, outros
que ele os chama de "temas de dobradiça".
Estes "temas dobradiça", na verdade,
constituem a contribuição do educador-
coordenador, que introduz outros temas que
podem auxiliar e enriquecer a compreensão
do grupo. O resultado obtido com estes
trabalhadores populares nos círculos de
cultura foi muito bom, conseguido-se um bom
nível de compreensão, independentemente
do fato deles serem alfabetizados ou não. Isto
leva Paulo a propor a mesma metodologia
para o processo de alfabetização de adultos.
121. Este foi um momento importante no seu
percurso, já que ele descobre de forma
intuitiva a importância do aspecto
metodológico no fazer pedagógico, sem
desvalorizar no entanto o conteúdo
específico que mediatiza este fazer.
Este aspecto metodológico percorre e
acompanha a sua obra ao longo de
todos os seus anos de produção.
122. . Na verdade esta é uma das grandes
contribuições do Paulo Freire, sua
metodologia de trabalho, que consiste
em possibilitar a tomada de consciência
do educando através do diálogo, que
desvela a realidade e mostra as suas
interligações, culturais, sociais e
político-econômicas. Neste sentido sua
contribuição é extremamente atual e
importante.
123. Interessante também é chamar a
atenção para o fato que Paulo traz com
muita clareza e precisão, a relação
entre metodologia e concepção de
educação. Não existe prática
pedagógica sem uma metodologia que
a define, como também não existe uma
metodologia que não traga consigo uma
prática específica. Portanto, não existe
teoria sem prática e nem prática sem
teoria. Ambas fazem parte de um
mesmo pensar e fazer pedagógico.
124. Ele costumava dizer que não era
suficiente unicamente ensinar a pensar,
nós enquanto professores educadores
temos também como desafio, ensinar a
pensar bem, a pensar de forma certa. A
primeira condição para ensinar a pensar
bem, é a convicção de que ensinar não
é transferir conhecimento, mas sim
construir com o educando ou possibilitar
que ele construa com os seus iguais,
mas nunca construir por ele.
125. Trazendo muito forte o respeito pelos
direitos do ser humano, as concepções
pedagógicas que embasam a filosofia
de educação de Paulo Freire, estão
todas direcionadas para o processo de
humanização e transformação,
encharcadas de vida e amor pelo ser
humano. Seu método de alfabetização
de adultos traduzia muito forte a marca
do seu compromisso com as camadas
populares tão fortemente injustiçadas
sobretudo no nordeste brasileiro.
126. O aspecto político do processo de
educação era muito valorizado. Na sua
pedagogia da libertação e transformação,
podemos constatar muito claramente que
o ato de educar é realmente um ato
político, no sentido do compromisso
assumido com o outro, para que este
possa ser cada vez mais sujeito da sua
história e do seu processo de
aprendizagem. Paulo tinha uma forte
convicção que ninguém pode realmente
ser, se impede que o outro seja. Como
também ninguém se educa sozinho, mas
sim os homens se educam entre si.
127. A dimensão político-social assume na
pedagogia de Paulo Freire um lugar de
destaque. Para ele era impossível pensar o
sujeito desvinculado da sua realidade de
vida, do seu contexto socio-econômico-
cultural -histórico. Alias foi esta preocupação
que o levou a fazer com que o seu método
de alfabetização (designação que ele nunca
apreciou) fosse mais que uma simples forma
de aprender a ler e a escrever palavras, mas
sim, um instrumento de leitura do mundo e
da realidade, depreendendo daí a sua força
metodológica. Força esta que advém
justamente da convicção de que toda leitura
da palavra é precedida de uma certa leitura
de mundo de quem lê
128. Sempre foi muito claro na pedagogia de
Paulo Freire a importância do diálogo
enquanto elemento chave na relação
educador educando. É através da
postura dialógica na relação com o
educando que o educador torna
possível a construção de um modelo
democrático de aprendizagem, que
respeita o saber existente do aluno, não
o considerando como um ente vazio a
ser preenchido unicamente pelo saber
do professor/educador.
129. Freire tinha a compreensão da educação
enquanto ato político, educação enquanto
prática democrática que respeita o
educando, a sua linguagem, a sua
identidade cultural de classe, educação
enquanto aquela que desvela, que desafia,
que desoculta, enfim uma educação
comprometida com a necessária
emancipação das classes oprimidas. Foi
justamente o fato de pôr em prática uma
educação deste tipo, que o levou a prisão
em 64 e em seguida ao exílio por mais de
16 anos.
130. Outro aspecto importante na filosofia de
educação do Freire é a formação do
professor. Isto porque para ele ninguém
nasce educador ou marcado para ser. Nós
nos fazemos educadores, nos formamos
como educadores, permanentemente, na
prática e na reflexão sobre a prática. Uma
das premissas básicas da metodologia
freireana é a de que o educador desafie
aos alunos a perceberem que aprender os
conteúdos significa apreender os mesmos
enquanto objeto de conhecimento.
131. Na verdade acredito que Freire foi um
grande precursor no que diz respeito a
sua convicção de que é através da
cultura que se pode gerar
transformações no processo social de
forma geral, e não só da educação. Ele
já anunciava esta ideia há décadas, e
só agora estamos vendo a cultura surgir
como instrumento de transformação da
sociedade.
132.
133. 16.1 – Paulo Freire:
Teologia da Libertação (vídeo)
134. 17 – Família e Escola: Contexto
de Desenvolvimento Humano
A escola e a família compartilham
funções sociais, políticas e
educacionais, na medida em que
contribuem e influenciam a formação do
cidadão (Rego, 2003). Ambas são
responsáveis pela transmissão e
construção do conhecimento
culturalmente organizado, modificando
as formas de funcionamento
psicológico, de acordo com as
expectativas de cada ambiente.
135. Portanto, a família e a escola emergem
como duas instituições fundamentais
para desencadear os processos
evolutivos das pessoas, atuando como
propulsoras ou inibidoras do seu
crescimento físico, intelectual,
emocional e social. Na escola, os
conteúdos curriculares asseguram a
instrução e apreensão de
conhecimentos, havendo uma
preocupação central com o processo
ensino-aprendizagem.
136. Já, na família, os objetivos, conteúdos e
métodos se diferenciam, fomentando o
processo de socialização, a proteção,
as condições básicas de sobrevivência
e o desenvolvimento de seus membros
no plano social, cognitivo e afetivo.
137. 17.1 – Mário Sérgio Cortella:
Família e Escola (vídeo)
138. 18 – Família e
Desenvolvimento Humano
A família, presente em todas as
sociedades, é um dos primeiros ambientes
de socialização do indivíduo, atuando
como mediadora principal dos padrões,
modelos e influências culturais (Amazonas,
Damasceno, Terto & Silva, 2003; Kreppner,
1992, 2000). É também considerada a
primeira instituição social que, em conjunto
com outras, busca assegurar a
continuidade e o bem estar dos seus
membros e da coletividade, incluindo a
proteção e o bem estar da criança.
139. A família é vista como um sistema
social responsável pela transmissão de
valores, crenças, ideias e significados
que estão presentes nas sociedades
(Kreppner, 2000). Ela tem, portanto, um
impacto significativo e uma forte
influência no comportamento dos
indivíduos, especialmente das crianças,
que aprendem as diferentes formas de
existir, de ver o mundo e construir as
suas relações sociais
140. Como primeira mediadora entre o
homem e a cultura, a família constitui a
unidade dinâmica das relações de
cunho afetivo, social e cognitivo que
estão imersas nas condições materiais,
históricas e culturais de um dado grupo
social. Ela é a matriz da aprendizagem
humana, com significados e práticas
culturais próprias que geram modelos
de relação interpessoal e de construção
individual e coletiva.
141. Os acontecimentos e as experiências
familiares propiciam a formação de
repertórios comportamentais, de ações
e resoluções de problemas com
significados universais (cuidados com a
infância) e particulares (percepção da
escola para uma determinada família).
Essas vivências integram a experiência
coletiva e individual que organiza,
interfere e a torna uma unidade
dinâmica, estruturando as formas de
subjetivação e interação social
142. E é por meio das interações familiares
que se concretizam as transformações
nas sociedades que, por sua vez,
influenciarão as relações familiares
futuras, caracterizando-se por um
processo de influências bidirecionais,
entre os membros familiares e os
diferentes ambientes que compõem os
sistemas sociais, dentre eles a escola,
constituem fator preponderante para o
desenvolvimento da pessoa
143. Os membros de famílias contemporâneas
têm se deparado e adaptado às novas
formas de coexistência oriundas das
mudanças nas sociedades, isto é, do
conflito entre os valores antigos e o
estabelecimento de novas relações
(Chaves, Cabral, Ramos, Lordelo &
Mascarenhas, 2002). Como parte de um
sistema social, englobando vários
subsistemas, os papéis dos seus membros
são estabelecidos em função dos estágios
de desenvolvimento do indivíduo e da
família vista enquanto grupo (Dessen,
1997; Kreppner, 1992, 2000).
144. Sendo composta por uma complexa e
dinâmica rede de interações que
envolve aspectos cognitivos, sociais,
afetivos e culturais, a família não pode
ser definida apenas pelos laços de
consanguinidade, mas sim por um
conjunto de variáveis incluindo o
significado das interações e relações
entre as pessoas.
145. O próprio conceito de família e a
configuração dela têm evoluído para
retratar as relações que se estabelecem
na sociedade atual. Não existe uma
configuração familiar ideal, porque são
inúmeras as combinações e formas de
interação entre os indivíduos que
constituem os diferentes tipos de
famílias contemporâneas (Stratton,
2003):
146. nuclear tradicional, recasadas,
monoparentais, homossexuais, dentre
outras combinações. Os padrões
familiares vão se transformando e
reabsorvendo as mudanças
psicológicas, sociais, políticas,
econômicas e culturais, o que requer
adaptações e acomodações às
realidades enfrentadas (Wagner,
Halpern & Bornholdt, 1999).
147. Portanto, a família, hoje, não é mais
vista como um sistema privado de
relações; ao contrário, as atividades
individuais e coletivas estão
intimamente ligadas e se influenciam
mutuamente. O que ocorre na família e
na sociedade é sintetizado, elaborado e
modificado provocando a evolução e
atualização dela e de sua história na
sociedade (Kreppner, 1992).
148. Neste processo contínuo de busca por
estabilidade, as famílias contam ou não
com o suporte de uma rede social de
apoio, que permite a elas superarem (ou
não) as dificuldades decorrentes de
transições do desenvolvimento (Dessen
& Braz, 2000).
149. Contatos negativos, conflitos,
rompimentos e insatisfações podem
gerar problemas futuros,
particularmente nas crianças. Por outro
lado, relações satisfatórias, respeitosas
e felizes entre seus membros
constituem fonte de apoio para toda a
família, seja ela tradicional ou não.
Família perfeita “de fachada” é um dos
piores exemplos que pode-se dar a uma
criança. Ninguém deveria ter a mentira
como base para nada.
150. . Os laços afetivos formados dentro da
família, particularmente entre pais e
filhos, podem ser aspectos
desencadeadores de um
desenvolvimento saudável e de padrões
de interação positivos que possibilitam o
ajustamento do indivíduo aos diferentes
ambientes de que participa. Por
exemplo, o apoio parental, em nível
cognitivo, emocional e social, permite à
criança desenvolver repertórios
saudáveis para enfrentar as situações
cotidianas
151. Por outro lado, esses laços afetivos
podem dificultar o desenvolvimento,
provocando problemas de ajustamento
social, quando o estresse parental, a
insatisfação familiar e a incongruência
nas atitudes dos pais em relação à
criança e entre eles geram problemas e
dificuldades de interação social.
152. As figuras parentais exercem grande
influência na construção dos vínculos
afetivos, da auto-estima, autoconceito e,
também, constroem modelos de
relações que são transferidos para
outros contextos e momentos de
interação social
As atitudes dos pais influenciam
os filhos por toda a vida.
153. Por exemplo, pais punitivos e
coercitivos podem provocar em seus
filhos comportamentos de insegurança,
dificuldades de estabelecer e manter
vínculos com outras crianças, além de
problemas de risco social na escola e
na vida adulta.
154. Os laços afetivos asseguram o apoio
psicológico e social entre os membros
familiares, ajudando no enfrentamento
do estresse provocado por dificuldades
do cotidiano (Oliveira & Bastos, 2000). E
os padrões de relações familiares
relacionam-se intrinsecamente a uma
rede de apoio que possa ser ativada,
em momentos críticos, fomentando o
sentimento de pertença, a busca de
soluções e atividades compartilhadas.
155.
156. 18.1 – Marco Evangelista: Os Dez
Tipos de Família para o Direito
(vídeo)
157. 18.2 – Júlio Furtado:
O Papel dos Pais (vídeo)
Uma reflexão sobre o papel da família
na vida escolar dos filhos. Clique no
link:
https://www.youtube.com/watch?v=CLux
XFpO6k4
158. 19 – Escola e Desenvolvimento
Humano
A escola constitui um contexto
diversificado de desenvolvimento e
aprendizagem, isto é, um local que
reúne diversidade de conhecimentos,
atividades, regras e valores e que é
permeado por conflitos, problemas e
diferenças (Mahoney, 2002).
159. O sistema escolar, além de envolver
uma gama de pessoas, com
características diferenciadas, inclui um
número significativo de interações
contínuas e complexas, em função dos
estágios de desenvolvimento do aluno.
Trata-se de um ambiente multicultural
que abrange também a construção de
laços afetivos e preparo para inserção
na sociedade
160. A escola emerge, portanto, como uma
instituição fundamental para o indivíduo
e sua constituição, assim como para a
evolução da sociedade e da
humanidade (Davies & cols., 1997;
Rego, 2003). Como um microssistema
da sociedade, ela não apenas reflete as
transformações atuais como também
tem que lidar com as diferentes
demandas do mundo globalizado
161. Três objetivos comuns devem ser
buscados pelas escolas modernas: (a)
estimular e fomentar o desenvolvimento
em níveis físico, afetivo, moral, cognitivo,
de personalidade; (b) desenvolver a
consciência cidadã e a capacidade de
intervenção no âmbito social; (c) promover
uma aprendizagem de forma contínua,
propiciando, ao aluno, formas
diversificadas de aprender e condições de
inserção no mercado de trabalho.
162. O uso de estratégias deve ser
adaptado às realidades distintas dos
alunos e professores, às demandas da
comunidade e aos recursos disponíveis,
levando em conta as condições e
peculiaridades de cada época ou
momento histórico. Neste sentido, é
importante identificar as condições
evolutivas dos segmentos: professores,
alunos, pais e comunidade, em geral,
para o planejamento de atividades no
âmbito da escola.
163. Uma de suas tarefas mais importantes,
embora difícil de ser implementada, é
preparar tanto alunos como professores
e pais para viverem e superarem as
dificuldades em um mundo de
mudanças rápidas e de conflitos
interpessoais, contribuindo para o
processo de desenvolvimento do
indivíduo.
164. Coerente com essa concepção, à
escola compete propiciar recursos
psicológicos para a evolução intelectual,
social e cultural do homem (Hedeggard,
2002; Rego, 2003). Ao desenvolver, por
meio de atividades sistemáticas, a
articulação dos conhecimentos
culturalmente organizados, ela
possibilita a apropriação da experiência
acumulada e as formas de pensar, agir
e interagir no mundo, oriundas dessas
experiências.
165. A escola é uma instituição social com
objetivos e metas determinadas, que
emprega e reelabora os conhecimentos
socialmente produzidos, com a finalidade
de promover a aprendizagem e efetivar o
desenvolvimento das funções psicológicas
superiores: memória seletiva, criatividade,
associação de ideias, organização e
sequência de conhecimentos, dentre
outras. É um espaço em que o indivíduo
tende a construir conhecimento, pois há
momentos e atividades que são
estruturados com objetivos programados e
outros mais informais que se estabelecem
na interação da pessoa com seu ambiente
social
166. a escola é uma instituição em que se
priorizam as atividades educativas
formais, sendo identificada como um
espaço de desenvolvimento e
aprendizagem e o currículo, no seu
sentido mais amplo, deve envolver
todas as experiências realizadas nesse
contexto. Isto significa considerar os
padrões relacionais, aspectos culturais,
cognitivos, afetivos, sociais e históricos
que estão presentes nas interações e
relações entre os diferentes segmentos.
167. Dessa forma, os conhecimentos
oriundos da vivência familiar e social
podem ser empregados como
mediadores para a construção dos
conhecimentos científicos trabalhados
na escola.
168. 19.1 – Qualidade de Ensino:
Ponto Fraco no IDH Brasileiro
(vídeo)
Mas isto não significa que os outros
itens estejam bons. Clique no link:
https://www.youtube.com/watch?v=QIot
WoZ6hA0
169. 20 – As Relações Família-
Escola
Para compreender os processos de
desenvolvimento e seus impactos na
pessoa, é preciso focalizar tanto o contexto
familiar quanto o escolar e suas inter-
relações. Por exemplo, o planejamento de
pesquisa sobre violência na adolescência
deve incluir tanto as variáveis familiares,
que podem contribuir significativamente
para a manutenção de comportamentos
antisociais na escola, quanto as
relacionadas diretamente com a escola,
como o baixo desempenho acadêmico,
que, aliadas aos fatores interpessoais,
acentuam este problema
170. Outros exemplos bastante conhecidos
são a evasão e repetência escolar.
Sabe-se que a estrutura familiar tem um
forte impacto na permanência do aluno
na escola, podendo evitar ou intensificar
a evasão e a repetência escolar. Dentre
os aspectos que contribuem para isto
estão as características individuais, a
ausência de hábitos de estudo, a falta
às aulas e os problemas de
comportamento
171. Em todos estes fatores, a família exerce
uma poderosa influência. Embora um
sistema escolar transformador possa
reverter esses aspectos negativos, faz-
se necessário que a escola conte com a
colaboração de outros contextos que
influenciam significativamente a
aprendizagem formal do aluno, incluindo
a família
172. É importante ressaltar que a família e a
escola são ambientes de
desenvolvimento e aprendizagem
humana que podem funcionar como
propulsores ou inibidores dele. Estudar
as relações em cada contexto e entre
eles constitui fonte importante de
informação, na medida em que permite
identificar aspectos ou condições que
geram conflitos e ruídos nas
comunicações e, consequentemente,
nos padrões de colaboração entre eles.
173. Nesta direção, é importante observar
como a escola e, especificamente, os
professores empregam as experiências
que os alunos têm em casa. Face à
leitura, é muito importante que a escola
conheça e saiba como utilizar as
experiências de casa para gerir as
competências imprescindíveis ao
letramento. A interpretação de textos ou
a escrita podem ser estimuladas pelos
conhecimentos oriundos de outros
contextos, servindo de auxílio à
aprendizagem formal.
174. As pesquisas têm demonstrado que os
pais estão constantemente preocupados
e envolvidos com as atividades
escolares dos filhos e que dirigem a sua
atenção à avaliação do aproveitamento
escolar, sendo isto independente do
nível socioeconômico ou escolaridade.
175. Os pais supervisionam e acompanham
não somente a realização das
atividades escolares, mas também
adotam, em suas residências,
estratégias voltadas à disciplina e ao
controle de atividades lúdicas. Estas
ações permitem a eles analisarem,
identificarem e realizarem intervenções
nos processos de desenvolvimento e
aprendizagem dos filhos.
176. O envolvimento dos pais em atividades,
em casa, afetam a aprendizagem e o
aproveitamento escolar. Este
envolvimento ocorre sob diferentes
formas de acompanhamento das tarefas
(monitorar a sua realização), ou, ainda,
em orientações sistemáticas do
comportamento social e engajamento
dos filhos nas atividades da escola,
realizadas por iniciativa própria ou por
sugestão da escola.
177. Os laços afetivos, estruturados e
consolidados tanto na escola como na
família permitem que os indivíduos lidem
com conflitos, aproximações e situações
oriundas destes vínculos, aprendendo a
resolver os problemas de maneira conjunta
ou separada. Nesse processo, os estágios
diferenciados de desenvolvimento,
característicos dos membros da família e
também dos segmentos distintos da
escola, constituem fatores essenciais na
direção de provocar mudanças nos papéis
da pessoa em desenvolvimento.
178. Dependendo do nível de desenvolvimento
e demandas do contexto, é possibilitado à
criança, quando entra na escola, um maior
grau de autonomia e independência
comparado ao que tinha em casa, o que
amplia seu repertório social e círculo de
relacionamento. Neste caso, a escola
oferece uma oportunidade de exercitar um
novo papel que propiciará mecanismos
importantes para o seu desenvolvimento
cognitivo, social, físico e afetivo, distintos
do ambiente familiar.
179. Um outro aspecto a ser destacado nas
pesquisas e programas é a formação
das redes sociais de apoio. Deve-se,
então, caracterizar as dimensões
distintas de envolvimento, seja na
família ou na escola, e descrever como
e quando essa rede de relações e apoio
à pessoa em desenvolvimento pode ser
utilizada.
180. 20.1 - Ana Inoue: O Papel da
Escola Nesta Busca (vídeo)
181. 20.2 – Necessidades e
Barreiras
No tocante à colaboração escola-família, é
importante enfatizar a necessidade de
estruturar atividades apropriadas à série
do aluno, particularmente em se tratando
da participação dos pais no seu
acompanhamento. Segundo Desland e
Bertrand (2005), a necessidade ou não de
supervisão aos filhos depende das
demandas implícitas ou explícitas deles
que, por sua vez, estão relacionadas a
fatores como idade, independência,
autonomia e desempenho como aluno.
182. Apesar dos esforços, tanto da escola
quanto da família, em promoverem ações
de continuidade, há barreiras que geram
descontinuidade e conflitos na integração
entre estes dois microssistemas. Uma das
dificuldades na integração família-escola é
que esta ainda não comporta, em seus
espaços acadêmicos, sociais e de
interação, os diferentes segmentos da
comunidade e, por isso, não possibilita
uma distribuição equitativa das
competências e o compartilhar das
responsabilidades
183. A mudança deste paradigma depende
de uma transformação na cultura
vigente da escola e o projeto político-
pedagógico poderia ser um dos meios
para promover esta inserção.
184.
185. Ainda, as formas de avaliação adotadas,
bem como as estratégias para superar as
dificuldades presentes no processo ensino-
aprendizagem, de maneira a incluir a
família, exigem que as escolas insiram
essa discussão no projeto pedagógico,
como forma de assegurar a sua
compreensão e efetivar a participação dos
pais que é ainda um ponto crítico na esfera
educacional. Com isso, pode-se romper o
estereótipo presente da preocupação
centrada apenas nos resultados
acadêmicos .
186. O conhecimento dos valores e práticas
educativas que são adotadas em casa,
e que se refletem no âmbito escolar e
vice-versa, são imprescindíveis para
manter a continuidade das ações entre
a família e a escola (Keller-Laine, 1998).
Sendo assim, as escolas devem
procurar inserir no seu projeto
pedagógico um espaço para valorizar,
reconhecer e trabalhar as práticas
educativas familiares e utilizá-las como
recurso importante nos processos de
aprendizagem dos alunos.
187. Mas, a colaboração entre esses
contextos deve levar em consideração
as diferenças culturais, a formação para
cidadania e a valorização de ações e de
decisões coletivas (Kratochwill & cols.,
2004; Marques, 2002). As educativas
verificadas no âmbito das relações
interpessoais e nos resultados
acadêmicos dos alunos, têm reflexos na
participação efetiva e na integração
escola-família, assegurando uma
continuidade entre os dois segmentos.
188. Portanto, as escolas deveriam investir
no fortalecimento das associações de
pais e mestres, no conselho escolar,
dentre outros espaços de participação,
de modo a propiciar a articulação da
família com a comunidade,
estabelecendo relações mais próximas.
A adoção de estratégias que permitam
aos pais acompanharem as atividades
curriculares da escola, beneficiam tanto
a escola quanto a família.
189. As investigações de Keller-Laine (1998)
e de Sanders e Epstein (1998)
enfatizam que é necessário planejar e
implementar ações que assegurem as
parcerias entre estes dois ambientes,
visando a busca de objetivos comuns e
de soluções para os desafios
enfrentados pela sociedade e pela
comunidade escolar.
190. 20.3 – Vasco Moretto: O
Projeto Político Pedagógico
(vídeo)
A importância do PPP, como estruturar
bem um projeto e outros aspectos
relevantes. Clique no link:
https://www.youtube.com/watch?v=zcC
RaEy3JR8
191. 21 – Desafios e
Perspectivas
A família não é o único contexto em que
a criança tem oportunidade de
experienciar e ampliar seu repertório
como sujeito de aprendizagem e
desenvolvimento. A escola também tem
sua parcela de contribuição no
desenvolvimento do indivíduo, mais
especificamente na aquisição do saber
culturalmente organizado em suas
distintas áreas de conhecimento.
192. A ação educativa da escola e da família
apresenta nuances distintas quanto aos
objetivos, conteúdos, métodos e
questões interligadas à afetividade, bem
como quanto às interações e contextos
diversificados. Na escola, as crianças
investem seu tempo e se envolvem em
atividades diferenciadas ligadas às
tarefas formais (pesquisa, leitura
dirigida) e aos informais de
aprendizagem (hora do recreio,
excursões, atividades de lazer)
193. Contudo, no ambiente escolar, o
atendimento às necessidades
cognitivas, psicológicas, sociais e
culturais é realizado de maneira mais
estruturada e pedagógica do que no de
casa. As práticas educativas escolares
têm também um cunho eminentemente
social, uma vez que permitem a
ampliação e inserção dos indivíduos
como cidadãos e protagonistas da
história e da sociedade.
194. A educação em seu sentido amplo
torna-se um instrumento
importantíssimo para enfrentar os
desafios do mundo globalizado e
tecnológico.
195. Apesar da complexidade e dos desafios
que a escola enfrenta, não se pode
deixar de reconhecer que os seus
recursos são indispensáveis para a
formação global do indivíduo.
Conhecendo a escola e suas funções,
devem-se acionar fontes promotoras de
saúde tais como as redes sociais com a
comunidade escolar, os profissionais da
escola - psicólogos, pedagogos e
orientadores educacionais, que são
gabaritados (ou deveriam ser) para
realizar intervenções coletivas.
196. Apesar de a escola desenvolver
aspectos inerentes à socialização das
pessoas e ser responsável pela
construção, elaboração e difusão do
conhecimento, ela vem passando por
crises vindas do cotidiano, que geram
conflitos e descontinuidades como a
violência, o insucesso escolar, a
exclusão, a evasão e a falta de apoio da
comunidade e da família, entre outros.
197. Neste caso, o cenário político passa a
exercer uma influência preponderante
para a solução das crises, que
extrapolam o cotidiano das escolas.
Para superar os desafios que
enfrentam, hoje, uma das alternativas é
promover a colaboração entre escola e
família (Polonia & Dessen, 2005), tarefa
complexa que tem despertado o
interesse de vários pesquisadores.
198. A família e a escola constituem os dois
principais ambientes de
desenvolvimento humano nas
sociedades ocidentais contemporâneas.
Assim, é fundamental que sejam
implementadas políticas que assegurem
a aproximação entre os dois contextos,
de maneira a reconhecer suas
peculiaridades e também similaridades,
sobretudo no tocante aos processos de
desenvolvimento e aprendizagem, não
só em relação ao aluno, mas também a
todas as pessoas envolvidas
200. 22 – Os Sete Códigos da
Modernidade
Os Códigos da Modernidade, do
Educador colombiano José Bernardo
Toro, expressam uma visão dos
conteúdos necessários à inclusão plena
do ser humano na economia
globalizada, no mundo pós guerra fria,
na sociedade pós industrial e na cultura
pós moderna. São estes:
201. 1 – Domínio da leitura e da escrita;
2 – Capacidade de fazer cálculos e de
resolver problemas;
3 – Capacidade de compreender e de
atuar em seu entorno social;
4 – Capacidade de descrever,interpretar
e analisar dados, fatos e situações;
5 – Capacidade de receber criticamente
os meios de comunicação;
202. 6 – Capacidade de acessar
informações;
7 - Capacidade de trabalhar em grupo.
. Segundo Bernardo Toro, os desafios
enfrentados na educação são muito
parecidos entre os países de América
Latina.
203. 22.1 – Bernardo Toro: As
Escolas que dão Certo (vídeo)
Palestra O Segredo das Escolas que
dão certo - Bernardo Toro no Sala
Mundo. Clique no link:
https://www.youtube.com/watch?v=VbO
BcIWoBJ4
204. 23 – Considerações Finais
Ao final do curso, a única mensagem
que posso deixar é de esperança.
Porque sei que não é fácil colocar em
ação tão belas palavras tendo uma
realidade contrária às teorias. Mas,
você, professor(a), é um bravo, um
guerreiro, e sei que pode fazer a sua
parte, pode fazer a diferença na unidade
em que atua.
205. Não preparei uma avaliação final,
porque creio que não faria sentido
“medir” o que você aprendeu no curso
com uma prova objetiva. Se você é ou
será um educador, pode avaliar e decidir
se o conhecimento aqui construído
valeu a pena, também pode escolher o
que vai e o que não vai levar para a sua
vida profissional e, quem sabe, até para
a social e pessoal.
206. Para receber o seu certificado digital e
imprimi-lo, você deve enviar por
mensagem o nome do curso, seu nome
completo, data de nascimento, cidade e
estado onde reside para:
https://www.facebook.com/juliechristiecurs
osonline/
Você receberá seu certificado digital em
PDF em até 15 dias após o envio.
Não perca o vídeo de encerramento no
próximo slide!
208. Referências Bibliográficas
COSTA, A. C. Gomes da. Educação para o desenvolvimento
humano.
INSTITUTO AYRTON SENNA. A presença da Pedagogia: teoria
e prática da ação sócio-educativa.
DELORS, Jaques. Educação: um tesouro a descobrir.
GANDIN, D e CRUZ, C. H. Carrilho. Planejamento na sala de
aula.
GANDIN, Danilo. P prática do planejamento participativo
HASSENPFLUG, W. Nosé. ONG Parceira da Escola. Educação
e participação.
www.atlasbrasil.org.br
Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica.
Esplanada dos Ministérios.
http://dc.itamaraty.gov.br
BECKERT, Geny, BRITTO, Letícia da Silva, DAVIES, Maura.
Secretaria de Assistência Social de Joinville. Coordenação de
proteção básica à criança e ao adolescente. Educação para o
Desenvolvimento Humano.