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  religião,	
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   William	
  Paley	
  (1743-­‐1805):	
  foi	
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  cristão,	
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  e	
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  “Supõe	
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  PALEY,	
  William	
  (1802),	
  Teologia	
  Natural,	
  cap.1,	
  2,	
  27.	
  

                                                                                                                                                                                                                                                                                             Professora	
  	
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  • 1. Filosofia  –  10º  Ano                                                                                                                              A  religião,  a  razão  e  a  fé:  argumentos  a  favor  da  existência  de  Deus       William  Paley  (1743-­‐1805):  foi  um  teólogo  cristão,  filósofo  e  educador.  Ficou  famoso  pela  sua   versão   simples   e   direta   do   argumento   do   desígnio   (que   já   tinha   sido   formulado   por   Tomás   de   Aquino)  onde  se  encontra  a  famosa  comparação  do  universo  com  um  relógio.     O  argumento  teleológico  ou  do  desígnio    “Supõe  que  ao  atravessar  uma  mata  tropeço  numa  pedra  e  me  perguntam  como  foi  ela   parar  ali.  Poderia  talvez  responder  que,  tanto  quanto  me  é  dado  a  saber,  a  pedra  sempre  ali   esteve;  e  talvez  não  fosse  muito  fácil  mostrar  o  absurdo  desta  resposta.  Mas  suponha-­‐se  que   eu  tinha  encontrado  um  relógio  no  chão  e  procurava  saber  como  poderia  ele  estar    naquele   lugar.   Muito   dificilmente   me   poderia   ocorrer   a   resposta   que   tinha   dado   antes   –   que,   tanto   quanto  me  era  dado  a  saber,  o  relógio  poderia  sempre  ali  ter  estado.  Contudo,  por  que  razão   esta  resposta,  que  serviu  para  a  pedra,  não    serve  para  o  relógio?  Por  que  razão  não  é  esta   resposta  tão  admissível  no  segundo  caso  como  no  primeiro?  Por  esta  razão  e  por  nenhuma   outra:  a  saber,  quando  inspecionamos  o  relógio,  vemos  (o  que  não  poderia  acontecer  no  caso   da   pedra)   que   as   suas   diversas   partes   estão   forjadas   e   associadas   com   um   propósito;   por   exemplo,  vemos  que  as  suas  diversas  partes  estão  fabricadas  e  ajustadas  de  modo  a  produzir   movimento  e  que  esse  movimento  está  regulado  de  modo  a  assinalar  a  hora  do  dia;  e  vemos   que   se   as   suas   diversas   partes   tivessem   uma   forma   diferente   da   que   têm,   se   tivessem   um   tamanho   diferente   do   que   têm   ou   tivessem   sido   colocadas   de   forma   diferente   daquela   em   que   estão   colocadas   ou   se   tivessem   sido   colocadas   segundo   uma   outra   ordem   qualquer,   a   máquina   não   produziria   nenhum   movimento   ou   não   produziria   nenhum   movimento   que   servisse  para  o  que  este  serve.     Tendo   este   mecanismo   sido   observado   (...)   pensamos   que   a   inferência   é   inevitável:   o   relógio   teve   de   ter   um   criador;   teve   de   existir   num   tempo   e   num   outro   espaço   um   artífice   ou   artífices   que   o   fabricaram   para   o   propósito   que   vemos   ter   agora   e   que   compreenderam   a   sua   construção   e   projetaram   o   seu   uso.   (...)   Pois   todo   o   sinal   de   invenção,   toda   a   manifestação   de   desígnio,   que   existia   no   relógio,   existe   nas   obras   da   natureza,   com   a   diferença   que   na   natureza   são     mais,   maiores   e   num   grau   tal   que   excede   toda   a   computação.   Quero   dizer   que   os   artefactos   da   natureza   ultrapassam   os   artefactos   da   arte   em  complexidade,  subtileza  e  em  curiosidade  do  mecanismo;  e,  se  possível,  ainda  vão  mais   além   deles   em   número   e   variedade;   e,   no   entanto,   num   grande   número   de   casos   não   são   menos   claramente   adequados   ao   seu   fim   ou   menos   claramente   adaptados   à   sua   função   do   que  as  produções  mais  perfeitas  do  engenho  humano.  (...)  Em  suma,  após  todos  os  esquemas   e   lutas   de   uma   filosofia   relutante,   temos   necessariamente   de   recorrer   a   uma   Deidade.   Os   sinais   de   desígnio   são   demasiado   fortes     para   serem   ignorados.   O   desígnio   tem   de   ser   um   projetista.  Esse  projetista  tem  de  ser  uma  pessoa.  Essa  pessoa  é  DEUS.”    PALEY,  William  (1802),  Teologia  Natural,  cap.1,  2,  27.   Professora    Joana  Inês  Pontes