A filosofia é um saber específico e tem uma
história que já dura mais de 2.500 anos. A
filosofia nasceu na Grécia Antiga -
costumamos dizer - com os primeiros
filósofos, chamados pré-socráticos. Mas a
filosofia não é compreendida hoje apenas
como um saber específico, mas também
como uma atitude em relação ao
conhecimento, o que faz com que seus
temas, seus conceitos e suas descobertas
sejam constantemente retomados.
Período pré-socrático ou cosmológicoPeríodo pré-socrático ou cosmológico
Do fim do século VII ao fim do século V a.C.,
quando a filosofia se ocupa fundamentalmente
com a origem do mundo e as causas das
transformações na natureza.
• Objeto de investigação: Physis.
Conceitos básicos:
Arché – Força que governa a Physis.
Devir ou movimento – Transformação dos seres
perecíveis.
Os principais filósofos pré-socráticos
(e suas escolas) foram:
Escola Jônica: Tales de Mileto, Anaxímenes de
Mileto, Anaximandro de Mileto e Heráclito de
Éfeso.
Escola Itálica: Pitágoras de Samos, Filolau de
Crotona e Árquitas de Tarento
Escola Eleata: Xenófanes, Parmênides de
Eléia, Zenão de Eléia e Melisso de Samos.
Escola da Pluralidade: Empédocles de
Agrigento, Anaxágoras de Clazômena,
Leucipo de Abdera e Demócrito de Abdera.
ArchéArché – Princípio de ordem. Nada vem do– Princípio de ordem. Nada vem do chaoschaos..
Tudo na natureza está em devir, em movimento.Tudo na natureza está em devir, em movimento.
Como essas transformações não levam à desordemComo essas transformações não levam à desordem
há um princípio de ordem que governa todas ashá um princípio de ordem que governa todas as
coisas. Uma força que governa a physis; a ordemcoisas. Uma força que governa a physis; a ordem
do devir. Uma causa de todas as demais causas.do devir. Uma causa de todas as demais causas.
Tales de Mileto disse que a arché era a água.
Anaximandro; ápeiron, algo que é ilimitado e diferente de
todas as coisas
Anaxímenes; Pneuma...o ar
Heráclito disse que era o fogo como um descordo e
transformação das coisas em outras, devir constante.
Anaxágoras; Nous... Segundo o filósofo, o Nous atua sobre
uma mistura inicial formada de sementes que contém uma
mistura de cada coisa.
Demócrito; átomos...
Empédocles; terra, ar, fogo e água...
A história da filosofia na Antigüidade tambémA história da filosofia na Antigüidade também
pode ser dividida em três grandes períodos: opode ser dividida em três grandes períodos: o
período pré-socrático, a Grécia clássica e aperíodo pré-socrático, a Grécia clássica e a
época helenística.época helenística.
• O período clássico também pode ser dividido em
dois (antropológico e sistemático).
• O sistemático é uma reorganização de
conhecimentos. Tudo pode ser objeto de
conhecimento desde que as leis do pensamento e
de suas demonstrações estejam firmemente
estabelecidas para oferecer critérios de verdade e
da ciência. Aristóteles de Estagira apresenta uma
verdadeira enciclopédia de todo o saber!!!
Período antropológicoPeríodo antropológico
Antropológico – Sócrates, Platão, Aristóteles
de um lado... Sofistas de outro.
Sócrates defendia uma filosofia baseada na
ironia e maiêutica. Buscava a verdade e
conceitos que fossem úteis para o cidadão.
Buscava o autoconhecimento. Os sofistas
eram relativistas e céticos. Para eles, não
havia possibilidade de se filosofar buscando
conceitos universais. Tudo era subjetivo e
segundo o ponto de vista de cada um.
No período antropológico havia duas escolasNo período antropológico havia duas escolas
ou linhas de pensamento:ou linhas de pensamento:
Sócrates/ Platão: Buscavam o conhecimento
verdadeiro. Epísteme, aletheia, a verdade,
virtude etc. Ideias e não opiniões!!! Ironia,
maiêutica e Dialética.
Sofistas: (Górgias de Leontini, Protágoras de Abdera e Isócrates
de Atenas) Defendiam qualquer ideia desde que ela
fosse vantajosa. Mestres da oratória e retórica.
Arte da persuasão! Ensinavam a defender a
posição ou opinião A, depois a posição ou opinião
contrária, não-A, de modo que, numa
assembléia, soubessem ter fortes argumentos a
favor ou contra uma opinião e ganhassem a
discussão.
“O homem é a medida de todas as
coisas”... O que isso significa?
• Relativismo
Os sofistas mais famosos foram Protágoras (480-411 a.C.)
e Górgias (485-380 a.C.). Para eles não existem verdades
imutáveis, válidas para todo o sempre. Muito do que
acreditávamos ser certo no passado, hoje sabemos que é
falso, e nada garante que no futuro não venha a acontecer
o mesmo. O melhor que podemos almejar é construir um
consenso provisório sobre o que é certo para maioria, aqui
e agora.
A posição dos sofistas é chamada de relativismo, por
considerar que não existem verdades absolutas, mas
apenas verdades relativas que mudam com o passar do
tempo e de uma cultura para outra. Daí a necessidade de
sempre refazermos o consenso democrático sobre os
problemas que nos afetam e reformar as leis de nossa
sociedade.
Platão e sua metafísica: Há dois
mundos:Mundo inteligível e mundo
sensível. Todas as coisas tem uma
origem em um mundo superior:
Mundo das ideias ou mundo
transcendente, das ideias
transcendentes, puras, dos conceitos
verdadeiros...
Como podemos conhecer a essência doComo podemos conhecer a essência do
Ser?Ser?
Platão distingue quatro formas ou graus de
conhecimento:
Crença, opinião, raciocínio e intuição
intelectual.
A crença é nossa confiança no
conhecimento sensorial: cremos que as
coisas são tal como as percebemos em
nossas sensações.
A opinião é nossa aceitação do que nos
ensinaram sobre as coisas ou o que delas
pensamos conforme nossas sensações e
lembranças.
O raciocínio treina e exercita o nosso
pensamento, purifica-o das sensações e
opiniões e o prepara para a intuição
intelectual, que conhece a essência das
coisas, ou o que Platão denomina de ideia.
As ideias são a realidade verdadeira e
conhece-las é ter o conhecimento
verdadeiro.
Aristóteles e sua metafísica: Não
há um outro mundo além deste nosso. A
realidade é única!Todas as coisas são elas
mesmas! As formas são imanentes e não
transcendentes às coisas. Como podemos
pensar o Ser ou as coisas existentes e
seus movimentos (mudanças)?
Ele quis dizer que a essência de uma mesa
sensível estaria nela mesma e não no
mundo inteligível, como ideia de mesa.
Chamava a essência (ousía) de substancia
definida como um sínolo, isto é, um
composto de matéria e forma. Por isso
valorizava a sensação e a experiência
como etapas do conhecimento.
*Toda matéria correspondia à potencia
*Toda forma correspondia ao ato
(atualização de uma potência)
Exemplos: O adulto era a atualização da potência
de uma criança.
• Matéria - potência (ou potencialidade)
• Forma - ato (ou atualização)
Aristóteles previa uma ciência para cada substancia
distinta e a Metafísica para tratar da substancia em
geral, nos aspectos universais. Caberia a ela
demonstrar, por exemplo, que tudo possui quatro
causas – em grego essa palavra significa o que e
como as coisas são, por que e para que elas
existem.
Vejamos o caso da substância
“mesa”:
• Causa material – elemento que a constitui (madeira)
• Causa formal – forma que ela apresenta (mesa)
• Causa eficiente – o que a gerou pelo movimento
(marceneiro)
• Causa final – sua finalidade (apoiar objetos)
Embora Aristóteles não seja materialista (vimos
que a forma não é a matéria), sua explicação do
mundo é mundana, está no próprio mundo.
Finalmente, para o filósofo, a essência de
qualquer objeto é a sua função. Diz ele que, se o
olho tivesse uma alma, esta seria o olhar; se um
machado tivesse uma alma, esta seria o cortar.
Entendendo isso, entendemos as coisas.
Substância: Sócrates (espécie: homem – gênero: animal)
Qualidade: mortal
Quantidade: pequeno
Relação: menor que Platão
Lugar: esteve em Atenas
Tempo: viveu antes de Aristóteles
Posição: está sentado
Posse: tem uma túnica
Ação: praticava a maiêutica
Paixão: sofreu condenação
A substância primeira (indivíduos) – Tais predicados podem ser
acidentais
A substância segunda (suas espécies e gêneros) – Só podem ser
essenciais.
Aristóteles distinguiu sete formas de
conhecimento: Sensação, percepção,
imaginação, memória, linguagem,
raciocínio e intuição.
Devemos a Aristóteles a primeira grande
classificação dos campos da atividade
filosófica ao distinguir e classificar todos os
saberes humanos (cuja totalidade é a
filosofia).
Critério para a distinção dos campos do
saber: ação e contemplação.
Campos do saber:
Ciências produtivas, práticas, teoréticas ou
contemplativas
Ciências produtivas: ciências que
estudam as praticas produtivas ou as
técnicas, isto é, as ações humanas cuja
finalidade está para além da própria ação,
pois a finalidade é a produção de um
objeto, de uma obra. São elas:
arquitetura, economia, medicina, pintura,
escultura, poesia, teatro, oratória, arte da
guerra, da caca, da navegação, etc.
Ciências praticas: Ciências que estudam
as práticas humanas como ações que tem
nelas mesmas seu próprio fim, isto é, a
finalidade da ação é ela mesma, e não há
uma distinção entre o agente e o ato que
ele realiza.
Ciências teoréticas:Classificou as teoréticas pro
graus de superioridade, indo da mais inferior à superior.
1- ciências das coisas naturais submetidas à mudança ou ao
devir:física, biologia, meteorologia, psicologia (psyché).
2- ciências das coisas naturais que não estão submetidas à
mudança ou ao devir: as matemáticas e a astronomia.
3- ciência da realidade pura. Filosofia primeira ou metafísica.
4- ciência das coisas divinas (Deus é théos, as coisas
divinas~são chamadas de theion)
Platão apontando para cima... O mundo inteligível, das ideias
transcendentes. Aristóteles apontando para baixo: mundo sensível
imanente.
Período HelenísticoPeríodo Helenístico
Continuidade das escolas platônicas (Academia) e aristotélicas (Liceu),
dirigida respectivamente, por discípulos dos dois grandes mestres;
Platão e Aristóteles.
Crise da pólis – Filósofos cidadãos do mundo
Filosofias da vida – Conjunto de princípios para guiar a vida prática.
Cínicos, estóicos, epicuristas, etc. O propósito da filosofia para Epicuro
era atingir a felicidade, estado caracterizado pela aponia, a ausência
de dor (física) e ataraxia ou imperturbabilidade da alma. Zenao de
Cítio (estóico), austeridade física e moral frente aos sofrimentos e
males do mundo. O Cinismo foi uma corrente filosófica fundada por
um discípulo de Sócrates, chamado Antístenes, e cujo maior nome foi
Diógenes de Sínope, por volta de 400 a.C., que pregava
essencialmente o desapego aos bens materiais e externos.
Pirro de Élis: filósofo grego criador do ceticismo