O documento discute a tragédia grega e sua evolução. A tragédia originalmente representava a unidade fundamental de todas as coisas através da arte, permitindo a reunificação com a natureza. No entanto, Sócrates e Eurípides começaram a ver a tragédia como irracional e ensinaram que a arte deveria ser útil. Isso levou ao declínio da tragédia e ao triunfo da razão lógica sobre o instinto.
1. 23- Casa dos Mistérios. A doutrina dos Mistérios da tragédia assenta em três
intuições: 1) a concepção da individuação como causa originária de todo o mal; o
indivíduo é causador do mal e sofre; 2) o reconhecimento da unidade fundamental de
tudo quanto existe; a realidade é una, a multiplicidade não passa de aparência
(aparição da realidade) e 3) a ideia de que a arte representa a esperança de uma
futura destruição das barreiras da individuação e o pressentimento jovial da
unidade restaurada. A arte trágica permite a reunificação com o Uno Primordial, a
Natureza (“mãe de todos os seres”). Mas … por agora, já chega. Lança o dado e se
tiveres mais de quatro pontos podes continuar a jogar. Senão ficas duas vezes sem
jogar para reflectires no que acabaste de saber.
27- Casa de Eurípides. É conjuntamente com Sócrates, ser “defeituoso por
natureza – excesso de desenvolvimento da consciência racional - considerado, por
Nietzsche, como responsável pela “morte” da tragédia. Eurípides, influenciado pelo
socratismo estético renega Dioniso substituindo-o pelo homem vulgar da vida
quotidiana. Ambos viam a “arte trágica” como irracional (mentira), denominando-a de
“agradável” quando devia ser útil, dizer a verdade, ou seja, ensinar o espectador a
pensar de forma lógica e a agir de forma correcta (função moralizante da arte). A
tragédia, segundo eles, só interessava, sendo mito, aos “pobres de espírito” e não
aos filósofos. Aconselhamos-te a leitura do livro intitulado “A Apologia de
Sócrates”, de Platão. Para o poderes ler, ficas uma vez sem jogar.
32- Casa de Sócrates. Sócrates é considerado por Nietzsche como “o primeiro
homem completamente anormal”; nele o INSTINTO É UMA FORÇA CRÍTICA
(impede a acção) e a CONSCIÊNCIA É UMA FORÇA AFIRMATIVA E CRIADORA,
conduz à acção; o que torna as acções de Sócrates puramente racionais, lógicas. Ele
é o modelo do “homem teórico”, o não místico, ser em que o aspecto lógico-racional
se desenvolveu excessivamente. O herói de Eurípides, tal como Sócrates, também é
obrigado a explicar os seus comportamentos com razões, argumentos: esquematismo
lógico. Segundo Nietzsche o fracasso de Eurípides residiu precisamente no facto de
não ter conseguido fundar o drama sobre o espírito apolíneo e ter-se perdido num
naturalismo antiartístico. E … recuas duas casas.
35- Casa da Serpente. Segundo Nietzsche a ciência atingiu os seus próprios
limites tal como "a serpente que morde a própria cauda", ou seja, a lógica tornou-se
ilógica, incapaz de enfrentar as consequências do seu próprio desenvolvimento.
Lessing, o mais sincero dos homens teóricos já tinha afirmado que "mais importante
do que possuir a verdade é a sua procura", o que implica segundo Nietzsche o
reconhecimento, por um lado, dos limites da razão e, por outro lado, a possibilidade
da não existência de verdades absolutas. Mas …podes avançar três casas.
50- Casa da Música. A música é arte não plástica, sem imagem nem
conceito, é o "reflexo da eterna unidade originária"; nela a natureza realiza
a sua "desmesura exultando na alegria e no sofrimento”. A música porque
reduplicação do mundo, salva o homem do pessimismo, pois se é verdade
que obriga a reconhecer que a existência individual implica sofrimento,
também é certo que é a "única capaz de fornecer o conceito do que se deve
entender por justificação do mundo", ou seja, diz ao homem que apesar de
todo o sofrimento – sentença de Sileno – a vida vale a pena ser vivida. Ora
só a música transmite a certeza de que existe um prazer superior para
além do mundo dos fenómenos; ela tem o poder de reconduzir os ouvintes
estéticos à natureza, à vida eterna, onde eles sacrificam a sua
individualidade por um sentimento de identificação com o uno primordial –
função metafísica da música. Na cultura moderna alemã, Nietzsche
considera que Wagner com a sua “linguagem do pathos”, o seu drama
musical é o grande responsável pelo renascimento do sentido trágico -
estado de alegria que afirma a vida. Ah! Já agora aproveita o sentimento
de fazer parte do Uno primordial. Como? Já sei! Ficas duas vezes sem
jogar. Oh! …a vida é cruel!
59- Casa da Glória.
Parabéns!!… Chegaste ao fim!!...
…Se é que o fim existe…!!!
Coloca o teu peão na casa da partida
e
volta a jogar.