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Mídia eCultura na Amazônia Roteiro da Aula 1 O horizonte da fenomenologia e a pesquisa em comunicação, cultura e Amazônia 15 de março de 2011  Prof. Dr. Fábio Fonseca de Castro Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação Comunicação, Cultura e Amazônia- UFPA
Proposta da aula: 	1) Discutir o conflito epistemológico da pesquisa em comunicação e, em particular, o desafio de construir o objeto tridentino (Comunicação, Cultura e Amazônia) proposto por nosso programa de pesquisa, mostrando a precariedade de toda forma “epistemológica” na abordagem dos problemas da comunicação. 	2) Indagar sobre o que seria uma via hermenêutica – necessariamente oposta à via epistemológica –   como alternativa para a superação desse impasse. 	3) Refletir a respeito do papel da Fenomenologia como principal subsídio para a abertura dessa via hermenêutica no horizonte da pesquisa em Comunicação, em geral, e do objeto tridentino “Comunicação, Cultura e Amazônia” em particular.
A tese heideggeriana do Geworfenheit como utilitária para a exploração científica da comunicação 	- A noção de “precariedade” como elogio do conhecimento imperfeito. 	- A “precariedade” do estar-no-mundo: um elogio das ciências impuras e híbridas.
Construindo uma oposição: epistemologia / hermenêutica  - As limitações do conhecimento objetivante. - A necessidade de abertura para a possibilidade inerpretativa no campo da comunicação. - Idem no campo da Cultura. - Idem no campo “Amazônia”.
O surgimento da Fenomenologia em Husserl Husserl (1859-1938) Consideração sobre 3 obras: 1901 – Investigações Lógicas 1910 – Filosofia como Ciência Rigorosa 1913 – Idéias sobre uma Fenomenologia Pura e Filosofia Fenomenológica Tese geral: A consciência é um rio do qual não se pode banhar duas vezes nas suas águas.
Refletindo sobre os temas de Husserl   Pesquisar a Teoria da Consciência e ir além. Ex do Sol: Vemos o sol “nascer” todos os dias, sabemos que isso na verdade não acontece e nem toda ciência é útil para fazer com que paremos de dizer essa besteira e, o que é ainda pior: realmente ver o sl nascer. Ex Musil: “Sobre o Atlântico pairava uma pressão barométrica mínima; dirigia-se para leste, rumo à pressão máxima instalada sobre a Rússia... As isotermas e ISOteras cumpriam o seu dever...”(1913). Ex de Solaris, de StanislawLem.   Husserl não deseja explicar nem interpretar os fenômenos; ele só quer descrever o que são e o que mostram de per si.    De imediato, faz desaparecer a tradicional dualidade entre essência e aparência. A essência não é algo que se esconde atrás da aparência, mas é, ela própria, aparência.   Também destrói a tese o Ser-em-si de Hegel e da Coisa-em-si de Kant, que são não-conceitos (Unbegriff). 
5 teses para entender a Fenomenologia Tudo o que é dado à consciência é fenômeno. A consciência não é um vazio que será preenchido. A consciência não se separa do Ser. A consciência não tem um dentro: ela é o “fora” de si mesma. A consciência é, sempre, a intenção de alguma coisa. Não há divisão entre eu e mundo. O Ser é um ichloss (sem-eu).
O método: a redução fenomenológica. Significa: dirigir a atenção não para o percebido, mas para o processo da percepção.  Ex da árvore: Olho p/ uma árvore. Percebo um índice real, mas junto com ela também percebo outras árvores que já vi, desenhos, fotografias, pinturas, outras árvores reais, a memória de algumas árvores em particular. Com o exercício da redução fenomenológica, colocamos entre parênteses a chamada “percepção natural” e colocamos fora de parênteses a realidade externa. É uma atenção para com os processos da consciência
Exercícios de conclusão Por tudo isso, são vazias e grosseiras as concepções de que a consciência tenta “trazer à consciência” seu próprio trabalho.  Merleau-Ponty: “A consciência é um fenômeno do entre: não é sujeito, nem objeto” A fenomenologia reabilita os fenômenos do mundo aparente. No seu entendimento, a aparência não é um fenômeno, ou uma realidademenor. Não é uma realidade enganosa ou precária. O trabalho do fenomenólogo não é o de construir um conhecimento, mas sim o de desconstruir os encobrimentos... É um deixar-se-ver revelador.

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  • 1. Mídia eCultura na Amazônia Roteiro da Aula 1 O horizonte da fenomenologia e a pesquisa em comunicação, cultura e Amazônia 15 de março de 2011 Prof. Dr. Fábio Fonseca de Castro Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação Comunicação, Cultura e Amazônia- UFPA
  • 2. Proposta da aula: 1) Discutir o conflito epistemológico da pesquisa em comunicação e, em particular, o desafio de construir o objeto tridentino (Comunicação, Cultura e Amazônia) proposto por nosso programa de pesquisa, mostrando a precariedade de toda forma “epistemológica” na abordagem dos problemas da comunicação. 2) Indagar sobre o que seria uma via hermenêutica – necessariamente oposta à via epistemológica – como alternativa para a superação desse impasse. 3) Refletir a respeito do papel da Fenomenologia como principal subsídio para a abertura dessa via hermenêutica no horizonte da pesquisa em Comunicação, em geral, e do objeto tridentino “Comunicação, Cultura e Amazônia” em particular.
  • 3. A tese heideggeriana do Geworfenheit como utilitária para a exploração científica da comunicação - A noção de “precariedade” como elogio do conhecimento imperfeito. - A “precariedade” do estar-no-mundo: um elogio das ciências impuras e híbridas.
  • 4. Construindo uma oposição: epistemologia / hermenêutica - As limitações do conhecimento objetivante. - A necessidade de abertura para a possibilidade inerpretativa no campo da comunicação. - Idem no campo da Cultura. - Idem no campo “Amazônia”.
  • 5. O surgimento da Fenomenologia em Husserl Husserl (1859-1938) Consideração sobre 3 obras: 1901 – Investigações Lógicas 1910 – Filosofia como Ciência Rigorosa 1913 – Idéias sobre uma Fenomenologia Pura e Filosofia Fenomenológica Tese geral: A consciência é um rio do qual não se pode banhar duas vezes nas suas águas.
  • 6. Refletindo sobre os temas de Husserl   Pesquisar a Teoria da Consciência e ir além. Ex do Sol: Vemos o sol “nascer” todos os dias, sabemos que isso na verdade não acontece e nem toda ciência é útil para fazer com que paremos de dizer essa besteira e, o que é ainda pior: realmente ver o sl nascer. Ex Musil: “Sobre o Atlântico pairava uma pressão barométrica mínima; dirigia-se para leste, rumo à pressão máxima instalada sobre a Rússia... As isotermas e ISOteras cumpriam o seu dever...”(1913). Ex de Solaris, de StanislawLem.   Husserl não deseja explicar nem interpretar os fenômenos; ele só quer descrever o que são e o que mostram de per si.   De imediato, faz desaparecer a tradicional dualidade entre essência e aparência. A essência não é algo que se esconde atrás da aparência, mas é, ela própria, aparência.   Também destrói a tese o Ser-em-si de Hegel e da Coisa-em-si de Kant, que são não-conceitos (Unbegriff). 
  • 7. 5 teses para entender a Fenomenologia Tudo o que é dado à consciência é fenômeno. A consciência não é um vazio que será preenchido. A consciência não se separa do Ser. A consciência não tem um dentro: ela é o “fora” de si mesma. A consciência é, sempre, a intenção de alguma coisa. Não há divisão entre eu e mundo. O Ser é um ichloss (sem-eu).
  • 8. O método: a redução fenomenológica. Significa: dirigir a atenção não para o percebido, mas para o processo da percepção.  Ex da árvore: Olho p/ uma árvore. Percebo um índice real, mas junto com ela também percebo outras árvores que já vi, desenhos, fotografias, pinturas, outras árvores reais, a memória de algumas árvores em particular. Com o exercício da redução fenomenológica, colocamos entre parênteses a chamada “percepção natural” e colocamos fora de parênteses a realidade externa. É uma atenção para com os processos da consciência
  • 9. Exercícios de conclusão Por tudo isso, são vazias e grosseiras as concepções de que a consciência tenta “trazer à consciência” seu próprio trabalho.  Merleau-Ponty: “A consciência é um fenômeno do entre: não é sujeito, nem objeto” A fenomenologia reabilita os fenômenos do mundo aparente. No seu entendimento, a aparência não é um fenômeno, ou uma realidademenor. Não é uma realidade enganosa ou precária. O trabalho do fenomenólogo não é o de construir um conhecimento, mas sim o de desconstruir os encobrimentos... É um deixar-se-ver revelador.